Vol. 1, Nº. 2/2022 (parte 1)

2022/2

Dianópolis/TO

Vol. 1, Nº. 2/2022

#2

PATRIMÔNIO

ENSAIOS FOTOGRÁFICOS

HISTÓRICO, CULTURAL E NATURAL

FESTEJOS REGIONAIS

DICAS CULTURAIS

ENTREVISTA MAGNO MOURA

PESQUISA E EXTENSÃO GRUTA IMPERIAL

ESPELEOLOGIA & ARQUEOLOGIA

SUMÁRIO

6 9 16 20 26 28 32 48 52 54

PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO

EXPERIÊNCIAS EM EXTENSÃO

PROJETOS INTEGRADORES

PATRIMÔNIO / COPAHCN

ENSAIO FOTOGRÁFICO: FESTEJOS

DICAS CULTURAIS

Confira nossa 1ª edição no QR Code

EVENTOS ACADÊMICOS: SICTEG

ENTREVISTA: MAGNO MOURA

ESPELEOLOGIA & ARQUEOLOGIA

HORÓSCOPO ASTRONÔMICO

EDITORIAL

#2

Ficha Técnica / Expediente Coordenadora da Revista Digital Márcia Ney Pessoa Editores de pauta Wilson Rodrigues de Lima Jr. Mara Marchetti Lucas Arruda Ramalho Rafael Petry Trapp Colunista convidado Valdir Ribeiro Correia Revisão Márcia Ney Pessoa Editor de arte Wilson Rodrigues de Lima Jr. Execução de entrevistas Márcia Ney Pessoa Fotografia Igor Castilho Melo de Ávila Rafael Petry Trapp Jeiel Sousa Brito Ilustração Nicolas Neves Cirqueira Imagem da Capa Rafael Petry Trapp Estudantes Extensionistas Igor Castilho Melo de Ávila Inaê Ribeiro dos Santos Valdenice Costa da Cunha Helen Castro Santana Contato / sugestões e divulgação revistadigitaldno@gmail.com Comunidade & Campus é uma publicação digital editada pelo Projeto de Extensão Revista Digital do Campus Dianópolis - TO, aprovado pelo Edital n.º 12/2022 e produzida com recursos de apoio do BolsaCultura da Proex/Reitoria/IFTO.

Vol. 1, Nº. 2/2022 N° 2 - DEZEMBRO/2022 - DIANÓPOLIS/TO

Rodovia TO - 040 - Km 349, Lote 01 - Loteamento Rio Palmeiras CEP: 77.300-000 - Dianópolis-TO Periodicidade Anual

Entre as angústias do tempo presente sobressai a efemeridade. Tudo parece ser transitório, apesar de os recursos para se conservar os bens parecerem tão eficientes. Registra-se quase tudo, mas há pouco tempo para as recordações e para se revisitar o passado. Para que o que se foi não se perca, a salvaguarda da memória tem um importante papel. Ela tem implicações relevantes para a constituição do patrimônio. Preservar o patrimônio cultural é planejar o futuro.

Parafraseando Foucault, para um devir diverso é preciso lembrar do passado e questionar o presente. Esta edição de número 2 da revista Comunidade & Campus enfoca o povo do Sudeste do Tocantins e seu patrimônio histórico, cultural e natural, abordando um pouco de suas memórias e identidades.

Agradecemos os colaboradores externos, os estudantes extensionistas, os professores colaboradores, a Coordenação de Extensão/Campus e a Diretoria de Extensão/Reitoria! A participação de vocês engrandece o trabalho da Comunidade & Campus e torna possível maior visibilidade artística, cultural e cidadã de Dianópolis e região.

Márcia Ney Pessoa marcia.pessoa@ifto.edu.br

EXTENSIONISTAS

Márcia Ney Pessoa Professora / IFTO "Arte, cultura e educacão são nosso patrimônio mais valioso"

Wilson Rodrigues de Lima Júnior Professor / IFTO "Buscando o que está oculto no silêncio das entrelinhas"

Lucas Arruda Ramalho Professor / IFTO "Se vocês construirem, eles virão".

Rafael Petry Trapp Professor / IFTO "Eu não entraria para um clube que me aceitasse como sócio" Groucho Marx

Valdenice Costa da Cunha Licenciatura em Computação "A vida é a melhor escola, e o tempo seu melhor professor"

Igor Castilho Melo de Ávila Licenciatura em Computação "Posso pressentir o perigo e o caos"

Inaê Ribeiro dos Santos Licenciatura em Computação "Inovar não é pensar fora da caixa, é ter certeza que ela não existe" Agnaldo Marques COO da CYKLO (2022)

Helen Castro Santana Técnico em Agropecuária "Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor".

Frida Kahlo

PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO O IFTO promove ações que garantem a articulação entre ensino, pesquisa e extensão. A divulgação desses projetos é essencial para que a comunidade possa usufruir do que vem sendo desenvolvido nos diversos campos científicos, técnicos e culturais. Os projetos em execução no Campus Dianópolis em dezembro de 2022 são:

PROJETOS DE EXTENSÃO Desenvolvimento de Soluções de TI voltadas ao reestruturação de laboratórios.

Coordenador: Lucas Arruda Ramalho.

Este projeto multidisciplinar busca recrutar estudantes dispostos a participar ativamente da reestruturação dos laboratórios de informática, robótica, hardware e redes como forma de se qualificar e melhorar as condições de atividades nesses ambientes. O aprendizado adquirido no processo será replicado no formato de minicursos oferecidos no Telecentro da cidade de Dianópolis.

Alternativa de produção da atividade piscícola em sistema de tanques de geomembrana para pequenos produtores rurais. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

O projeto trata da implementação de um sistema aquapônico, baseado no "Sisteminha" elaborado pela Embrapa, com o intuito de obter resultados que possam ser convertidos em um minicurso para pequenos produtores rurais, buscando a disseminação de conhecimento de uma alternativa de produção mais acessível e econômica e visando a melhora da qualidade da alimentação. Planeja-se a realização em 2 etapas: a construção do tanque de peixes, observação e análise dos resultados obtidos; e a conversão dos resultados em minicurso.

Revista Digital – construindo alternativas de divulgação artística, cultural e cidadã.

Coordenadora: Márcia Ney Pessoa.

Este projeto tem por objetivo desenvolver uma edição de revista digital interativa para divulgação científica, artística, cultural e cidadã: divulgação das produções artísticas de estudantes e membros da comunidade externa; difusão dos eventos culturais locais e da região e publicidade de projetos sociais da comunidade e das ações dos órgãos governamentais. Será realizada uma consistente formação teórico-prática com os estudantes extensionistas para qualificação para as ações da revista. Será totalmente realizada em programas livres, como Scribus e Inkscape e outros softwares, e será publicada na plataforma ISSUU.

Alternativas de Sistemas de recirculação aquícola (RAS) de baixo custo com reaproveitamento da água residuária. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

O projeto trata da implementação de dois sistemas de piscicultura de alta densidade pouco utilizados pelos produtores, um baseado no Sisteminha elaborado pela Embrapa com o uso de um tanque suspenso, e o outro sistema com a utilização de um tanque de criação de peixes escavado. Planeja-se que essa atividade seja realizada em 2 etapas: observação e análise dos resultados obtidos através do monitoramento do ciclo de vida dos peixes em dois sistemas distintos; e a conversão dos resultados em um minicurso para que os produtores consigam decidir qual sistema melhor se encaixa na sua realidade.

PROJETOS DE PESQUISA Controle do nematoide das galhas Meloidogyne spp. na cultura da alface (cv. Elisabeth) utilizando produtos alternativos. Coordenador: Valdir Ribeiro Correia.

O objetivo deste projeto é avaliar o efeito de produtos alternativos no controle do nematoide das galhas, Meloidogyne spp. O desempenho agronômico de alface será avaliado em campo naturalmente infestado por nematoides das galhas sob efeito dos tratamentos: 1-controle, 2-Fungo Trichoderma sp. 3-matéria orgânica, 4algas, 5-aminoácidos, 6-biofertilizante bokashi, 7-fitoterápico Aloe e 8-a combinação dos tratamentos 2 a 7. O experimento será instalado na unidade de produção do IFTO/Campus Dianópolis.

6 Comunidade Campus#2

Desenvolvimento das variedades da mandioca (cacau melhorada e BRS400) sob diferentes posições da maniva na região sudeste do Tocantins. Coord.: José Alberto Ferreira Cardoso.

Objetiva avaliar o desenvolvimento das variedades da mandioca (cacau melhorada e BRS400) através de diferentes posições da maniva na cova de plantio. O delineamento experimental é fatorial 2x3 (duas variedades e três posicionamentos). Em cada período de avaliação será realizada análise de variância individual seguida de análise conjunta, utilizando o comando proc mixed. As variáveis avaliadas são altura de planta, diâmetro do colmo, número de folhas, peso das folhas, raiz seca, colmo seco e massa seca. IFTO / Campus Dianópolis.

Características limnológicas de riacho de primeira ordem da microbacia do córrego Getúlio, Dianópolis–TO. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

Objetivo: Avaliar as características limnológicas de córrego de primeira ordem, através de parâmetros físicos, químicos e biológicos. Os dados serão coletados nas nascentes e no leito do córrego Getúlio, em Dianópolis, Tocantins. As características físicas, químicas e biológicas avaliadas serão: pH, oxigênio dissolvido (mg.L-1), turbidez (UNT), temperatura (°C), condutividade (μS/cm), vazão (L/seg) e zooplâncton (Org./L).

Implantação de pastagens em sistema de monocultivo e integrado com lavoura utilizando adubação nitrogenada na região do Sudeste do Tocantins. Coordenador: Otacilio Silveira Jr. Objetivo: avaliar a produtividade e efeitos de doses crescentes de nitrogênio sobre as características morfogênicas, estruturais e produtivas da gramínea Megathyrsus maximum cv. Zuri, em sistema de Integração Lavoura Pecuária com o sorgo forrageiro. Delineamento: blocos casualizados em esquema fatorial 5x2, (cinco doses de nitrogênio e dois sistemas de produção: monocultivo de Zuri e integração de Zuri com sorgo forrageiro). Parâmetros: altura, produção de massa verde, produção de massa seca, índice de área foliar, densidade volumétrica, número de perfilhos, massa por perfilho, relação folha/colmo e proporção dos componentes morfológicos, lâmina foliar, colmo e material morto.

Uso de culturas de cobertura como ferramenta na estratégia de manejo de Buva.

Coordenador: Marcos Euzebio Nunes. Avaliar a supressão de Conyza spp. por biomassa de diferentes culturas de cobertura em vasos em viveiro telado. Delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial (4x4) + 1, (Dolichos lablab cv Rongai, Mucuna aterrima, Urochloa brizantha cv. Marandu e Crotalaria ochroleuca) e quatro níveis de fitomassa seca (4, 8, 12 e 16 Mg ha-1), mais o tratamento controle sem plantas de cobertura, com quatro repetições. Serão avaliados diariamente o IVE e o número total de plantas emergidas. Aos 50 DAS, será determinada a fitomassa seca da parte aérea e das raízes e o volume radicular.

Avaliação da qualidade dos ovos comercializados no município de Dianópolis – TO. Coordenadora: Leidiane Reis Pimentel. Avaliar a qualidade dos ovos comercializados no município em dois supermercados. Será aplicado checklist das condições de higiene e boas práticas de fabricação e manipulação. Serão analisados ovos do mesmo lote no dia em que chegam e 7 dias depois, por seis meses.

Amostragem: 12 ovos de cada estabelecimento. Quesitos de utilização: classificação (grande), cor (branco) e embalagem de armazenamento (em papelão). Escolha aleatória dos ovos. Variáveis: peso, perda de peso, peso do albúmen, pH da gema, percentagem de gema, percentagem de albúmen, espessura da casca, percentagem de casca, diâmetro da gema, altura da gema, altura do albúmen, unidade Haugh, índice de gema, pH da gema e do albúmen. Análise de variância pelo teste F e, quando significativas, as médias dos tratamentos serão comparadas a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, com o auxílio do pacote estatístico SAS.

Influência dos hormônios vegetais no crescimento e no desenvolvimento de plantas de tomateiro cereja. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

O estudo utiliza-se do ácido giberélico (ou giberelina GA3) em diferentes concentrações com objetivo de verificar a ocorrência de alterações no crescimento e desenvolvimento de tomateiro (Solanum lycopersicum var. ceraciforme), baseando-se no comprimento e massa seca da parte aérea e radicular, número de folhas, concentração de clorofila A, B e florescimento em tomateiro. A resposta será acompanhada pela pulverização de ácido giberélico em tomateiros nas concentrações de 200, 400, 600, 800 ppm.

As informações destas páginas foram cedidas pela Coordenação de Pesquisa, Extensão, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica do Campus Dianópolis - IFTO. Contato para outras informações sobre pesquisa e extensão: copex.dianopolis@ifto.edu.br.

7

Diagnóstico de áreas degradadas com uso de aeronave remotamente pilotada no município de Dianópolis-TO. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

Objetivo: Identificação de áreas degradadas com uso de Aeronave Remotamente Pilotada, através de manipulação de dados fotogramétricos, por meio de softwares, para obtenção de mapas (Mapa de modelo digital de superfície, ortomosaico, curvas de nível, mapa de índice de vegetação) que auxilie na tomada de decisão. A fotogrametria com alta resolução contribui no diagnóstico de problemas nas áreas exploradas, muitas vezes identificadas por mudança na vegetação, redução no tipo de vegetação, solos expostos, identificação de erosão, mudança no relevo etc.

Avaliação do impacto ambiental através de sensoriamento remoto no córrego Getúlio, Dianópolis-TO. Coordenador: Otacilio Silveira Junior.

Objetivo: Avaliar os impactos ambientais causado pelo desenvolvimento urbano atrelado às ações antrópicas e edáficas nas Àreas de Proteção Permanente do córrego Getúlio na cidade de Dianópolis – TO. A avaliação foi feita a partir do uso da tecnologia de sensoriamento remoto e uso de Aeronave Remotamente Pilotada, com intuito de verificar o avanço do desmatamento realizado ao longo dos últimos 10 anos.

Desenvolvimento de Sistema IoT para medição, armazenamento e análise de metereologia para auxílio na tomada de decisão de aplicações agrícolas. Coord.: Lucas Arruda Ramalho.

Visa investigar e implementar uma aplicação de Internet das Coisas que viabilize o monitoramento climático da área do Campus Dianópolis, armazenagem das informações e disponibilização dos dados através da internet. A tecnologia envolverá aplicação de conceitos de eletrônica, programação, sistemas distribuídos, banco de dados e interface web.

História e cultura do fogo no Sudeste do Tocantins: conhecimentos tradicionais e desafios contemporâneos para manejo integrado do fogo de base comunitária. Coordenador: Rafael Petry Trapp. Propõe uma pesquisa histórico-antropológica sobre a história e a cultura do fogo aliada a um espectro de intervenções práticas intermediadas pela estrutura do IFTO – Dianópolis para construir informações, conhecimentos, cursos e estratégias de Manejo Integrado do Fogo e Manejo Integrado do Fogo de Base Comunitária e outras iniciativas de educação ambiental em comunidades rurais e quilombolas do município de Almas, entorno da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (EESGT).

Efeito de óleos essenciais no controle de fungos e nematoides. Coordenador: Valdir Ribeiro Correia. Objetivo: Avaliar o efeito de óleos essenciais de plantas como alternativa de controle de fungos e nematoides. O efeito dos óleos essenciais de hortelã, eucalipto, alecrim, capim-limão, citronela, cravo e nim será testado in vitro e in vivo contra os principais fungos de doenças pós-colheita, incluindo Colletotrichum sp, Rhizopus, sp, Botrytis sp., Aspergillus sp. Penicillium, além do nematoide das galhas Meloidogyne enterolobii. O experimento será realizado no laboratório de Fitopatologia na unidade de produção do IFTO/Campus Dianópolis.

Metodologias de ensino e uso de tecnologias digitais na adaptação de conteúdo para Inclusão e Diversidade. Coordenador: Lucas Arruda Ramalho.

Objetivo: Propor metodologias de ensino e uso de tecnologias digitais que viabilizem adaptação de conteúdo para inclusão e diversidade. O projeto se dará com a utilização de pesquisas individuais e em grupos e de práticas de metodologias ativas de aprendizagem. Além dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o arcabouço teórico contará com as diretrizes curriculares para inclusão e diversidade.

Desempenho agronômico de cultivares de cenoura no Sudeste do Tocantins. Coordenador: Valdir Ribeiro Correia.

O objetivo é avaliar o desempenho agronômico de cultivares de cenoura nas condições de clima durante os meses de setembro a dezembro na região Sudeste do Tocantins. Consistirá do tratamentos de 4 cultivares de cenoura de verão e uma de inverno e 4 repetições num delineamento de blocos casualizados, de 2 m2.

Variáveis: produção total de raízes, produção de raízes comerciais, diâmetro de raízes, comprimento de raízes, altura de plantas, porcentagem de ombros verdes e incidência e severidade de queima das folhas. Ocorrerá teste de normalidade, análise de variância e Tukey a 5% de probabilidade.

As informações desta página foram cedidas pela Coordenação de Pesquisa, Extensão, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica do Campus Dianópolis - IFTO. Contato para outras informações sobre pesquisa e extensão: copex.dianopolis@ifto.edu.br.

8 Comunidade Campus#2

EXPERIÊNCIA EM EXTENSÃO Em cada edição da Comunidade & Campus destinamos uma seção para relatos de projetos de pesquisa e de extensão já concluídos no momento da edição da revista. Os próprios coordenadores dos projetos podem publicar aqui, por meio de uma matéria, os relatos de suas experiências. O objetivo é divulgar as metodologias e os resultados desses projetos com linguagem acessível em diálogo com a comunidade de Dianópolis e região.

Ilustração: Nicolas Neves Cirqueira, 2021.

HISTÓRIA E ACERVO DO MUSEU Parte I: Levantamento Histórico

Por Wilson Lima Jr.

Em setembro de 2020, estudantes da 2ª série do curso Técnico em Agropecuária me propuseram a participação no Edital da Reitoria do IFTO para projetos de extensão vinculados às ações de arte e cultura. Perguntei: “Qual problema vocês conseguem identificar na cidade ou região que vocês acreditam que podem contribuir com a solução?” Depois de um rápido levantamento, um assunto foi mais recorrente: o museu de Dianópolis. Eles acreditavam que o nosso museu não ressoava informações sobre sua origem, história e acervo.

Foi necessário que fizéssemos uma visita ao Museu Municipal Manoel Aires Cavalcante para que o contexto ficasse claro. Apesar de que muitas informações pudessem ser obtidas com os funcionários do museu, não tivemos, naquele momento, acesso direto à história da instituição: os dados pareciam soltos e desordenados.

Convidei outros estudantes, incluindo os do curso de Informática, para escrevermos as linhas gerais do projeto.

Era preciso definir resultados práticos para a solução do problema: Como criar material de divulgação do museu e de sua história a partir da reconstrução de sua trajetória? A parceria que precisávamos era óbvia: A Secretaria de Meio Ambiente, Turismo e Cultura (SEMATUC). Esse órgão deveria ser consultado para a aprovação do projeto. Fomos recebidos pela secretária na época, Elizângela do Sacramento, e depois pelo secretário seguinte, Magno Moura. Ambos foram receptivos com a proposta e se dispuseram no que fosse possível. Tivemos acesso a documentos na secretaria e no museu, mas concluímos que entrevistar pessoas que participaram efetivamente de sua criação e da aquisição de seu acervo também seria importante. Nas várias consultas que fizemos aos funcionários da SEMATUC e do museu, dois nomes se destacaram: o da professora Marlene Rodrigues Alves (Tia Leninha) e o de Anisiana Jacobina Aires Sepúlvida da Silva (Professora Nisinha).

9

As duas estiveram empenhadas por anos na estruturação de um museu municipal em Dianópolis e em campanhas de doação de itens históricos, então, deveríamos entrevistá-las. Era o período de 2020 para 2021 e a pandemia de Covid-19 paralisou os encontros presenciais.

Nossos contatos ficaram restritos a telefonemas e mensagens por aplicativos.

Prosseguimos.

No percurso surgiram novos nomes importantes para entrevistas. Após as entrevistas, fizemos compilações dos materiais, incluindo informações retiradas de livros e documentos.

Uma linha do tempo foi elaborada, ajuntando-se fotos de época.

Em definição com o secretário Magno Moura, apontamos alguns possíveis produtos: informativo impresso para o museu, protótipo de site para o museu (com os resultados da pesquisa) e criação de verbete para a Wikipédia. Para o alcance desses resultados foi necessário dividir as ações em fases: entrevistas que já estavam em andamento; levantamento bibliográfico que incluía textos publicados, manuscritos, pesquisa-web, legislação municipal e similares; levantamento de imagens em fotografias e ilustrações; descrição cronológica dos acontecimentos e elaboração de textos direcionados para cada fim (fôlder, site e verbete). Depois disso concluído, partimos para os desenvolvimentos técnicos como: 10 Comunidade Campus#2

Uma timeline resumida do histórico do Museu pode ser consultada no endereço: https://prezi.com/view/yXou3q4epejWzJYffdHY/

Modelo do folder informativo.

edição de texto e imagem em programas de computador, criação de um protótipo de site em plataforma on-line (Wix) e pré-produção de verbete na internet (Wikipédia). Nosso grupo de trabalho se dividiu: quem gostava de escrever, transcreveu entrevistas e produziu textos. Quem se interessava por pesquisa, ficou com leitura e busca de informações e imagens na internet.

Aqueles que se apegaram ao produto final, elaboraram a diagramação do fôlder e do site. Tivemos momentos de descobertas e aprendizados em todas essas etapas. Os estudantes que estiveram envolvidos desde o início foram Nícolas Neves Cirqueira, Vitória Reis Sousa, Michelle Melo Póvoa e Matheus Felipe Soares. Em junho de 2021 o projeto foi concluído e, em reunião com o secretário da SEMATUC, os resultados foram apresentados. Os produtos finais foram cedidos para a administração pública municipal por meio de documentos on-line, repassados para o e-mail criado especialmente para isso: mmmac.sematuc@gmail.com. Agora em posse da matéria, a secretaria definiu que fará o lançamento dos resultados da parceria em momento oportuno, tendo em vista que pretende entregar o museu revitalizado no início de 2023. Importante dizer que os materiais entregues à gestão municipal precisarão de avaliação administrativa e dos setores de Tecnologia da Informação/Patrimônio.

Além das professoras Marlene e Nisinha, também foram consultados, para a reconstituição do histórico do Museu Manoel Aires Cavalcante, os funcionários do museu e os senhores Voltaire Wolney e Abílio Wolney Neto.

O projeto de extensão citado nessa matéria foi publicado como artigo na 12ª JICE sob o título de: LEVANTAMENTO HISTÓRICO E MATERIAL DO MUSEU MUNICIPAL MANOEL AIRES CAVALCANTE DE DIANÓPOLIS - TO. Autores: Vitória Reis Sousa, Márcia Ney Pessoa, Wilson Rodrigues de Lima Júnior.

11

EXPERIÊNCIA EM EXTENSÃO

HISTÓRIA E ACERVO DO MUSEU

Parte II: Catalogação do Acervo

Catalogar os bens é um dos passos essenciais da preservação do patrimônio.

Por Wilson Lima Jr.

Com a finalização dos trabalhos da primeira fase do projeto de extensão de levantamento histórico do Museu Municipal Manoel Aires Cavalcante (MMMAC), tornou-se necessária a elaboração de outro projeto para nova submissão a edital interno do IFTO, para que o trabalho tivesse continuidade e contemplasse as ações que ficaram prejudicadas pela pandemia de Covid-19. Não foi possível, naquele momento, frequentar o museu para a identificação, caracterização e catalogação do acervo. Em abril de 2021, compusemos um novo grupo de trabalho com estudantes dos cursos técnicos integrados, incluindo estudantes calouros.

As medidas de segurança sanitária e distanciamento social foram seguidas e uma estratégia para a catalogação do acervo foi estabelecida, organizada em duplas de trabalho para fotografar os itens do acervo, identificar as relações entre as fichas catalográficas antigas (levantamento de 1996) e os objetos museológicos, registrar a classificação dos objetos e suas características físicas e históricas nas novas fichas catalográficas e, por fim, organizar os dados em drive virtual (Google Drive).

No início dos trabalhos presenciais, contamos com parcerias relevantes para o projeto. Além da parceria já estabelecida com a Secretaria de Meio Ambiente, Turismo e Cultura de Dianópolis (SEMATUC), a Agência de Desenvolvimento de Turismo, Cultura e Economia Criativa do Tocantins (ADETUC), a Secretaria de Administração do Estado do Tocantins e o Museu da História Rondoniense (MERO) colaboraram com oficinas para manuseio, higienização e condicionamento de peças e para registro catalográfico. As oficinas foram ministradas por Liliane Bispo, museóloga da ADETUC e Liliane Sayonara, historiadora e diretora do MERO, e tiveram como público os funcionários do museu e os estudantes e professores extensionistas do projeto.

12 Comunidade Campus#2

Itens do acervo: balas de fuzil, leques, isque

Quadro com os resultados do projeto.

Printscreen do drive com as fichas catalográ

eiro e sapatos.

áficas do projeto.

Para a construção das novas fichas catalográficas foi necessário utilizar guias para identificação de objetos: Thesaurus para acervos museológicos (1987) e Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural dos Museus Brasileiros (2016). As identificações numéricas padronizadas e os termos adequados de classificação que constam nos guias foram incluídos em cada nova ficha catalográfica.

No processo de identificação dos itens do museu, encontramos uma série de objetos desconhecidos da gestão da instituição. Um exemplo disso é a coleção numismática de 124 moedas estrangeiras.

Essa segunda edição do projeto ainda não conseguiu abranger todo o acervo. Os objetos contemplados nessa fase foram os Itens Tridimensionais (ITDs), que chegam a ser cerca de 80% dos objetos museológicos. Os limites impostos pelas técnicas utilizadas quanto aos registros e classificações dos itens não pôde incluir os documentos, fotografias, livros e similares. Técnicas específicas serão necessárias em um momento futuro do projeto.

Os produtos do projeto foram um banco virtual de dados (com 68 fichas antigas e 116 fichas novas) e um textorelatório conclusivo onde consta a síntese dos registros.

Junto disso, um banco digital de novas fotografias também foi criado, já que cada nova ficha catalográfica inclui uma fotografia do objeto museológico. Importante dizer que as fotografias das fichas foram um trabalho à parte, tendo em vista que foi necessário criar critérios para enquadramento, ângulo e iluminação para registro adequado dos itens. Esses produtos foram entregues à SEMATUC por meio de compartilhamento de pastas via Google Drive no e-mail criado para o projeto (mmmac.sematuc@gmail.com).

Os materiais teóricos e técnicos produzidos nessas duas fases do projeto serão avaliados pela instituição parceira (SEMATUC) com a possibilidade de ser utilizado como base para registro oficial e institucionalização do museu, além da criação de material didático e construção de políticas públicas para promoção e proteção desse patrimônio.

O projeto de extensão citado nessa matéria foi publicado como artigo na 13ª JICE sob o título de: MUSEU MUNICIPAL MANOEL AIRES CAVALCANTE DE DIANÓPOLIS - TO: Catalogação do Acervo - Autores: Sofia Barros de Jesus, Wilson Rodrigues de Lima Júnior.

13

EXPERIÊNCIA EM EXTENSÃO

BIOTECNOLOGIAS

USADAS NA AGROPECUÁRIA: Conhecimentos e Aplicações

Por Valdir Correia e Maria Delci de Melo

A atividade de exploração agropecuária é de extrema importância para a geração de divisas e empregos para o país. Nesse contexto, várias tecnologias, incluindo as biotecnologias, têm sido empregadas para a geração de produtos e processos relacionados à produção de alimentos e matérias-primas. Como exemplo, podemos citar o controle biológico de pragas e doenças utilizando produtos naturais não nocivos à população humana e ao meio ambiente, produção de laticínios e derivados, entre outras.

Tentando relacionar o ensino técnico ao mercado agropecuário, este trabalho de extensão teve como objetivo entender e desenvolver, na prática, ferramentas e técnicas de biotecnologias utilizadas na agropecuária e agroindústria com potencial produtivo e econômico. Foi desenvolvido pelos discentes do Curso Técnico em

Estudantes da 1ª Série A do Curso Técnico em Agropecuária (IFTO- Campus Dianópolis) conhecendo e testando diversas ferramentas biotecnológicas utilizadas na agroindústria. Exposição ao público durante a 1ª Semana Integrada de Ciências e Tecnologias (SICTEG) de Dianópolis/TO (Fotografias: acervo do professor).

14 Comunidade Campus#2

Agropecuária (1ª Série A) do IFTO, Campus Dianópolis, sob supervisão e orientação dos professores responsáveis pelo módulo curricular "Projeto Integrador", Valdir Ribeiro Correia, Vanessa Carolina de Sena Correia e Antônio Jadson Gomes Vieira.

Essa disciplina tem como objetivo integrar conhecimentos teóricos e práticos para a solução de problemas e intercâmbio com a comunidade externa.

Além de agregar conhecimentos aos estudantes sobre o tema, o projeto teve o intuito de permitir que o público envolvido tivesse conhecimento das tecnologias voltadas à produção agropecuária de forma lucrativa e sustentável. Ademais, este projeto serviu para despertar nos estudantes o espírito empreendedor, com a possibilidade de uso dessas tecnologias na geração de produtos próprios e possibilidades de negócios. O entendimento desses processos e métodos de exploração na agropecuária e agroindústria é importante para a formação de novos técnicos e o público em geral, para ampliar as possibilidades de suas aplicações e geração de novos produtos e processos.

Por meio de revisão bibliográfica, aulas práticas, visitas técnicas, experimentação, debates e apresentações, construção de diário de bordo e mural didático (Padlet), os alunos, divididos em grupos de estudos, experimentaram e desenvolveram materiais didáticos a respeito de biotecnologias, incluindo: hidroponia e controle biológico de pragas e doenças, nematoides e seus impactos na agricultura, produção de laticínios e derivados, produção de bebidas alcoólicas fermentadas como vinhos, cervejas e cachaças.

Os produtos gerados foram materiais informativos e didáticos, tais como pôsteres, maquetes, amostras vivas de microrganismos, insetos utilizados como agentes de controle biológico, amostras de tipos e variedades de queijos e desenvolvimento de websites. Esses resultados foram apresentados e apreciados pelo público local e regional durante a 1ª Semana Integrada de Ciências e Tecnologias (SICTEG) de Dianópolis.

Do ponto de vista acadêmico e socioeducacional, os estudantes tiveram a oportunidade de interagir com colegas, professores e comunidade local na busca de soluções para problemas da vida real e de potencialidades econômicas para a região.

Valdir Ribeiro Correia é graduado em Ciências Agrícolas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2000), mestre em Fitopatologia pela Universidade de Brasília (2002) e PhD em Horticulture and Crop Science/ Plant Pathology pela Ohio State University (2010). Pós-Doutorado pela Embrapa Cenargen/Universidade de Brasília (2014). Foi pesquisador no Ohio Agricultural Research and Development Center (OARDC, Ohio - USA). valdir.correia@ifto.edu.br

15

PROJETOS INTEGRADORES

NOVO ENSINO MÉDIO Por Lucas Arruda Ramalho

A educação no mundo contemporâneo enfrenta um choque entre gerações. A geração Z, que contém nascidos entre 1995 e 2010, é muito influenciada pela ascensão da Internet, redes sociais e tecnologias móveis. O excesso de informações de rápido e fácil acesso provoca a noção de imediatismo, falta de concentração, falta de motivação e falta de interesse no ensino tradicional. Apesar deste ambiente adverso à prática pedagógica, a educação brasileira encontra o cenário perfeito para a inovação pedagógica e as discussões de como tornar a educação cada vez mais atrativa.

Em meio a esse cenário, o IFTO modifica a oferta de Ensino Médio como forma de modernizar a grade e o perfil dos egressos. As principais mudanças desse novo modelo são: 1. Modularização de algumas disciplinas, o que permite que disciplinas sejam condensadas semestralmente; 2. Inclusão de parte diversificada do currículo técnico, histórico, econômico, social, ambiental ou cultural. No IFTO, esta alteração deu nascimento às Unidades Diversificadas (UDs) que incentivam o protagonismo do estudante em escolher a temática do que será estudado; 3. Implantação dos Projetos Integradores (PRINTs) que buscam incluir atividade de extensão na formação dos estudantes, através da interdisciplinaridade e a aprendizagem baseada em projetos, entre outras mudanças.

No IFTO Campus Dianópolis, essas mudanças foram implementadas em 2022 e causaram muita controvérsia em relação a sua eficácia, principalmente porque existe um aumento significativo do tecnicismo dos conteúdos e diminuição do espaço de reflexão. Tais mudanças trazem consigo vantagens e desvantagens. A modularização quando aplicada de forma errada pode limitar o aprendizado de temas mais abstratos e que exigem tempo de maturação no dia a dia do estudante. Em entrevista, um estudante da 1ª série do Curso Técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio, disse que a modularização deveria ser aplicada apenas nas disciplinas técnicas, pois nas disciplinas da base comum provocam uma falta de aprofundamento nos conteúdos. Por outro lado, a modularização aumenta as possibilidades de atividades práticas durante as matérias técnicas.

A principal vantagem da reformulação do Ensino Médio do IFTO, em nossa opinião, está na inclusão da diversificação do ensino e dos projetos integradores que dão incentivo ao protagonismo do estudante nas escolhas e direções das disciplinas e projetos. Esse protagonismo dá a possibilidade do estudante buscar informações sobre currículos diversos voltados à consciência socioambiental, economia, política, computação e, ainda, no aprofundamento de conceitos de outras disciplinas como teatro, fotografia, arte, poesia, ferramentas tecnológicas etc.

No ano de 2022, esses novos componentes curriculares ofertaram conhecimentos de: 16 Comunidade Campus#2

Processos produtivos agropecuários voltados aos pequenos produtores / Demandas e serviços públicos ofertados no município / Conscientização em relação ao desperdício de alimentos / Ergonomia e mercado de trabalho / Educação Financeira / Conscientização contra as queimadas / Aprendizado em Agropecuária, Programação, Eletrônica, Políticas Públicas, Biologia, Alimentos, Primeiros Socorros, Xadrez, Fotografia, Desenho, Funcionamento das Redes Sociais, Construção de Relatórios e outras temáticas.

Em entrevista aos alunos da 1ª série do Curso Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio, os estudantes frisaram que, em comparação com as disciplinas eletivas e projetos de vida do Ensino Médio das outras instituições da região, as Unidades Diversificadas e Projetos Integradores do IFTO apresentam um potencial maior, devido à inserção de conhecimento das disciplinas técnicas.

Entretanto, de acordo com as experiências adquiridas neste primeiro ano de Novo Médio, esse potencial só é atingido na combinação entre metodologia dos professores e dedicação dos estudantes. A 1ª Série de Agropecuária, também em entrevista, concorda e adiciona que os Projetos Integradores e Unidades Diversificadas têm que ser mais dinâmicos, com atividades que fujam do ambiente repetitivo de sala de aula. De acordo com ambas as turmas, nessas atividades é possível integrar os conhecimentos de disciplinas diferentes e aprender mais durante o processo.

Visita ao Corpo de Bombeiros. Fotografia: acervo IFTO.

Uma das metodologias utilizadas nos Projetos Integradores buscava apresentar um objetivo a ser cumprido e mediar as escolhas dos estudantes em como chegar a esse objetivo. A primeira etapa da metodologia é baseada em metodologias de construção de startups.

Todas as escolhas são mediadas por brainstorming e votação dos acadêmicos.

Nesse processo, os estudantes também são divididos em grupos. Na segunda etapa, cada grupo passa por discutir, entender melhor o problema e a solução proposta. Aqui procura-se fazer um rascunho em cartolina que explique o tema de cada grupo e a análise do problema.

A terceira etapa é a mais longa, passa por aprofundar e resolver a temática de cada grupo. Os alunos vão coletar informações com a comunidade externa e buscar materiais e implementar soluções quando necessário. Os projetos buscaram mais informações sobre a oferta dos serviços públicos na cidade de Dianópolis.

Na sequência, para o aprofundamento e coleta de dados, os estudantes realizaram entrevistas com a comunidade.

Houve o registro das entrevistas realizadas no Corpo de Bombeiros, com o grupo que investigava a conscientização das queimadas; na Secretaria de Saúde, com o grupo que investigava sobre a ineficiência do sistema de saúde do município, e na Associação Comercial, com o grupo que investigava sobre o desemprego na cidade. Na última etapa, cada grupo é responsável por criar um formato de divulgação ou por redes sociais ou por eventos. As imagens abaixo mostram os resultados de alguns grupos: cartilha de conscientização das queimadas, página do Instagram para dicas para sair do desemprego, cartilha sobre a importância do pequeno produtor. O Projeto Integrador colocou os estudantes em contato com a comunidade externa na identificação de problemas do cotidiano. Eles tiveram a oportunidade de entrevistar pequenos produtores, feirantes, trabalhadores da região, secretários de saúde e obras do município, presidente da associação comercial, estudantes e escolas da região.

Nessas atividades, os alunos podem também se desenvolver na capacidade de comunicação com os mais variados públicos, desenvolver técnicas de pesquisa e coleta de informações. A experiência de extensão é inserida no dia a dia dos alunos de forma a se tornar natural o atendimento às demandas da região.

Outras metodologias podem ser utilizadas nos Projetos Integradores e Unidades Diversificadas. Aprendizagem baseada em projetos, Design Thinking, Metodologias Ativas, Sala de Aula Invertida são alguns exemplos que podem ser utilizados com mais dificuldade nas disciplinas tradicionais, mas que dentro das UDs e PRINTs,

encontram o cenário perfeito para a experimentação.

“O sucesso das Unidades Diversificadas e dos Projetos Integradores depende dos alunos comprarem a ideia dos objetivos e metodologias utilizados. Se isso ocorrer, o engajamento nas atividades aumenta em conjunto com o aprendizado da turma”, afirmou o professor Jorge Mota, baseado nas experiências que teve na oferta de duas Unidades Diversificadas (Xadrez e Primeiros Socorros) e dois Projetos Integradores. Além disso, é importante haver uma variedade de temáticas propostas para Unidades Diversificadas e Projetos Integradores pelo IFTO. “É importante que a comunidade interna composta por alunos, professores e técnicos administrativos se acostumem com o novo formato e busquem incluir temáticas cada vez mais interessantes”, explicou Leila Lins Gerente de Ensino do IFTO Campus Dianópolis. Ela completa:

"Quando os professores fizerem propostas espontâneas de Unidades Diversificadas ou Projetos Integradores e os alunos comprarem as ideias e se dedicarem no processo de aprendizagem, a modificação realizada pelo IFTO no Ensino Médio terá atingido seu maior potencial.”

Por fim, acreditamos que o Novo Médio deve se apoiar em boas experiências de UDs e PRINTs. Isso causa benefícios à comunidade interna e externa de forma simbiótica. Estudantes são protagonistas de seu aprendizado, que agora une conhecimento teórico e prático em um ambiente interdisciplinar que favorece o desenvolvimento de outras habilidades como design, organização, trabalho em equipe e comunicação com a comunidade externa. Professores podem desenvolver novas habilidades pedagógicas na implementação de metodologias de ensino inovadoras. O IFTO passa a ter um cenário fértil para criação de projetos de extensão que melhoram os índices de performance da instituição e trazem mais recursos para o orçamento. Comunidade externa (cidadãos, trabalhadores, empresários, instituições públicas e setor privado) fazem parceria com o IFTO na busca por soluções às demandas da sociedade. Isso provoca a melhoria na imagem da instituição, aumento da procura por vagas e incentivo à cultura do estudo na região.

Lucas Arruda Ramalho é formado em Tecnologia de Redes de Computadores. Mestrado e Doutorado em Engenharia Elétrica com ênfase em Automação pela UNESP/Campus Ilha Solteira. Áreas de atuação: Automação, Programação, Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação.

Imagens da esquerda para direita: Cartaz informativo para conscientização sobre queimadas (grupo fogo no parquinho), Instagram do grupo Job Stalkers, cartaz para entrevista do diretor do campus sobre o refeitório e fragmento da cartilha sobre a importância do pequeno produtor rural.

EVENTOS INSTITUCIONAIS

1ª SICTEG em DIANÓPOLIS

Fotografia: Wilson Lima, 2022.

Por Lucas Arruda Ramalho

O tripé da educação - ensino, pesquisa e extensão - é a grande missão das Instituições de Ensino Superior (IES) assim como no IFTO. As atividades de ensino visam oferecer aos estudantes os componentes curriculares de seus cursos.

As atividades de pesquisa buscam incentivar a produtividade e o aprofundamento científico. Já a extensão busca promover a integração de conhecimentos teóricos e práticos com oferta de eventos, produtos e serviços para a comunidade externa.

Como a extensão não exige um aprofundamento muito amplo, os Institutos Federais têm maior aptidão à sua execução, afinal possuem um corpo discente de diferentes níveis de ensino (Médio, Técnico, Superior, EJA e Pósgraduação) que podem atuar em conjunto nas ações.

20 Comunidade Campus#2

Autores como Paulo Freire enxergam a extensão como ações transformadoras da sociedade. O potencial é alcançado quando as instituições de ensino se integram com a comunidade e unem conhecimento acadêmico e cotidiano.

Isso amplifica o alcance da cultura de ensino e melhora a imagem da educação brasileira com a comunidade.

Essa imagem está fragilizada nos tempos atuais. O ensino tradicional não oferece atrativos suficientes à nova geração de estudantes que, devido ao recente retrospecto da pandemia, perdeu seu ímpeto pela participação em atividades da instituição. O cenário pandêmico também enfraqueceu a percepção que a comunidade externa tem sobre a utilidade do serviço público de ensino. O IFTO Campus Dianópolis sofre desses mesmos desafios. Como engajar estudantes e comunidade externa e incentivar a cultura do estudo? A resposta para essa pergunta envolve diversas ações, estratégias e discussões para serem realizadas, mas uma coisa é certa: é preciso dar o primeiro passo.

Fotografias: Jeiel Sousa Brito, 2022.

1ª SICTEG em DIANÓPOLIS

Em 2022, o IFTO recebeu a tarefa de sediar a Semana Integrada de Ciência e Tecnologia de Gurupi na região de Dianópolis (SICTEG Regional Dianópolis) no dia 24 de outubro. A SICTEG seguiu a temática “Bicentenário da Independência. 200 anos de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil” e tinha vários desafios, entre eles: • Integração - Criar parcerias e possibilitar a inserção protagonista das instituições; • Atrações - Criar atividades que fossem atrativas a comunidade externa; • Logística - Possibilitar que a comunidade pudesse frequentar e permanecer durante o evento.

Primeiramente, o IFTO Campus Dianópolis realizou parcerias com as entidades e principais atores da região (UNITINS, SEBRAE, Prefeitura, SEMED, DRE, entre outros). Durante as discussões foi importante atribuir e confiar a cada parceiro uma ou mais atividades.

Isso criou uma percepção real de pertencimento na qual, apesar da sede ser o IFTO, a SICTEG foi um evento realizado pela comunidade.

• IFTO Campus Dianópolis - tour pelo campus, oficinas, feira de ciências, mostra cultural e almoço; • UNITINS - apresentação de banners, oficinas e premiação; • SEBRAE - stands e palestra principal; • SEMED e DRE - Logística das escolas da região e almoço.

Considerando tais desafios e analisando o retrospecto de anos anteriores, existiam vários receios com relação ao evento. O evento não está muito grande? Será que teremos público suficiente? Será que o público tem interesse nas atividades? Haverá transporte para chegarem ao Campus?

Eram muitas perguntas e ter tantas atividades propostas assim demandaria colaboração mútua das entidades, participação da comunidade interna (professores, estudantes e técnicos).

“Se você construir, eles virão”. Essa frase de Kevin Costner no filme Campos dos Sonhos (1989), foi o que motivou a organização do evento. Depois de muitas reuniões e uma organização intensiva realizada em 45 dias, finalmente chegou o momento do evento e sua realização.

23

Fotografias: Jeiel Sousa Brito, 2022.

1ª SICTEG em DIANÓPOLIS

A SICTEG Regional Dianópolis pôde receber 800 pessoas entre membros da organização, empresas, professores e alunos da comunidade interna (IFTO e UNITINS) e a comunidade externa, composta por professores e alunos das escolas municipais e estaduais da região. Durante o evento foram mais de 20 oficinas, 30 experimentos e 30 artigos científicos. Além de passeios, stands de empresas, praça de alimentação e palestras.

A região deu sua resposta às dúvidas e desafios.

Existe uma necessidade, reconhecida pelas instituições de ensino, de se trabalhar em conjunto, não como concorrentes, mas sim como parceiras e complementares. O objetivo das ações conjuntas deve ser sempre o mesmo: “Incentivar a cultura do estudo e melhorar a imagem da educação brasileira”. Enquanto as instituições utilizarem essa missão aliada à extensão por meio de projetos e eventos, a comunidade sempre responderá positivamente. Sendo assim, as parcerias continuarão e mais extensão virá em 2023.

Fotografia: Helen Castro, 2022.

25

PATRIMÔNIO COPAHCN Comissão Permanente de Patrimônio Histórico, Cultural e Natural do Campus Dianópolis / IFTO Por Rafael Trapp

Em 2022 a história do Instituto de Menores de Dianópolis, atual campus do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), completou 70 anos. Algumas edificações daquela antiga escola profissional agroindustrial, fundada em 1952, ainda resistem, apesar do precário estado de conservação. No período de instalação do IFTO (2013), o prédio principal foi reformado e hoje é a sede administrativa do campus. Uma série de documentos, equipamentos e outros objetos felizmente restaram como relíquias das infâncias e adolescências que transitaram nesses espaços.

A história daquela instituição está atualmente em vias de reconhecimento e análise, nas mãos de pesquisadores internos do IFTO. Isso está ocorrendo pela construção de um novo centro de documentação histórica (2022), sob a responsabilidade dos professores Jorge Medeiros e Rafael Trapp, membros da COPAHCN. Essa comissão permanente foi designada pela direção do campus em 2014 ‒ e é a única de caráter patrimonial histórico em todo o IFTO. A missão da comissão é registrar, proteger, promover e valorizar a memória e o patrimônio histórico, cultural e natural da instituição, considerando os aspectos memorial, artístico, arquitetônico, urbanístico e paisagístico do Campus Dianópolis. A comissão pode também assessorar, de maneira colaborativa, projetos internos e externos que tenham como objeto o patrimônio histórico, cultural e natural, além de propor planejamentos de novas estruturas que estejam no âmbito de sua competência.

Neste sentido, a COPAHCN se dispõe, no decorrer de 2023, a realizar um planejamento estratégico de médio e longo prazo para o uso criativo e de proteção ambiental do Campus Dianópolis. Entre as ideias que surgiram, inspiradas em experiências da Universidade Federal de São João del Rei e do Instituto Federal do Pará (Campus Bragança), estão: Trilha Interpretativa e Histórica, Trilha de Ciclismo Mountain Bike, Área de Proteção Ambiental, Pomar, Anfiteatro ao ar livre, Área de Proteção e Acesso à Cachoeira, Área de Camping, Redário, Jardim Sensorial, Mirante do Lago (represa) e Revitalização das Casinhas do Instituto de Menores que ainda suportam reformas.

A construção desse plano com a correspondente estruturação em projetos, deverá levar em consideração vários aspectos funcionais do campus e identificar demanda com a comunidade acadêmica. São ideias ambiciosas, mas, com planejamento e materialidade, elas podem se concretizar. Nosso campus está entre os maiores em área do Brasil e tem uma trajetória de longa data. Nossa comunidade merece.

26 Comunidade Campus#2