Mundo Contemporâneo - Segunda Edição

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Edição 2 Dezembro de 2010 Mensal

Crise compromete projeto €uropeu

Olhos do mundo postos em Portugal... FMI e moeda única na origem da problemática.

Lazer As férias de sonho em época de Natal e ano novo Cultura Entrevista a Isa Mestre Tecnologia 3D em força na Playstation 3

Os resultados da cimeira da NATO em Lisboa

Candidaturas aos Mundiais 2018 e 2022

Princess Hijab: o fenómeno nascido nos subúrbios de França


Editorial

Milhões juntos O3atleta passa o testemunho, opor jornalista não causa pode passá-lo. uma de O jornalista não corre, mas às inutilidade? vezes dá passos de gigante. O jornalista tem mãos pequenas o país ter eSupostamente por vezes tolas. Não devia saberia parado. O governo desvalocomo passar o testemunho. O rizou números, os sindicatos jornalista nem sempre sabe o aludiram a três milhões. Nada que escrever. de novo, o extremista O jornalista exagero não passa o testedos doispassa blocos divergentes. O munho, o tesouro que lhe povo português juntou-se para parece sempre infinitamente repudiar o corte nos salários mais valioso: as palavras. que o governo pretende Mesmo que nemlhes sempre saiba impor. Os trabalhadores lidar com elas, mesmo quedenunciam a redução do poder da tenha de lutar para colocá-las de compra, causa justa… melhor forma no papel. O jorforma trabalha de manifestação… nalista com palavras e inútil? Talvez. O certo é que são das suas palavras que brota o país acabou por não parar, a verdade. apenashoje, entorpeceu por umeste dia, Porque ao passarmos um dia de luta que facilmente “tesouro” para novas mãos será apagado medidasde hábeis e repletaspelas de vontade de cortesomos que ainda estão para triunfar nós que estamos chegar. José Sócrates está lá outra vez a aprender, a aprenconsciente da impopularidade der com as palavras. das medidas austeridade, Ao longo destadenova etapa tudo propriamente de onão queprecisa desejamos é que a vossa ser lembrado o probcaminhada sejadisso, pautada pela lema é simples: há ou não seriedade, rigor e vontade que alternativa? grevistas nos moveu naQuantos criação deste de dia vinte e quatro votam projecto. irão votar novamente José Eeporque o Mundo ContemSócrates? Parem oempaís porâneo, o mundo queem dias de democracia e vivemos hoje precisa denão serem dias dee trabalho onde apenas olhado visto pelos olhos se perde, e são sempre os mesda crítica todos os dias, não mos a perder. podemos deixar de nos sentir orgulhosos com a vossa ânsia em agarrar este projecto. Porque como vos disse, o jorMiguel D.S. Pardal nalistaFilipe não passa o testemunho. Passa a vontade, passa o olhar rigoroso e atento a cada situação do dia-a-dia na certeza de

Um brinde, Contemporâneos! Foi no dia 4 de novembro, no Draculea Café, que se efetivou a apresentação da primeira edição da segunda temporada do «Mundo Contemporâneo». Com intervenções de três elementos da equipa - Filipe Pardal, Diogo Leal e Maartje Vens - oferecemos uma breve apresentação que abarcou a história da origem da revista, uma amostra de toda a primeira edição e ainda um espaço para questões dos presentes, que acabou por ser bastante produtiva a nível pedagógico. Foi mais uma pequena vitória do nosso projeto, que assim saiu da fronteira da Universidade do Algarve para o mundo exterior. Mais que isso, foi um bom convívio entre um grupo de trabalho que mereceu esta apresentação… mereceu-a tanto para contemplar o seu esforço e empenho agora reconhecido, como para motivar a qualidade das novas edições. Filipe Miguel D.S. Pardal

Estatuto Editorial Mundo Contemporâneo (MC) é uma revista digital da Licenciatura em Ciências da Comunicação da Universidade do Algarve. Surge no âmbito da disciplina de História Contemporânea e tem por objetivo oferecer aos alunos uma experiência mais prática em termos jornalísticos. MC é uma revista multimédia de informação geral e periodicidade mensal, organizada pelas seguintes seções: Portugal, Mundo, Cultura, Desporto, Lazer, Ciência e Tecnologia. A revista promove o rigor informativo e a distinção clara entre informação e opinião. *A revista é redigida utilizando o novo acordo ortográfico *

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Index

Geral

p.4 p.8 p.12 p.19 p.23

Tema de capa Crise compromete programa €uropeu.

Portugal Mundo Cultura Lazer

p.5

Desporto

Ciência e Tecnologia

p.27 Tecnologia

Chegou o Boss da estrada.

p.29 Cultura Novas oportunidades 4º Encontro Nacional Centros Novas Oportunidades decorreu no passado mês Brian Cowen Irlanda recorre a ajuda internacional

Turistas frquentam favelas Entrevista a Isa Mestre.

p.15

p.4 p.9 p.10

Tudo para favorecer as novas experiências

Serge Gainsbourg O retrato de um ícone

p.13

Revista Mundo Contemporâneo DIRETOR Filipe Pardal ADJUNTO Ana Pereira DIRETOR DE ARTE Ricardo Madeira ADJUNTO Maartje Vens PORTUGAL Jorge Felício, Mª João Parente, Ângela Marques (coordenadora), Andreia Matinhos, Filipe Pardal MUNDO Ana Lourenço, Ana Pereira, Denise Horta, Ana Marques (coordenadora) CULTURA Ana Parra, Milton Lima, Isa Vicente, Luis Timóteo, Tatiana Contreiras, Susana Teixeira, Diogo Leal (coordenador) LAZER Ana Narciso (coordenadora), Raquel Viegas, Cristina Apolónia, Cecilia Palma, Orlandina Guerreiro CIÊNCIA/TECNOLOGIA Ricardo Madeira, Micaela, Sofia Chaveiro, Maartje Vens (coordenadora), Melanie Messias DESPORTO Pedro Nascimento (Coordenador), Fábio Gonçalves, Andreia Ruívo, Liliana Lourencinho, Sandra Canhoto CONTACTO mundocontemporaneocc@gmail.com RP Maartje Vens, Diogo Leal

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Portugal

Novas Oportunidades por Ângela Marques

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4º Encontro Nacional Centros Novas Oportunidades decorreu no passado mês, e foi ai que Isabel Alçada frisou o facto de que, desde o seu arranque em 2006, o programa já ter certificado 456 mil portugueses, “isto corresponde a uma média de 10 mil certificações por mês, o que é muito”. O Projecto Novas Oportunidades pretende aumentar o nível de qualificação dos portugueses, tornando o 12º ano como a média de escolaridade nacional e já registou 1.489 milhões de inscrições, portugueses que assumiram uma nova atitude na vida, onde o conhecimento é um valor. A engrossar estes números estão os 300 mil beneficiarios e desempregados do Rendimento Social de Inserção, que no passado mês foram convidados a ingressar no programa, com o risco de perder o direito ao subsídio caso não respondam afirmativamente à convocatória - “A formação é uma maneira de responsabilizar socialmente quem recebe apoios do estado”, diz Francisco Madelino, presidente do

Instituto do Emprego e Formação Profissional. Esta iniciativa não pretende camuflar os números do desemprego, uma vez que os alunos vão continuar desempregados, mas sim oferecer uma educação formal e certificada que permite abrir novas portas no mundo do emprego, uma vez que um terço dos indivíduos garantem ter havido pelo menos um aspecto positivo na sua vida profissional depois da passagem pelo programa. Neste momento 454 Centros Novas Oportunidades em funcionamento por todo o país. ■

Portugal às escuras por Maria João Parente

rtp.pt – Jorge pina

cegueira é um problema que afeta 160 mil portugueses. Destes, 20 mil não têm o sentido da visão e 140 mil são amblíopes. Metade da população portuguesa não vê bem. Existem várias associações de apoio e promoção de emprego a deficientes visuais que têm prestado verdadeiro auxílio a muitos invisuais, no entanto, tem sido crescente a insatisfação em relação aos cuidados oftalmológicos em Portugal. Os maiores constrangimentos detetados pelo Programa Nacional para a Saúde da Visão (2011/2016) são o insuficiente acesso a cuidados oftalmológicos, falta de comunicação entre médicos de família e oftalmologistas, insuficiente cultura da população sobre problemas da visão e inexistência de dados epidemiológicos sobre a doença visual no país. Jorge Pina, um dos jovens mais promissores na história do boxe português está praticamente cego. Com 3 títulos nacionais em 3 categorias diferentes não é a cegueira obstáculo suficiente para acabar com a força de vontade do campeão. Chega todos os dias ás 9 da manhã à associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais para onde frequenta o curso de Massagistas e Auxiliares de Fisioterapia. Perdemos pugilista, ganhámos massagista!

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Existe muita inconsciência devido à falta de investigação no âmbito oftalmológico em Portugal. A procura em Cuba e em outros países no estrangeiro por tratamentos relacionados com a visão explica-se pelo facto de haver falta de ação política e de sensibilidade da comunidade médica. A medicina privada não se interessa porque não é um ramo lucrativo e os financiamentos fornecidos pelo estado para esta área são deveras reduzidos, como é também o interesse científico neste campo. Em 2005, cerca de 15000 diabéticos estariam em risco de cegar por retinopatia e maculopatia e a maioria destes casos poderia ser prevenida ou tratada através de tratamentos apropriados. A cegueira é uma doença grave mas não prevenida como tal. ■

Dn.sapo.pt – Norberto de Azevedo

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Norberto de Azevedo perdeu permanentemente a visão. Aos 80 anos, cego, sente-se apto iniciar uma nova profissão: ser guia turístico do Castelo de Bragança. “Queria ser útil a este Castelo e não há ninguém que explique aos visitantes a sua importância”. Sr Norberto está cego mas consegue ver a o quão o Castelo está a ser subestimado. DN


Portugal

Crise compromete projeto €uropeu por Filipe Pardal , Jorge Felício e Andreia Matinhos

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Portugal

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rimeiro foi a Grécia, depois a Irlanda. Agora, todos os olhos se encontram postos em Portugal, antecipando a utilização do Fundo Monetário Internacional de modo a parar esta “hemorragia em cadeia” que ameaça a Europa, antes que chegue à Espanha. Com tantos altos e baixos, a Moeda Única ressente-se. O Défice não pára de crescer. A dívida pública aumenta. A crise instala-se. Os mercados não perdoam. As taxas de Juro aumentam. Os países “infetados” são forçados a pedir ajuda externa. O contágio prossegue. Foi assim com a Grécia em maio deste ano e agora, seis meses depois, esta torna-se uma realidade também para a Irlanda. Esta crise internacional, que promete não ficar por aqui, já se faz sentir em Portugal, assim como as pressões dos mercados exigindo atitudes rápidas e eficazes. José Sócrates e Teixeira dos Santos continuam a defender que Portugal não precisa de ajuda externa, embora não deixem de salientar a gravidade da situação e a importância da aplicação do Orçamento de Estado de 2011, de modo a que a dívida pública desça para 4,6% do PIB. Neste momento, Portugal encontra-se numa situação semelhante à da Irlanda aquando do pedido de auxílio externo por parte da Grécia. Contudo, as diferenças entre os dois países são bastante significativas. Mas por ser diferente não

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será necessáriamente melhor, tal como pudemos confirmar, pelas afirmações do Professor de Economia da Universidade do Algarve, António Covas, em entrevista à Mundo Contemporâneo.

“Portugal não tem um problema bancário, nem tão pouco um problema financeiro” Portugal e Irlanda apresentam problemáticas diversas: enquanto «a Irlanda tem um problema bancário sério com repercussões graves em termos orçamentais, Portugal não tem um problema bancário, nem tão pouco um problema financeiro. Portugal tem sim um problema estrutural de natureza económica». Em declarações públicas na TVI, o ex-ministro do PSD, Eng. Mira Amaral, refere que «Portugal vive a falta de competitividade, e a ausência de perspetivas de crescimento económico». Refere ainda que, «comparativamente com Portugal, a Irlanda está bem», representando a sua indústria 46% do PIB, e a agricultura 5%, ao passo que em Portugal a indústria representa apenas 23% do PIB e a agricultura 2,7%. A economia desse país não só tem uma estrutura muito mais sólida, como também não tem o problema de défice externo como se verifica em Portugal.


Portugal

A hipótese com a qual ninguém sonhava e que agora todos temem já foi por diversas vezes posta em cima da mesa, neste contexto de crise económica europeia: Será uma solução acabar com a moeda única para os países com elevados índices de divida externa? Enquanto os Chefes de Estado refutam desde logo esta hipótese, relacionando-a com o fim do projecto europeu, existem ainda alguns economistas que projetam já o fim do Euro para os países em risco.

fotografia por Sara Matos

No caso da Irlanda, e contrariando as perspetivas mais otimistas, o auxilio do FMI não foi suficiente para acalmar as bolsas europeias, que apresentaram uma forte queda somente um dia depois do pedido de ajuda. Este desfecho deve-se sobretudo à crise política que surgiu no seguimento da crise económica e financeira deste país. Os partidos da oposição reivindicam agora a dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas para janeiro de 2011, alegando que o governo mentiu ao povo, encobrindo a grave situação em que o país se encontrava mergulhado. Neste momento, uma das principais preocupações internacionais recai sobre a sobrevivência do Euro, depois de um ano de saltos e sobressaltos, culminando agora no seu desgaste, mesmo após a intervenção do FMI na Irlanda.

De acordo com o Professor António Covas, esta “não é uma solução de futuro, pois poria em risco toda a construção europeia, assim como nos colocaria muito próximos de uma situação de rutura financeira devido ao alto risco de dívida pública” Por sua vez, o premio Nobel da economia Joseph Stiglitz garantiu numa entrevista à BBC, que a crise grega é o primeiro passo para «o fim do euro», e este apenas poderá resistir se forem tomadas medidas para a resolução dos «profundos problemas institucionais» da União Europeia.

Apesar dos elogiados esforços do Governo Português para a resolução da crise nacional atual sem ajuda externa, por via do Orçamento de Estado para o ano de 2011, a verdade é que os juros dos títulos da dívida portuguesa continuam a aumentar (7,009 por cento, no dia 26 de novembro), indicando a cada vez menor distância entre Portugal e o precipício onde já caíram a Grécia e a Irlanda. ■

fotografia retirada de theendofpoverty.com

Esta multiplicação de situações de crise financeira e económica na União Europeia terá tido origem na atuação irresponsável da Banca e dos respetivos sistemas financeiros, assim como no crescimento exacerbado das Taxas de Juro, explica o Professor António Covas.

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Mundo Cimeira da Nato

Atrás de um grande acontecimento, uma grande polémica

fotografia por Dmitry Astakhov - Reuters

por Inês Gaio

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á quem aponte a Cimeira como um momento importante para a afirmação nacional e há, por outro lado, quem não se sinta convencido com os benefícios anunciados em relação à realização da mesma em Portugal. Positiva ou negativamente, facto é que, entre os dias 18 e 21 de Novembro, Lisboa «parou» para receber mais de 170 representantes políticos a nível internacional. Deste encontro de ministros e chefes de estado resultou um leque de novos consensos que vêm dar resposta a muitas questões de interesse internacional. De entre todas elas, duas são alvo de especial destaque: Afeganistão e Rússia. Quanto à primeira, ficou acordada a retirada das tropas militares do Afeganistão até 2015. A segunda questão revela-se mais controversa. Apesar de ficar acordada a construção de um escudo anti-míssil em torno da Europa, teme-se que a união entre a Rússia e a Nato possa ficar comprometida devido à futura retificação do tratado de redução de armamento, através do qual Barack Obama pretende incentivar a Rússia a reduzir a produção de armas.

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O Outro Lado da Cimeira Mas por trás deste acontecimento, gerou-se uma grande polémica. Se para José Sócrates a Cimeira da Nato foi algo histórico, para parte da população não foi bem assim. Nas ruas de Lisboa as pessoas questionam-se acerca do porquê de «tanta preocupação com “os outros”, quando se teme a falta de pão “dos nossos”». Esta é a questão colocada pelos portugueses em resposta aos elevados gastos com a Cimeira. De entre todas as vozes queixosas em relação à Cimeira, esta parece ser a crítica que ecoa mais alto. Contudo, a economia nacional não foi a única afetada. Uma série de outros aspetos negativos estiveram na base desta polémica. Desde o futebol, pelo adiamento do derby Benfica-Braga, ao quotidiano da vida citadina de Lisboa, cujo normal funcionamento foi corrompido pelo barramento da Segunda Circular, pela tolerância zero nos aeroportos e pela evacuação da zona da FIL que custou ao casino de Lisboa cerca de meio milhão de euros. A acrescentar o escândalo sexual protagonizado pela comitiva da Geórgia que contratou dezenas prostitutas para a realiza-

ção de uma festa particular. O membro mais importante da Cimeira, Barack Obama, também não conseguiu escapar às más-línguas, sendo criticado pelos turistas afetados pelas fortes medidas de segurança, não só nos aeroportos mas também nos hotéis de luxo. Estes criticavam o facto de estarem a ser prejudicados pela presença do líder dos Estados Unidos no local escolhido para as suas férias, o mesmo homem que, na opinião dos mesmos turistas, causou o ambiente negativo que se vive a nível internacional. Mas se a popularidade de Obama já atravessou melhores dias, a sua resistência física foi alvo de elogios por parte dos participantes na Cimeira, uma vez que paralelamente tomou parte de cinco reuniões de alto nível num só dia. Embora a Cimeira tenha durado apenas duas horas, foi o suficiente para serem discutidas várias temáticas com interesse a nível mundial. A Cimeira de Lisboa da Nato fica assim registada na memória de todos, a bem ou a mal, como algo de substancial. ■


Mundo

Irlanda recorre a ajuda internacional por Denise Horta

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primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen anunciou, no passado dia 21 de Novembro, que iria recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao fundo de emergência europeu, tornando-se assim o segundo país europeu a ativar o pedido de ajuda. Depois do pedido de socorro por parte da Grécia devido ao descontrolo das suas contas públicas, há seis meses atrás, segue-se a Irlanda por causa do seu problemático sistema financeiro. O anúncio seguiu mais uma vez num fimde-semana, evitando assim a turbulência dos mercados, sendo este mais um episódio fundamental na crise que as-

sola as terras europeias desde o início do ano. O empréstimo será concretizado através do recurso ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), a um fundo do Orçamento da União Europeia e ainda de empréstimos bilaterais do Reino Unido e da Suécia, totalizando em cerca de 85 mil milhões de euros. Parte do dinheiro proveniente desse fundo será para injetar capital nos bancos irlandeses e ainda para criar um “fundo de contingência” para instituições financeiras que possam vir a passar por dificuldades. Com este pedido de ajuda segue também um programa de austeridade,

De Malas Feitas

com uma dimensão de 15 mil milhões de euros, 10% do PIB nacional, tendo como objetivo o equilíbrio das contas públicas até 2014. As medidas passam por um corte no salário mínimo que atualmente é de 8,65 euros por hora, o segundo mais elevado da Zona Euro, a redução dos apoios sociais em 11%, o despedimento de 24.750 funcionários públicos, cortes de três mil milhões de euros em benefícios sociais e o aumento generalizado de impostos. O IRC não deverá sofrer alterações, permanecendo a Irlanda como um dos países com a fiscalidade mais reduzida no que toca às empresas, facto que o primeiro-ministro destacou, provando que o Governo não deixou de ser soberano. ■

Madeira de caixões para pizas e pão em Nápoles

Papa XVI admite preservativo

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O

por Ana Marques

ste mês o De Malas Feitas traz uma história um tanto ou quanto bizarra. Existem suspeitas de que em Nápoles, o berço da piza italiana, sepulturas sejam profanadas, caixões triturados e vendidos como lenha para fornos de pizarias e de padarias. Andrea Santoro, conselheiro pelo partido conservador e presidente de uma comissão municipal de investigação sobre os cemitérios da cidade italiana, diz que esta questão não é de todo descabida dado o estado de abandono em que se encontram os cemitérios. O comércio paralelo de caixões já é uma realidade, onde se revendem caixões já utilizados e roubados das

campas, como se confirma quando familiares de uma defunta encontraram a sepultura da família aberta e espalhadas pelo chão ferramentas de carpinteiro. O Ministério Público local já está a investigar a reciclagem da madeira e as suspeitas recaem sobre a máfia italiana, também responsável pelo mercado paralelo de caixões e o transporte ilegal de doentes terminais dos hospitais para casa. Um cronista do Corriere della Sera escreve: «Os caixões são roubados, transportados, triturados e vendidos a compradores que ignoram a sua origem, donos de fornos de pão e de pizarias.» ■

por Ana Pereira

Papa admite, pela primeira vez, o uso de preservativo em casos pontuais. Segundo o Santo Padre esta é a solução para “humanizar a sexualidade” e um passo importante, contudo afirma que o preservativo “não é o caminho para se acabar com a infeção do HIV”. As declarações de Bento XVI surgem publicadas num livro do jornalista alemão Peter Seewald, que reúne várias entrevistas do Papa. Luz do Mundo – o Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – uma conversa com Peter Seewald é “uma entrevista feita com toda a liberdade com um jornalista e, do ponto de vista dos objetivos, é uma obra a que o Papa não se escusa a nenhum tema”. Em Portugal, prevê-se que o livro seja publicado no dia 2 de Dezembro. ■

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Mundo

Nobel da Paz por Ana Pereira

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Comité Nobel Norueguês anunciou, em Outubro, que Liu Xiaobo ganhou o Prémio Nobel da Paz 2010. O Comité justifica esta distinção reforçando a longa luta pelos direitos fundamentais da China levada a cabo por Liu Xiaobo. O Nobel, de 54 anos, antigo professor universitário e crítico literário condenado a 11 anos de prisão, pelo tribunal de Pequim, foi acusado de praticar atividades perturbadoras. Está preso há dois anos, pela terceira vez, depois de ter incentivado um abaixo-assinado a favor da introdução de reformas políticas na China, o fim do regime de partido único, a independência do poder judicial e a liberdade de associação, tentando “subverter o governo”. Visto o ativista chinês estar impedido de receber o prémio, a sua esposa

pediu a vários amigos que o recebam em seu nome, em Oslo. No entanto, o diretor do Instituto Nobel, Geir Lundestad, afirmou no passado dia 17 de Novembro que caso nenhum parente próximo de Liu Xiaobo receba o Nobel da Paz, no dia 10 de Dezembro, não haverá entrega nesta categoria. Mas, segundo informações avançadas pela TVI24, nem os dois irmãos, nem o advogado da família estão autorizados a deslocar-se à Noruega para receberem o Nobel da Paz atribuído ao dissidente chinês. O vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Cui Tiankai, ameaçou os países que apoiarem Liu Xiaobo, afirmando que “deverão assumir a responsabilidade das consequências do seu gesto”. ■

Turistas sedentos de aventura frequentam atualmente as favelas no Brasil

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Rio de Janeiro é a cidade brasileira mais conhecida e principal destino turístico do Brasil. As principais atrações turísticas centram-se no Pão de Açúcar, na Estátua do Cristo Redentor, no Estádio do Maracanã, nas praias e no típico carnaval brasileiro. Atualmente, existe outro ponto turístico muito procurado pelos turistas internacionais - as favelas. A procura de novas experiências, de aventura e de tudo o que seja diferente levou os turistas, sedentos de novidades, a interessarem-se por ver in loco o modo de vida da população brasileira mais desfavorecida. Os contrastes são evidentes nas favelas. Segundo as notícias vindas a público - a grande pobreza vive em comunhão com a alegria do samba, e das habitações miseráveis avista-se o imenso

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mar azul e o aglomerado dos gigantescos prédios que ficam a seus pés, pois as favelas estão localizadas em pontos estratégicos, geralmente altos e nas imediações da grande cidade. Os turistas, na procura de condições de pobreza que eles próprios desconhecem, procuram também viver momentos de excitação e pura adrenalina só pelo facto de saberem que proliferam nas favelas as armas e consequentes situações de risco. No entanto, as zonas das favelas que podem ser visitadas são áreas pacificadas, onde a venda de droga e as armas não estão à vista dos turistas. A favela da Rocinha é a maior favela da América Latina, sendo visitada por cerca de 3.500 turistas por mês, sendo então ponto turístico oficial já que consta nos roteiros de muitas Agências de Viagens.

Segundo a publicidade da Agência de Viagens Exotic Tour a população residente na favela da Rocinha aceita com agrado as visitas dos turistas, acompanhados por um guia profissional e também por um guia local, pois este projeto criou oportunidades de trabalho para os habitantes da favela e concede ajudas para a escola. ■

fotografia por Rui Cordeiro

por Ana Lourenço


Mundo

Princess Hijab, a revolução subterrânea em Paris Princess Hijab, a revolução subterrânea em Paris por Ana Marques

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ma, ou um, artista fora do comum que tem tornado muito controversa a ideia de ativismo. Com um simples marcador preto, esta artista pinta véus muçulmanos nos modelos, homens e mulheres, dos anúncios nas estações do metro de Paris. O nome «Princess Hijab» foi uma criação da imprensa. A verdade é que a artista não revela se é um homem ou uma mulher e nem mesmo pela sua estatura se pode deduzir. Princess usa uma peruca preta que lhe tapa a cara e, sempre que fala, distorce o máximo possível a voz para que não se entenda o seu género. Desde 2006 que marca a diferença e a sua arte é discutida um pouco por toda a Europa mas a dúvida permanece:

será alguém que luta pelos direitos das mulheres e é contra o uso dos hijab, niqab e burqa ou totalmente o contrário? Alguém que considera que o respeito pela religião se sobrepõe e que as mulheres devem usar os véus? E porque é que pinta tanto em modelos femininos como em masculinos? A confusão aumenta e segundo o The Guardian «Princess Hijab é a mais inapreensível artista de rua de Paris.» Cada vez se tem tornado mais cautelosa fazendo apenas 4 a 5 trabalhos por ano em Paris. As pinturas permanecem intactas cerca de 45 minutos até que as autoridades as apagam. Entretanto Princess fotografa o máximo possível e publica na internet onde qualquer pessoa pesquisando pelo

seu nome artístico tem acesso às fotografias dos seus trabalhos. Princess vêse a si própria como parte do «graffiti das minorias». «Se fosse apenas por causa da abolição da burqa, o meu trabalho não teria eco por muito tempo. Mas eu acho que a abolição da burqa deu uma visão global do problema de integração em França.» diz Princess. «Nós não podemos definitivamente continuar a fechar-nos e a pôr grupos em caixas, reduzindo-os sempre às velhas questões sobre religião ou violência urbana. Os níveis de Educação são melhores e não podemos continuar a ter o velho discurso Maniqueísta.» ■

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fotografias retiradas do The Guardian

por Ana Marques


Cultura

The Social Netwok em análise

Cinema

por Milton Lima

Realização: David Fincher. Produção: David Fincher, Scott Rudin, Dana Brunetti, Michael De Luca e Ceán Chaffin. Produtor executivo: Kevin Spacey. Argumento: Aaron Sorkin. Baseado na obra original: The Accidental Billionaires, de Ben Mezrich.

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Elenco: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Brenda Song, Rooney Mara, Armie Hammer e Max Minghella. Música: Trent Reznor e Atticus Ross. Estúdios: Relativity Media e Trigger Street Productions. Distribuidora: Columbia pictures.

m «Social Network» a pertinência da fundação do facebook é relegada para 2º plano, dando-se prioridade ao caráter e personalidade de Mark Zuckerberg, um jovem com uma moral duvidosa mas de uma inteligência inegável. Ao público é dado o papel de juiz do comportamento de Mark e das razões das suas ações: será inveja pelo seu amigo ter sido recrutado para um clube secreto? Ou vingança por ter sido abandonado pela “namorada”? Será a ambição por dinheiro ou sucesso? Sem dúvida são questões a que, por não serem respondidas no filme, teremos de ser nós próprios a dar solução. O enredo ganha interesse com a chegada dos gémeos Winklevoss (interpretados unicamente pelo talentoso Armie Hammer), os «cavalheiros de Harvard» que, acompanhados por um amigo (Max Minghella, num papel bastante diferente daquele que faz em “Agora”), processam Mark por este lhes ter roubado a autoria do facebook. A aparição do vilão Sean Parker (Justin Timberlake)

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é, sem dúvida, sentida pois é a causa da rutura da amizade entre Mark e Eduardo (o novo “Homem-Aranha”, Andrew Garfield). O cofundador do facebook está de parabéns pelo seu papel de amigo e consciência de Mark, ainda que não tenha sido muito aprofundada esta personagem. De parabéns está ainda o guionista Aaron Sorkin pela magnífica adaptação da obra “The Accidental Billionaires” de Ben Mezrich, assim como o engenhoso David Fincher que, felizmente, não muda em nada aquilo a que nos deixou habituados em «Seven», em «Fight Club» ou em «The Curious Case of Benjamin Button»: o poder de nos cativar à frente do ecrã e de nos obrigar a prestar atenção aos pormenores onde a agressividade psicológica persiste. Num filme potencialmente arrebatador de (muitos) Óscares em muitas áreas, chegamos ao fim com a seguinte questão: como é que alguém com tanta dificuldade em socializar cria a maior rede social do mundo que aproxima as pessoas e facilita a comunicação entre elas? ■


Cultura

A vida heróica de Serge Gainsbourg: o retrato de um ícone por Luís Timóteo

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talento de Serge Gainsbourg está espalhado por dezenas de discos, livros, filmes, curtas-metragens e vídeo clips, para além desta vasta coleção de obras, Gainsbourg foi também um colecionador de escândalos. Serge Gainsbourg era arrogante, polémico, irritante e, segundo o próprio, muito feio. «A fealdade é superior à beleza, pois dura para sempre». A verdade é que apesar de ser feio, de estar sempre embriagado e de fumar incessantemente, conseguiu conquistar as mulheres mais belas do seu tempo: Brigitte Bardot, Jane Birkin, Catherine Deneuve, Juliette Gréco, entre outras. Gainsbourg tinha um enorme talento artístico, e usava-o com habilidade para conquistar o público e as mulheres. Gainsbourg: Vie Heroïque, filme inspirado na sua vida e obra, já está em exibição nos cinemas. Este filme biográfico, escrito e realizado pelo artista de banda desenhada Joann Sfar não se enquadra nos cânones tradicionais de uma biopic, este fato não será alheio à veia desenhadora do realizador. Logo no genérico inicial, Sfar apresenta-nos uma belíssima animação que funciona como uma retrospetiva da vida de Gains-

bourg. Outro fato curioso, é que o realizador classifica esta vida heroica de Gainsbourg como um conto, o que não deixa de estar correto, porque em diversas cenas ao longo do filme vive-se num ambiente de fábula, por exemplo, quando Serge Gainsbourg fala com o seu alter-ego, aqui representado por um «boneco» com um aspeto grotesco que apresenta todas as caraterísticas físicas do biografado, mas com proporções exageradas (nariz, orelhas e dedos enormes). Esta personagem (La Gueule) simboliza as suas debilidades transformadas em força. Os primeiros anos de vida de Gainsbourg - brilhantemente representados pelo jovem ator Kacey Mottet Klein – são passados a estudar pintura e já nesta época demonstrava um certo atrevimento e habilidade para a sedução, chegando mesmo a convencer modelos adultas a posar nuas para serem pintadas por si. Quando atingiu a idade adulta começou a tocar num piano bar para pagar as contas, mas segundo o próprio, a música não passava disso mesmo: um trabalho para conseguir sobreviver, o que lhe interessava mesmo era a pintura. Foi também nesta época que conheceu a sua primeira mulher, Elizabeth Levitski uma jovem

estudante de artes plásticas e assistente de Salvador Dalí. Numa das muitas noites de copos no piano bar, Gainsbourg conheceu o escritor e cantor Boris Vian. Foi depois desta ocasião que Serge Gainsbourg decidiu mudar de nome, até então chamara-se Lucien Ginzburg, por considerar que Lucien era nome de barbeiro de bairro. Foi Boris Vian que lhe abriu diversas portas dentro do meio musical da época, Juliette Gréco conquistou-o e contratou-o como compositor. A partir daqui a escalada para a fama acontece rapidamente e Gainsbourg é requisitado para escrever canções para diversas celebridades da época. Entretanto, tem um romance tórrido com Brigitte Bardot, (papel representado por Laetitia Casta) que dura apenas três meses, este desgosto de amor é curado com um novo romance, desta vez a escolhida é a então jovem atriz britânica Jane Birkin, com quem viria a casar e ter uma filha, também ela cantora e atriz, Charlotte Gainsbourg. A partir da terceira parte, o filme começa a ser uma sucessão de episódios apressados e um pouco incoerentes, mas apesar disso este filme não deixa de ser um marco e nem retira mérito ao realizador.■

A vida heróica de Serge Gainsbourg França, Estados Unidos, 2010 - 130 min Estilo: Biografia / Drama Direção: Joann Sfar. Argumento: Joann Sfar.

Elenco: Eric Elmosnino, Lucy Gordon, Laetitia Casta, Doug Jones, Anna Mouglalis, Mylène Jampanoï, Sara Forestier, Kacey Mottet Klein, Razvan Vasilescu, Dinara Drukarova, Philippe Katerine, Deborah Grall.

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Cultura Música

Interpol : Please turn off the lights por Tatiana Contreiras

Os Interpol lançaram este ano o seu quarto álbum de originais e atuaram no passado dia 12 no Campo Pequeno em Lisboa.

O

s norte-americanos Interpol surgiram há 8 anos e já contam com quatro discos de originais. Paul Banks (voz), Daniel Kessler (Guitarra) e Carlos Dengler (Baixo), formaram a banda em 1998 e mais tarde em 2002 juntou-se Sam fogarino para ocupar a bateria. Num género indie rock, os Interpol representam um estilo alternativo e experimental ligado ao cenário undergound e desvinculado das grandes editoras, o grupo tem como influências bandas do pós-punk do final da década de 70 e início dos anos 80, como The Cure, Echo & the Bunnyman, Joy division, Bauhaus e the Chameleons. A banda prima por um estilo de música com sonoridade fria e sombria, letras tristes e melancólicas que nos transmitem uma visão depressiva do mundo. Os Interpol editaram o primeiro álbum em 2002 intitulado Turn off the

bright lights, considerado pela Pichfork como melhor álbum desse ano, este conta com temas bastante conhecidos dos fãs como Obstacle 1, NYC e PDA. Em 2004 lançaram o álbum Antics, e em 2007 Our love to admire, registo que deu lugar a um Coliseu de Lisboa totalmente esgotado nesse ano. O mais recente trabalho da banda sai este ano com o nome Interpol, onde se integra o single lights. Em maio deste ano o baixista Carlos Dengler abandonou o grupo, no entanto os restantes elementos afirmaram que «cada um deles assumirá o baixo no processo de composição dos próximos álbuns». Os Interpol foram responsáveis pela primeira parte dos dois concertos dos U2 realizados há pouco mais de um mês em Coimbra, e voltaram a Portugal desta vez em nome próprio. A

Draculea Café -Bar 14 // Mundo Contemporâneo

banda iniciou a tournée europeia no campo pequeno em Lisboa no passado dia doze, a deficiente acústica da sala e alguns percalços técnicos não impediram que a noite se tornasse inesquecível para os fãs. No palco, o lugar de Carlos Dengler foi preenchido pelo experiente David Pajo e as teclas ficaram a cargo de Brandon Curtis. Ao longo de hora e meia de concerto a banda privilegiou as músicas dos dois primeiros álbuns e os pontos altos do espetáculo foram naturalmente obstacle 1, PDA, Slow hands e C´mere. A banda encerrou um concerto intensamente emocional de tonalidades cinzentas com o tema Stella Was a Diver and She Was Always Down o que levou ao rubro uma plateia quase esgotada. ■


Cultura Literatura

Entrevista: Isa Mestre por Isa Vicente e Ana Parra

Isa Mestre, ex diretora da nossa revista O Mundo Contemporâneo viu editado, no ano passado, o seu primeiro livro, «Voz Perdida». O livro é composto por um conjunto de narrativas soltas. Mundo Ccontemporâneo: Desde quando começou a escrever? Isa Mestre: Comecei a escrever ainda muito jovem, com apenas 12 anos. Na altura escrevia pequenos poemas e prosas que integrava num projecto concebido nas aulas de Língua Portuguesa - o chamado Plano Individual de Trabalho. Daí até começar a procurar outros caminhos foi apenas um pequeno passo. Um ano mais tarde estava a publicar as minhas crónicas num jornal regional. M.C.: O que a inspira a escrever? I.M.: Inspiram-me sobretudo as situações do dia-a-dia. A agitação em que vivemos e a falta de tempo que guardamos para os outros e para o mundo que nos rodeia, como se vivêssemos dentro de uma bolha. Escrevo sobretudo sobre afectos, porque creio que é na sua expressão que mais falhamos. M.C.: Como surgiu esta paixão pela escrita? I.M.: A paixão pela escrita foi algo que foi vindo naturalmente. Quando fazemos aquilo que gostamos e sentimos que alguém nos valoriza por isso ganhamos cada vez mais vontade de fazer mais e melhor, e foi precisamente isso que aconteceu comigo.

preciso ter-se a maturidade e a rigidez de quem conhece as palavras há muito tempo e sabe como trabalhar com elas. No entanto, e respondendo à vossa pergunta penso que não é de modo algum fácil ser-se escritor em Portugal, sobretudo porque a literatura está cada vez mais sobrevalorizada em detrimento de outras actividades de lazer. Neste momento, em Portugal, existem apenas cinco ou seis escritores que se dão “ao luxo” de viver exclusivamente da sua profissão – penso que isto nos dá uma visão de como se encontra o panorama literário português. M.C.: Haverá a possibilidade de vir a publicar outro livro? I.M.: Sim, essa é uma forte possibilidade, até porque me encontro neste momento a trabalhar nele. No entanto será algo bem diferente do Voz Perdida no sentido em que será uma história continuada, com um enredo e personagens já definidas. Será sem dúvida algo mais próximo do romance.

“Promete-me que nunca pronunciarás em vão a palavra amor”.

M.C.: É fácil no nosso país ser-se escritor? I.M.: Em primeiro lugar gostaria de esclarecer que não me considero de modo algum uma escritora. O que me sinto é uma “escrevente”, uma pessoa que ama as palavras e aprofunda essa paixão através da escrita. Mas penso que ser escritor vai muito além disso. É

Mundo Contemporâneo // 15


Cultura M.C.: Como é que o curso de Ciências da Comunicação a ajudou a desenvolver enquanto escritora? I.M.: Creio que o curso de Ciências da Comunicação me ajudou a desenvolver-me enquanto pessoa e isso de alguma forma contribuiu para que evoluísse enquanto escritora. Quando crescemos os nossos pensamentos acabam por moldar-se, ganhar formas diferentes e isso revela-se sempre na escrita porque aquilo que escrevemos é sempre inevitavelmente um pouco daquilo que somos. M.C.: Porquê o nome «Voz Perdida»? I.M.: Assim que escrevi o livro o nome Voz Perdida veio-me imediatamente à cabeça porque, na verdade, à semelhança de muitos outros jovens escritores também eu era de certa forma uma voz perdida na literatura, na esperança de que alguém me lesse e pudesse encontrar algo de interessante na minha escrita e sobretudo no meu livro. O nome veio daí. Porque continuo a acreditar que ainda há muitas vozes perdidas, ou melhor, muitas canetas perdidas, que continuam a arrumar os seus trabalhos na gaveta sem que tenham a possibilidade de publicá-los permitindo assim que alguém tenha acesso a eles. M.C.: Dedica este livro a alguém ou a

algo que se passou na sua vida? I.M.: Dedico este livro especialmente à minha avó, aliás, a dedicatória inicial é para ela. Mas creio que este livro é acima de tudo de todas as pessoas que conheci na minha vida e que me ajuda-

I.M.: Sem dúvida. Hoje, se tivesse a oportunidade de reescrever o Voz Perdida alteraria muita coisa, mas de certo modo penso que me proibiria de fazê-lo porque neste momento ele representa para mim uma passagem, uma etapa, uma evolução.

ram a ser quem sou. A acreditar.

M.C.: Este livro era então … um sonho? I.M.: Sim. Editar um livro sempre foi para mim um sonho. Começar com o Voz Perdida foi uma opção para dar a conhecer o meu tipo de escrita aos leitores e deixá-los com vontade de ler outras coisas.

“Penso que a literatura portuguesa é valiosíssima” M.C.: Qual a frase do seu livro que mais a marca? I.M.: «Promete-me que nunca pronunciarás em vão a palavra amor». É uma frase importante para mim porque como referi anteriormente penso que falhamos imenso na expressão dos afectos – seja porque não os expressamos quando devíamos ou porque os expressamos erradamente. M.C.: Mudava alguma coisa no livro que escreveu?

M.C.: Por fim, qual é a sua opinião sobre o estado da literatura portuguesa? I.M.:Penso que a literatura portuguesa é valiosíssima. Temos hoje jovens escritores que são fantásticos e têm uma margem de progressão enorme pela frente. Por isso não tenho dúvidas que à semelhança do que aconteceu com Saramago e acontece com Lobo Antunes também no futuro teremos escritores portugueses a espalhar o que de melhor se faz por cá no campo da literatura. Penso que esta nova geração de escritores, como José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe, João Tordo, Patrícia Reis ou Inês Pedrosa, representa um salto qualitativo enorme. ■

UAlg homenageia Michel Giacometti Michel Giacometti nasceu na Córsega, mas trocou a sua ilha natal pelo nosso país no final dos anos 50. Durante as décadas seguintes atravessou Portugal de lés a lés, com o intuito de registar em áudio as diversas formas de música popular do nosso país. Essas gravações são hoje um dos mais importantes documentos acerca daquilo que é o cancioneiro nacional e as várias tradições de um povo rural, como era o nosso. No passado dia 24 de Novembro passaram vinte anos sobre a data da morte de Giacometti e para assinalar a efeméride realizou-se na Universidade do Algarve uma homenagem ao etnomusicólogo. A cerimónia contou com a presença de vários oradores, entre os quais, o seu antigo operador de som, Mário Luís. ■

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Cultura

O Haiku Japonês

N

o seguimento da entrevista feita a Isa Mestre e visto a mesma também escrever poesia, para além da sua prosa já publicada, O Mundo Contemporâneo dá-vos a conhecer uma forma poética bastante peculiar e com preciosas influências na literatura de hoje: O Haiku Japonês. Conjuntamente denominada Hokku, Haikai ou Haicai (nomenclatura dos poetas portugueses), esta composição versificada é concisa, esteticamente vigorosa, fluida e desprovida de rima. É oriunda do Japão e consiste numa forte analogia entre homem e natureza, normalmente composta por dezassete sílabas, distribuídas entre três versos. Provém dum formato anterior, popularizado nesse mesmo país entre os séculos IX e XII, retratando maioritariamente a religião. Aclamado como pioneiro dentro do género, a poesia de Bashô Matsuo (1644 – 1694) é característica pelo humor aguçado, melancolia, entusiasmo, balbúrdia interior e versatilidade. No decorrer do século XX, quer pela imigração Japonesa ou pelo deslumbramento pelo Oriente, este específico modelo de escrita foi partilhado e

exercido por outros países, ganhando popularidade na América, Canadá, França, Índia e também em Portugal. O Haiku ocidental expõe discrepâncias do japonês, pois logicamente que esta língua, pela sua especificidade inimitável, inviabiliza qualquer reprodução fiel noutros idiomas, surgindo mesmo distintas traduções para um mesmo texto. Na literatura portuguesa, notam-se influências do estilo em poetas como Venceslau de Morais, Camilo Pessanha, Eugénio de Andrade ou Albano Martins. No ano de 1962, o poeta, ensaísta e ficcionista louletano Casimiro Cavaco Correia de Brito teve presentes poemas Haiku com traduções suas em «Poemas Orientais», in Colecção A Palavra, N° 05, dos melhores poetas japoneses, como por exemplo, «Enquanto eu vou sair /sejam bons e brinquem juntos /meus pequeninos grilos.» (Issa) e «Que silêncio profundo! / Até o cantar dos grilos /está escondido nas rochas...» (Basho). Herberto Helder de Oliveira, (poeta e escritor português de origem judaica que no passado dia vinte e três de novembro completou oitenta anos) em

fotografia por Vera Fernandes

por Diogo Costa Leal

1968 publicou a sua interessante Antologia de poemas de antigas literaturas, onde estavam presentes traduções suas de Haikais Japoneses, uma delas, «Pirilampos. /Sobre o espelho da ribeira. / Dupla barragem de luz.» (Kikaku) Em suma, a forma Haiku é essencialmente caracterizada pelo grandíssimo caráter sensorial e sugestivo. Os Poemas são subjetivos e captam o momento, sendo que a ligação de signos expostos será sempre interpretada por cada leitor, tal e qual acontece em toda a arte do verso.■

Política Cultural no Algarve? Por exemplo… por Rosa Guedes, professora de filosofia

A

existência de uma política cultural supõe, antes de mais uma reflexão sobre o local, as infra-estruturas que podem suportar e acolher e criar os produtos e produções culturais, a população para quem aqueles produtos e produções se dirigem e as possibilidades reais de fixação, reprodução e criação de novas e diferentes produções e produtos culturais que permitam o próprio desenvolvimento do local onde se inserem, tornando-o uma referência. Complicado? Talvez…ou, nem por isso. Local: Algarve. Infra-estruturas: Espaços para apresentação dos produtos e produções, escolas responsáveis pela formação e artistas do, no local e outros. População: residentes e público em geral. Resultados concretos destas interacções anteriores, algumas hipóteses: Festival I, II, III, etc. Exposição I, II, III, etc. Algumas perguntas: o público fixa-se e cresce em número? A qualidade dos produtos e produções é cada vez mais elevada? Existe participação das estruturas que garantem formação e desde logo continuidade em pro-

jectos de desenvolvimento e fixação de produções/produtos e público? Alguns exemplos práticos: ANDAIME – Exposição de trabalhos dos alunos finalistas do Curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve na Fábrica da Cerveja. Local em mau estado, a precisar de reformas urgentes, sobretudo face aos riscos existentes de segurança, quer para as obras expostas, quer para o público. No entanto, o espaço permite a sua recriação e também exige uma atitude mais activa do espectador, ao mesmo tempo que o acolhe. Os produtos/produções apresentados revelam formação prévia, conceitos artísticos pensados, discutidos e com caminhos novos em aberto. Como serão os trabalhos destes alunos de Artes Visuais da Universidade do Algarve daqui a um ano, ou dois? Gostaria muito de saber face ao que vi nesta exposição. Será que terão oportunidade de o mostrar? A programação cultural tomou isso em consideração?

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Cultura A Política Cultural do Algarve incluiu a vertente da formação, fixação e criação sustentada da produção artística? ALLGarve – Diversos eventos artísticos que incluem as mais diversas áreas, do cinema à música, das artes visuais nas suas produções mais “canónicas” às mais vanguardistas. A preocupação com a formação de públicos parece ser uma real preocupação da programação deste evento. Há eventos para todos os gostos, em todos os locais de “cabo a rabo” no Algarve. A meu ver, em Faro, acabámos por ficar com a “fava”: uma exposição de fotografia na Galeria Trem, que revelou pouco cuidado com a apresentação dos trabalhos expostos, e uma exposição no Museu Municipal, com vídeos em que diversos artistas do e a viver no Algarve, davam o seu testemunho sobre o panorama das artes e das particularidades de uma produção artística local. Esta exposição em particular, apresentava algumas curiosidades. A primeira quanto

à entrada na exposição: quem não é de Faro pagava bilhete, quem era ou vivia em Faro não pagava, sendo necessário apresentar um documento comprovativo. Quem como eu, tem cartão de cidadão como documento identificativo, paga, ainda que viva na cidade de Faro. Uma prática em contradição com a “formação de públicos”. A segunda curiosidade: os vídeos longuíssimos, tiravam a vontade de os ver ao mais paciente espectador. Mas o próprio espaço em que esses objectos multimédia estavam, fazia com que entrassem em conflito uns com os outros. A sua extrema proximidade, a repetição temática, cromática, de enquadramento, ritmo, tornava-os todos uniformes, de uma uniformidade entediante. Inclusive a possibilidade de exibir um projecto interessante e de algum modo precursor à época, elaborado por René Bertholo, foi exposto no mesmo espaço destes produtos vídeo, como se existisse continuidade entre esses trabalhos. Assim

será possível formar públicos? Não existe política cultural sem público, tal como não existe arte sem espectador. Essa é a principal vertente de qualquer política cultural. Não quero dizer com isto que tudo vale, ou que se deve lisonjear o público satisfazendo a imediatez da sua fruição. Uma política cultural tem igualmente que prover à própria educação do público, mas essa educação vai igualmente ter maiores exigências em termos de uma política cultural de qualidade. Eis a necessidade de interacção com as estruturas de formação, capazes de fornecer as competências para o desenvolvimento de uma concreta política de formação de públicos e agentes culturais. Política Cultural no Algarve? …Programação Cultural estruturada e consistente no Algarve? …Formação de públicos para a Cultura no Algarve? Bem, por exemplo…. ■

Joana Vasconcelos: pensamento criativo por Susana Teixeira

Joana Vasconcelos nasceu em Paris em 1971, onde viveu até aos três anos de idade. Deambulando entre a cultura erudita e popular, detém agora um mediatismo que só Paula Rego conseguiu obter entre os nossos artistas visuais. Joana Vasconcelos, 38 anos, nasceu em Paris e vive em Portugal, o que não a impediu de chamar a atenção de críticos de arte em todo o mundo. A jovem artista, formada no Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa, entre 1989 a 1996, derrubou as barreiras fronteiriças do país e construiu uma carreira sólida em França, Espanha, Estados Unidos e Brasil. Alcançou o reconhecimento internacional e o facto de o ter feito sem o apoio do Estado ainda aumenta mais o seu valor. E é a própria que acrescenta, na entrevista dada a Adelaide de Sousa, no programa «Entre nós» de 15 de Outubro: «Há, no fundo, que provar que se é competente internacionalmente para se ser aceite, com algum respeito, nacionalmente.» Desde as suas primeiras obras, em meados dos anos 90, que nunca mais se deixou de falar dela: já adornou a Torre de

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Belém com um colar de bóias náuticas, intitulada «A Jóia do Tejo»; elaborou uma colcha de croché, a «Varina», para ser suspensa na Ponte D. Luís; criou «A Noiva», feita de tampões higiénicos que substituem os pingentes do lustre e a sua obra «Marilyn» feita de panelas e tampas, foi leiloada na conceituada Christie’s por mais de meio milhão de euros. A sua mais recente criação, a piscina «Portugal a Banhos», pôde ser encontrada no Terreiro do Paço até 4 de novembro e é uma chamada de atenção da própria ao País: «cuidado, não nos deixemos afundar» (declarações feitas ao Jornal Público de 22.10.2010). Nas melhores obras, o lúdico, o glamour e o político combinam-se de forma engenhosa. O seu pensamento criativo assenta entre o belo e o banal, o ético e o frívolo, em projetos nos quais a descontextualização dos objetos do quotidiano dita as regras. A junção de todos esses fatores valeu-lhe, entre outros, o Prémio EDP Novos Artistas, em 2000 e, em 2006, o prémio The Winner Takes It All, da Fundação Berardo. Veremos como Joana Vasconcelos nos surpreenderá a seguir… ■


Lazer

Vamos sonhar!

Natal em Paris e Ano Novo em Nova Iorque Este é, sem dúvida, um sonho partilhado por muita gente: passar o Natal na atmosfera parisiense e erguer o brinde do ano novo em Nova Iorque.

Paris

por Cecília Palma e Orlandina Guerreiro

1º, 2º e 3º dias: 23, 24 e 25 de dezembro.

C

omece esta viagem com a visita aos parques da Disneyland e Disney Studios, em que nesta época natalícia a magia é imensa. Sendo que todas as decorações, os cantos de natal e a árvore gigante que o parque adota refletem um espírito natalício incondicional, não podendo faltar o Mickey, a Minnie e as principais personagens Disney. Ao longo de todo o dia e noite

são realizados espetáculos e paradas de Natal, não faltando a presença do Pai Natal. Como novidade, um presente para todos: novas personagens farão parte dos espetáculos, sendo estas as personagens

do novo filme da Disney “Rapunzel” lançado no passado dia 24 de novembro. Durante estes três dias aproveite também todas as atrações tais como: a torre do terror, a crush coaster e a rock’ n’ roller coaster avec aerosmith no parque Disney Studios. Indiana Jones et le temple de peril, big thunder mountain, space mountain, star tours e mad hatter’s tea cups, no parque Disneyland, são outras das atrações a visitar.

pensos e rasgadas naves. Acabe o seu dia na Torre Eiffel, suba ao topo desta de onde terá uma esplêndida vista da cidade que por esta hora já deverá estar toda iluminada, banhada de luzes e cores devido à época natalícia. No último dia vá ao

4º e 5º dia: 26 e 27 de dezembro. Nestes dois dias que lhe restam parta à descoberta da bela e fascinante cidade de Paris, com um passeio em Montmartre. Comece pelo topo da colina, visitando a famosa Basílica do SacréeCoeur, onde terá um belo panorama da cidade. De seguida passeie pelas ruas de Montmartre e observe os artistas, escritores, poetas e músicos que ali se reúnem todos os dias. Continue a sua visita até ao célebre Moulin Rouge e no caminho pare para degustar uma deliciosa baguette recheada. De seguida faça uma caminhada junto ao Sena, observe os chamados Bateau Mouche e, se lhe agradar, dê uma volta num destes famosos barcos, que lhe proporcionam uma paisagem diferente. Siga caminho até à Catedral de Notre Dame e contemple a beleza do conjunto e das suas inúmeras estátuas, arcobotantes sus-

Louvre, museu que possui uma das maiores e mais importantes coleções de arte do mundo. Precisará de toda uma vida para ver e apreciar todas estas obras de arte. De seguida vá ver o Arco do Triunfo, monumento dedicado às vitórias militares, mandado construir por Napoleão.

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Lazer

No último dia vá ao Louvre, museu que possui uma das maiores e mais importantes coleções de arte do mundo. Precisará de toda uma vida para ver e apreciar todas estas obras de arte. De seguida vá ver o Arco do Triunfo, monumento dedicado às vitórias militares, mandado construir por Napoleão.

Passeie pela famosa avenida dos Champs Elysées, onde poderá aproveitar para fazer umas comprinhas. Visite também a Place de la Concorde, em tempos cenário da sangrenta guilhotina, tem como peça

central um gigantesco obelisco e uma

bela fonte. Durante estes dias não se esqueça de visitar os mercados de Natal que são realizados nesta época e onde poderá encontrar todo o tipo de artigos natalícios. Nestes cinco dias, poderá usufruir de uma óptima gastronomia. Os famosos croissants com café e um delicioso pain au chocolat são ótimos para provar numa das famosas patisseries ou no buffet do seu hotel. As baguettes recheadas, os croque’s monsieur e os bolinhos com chá podem ser prova-

dos num dos muitos refinados salões de chá parisienses. A bebida típica antes do jantar é um copo de vinho, um demi (cerveja pequena), ou um kir (vinho branco gelado com creme de groselha), acompanhado com tapas de pasta de fígado, carne picada ou queijo. Pode passar estes dias alojado num dos inúmeros hotéis de Paris,

como por exemplo no Cheyenne, no Santa Fé, no Davy Crockett Ranch, no Sequoia Lodge, no Newport Bay Club, no New York ou no Disneyland Hotel. ■

Nova Iorque

por Ana Narciso, Raquel Viegas e Cristina Apolónia

1º, 2º e 3º dias: 28, 29 e 30 de dezembro. Ao contrário do que muita gente pensa, New York City não é sinónimo de Manhattan. A cidade é formada por mais quatro distritos: Queens, Brooklyn, Bronx e Staten Island. Como o tempo voa, nada como começar esta nossa visita pelo topo. De dia ou de noite pode visitar no alto dos seus 70 andares, no Rockefeller Plaza, o Top of the Rock Observation Deck.

Este

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local

tem uma panorâmica de Manhattan que dificilmente se encontra em Nova Iorque. Pode tirar proveito das mais espetaculares vistas da cidade. Quando já tiver os pés bem assentes no chão e depois de recuperar a respiração, aproveite para patinar no gelo junto de uma das árvores de Natal mais famosas do mundo, a do Rockefeller Center. Depois de experiências tão intensas, nada como repor energias com alguns dos famosos snacks americanos. Em qualquer local é fácil encontrar um vendedor dos célebres cachorros quentes. Mas pode optar por um bagel, um pretzel ou umas panquecas servidas com o famoso Maple syrup. Se, nesta cidade

onde existem mais de 13.000 yellow cabs, o frio for demasiado rigoroso, uma visita ao famoso Metropolitan Museum of Art é uma excelente opção para umas horas muito bem passadas. O Met é um dos maiores e mais importantes museus do mundo. Possui mais

de dois milhões de obras de arte que abrangem 5.000 anos de história e recebe mais de cinco milhões de visitantes por ano.


Lazer

Depois de jantar, aproveite para ver um espectáculo na Broadway, que, mesmo para quem

não gosta muito de musicais, é sempre uma grande experiência. O Fantasma da Ópera é neste momento o musical que está há mais tempo em cena. 4º dia: 31 de dezembro. Um passeio a pé ou de charrete pelos parques de Nova Iorque é uma forma muito agradável de conhecer (um pouco) da cidade. O Central Park tem uma dimensão que é difícil passar despercebida e durante todo o ano tem muitas actividades e locais para visitar para quem por lá passa. Um desses locais é o Strawberry Fields, uma área de 2,5 hectares que presta homenagem ao falecido Beatle, John Lennon. Ele e a sua esposa Yoko Ono moravam no apartamento Dakota localizado perto desta área do parque, onde, no ano de 1980, o músico foi assassinado por um fã. O nome desta homenagem deve-

se ao título da canção dos Beatles: “Strawberry Fields Forever”. Anualmente, na data do aniversário do nascimento de John Lennon bem como no aniversário da sua morte, os visitantes e fãs de todo o mundo reúnem-se neste local para prestar homenagem ao

falecido Beatle. No dia da passagem de ano, há que chegar cedo à Times Square para guardar um bom lugar. Todos tem de ir preparados pois não é permitido, por questões de segurança, levar malas ou mochilas. A descida da bola, situada no edifício número 1 desta praça, que faz a contagem para o ano novo, co m e ça pontualmente às 23:59. Todos acompanham a contagem decrescente dos 60 segundos que culmi-

nam numa chuva de confetis e fogo de artifício! 5º dia: 1 de janeiro. Aproveite para visitar também o Chrysler Building, um dos maiores arranhacéus do mundo com 319 metros. Construído entre 1930 e 1931, foi o edifício mais alto do mundo quando foi inaugurado, porém, perdeu este título apenas um ano depois para o Empire State Building. Nenhuma viagem a Nova Iorque fica completa sem uma visita à estátua da Liberdade, um dos monumentos que mais se destaca nesta cidade e um dos lugares mais visitados no mundo. Este monumento foi oferecido pelos franceses aos norte-americanos no século XIX, para comemorar o centenário da independência americana. Localizada a sul de Manhattan na Liberty Island, só é possível lá chegar num dos barcos da empresa Statue Cruises. Apenas dez pessoas de cada vez podem subir os seus quase trezentos degraus, por isso, recomendamos que planei a sua visita com alguma antecedência. Se conseguir lá chegar, poderá usufruir de uma vista deslumbrante sobre Manhattan e os rios Hudson e Harlem. ■

Mundo Contemporâneo // 21


Diga?! por Luís Timóteo

“Sempre achei que o PS entregue a um tipo como o Sócrates só podia dar asneira” Manuel Neto, empresário e ex-dirigente do PS

“O pacemaker ficou mais velho do que eu, agora tenho um ultra moderno” Manoel de Oliveira, cineasta

“Sem ter lavado casas de banho não teria o que tenho hoje” Humberto Barbosa, nutricionista, fundador da Clínica do Tempo

“Houve uma altura em que ele (Paulo Portas) estava atrapalhado porque não tinha outdoors e eu fui ao bolso, passei um chequezinho e dei-lhe um donativo”

“É interessante falar com Maria Cavaco Silva sobre poesia” Manuel Alegre, candidato presidencial

“Gostava de saber porque Fernando Nobre embirra comigo” Ibidem

Avelino Ferreira Torres, militante do CDS “Exames aos alunos, avaliações aos professores, diretores a mandar nas escolas – para quê tanta mudança? Para quê mudar o que está bem?”

“Não faço ideia de como funciona um motor” Jorge Lorenzo, campeão do mundo de motoGP

Miguel Sousa Tavares, comentador

“Para matar um mosquito uso um jornal, não uma televisão” Dmitri Rogozin, embaixador russo na NATO

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“Continuamos a ter ilusões de ganhar o campeonato” Roberto, guarda-redes do Benfica


Ciência eDtecnologia esporto

Reveja os resultados do ATP World Tour Finals 2010 http://www.atpworldtour.com/

MundoContemporâneo Contemporâneo //// 23 23 Mundo


Desporto

Ténis- ATP World Tour Finals por Liliana Lourencinho

E

ntre os dias 21 e 29 de novembro realizou-se no estádio The O2 em Londres, o ATP World Tour Finals, onde estiveram presentes os oito jogadores melhor classificados do ranking mundial de ténis, num torneio que coroou como vencedor o suíço Roger Federer. O ATP World Tour Finals é um torneio disputado anualmente no fim de cada temporada e é considerado o quinto maior, e mais prestigiado, evento masculino a seguir aos quatro torneios do Grand Slam, pois envolve os oito jogadores mais bem classificados do ranking mundial da ATP e as oito melhores duplas. Ao contrário dos outros eventos da temporada masculina não é um torneio de eliminação direta, uma vez que os oito jogadores são divididos em dois grupos de quatro e cada tenista joga contra os outros três adversários do seu grupo. Assim os dois melhores de cada grupo passam para as semi-finais e os seus vencedores classificamse para a final, onde o primeiro classificado arrecada 1500 pontos a contar para o ranking mundial. História do torneio Este evento é a evolução de um campeonato que começou em 1970, organizado pela International Tennis Federation – The Masters Grand Prix – e que, tal como agora, ocorria no final da temporada entre os melhores, mas não contava para efeitos de ranking mundial. Em 1990, a Association of Tennis Professionals (ATP) começou a controlar os torneios masculinos transformando-o no ATP Tour World Championship e com esta mudança de nome veio também uma mudança no torneio. Depois de 1990 o torneio já punha em jogo pontos para o ranking mundial, sendo que o seu vencedor ganharia o mesmo número de pontos que iria receber

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caso vencesse o Grand Slam (1000 pontos). No entanto, a ITF que continuava a organizar os torneiros de Grand Slam, criou um evento rival que decorria na mesma altura – Grand Slam Cup – e que colocava frente-a-frente os 16 melhores jogadores que tinham competido nos torneios Grand Slam desse ano. Em 1999 a ATP e a ITF acordaram acabar com os dois torneios separados e juntá-los num só a que deram o nome de Tennis Masters Cup. Em 2009, este novo evento mudou de nome, sendo agora chamado de ATP Tour Finals e tendo lugar em Londres de 2009 até 2012 no estádio The O2. Os olhos do mundo postos em Londres Este ano, o evento ocorreu entre 21 e 29 Novembro e foi disputado pelos oito melhores jogadores da atualidade – Rafael Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic, Robin Soderling, Andy Murray, Tomas Berdych, David Ferrer e Andy Roddick – e pelas oito melhores duplas – onde se destacaram os finalistas Zimonjic-Nestor e Bhupathi-Mirnyi. O título acabou por ser discutido entre o atual e o anterior líder do ranking ATP, Rafael Nadal e Roger Federer numa final aguardada com muita expectativa. Para chegarem a esta final, os dois jogadores começaram por vencer todos os jogos dos seus grupos, chegando às meias-finais onde o espanhol derrotou Andy Murray, e o suíço, Novak Djokovic. No derradeiro encontro, Federer impôs a sua classe, superiorizando-se ao atual número 1 do Mundo, vencendo em três sets pelos parciais de 6-3, 3-6 e 6-1, conquistando assim um título que lhe fugia desde 2007. Na final de pares do ATP World Tour Finals, Nenad Zimonjic e Daniel Nestor saíram vitoriosos em dois sets (7-6(6) e 6-4), concluindo assim a edição de 2010 deste prestigiado torneio. ■


Mundial de Patinagem Artística regressa a Portugal

Desporto

por Andreia Ruivo e Sandra Canhoto

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rinta e dois anos depois, Portugal voltou a receber o Mundial de Patinagem Artística, numa organização conjunta entre a Federação de Patinagem de Portugal e o Município de Portimão. A prova iniciou-se no dia 24 de Novembro e prolonga-se até 4 de Dezembro no pavilhão Portimão Arena. Neste campeonato encontram-se os grandes patinadores de 32 países – nos quais se destacam potências como Itália, Argentina, Espanha, Estados Unidos ou Alemanha –, sendo que ao todo mais de mil atletas estão presentes no Portimão Arena. Apesar de Portugal ter mais representantes, as esperanças lusas recaem sobre Hugo Chapouto e Diana Ribeiro, uma vez que ambos foram outrora medalhados noutros Campeonatos do Mundo. Chapouto foi o primeiro português a ser dis-

tinguido com uma medalha de ouro (no ano passado aquando a sua participação no Mundial de Friburgo), enquanto que Diana Ribeiro foi premiada com uma medalha de prata e quatro medalhas de bronze nos sete mundiais em que participou. Note-se que esta opinião é compartilhada por José Correia, vice-presidente da Federação de Patinagem de Portugal, que acredita que Hugo Chapouto possa revalidar o título alcançado no ano passado e que Diana Ribeiro possa lutar por um lugar no pódio. Ainda segundo José Correia, a realização deste campeonato em Portugal, que se insere nas Comemorações do Centenário da República, é fundamental para o desenvolvimento da modalidade no nosso país. A cerimónia de abertura realizou-se dia 23 de Novembro e desde esse dia que todas as pessoas interessadas podem assistir gratuitamente aos treinos dos patinadores, tomando desta forma maior contacto com os candidatos à conquista do título. Até à data de encerramento desta edição, destaque para a patinadora portuguesa Carolina Andrade que conquistou a medalha de bronze na categoria de juniores. Esta atleta obteve o quarto lugar no programa longo em patinagem livre, que conjugado com a mesma posição em figuras obrigatórias, lhe permitiu ascender ao último lugar do pódio. ■

Candidaturas aos Mundiais 2018 e 2022 por Pedro Nascimento e Fábio Gonçalves

É

já no dia 2 de dezembro de 2010, na sede da FIFA, em Zurique, que o presidente do órgão mais importante do mundo do futebol, Joseph S. Blatter, revela a decisão do Comité Executivo da FIFA quanto aos países anfitriões dos Campeonatos do Mundo de 2018 e 2022. No dia 14 de maio de 2010, prazo final para apresentação detalhada das propostas, deram entrada na FIFA nove candidaturas tendo em vista a organização dos mundiais, sendo quatro da UEFA (Inglaterra, Rússia, Espanha-Portugal e Bélgica-Holanda), quatro da Confederação Asiática (Austrália, Japão, Qatar e Coreia do Sul) e uma da Concacaf (Estados Unidos). É de realçar que outros dois países, Indonésia e México, também manifestaram a intenção de se candidatar ao acolhimento dos eventos, acabando, posteriormente, por desistir devido à falta de capacidade financeira para receber tal organização. Cerca de um mês após a entrega final das candidaturas, a FIFA iniciou um périplo de dois meses a todos os países que

se propuseram a organizar estes mundiais, com o objetivo de observar as infra-estruturas que irão ser utilizadas caso a candidatura seja bem sucedida. A equipa de inspeção do órgão presidido por Joseph S. Blatter começou por fazer uma visita ao Japão e terminou a sua vistoria no Qatar, passando entretanto por todos os outros países candidatos. Durante esta campanha, um dos grandes destaques, embora pela negativa, acabou por ser a suspeita de um conluio entre as candidaturas ibérica e do Qatar tendo em vista uma alegada troca de votos. Supostamente, o sindicato de votos sob influência do Qatar teria aceitado apoiar a candidatura ibérica ao Mundial 2018, em troca de apoio à candidatura do país do Médio Oriente ao Mundial de 2022. Apenas após um mês de investigação levada a cabo pela FIFA, foi possível concluir que as acusações não tinham fundamento, acabando ambas as candidaturas por ser ilibadas de um processo que podia, inclusivamente, ter ditado a exclusão das mesmas da corrida à organização dos mundiais. ■

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Desporto Candidatura de Portugal/Espanha: 18 cidades-sede & 21 estádios propostos. Prós: Qualidade dos eventos anteriormente organizados pelos países (ex: Euro 2004, Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 e Mundial 1982); Oito dos estádios cinco Candidatura de Inglaterra: 12 cidades-sede & 17 estádios propostos. Prós: Cultura futebolística inglesa; EconoCandidatura de Holanda/Bélgica: 12 cidades-sede & 14 estádios propostos. Prós: Sucesso da organização conjunta do Euro 2000; Rede de transportes e comuCandidatura da Rússia: 13 cidades-sede & 16 estádios propostos. Prós: Abrange todo o território russo em Candidatura dos EUA: 18 cidades-sede & 21 estádios propostos. Prós: Grande variedade de estádios pronCandidatura da Austrália: 10 cidades-sede & 12 estádios propostos. Prós: Recente sucesso na organização Candidatura do Qatar: 7 cidades-sede & 12 estádios propostos. Prós: Nunca um país Árabe recebeu um Candidatura do Japão: 11 cidades-sede & 13 estádios propostos. Prós: Projecto inovador de transmitir os jogos do Campeonato do Mundo através Candidatura da Coreia do Sul: 12 cidades-sede & 14 estádios propostos Prós: Possibilidade de um evento desta natureza amenizar o clima de tensão entre as Coreias do Norte e do Sul; Paixão

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estrelas da FIFA estão localizados em ambos os países; Estatuto alcançado pela Espanha no panorama futebolístico devido aos recentes resultados da sua seleção; Grande capacidade hoteleira dos dois países.

Contras: Grave crise económica que Portugal atravessa; Desequilíbrios da candidatura devido ao facto de apenas duas cidades portuguesas acolherem jogos do mundial; Falta de clarificação em áreas como os transportes e a segurança.

mia forte que o país apresenta; Aproveitamento das infra-estruturas que irão receber as Olimpíadas de 2012; Clima ideal para a prática do futebol durante o evento.

Contras: Número insuficiente de hotéis; Custo elevado de estadia no país.

nicações bem desenvolvida; Localização geográfica dos países permite um fácil acesso aos adeptos visitantes. Contras: Oferta hoteleira abaixo do re-

querido; Necessidade de construir dois estádios de raiz com capacidade para oitenta mil espetadores; Falta de garantias de apoio do governo dos dois países.

continente europeu; Aproveitamento das infra-estruturas que irão ser utilizadas nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014.

Contras: Grande dimensão do país leva a dificuldades nas deslocações; Necessidade de investir na construção de várias unidades hoteleiras para cobrir o evento.

tos a utilizar; Capacidade económica capaz de fornecer as melhores condições para a realização do evento.

Contras: Organização recente deste mesmo evento desportivo (1994); Grande distância entre as cidades-sede; Falta de garantias de apoio do governo local.

de eventos importantes (Jogos Olímpicos de Sidney 2000 e Mundial de Râguebi de 2003); A Oceânia é o único continente que ainda não recebeu qualquer mundial.

Contras: Boa parte dos estádios utilizados é destinada à prática de outros desportos, como por exemplo râguebi ou críquete.

evento de tão grande importância; Grande orçamento disponibilizado pelo governo para a construção dos estádios.

Contras: Altas temperaturas (a rondar os 40 graus) que se registam durante o verão; Pouca utilização das infra-estruturas após o término do mundial.

da tecnologia 3D; Eleição para acolher o Mundial 2019 de Rugby mostra que o país tem capacidade para organizar eventos de grande dimensão.

Contras: Recente organização de um mundial (em conjunto com a Coreia do Sul, em 2002); Falta de garantias de apoio do governo local.

crescente dos adeptos sul-coreanos pelo futebol devido aos bons resultados da sua seleção; Estão já construídos três estádios olímpicos com capacidade para mais de sessenta mil pessoas.

Contras: Organização recente de um mundial (2002); Elevado esforço financeiro para fazer obras em alguns estádios, para que estes possam acolher oitenta mil adeptos.


Ciência e tecnologia

Jogos 3D para a Playstation 3

Atualidade

por Maartje Vens

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uando começámos a ver cinema através de óculos que nos permitiam ver em 3D, muitos de nós começaram a imaginar a experiência de jogar os nossos videojogos preferidos com a mesma tecnologia. Parece que isto não está longe de se realizar. O director da Sony Computer Entertainment Europe Studio, Mick Hocking,

largou a dica à revista de gaming Develop Online, de que estão já a aplicar a tecnologia 3D a mais de 20 títulos da marca. “No total temos mais de 50 títulos a serem convertidos em 3D, e este número está a crescer de dia para dia,” diz Hocking na entrevista. “Alguns são grandes títulos a nível mundial, o que é muito bom sinal de que a indústria está a apanhar a mensagem que 3D é um elemento fundamental para o futuro das consolas.” Hocking não foi específico em relação a que títulos estão de momento a ser convertidos para 3D, mas um dos mais antecipados jogos já confirmados a sair para a Playstation 3 em 3D é o Killzone 3, que já está em produção. De acordo com Hocking, quando os jogadores “plantam um explosivo na parede” no jogo, o efeito 3D faz parecer que “o explosivo foi plantado no televisor. É

incrível.” A Sony tem estado a investir imenso nesta tecnologia, dentro e fora da indústria de videojogos. Há uns meses atrás, a Playstation 3 fez uma actualização ao firmware para suportar jogos 3D, e em setembro fez outra actualização para incorporar filmes blu-ray a 3D. A empresa já fez um investimento considerável no mercado da TV 3D, vendendo já televisores com esta tecnologia. Por agora, os jogos 3D ainda não estão muito acessíveis, o mais usado para este efeito será o Call of Duty: Black Ops, que já se encontra à venda. Mas se o que Hocking disse é verdade, poderemos já não ter que esperar muito tempo até sair uma gama de títulos 3D para a consola da Sony. ■

Novidades

São Francisco optimus.pt

Fake TV faketv.com

Este novo smartphone da Um televisor falso que Optimus possui a tecnoloserve para simular alguém gia Android 2.1, com todas em casa a ver televisão as vantagens do sistema durante a noite. Seja para operativo da Google. evitar um ladrão entrar Para este telemóvel estão em casa ou fazer os teus disponíveis aplicações do pais acreditarem que esAndroid Market e serviços tás sossegado no quarto, Google, tudo através de este aparelho recria o tipo uma navegação intuitiva de luz produzido por um pelo menu. Algumas das televisor, mudanças de cor suas características são a e movimento da imagem. câmara de 3,2 MP, acesso Wi-Fi, rádio FM, leitor de MPS, GPS e ecrã tátil de 3,5 polegadas.

Loop Pointer

Looxcie

hillcrestlabs.com

looxcie.com

Em conjunto com o teu PC ou Mac conectado à tua TV, este gadget faz todo o sentido. Já não é necessário um rato para navegar por todas as aplicações no computador, porque este comando sem fios faz tudo isso através dos teus movimentos no ar. Funciona com qualquer PC ou Mac com uma entrada USB 2.0.

Para aqueles que pensam que isto é um bluetooth headset, estão enganados. Este aparelho é uma câmara feita para ser posta na orelha, e está sempre a filmar. Está conectado ao teu smartphone através de bluetooth e podes usar o telemóvel para navegação. Para capturar um momento, é só clicares num botão no aparelho e este salva os últimos 30 segundos.

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Ciência e tecnologia

Smartphone: Um portátil mais portátil por Mónica Gaião

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a sociedade em que vivemos o telemóvel ocupa um papel fulcral, seja para conversar, tirar fotografias, filmar ou ouvir e criar música. O número de funcionalidades foi evoluindo com o passar do tempo. Agora, podemos personalizar o nosso telemóvel com temas e fundos de parede diversos, mas acima de tudo, podemos utilizar uma série de aplicações que ajudam a tornar o nosso telemóvel num portátil muito mais portátil.

O smartphone é um telemóvel que oferece um interface muito mais avançado e é considerado como um computador portátil, integrado com um telemóvel. A principal diferença entre um smartphone e um telemóvel comum é que o telemóvel corre aplicações baseadas na plataforma JAVA ME.

O smartphone permite-nos instalar e correr aplicações mais avançadas. O primeiro telemóvel considerado um smartphone surgiu em 1997, com o lançamento do telemóvel GS88 pela empresa Ericsson. No ano 2000, a Ericsson lança um smartphone com touchscreen, primeiro telemóvel a utilizar o Symbian OS. Em 2002, a mesma empresa faz o lançamento do smartphone P800, considerado o primeiro a possuir uma câmara. Desde então, várias empresas de telecomunicações têm desenvolvido novos smartphone com várias potencialidades, como é o caso da empresa RIM que em 2002 lançou o primeiro Blackberry que utilizava tecnologia wireless. Em 2007, a empresa Nokia lançou o N95 que possuía: GPS, uma câmara de 5 megapixeis com auto foco e um flash LED, conectividade 3G e Wifi e TV-OUT. No entanto, nos anos que se seguiram, estas características tornaram-se num modelo standard de um telemóvel. Em finais de 2007, a Apple Inc. lançou o primeiro smartphone a ser controlado pelo ecrã ou touch-screen, o iPhone, que se tornou numa euforia

do mercado de compra. A tecnologia Android foi lançada em 2008. Uma plataforma apoiada pela Google, assim como outras empresas de telecomunicações e de desenvolvimento de software, que formaram a Open Handset Alliance. Esta aliança permitiu aos utilizadores o acesso a diversas aplicações, grátis ou pagas. O sistema operativo Symbian OS já encontra rivais tais como: Android da Google Inc., Blackberry OS, iOS da Apple Inc., e o Windows Phone OS da Microsoft. Sendo o sistema operativo Android e iOS baseados em Linux e Unix. No ano de 2010, já contamos com o smartphone como um dado adquirido, no entanto, as empresas de telecomunicações e de desenvolvimento de software, trabalham arduamente para lançar o que será o novo salto tecnológico do futuro. Só nos resta esperar, com muita curiosidade. ■

TOP 3 jogos flash do mês

Chimgam

Género: Shooter

Um jogo altamente controverso, onde a nossa personagem tem de evitar dejetos que são lançados por um “inimigo”. As suas armas são as suas mãos que através do nosso click compulsivo, são disparadas até evitar que os dejetos caiam na personagem. Se não acreditas o melhor é experimentar: http://www.mikewang.org/images/chimgam9.swf

Se gostas de jogos de estratégia então não podes perder Tower Defense. O cenário do jogo é o nosso Desktop e o objetivo é neutralizar os vários invasores no decorrer da batalha! Se não acreditas o melhor é experimentar: http://www.handdrawngames.com/DesktopTD/Game2.asp

The Last Stand Género: Acção

Desktop Tower Defense Género: Puzzle

Se és fã de jogos como o Resident Evil, então não podes perder este jogo. O objetivo é fazer com que a nossa personagem sobreviva aos vários ataques de zombies ao longo do jogo. Se não acreditas o melhor é experimentar: http://www.freewebarcade.com/game/the-last-stand/

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Ciência e tecnologia

A indústria automóvel abre portas a um novo “BOSS” da estrada por Micaela Leal e Sofia Carvalho

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pós vencer a competição “Darpa’s Urban Challenge” (desafio urbano Darpa) em outubro do ano passado, a Universidade de Carnegie Mellon arrecadou 2 milhões de dólares. Em segundo lugar destacou-se a Universidade de Stanford, com um Volkswagen Passat e, em terceiro, a Universidade da Virgínia, com um Ford Escape. No decorrer desta competição, o automóvel vencedor, apelidado de “BOSS”, teve de prestar várias provas, pois sendo um veículo autónomo tem de ter a capacidade de transitar em vias urbanas com segurança, não esquecendo a obrigação de obedecer a regulamentos de trânsito tal como os humanos. É também muito importante o facto de estar preparado para reagir a uma situação de tráfego imprevisível, evitando acidentes. Para concluir esta prova, teve de realizar um percurso de 96 kms num tempo máximo de 6 horas. Foram ainda feitos vários testes de reação face aos obstáculos comuns de um meio urbano. O automóvel “BOSS” mostrou ser capaz de corresponder às expectativas, superando as provas, obedecendo às regras de código e reagindo aos outros veículos, que se encontravam igualmente a prestar provas. O objetivo desta competição não é apenas o de ganhar dinheiro mas sim a oportunidade de levar até às ruas os protótipos, oferecendo segurança aos utilizadores e também aos restantes utentes da via pública. Para ser o grande vencedor deste concurso, o Chevrolet Tahoe, o já famoso “BOSS”, possui especiais características

que o tornam único, como o seu software e equipamentos. Fazem parte desses equipamentos: controlos de condução por computador, radares, lasers e ainda câmara de apoio à condução, bem como um software que substitui os condutores humanos.

O construtor automóvel norte-americano General Motors adiantou ainda que carros especializados, como este, não necessitam de condutor e estarão no mercado sensivelmente dentro de uma década. É possível a utilização de um chip que permitirá a transição da condução manual para a automática e vice-versa. ■

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Ciência e tecnologia É certo que muita da tecnologia que este tipo de veículos utiliza, já existia. Exemplos disso são a condução baseada em radares, sensores de movimento e até mesmo por sistemas de navegação por satélite. Contudo, este produto que sai para o mercado dentro em breve é de facto um produto bem conseguido. Vários especialistas admitem que os veículos automatizados podem reduzir a taxa de sinistralidade e também o congestionamento, permitindo uma redução para metade do número médio de óbitos que ocorrem na estrada, em que cerca de 95% dos acidentes são resultado dos erros humanos, como acontece principalmente nos Estados Unidos da América. Por outro lado, são levantadas algumas questões pertinentes deste tipo de veículos, dentro dessas questões destacase a perda de privacidade, já que os automóveis “comunicam” entre si em rede e com os sistemas de estradas e autoestradas. Esta ligação em rede permite saber as deslocações do ocupante do veículo, colocando então problemas de privacidade. Ainda existe alguma descrença por parte de colaboradores acerca da data de lançamento publicamente anunciada, tendo em conta que os testes que foram realizados com o patrocínio do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, concluindo-se que esta tecnologia não é de momento 100% fiável. A comodidade deste tipo de tecnologia é o que mais suscita a curiosidade das pessoas. É como ter um motorista, pois

o condutor não necessita de estar atento à estrada e pode mesmo ir a ler o jornal até ao seu destino. Este sonho de podermos viajar confortavelmente e em segurança, sem que seja necessário um ocupante no lugar no condutor, já vem desde meados dos anos 80. Foi em 1994 em Munique que, pela primeira vez na história, um automóvel, mais precisamente um Mercedes 500 SEL alterado por uma equipa de uma Universidade, percorreu autonomamente, uma distância de aproximadamente 160 quilómetros, numa velocidade média de 130km/h numa autoestrada. Teve como principais funções a ultrapassagem e a mudança de faixas. Este projeto, intitulado de Eureka Prometheus e financiado pela União Europeia, tinha como único objetivo o desenvolvimento de automóveis mais “inteligentes”. No entanto, nos Estados Unidos da América, o projeto de criação de automóveis mais autónomos, financiado pelo Ministério da Defesa, tinha como finalidade que, até 2015, as Forças Armadas possuíssem veículos com esta tecnologia, o que permitiria que cerca de um terço de veículos de combate pudessem enfrentar os obstáculos independentemente. Isto iria resultar num decréscimo de perdas de vida, em caso de combate ou missões perigosas. O que era, em meados dos anos 80, considerada uma meta quase impossível de alcançar, tem vindo a tornar-se cada vez mais real, graças à tecnologia e à sua evolução cada vez mais rápida. ■

Curiosidade

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ecentemente, dois investigadores, após fazerem um estudo, afirmaram ser possível infiltrar o sistema de travagem e assumir o controlo de um motor de um automóvel à distância, através de comandos enviados da Internet. A palavra “hacker” já não define apenas alguém capaz de organizar fraudes bancárias através da Internet, invasões de computadores ou páginas web a lon-

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ga distância. Os carros mais modernos, devido à sua tecnologia, também podem ser vítimas destes “ciber ataques” que podem pôr em risco a segurança dos passageiros dos veículos. ■


Ciência e tecnologia

Redes Wi-Fi prejudicam meio ambiente por Melanie Messias

Um estudo realizado na Holanda comprovou que as redes Wi-Fi podem prejudicar as camadas superficiais das árvores, sendo as zonas menos densas e as superfícies com maior concentração de tecnologia as mais afetadas.

Na Universidade Wagenigen comprovou-se que as radiações emitidas pelos aparelhos de wireless, que permitem o acesso à internet sem a utilização de cabos, prejudicam gravemente as camadas exteriores das árvores. Além disso, também o crescimento das árvores é um problema associado à radiação. As anomalias foram detetadas através de um estudo realizado a 20 carvalhos e à exposição das árvores a diferentes tipos de radiação. Após um período de três meses, verificou-se que o mastro das árvores apresentava um brilho semelhante ao do chumbo que terá sido causado pela morte das camadas superficiais e inferiores da

epiderme das folhas.

Conclui-se, no entanto, que as zonas mais afectadas são as superfícies em que há uma maior concentração de tecnologias e em que há uma maior distância entre as árvores. Convém analisar os efeitos a longo prazo e ter em conta que a poluição emitida pelos automóveis também contribui para as anomalias detetadas na saúde das árvores. Contudo, não existem provas de anomalias na saúde do ser humano relacionadas com a utilização das WLAN’s, telemóveis ou outras radiações provocadas pelas novas tecnologias. ■

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