Vol. 2, Nº. 3/2023

Dianópolis/TO

Vol. 2, Nº. 3/2023

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA: COLETA NAS SERRAS GERAIS

ENTREVISTA

SANDRO SGUAREZI ECONOMIA SOLIDÁRIA

ARTE & ARTESANATO REGIONAL

PESQUISA E EXTENSÃO

SUMÁRIO

6 10 12 14 16 20 24 27 32 44 46

PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO

EXPERIÊNCIA EM PESQUISA

EXPERIÊNCIA EM EXTENSÃO

ENTREVISTA: Sandro Sguarezi

BOTÂNICA: Syngonanthus nitens

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

HORÓSCOPO BIOLÓGICO

PESQUISA: Indicação Geográfica

PRÊMIO: Lei Paulo Gustavo

ARTE & ARTESANATO REGIONAL

DICAS CULTURAIS

Confira nossas publicações digitais no QR Code

EDITORIAL

Vol. 2, Nº. 3/2023 Expediente Coordenadora do Projeto Márcia Ney Pessoa Professores Extensionistas Lucas Arruda Ramalho Patryne da Costa Dias Pedro Henrique Gomes Paiva Wilson Rodrigues de Lima Jr. Convidados Evilly Abuquerque da Silva Fernanda Mara Fonseca Silva Maurício de Oliveira Santos Otacílio Silveira Júnior Vanessa Carolina de Sena Correia Revisão Márcia Ney Pessoa Mara Marchetti Diagramação Wilson Rodrigues de Lima Jr. Pedro Henrique Gomes Paiva Execução de Entrevista Lucas Arruda Ramalho Ilustrações Pedro Henrique Gomes Paiva Fotografia Igor Castilho Melo de Ávila Rafael Petry Trapp Imagem da Capa Wilson Rodrigues de Lima Jr. Estudantes Extensionistas Ana Beatriz Barros Carvalho Igor Castilho Melo de Ávila Leila Pereira Rodrigues Comunidade & Campus é uma publicação digital do Projeto de Extensão Revista Digital do Campus Dianópolis - TO, aprovado pelo Edital n.º 41/2023/ REI/IFTO. Periodicidade: anual.

E-mail: revistacomunidadeecampus@gmail.com

RODOVIA TO - 040 - KM 349, LOTE 01. LOTEAMENTO RIO PALMEIRAS. CEP: 77.300-000 - DIANÓPOLIS/TO.

Bem-vindos a mais uma publicação da revista Comunidade & Campus, em que mergulhamos nas maravilhas da natureza e destacamos uma joia única do Cerrado: o Capim Dourado. Esse tesouro reluzente tem capturado a imaginação de artesãos, designers e amantes da natureza.

Mais do que um simples material para artesanato, ele é símbolo de tradição, sustentabilidade e beleza. O Número 3 da Comunidade & Campus mostra como o Capim Dourado tornou-se um fenômeno cultural, inspirando não apenas produtos deslumbrantes, mas também impulsionando práticas ecoconscientes. Além da matéria de capa, que detalha a espécie Syngonanthus nitens, descreve pesquisa que vincula o artesanato de Capim Dourado das Serras Gerais à Indicação Geográfica de produtos reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI). Relata como é a produção dos coletores e das artesãs de Capim Dourado de Novo Jardim/TO e apresenta as agentes culturais premiadas pela Lei Paulo Gustavo em Dianópolis/TO, artesãs da Associação Dianopolina de Artesãos. Preparese para ser envolvido pela fascinação do Capim Dourado na mostra de artefatos criativos, desde biojoias surpreendentes até peças de decoração exclusivas. A revista celebra também a riqueza do nosso patrimônio natural com a exposição fotográfica da coleta de S. nitens nas Serras Gerais do Tocantins. Descubra na entrevista com o professor Sandro Sguarezi como o cooperativismo pode transformar comunidades e impulsionar o sucesso coletivo.

Uma visão inspiradora de solidariedade e empreendedorismo! Revista Comunidade & Campus nº. 3: entrelaçando harmoniosamente cultura e natureza, criando uma história que brilha tanto quanto o material que a inspira!

Boa leitura!

Equipe Comunidade & Campus

EXTENSIONISTAS

Márcia Ney Pessoa Professora / IFTO "Ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria"- Paulo Freire

Lucas Arruda Ramalho Professor / IFTO "Conhecimento é como gravidade, tudo que você precisa é de um empurrãozinho"

Patryne da Costa Dias Professora / IFTO "Se o plano não funciona, mude o plano, não a meta!"

Leila Pereira Rodrigues Licenciatura em Computação / IFTO "Nada melhor do que a ação do tempo para lavar a alma e levar certas coisas embora"

Fotografia: IFTO, Campus Dianópolis/TO. Wilson Lima Jr., 2023.

Wilson Rodrigues de Lima Jr. Professor / IFTO "O universo não parece ser nem benevolente nem hostil, apenas indiferente" ­ Carl Sagan

Pedro Henrique Gomes Paiva Professor / IFTO "O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente” - Mario Quintana

Igor Castilho Melo de Ávila Licenciatura em Computação / IFTO "Ao olhar para as estrelas, questionamos não apenas nossa origem, mas também se a busca por respostas é inerentemente humana ou uma ilusão autoimposta"

Ana Beatriz Barros Carvalho Curso Técnico em Informática / IFTO

"A melhor maneira de saber se vai dar certo é se arriscando e se jogando de cabeça em seus objetivos"

PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO O IFTO promove ações que garantem a articulação entre ensino, pesquisa e extensão. A divulgação desses projetos é essencial para que a comunidade possa usufruir do que vem sendo desenvolvido nos diversos campos científicos, técnicos e culturais. Os projetos em execução no Campus Dianópolis em 2023 são:

PROJETOS DE PESQUISA Fortalecimento e desenvolvimento de um arranjo produtivo de mandioca no sudeste tocantinense. Coordenador: Marcos Euzébio Nunes.

Campus Dianópolis - densidade de semeadura nas características agronômicas da soja coinoculada com Azospirillum brasilense e Bradyrhizobium japonicum. Coordenador: Fredson Leal de Castro Carvalho.

Campus Dianópolis - avaliação de milho safrinha inoculado com Azospirillum brasilense cultivado em sucessão com espécies de adubos verdes.

Coordenador: Fredson Leal de Castro Carvalho.

Composto orgânico da bananicultura na produção de mudas de Mangabeira. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

Implantação de pastagens em sistema de monocultivo e integrado com lavoura utilizando adubação nitrogenada na região do Sudeste do Tocantins. Coordenador: Otacilio Silveira Júnior.

Mapeamento e identificação de ninhos de abelhas (Hymenoptera, Apidae) no campus do IFTO em Dianópolis. Coordenadora: Vanessa Carolina de Sena Correia.

Uso de culturas de cobertura como estratégia de manejo em sistemas de produção de feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.). Coordenador: Marcos Euzébio Nunes.

Análise do desempenho de culturas com irrigação controlada por aplicativo e automação.

Coordenador: Lucas Arruda Ramalho.

Uso de competições de robótica para aumento de interesse no estudo de computação.

Coordenador: Lucas Arruda Ramalho.

Desempenho produtivo do algodoeiro em função de doses de nitrogênio e biorregulador.

Coordenador: Marcos Euzébio Nunes.

Automatização das informações do comportamento hídrico e da temperatura em diferentes classes de solos. Coordenador: Ezequiel Lopes do Carmo.

Uso da ferramenta ChatGPT pelos componentes curriculares da área de Tecnologia da Informação: possibilidades e desafios. Coordenadora: Márcia Ney Pessoa.

Funcionamento das casas do mel do Estado do Tocantins. Coordenadora: Vanessa Carolina de Sena Correia.

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Implementação de segurança para Aplicação IoT voltada a monitoramento e automação de Sistema de Irrigação Automática. Coordenador: Lucas Arruda Ramalho.

Uso de larva de mosca doméstica (Musca domesticus) na alimentação inicial de aves caipiras. Coordenador: Rafael Pereira Barros.

Produção de diferentes compostos orgânicos: análise da qualidade e eficácia na fertilização do solo. Coordenador: Ezequiel Lopes do Carmo.

Densidade de frango de corte em sistemas produtivos. Coordenador: Rafael Pereira Barros.

Levantamento de ninhos de abelhas (Hymenoptera, Apidae) e espécies vegetais utilizadas para nidificação no Campus Dianópolis (IFTO). Coord.ª: Vanessa Carolina de Sena Correia.

Substituição da soja por larvas de mosca em dietas iniciais de aves de postura.

Coordenador: Rafael Pereira Barros.

Uso de culturas de cobertura como ferramenta na estratégia de manejo de Buva.

Coordenador: Marcos Euzébio Nunes.

Matemática e os tributos. Coordenador: Delfim Dias Bonfim.

Qualidade física do solo cinco anos após manejo regular com culturas de cobertura.

Coordenador: Marcos Euzébio Nunes.

Larva de mosca doméstica (Musca domesticus) na alimentação de aves coloniais.

Coordenador: Rafael Pereira Barros.

Resolução de equações diofantinas lineares via frações contínuas e determinantes.

Coordenador: Delfim Dias Bonfim.

Aplicativo SouIFTO - Assistência Estudantil. Coordenadora: Sidiany Mendes Pimentel.

Uso de culturas de cobertura como estratégia de manejo em sistemas de produção de soja. Coordenador: Marcos Euzébio Nunes.

Influência dos hormônios vegetais no crescimento e no desenvolvimento de plantas de tomateiro cereja. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

Uso da ferramenta ChatGPT pelos componentes curriculares da BNCC: possibilidades e desafios. Coordenadora: Márcia Ney Pessoa.

Diagnóstico de áreas degradadas com uso de aeronave remotamente pilotada no município de Dianópolis/TO. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

Crescimento inicial na cultura do Passiflora edulis Sims (maracujá-amarelo ou maracujá azedo) submetido a diferentes variações de lâminas de água na região sudeste do Tocantins. Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso.

Construção de experimentos didáticos de Física com uso de TDICs e Eletrônica.

Coordenador: Antônio Jadson Gomes Vieira.

As informações destas páginas foram cedidas pela Coordenação de Pesquisa, Extensão, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica do Campus Dianópolis - IFTO. Contato para outras informações sobre pesquisa e extensão: copex.dianopolis@ifto.edu.br.

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Avaliação do impacto ambiental através de sensoriamento remoto no Córrego Getúlio, Dianópolis/TO. Coordenador: Otacilio Silveira Júnior.

Estudo do Impacto do Gerenciamento e Documentação de Redes Corporativas.

Coordenador: Lucas Arruda Ramalho.

História e cultura do fogo no Sudeste do Tocantins: conhecimentos tradicionais e desafios contemporâneos para manejo integrado do fogo de base comunitária. Coordenador: Rafael Petry Trapp.

Avaliação agronômica de soja em densidades e épocas de semeadura sob solo de Cerrado. Coordenador: Fredson Leal de Castro Carvalho.

Modelagem ER para um sistema de controle interno para movimentações de reeducandos nas unidades penais do Tocantins. Coordenador: Lucas Arruda Ramalho.

Evasão no Ensino Médio. Coordenadora: Roselaine Gusson Mendes.

PROJETOS DE EXTENSÃO Revista Digital Comunidade & Campus. Coordenadora: Márcia Ney Pessoa.

Objetivo: desenvolver revista digital interativa, e sua versão impressa, para divulgação científica, artística, cultural e cidadã em diálogo com a comunidade externa. A execução do projeto se dará em quatro fases: formação teórico-prática; coleta de dados; construção dos textos e publicação do resultado.

Museu Municipal Manoel Aires Cavalcante de Dianópolis, TO - Fase 3. Coordenador: Wilson Rodrigues de Lima Júnior. Objetivo: criar registro digital e catalográfico de fotografias e documentos do acervo do Museu Municipal Manoel Aires Cavalcante de Dianópolis para salvaguarda dos bens e de seus dados com manejo apropriado desse acervo e posterior difusão digital dos resultados, no intuito de promover o reconhecimento da importância do patrimônio cultural e histórico do museu.

A prática da adubação verde como técnica de transição agroecológica e manejo sustentável em hortaliças. Coordenador: Fredson Leal de Castro Carvalho. Objetivo: melhorar a capacidade produtiva do solo; aumentar sua fertilidade e garantir produtividade e maior renda para os produtores. O projeto pretende incentivar a Associação de Pequenos Agricultores de Novo Jardim/TO.

Implantação de uma horta medicinal escolar com aproveitamento da água efluente de bebedouros: uma proposta de educação ambiental e resgate de uma cultura popular.

Coordenador: Rafael Pereira Barros. Objetivo: promover a educação ambiental e o resgate do uso tradicional de plantas medicinais com a implantação de uma horta escolar irrigada com água de reuso de bebedouros. A ação foi desenvolvida na Escola Municipal Renato Rodrigues Alves, em Dianópolis/TO.

Produção de morango em diferentes sistemas de cultivo no Sudeste do Tocantins.

Coordenador: José Alberto Ferreira Cardoso. Objetivo: implementar dois sistemas de cultivo de morango, um utilizando o cultivo sobre canteiros cobertos com “mulching” (lona preta) e o outro sistema com a utilização do sistema de cultivo semi-hidropônico fechado. Essa atividade de extensão dedica-se ao estudo dos sistemas citados acima com o intuito de obter resultados que possam ser convertidos em uma capacitação de produtores da agricultura familiar da região.

Horta na escola: promovendo hábitos alimentares saudáveis. Coordenador: Rafael Pereira Barros. Objetivo: implantar hortas em escolas possibilitando mudanças comportamentais na alimentação e convívio social dos membros da comunidade escolar, como oportunidades de sustentabilidade, aprendizagem de hábitos alimentares saudáveis, mercado informal e um campo extraclasse de atividades pedagógicas.

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Disk Abelhas: Abelha não faz mal, faz mel. Coordenador: Otacilio Silveira Júnior. Objetivo: atender, em parceria com o Corpo de Bombeiros, a demanda da população quanto à invasão e instalação de colmeias na área urbana. Esse serviço de remoção de enxames garante a segurança de pessoas e animais.

Energia, Ambiente, Tecnologia e Sociedade (parte 1 e 2). Coordenadores: Taciana de Melo Fernandes e Luiz Norberto Lacerda Magalhães Filho. Objetivo: produzir um podcast como ferramenta de mídia-educação, socializando as discussões e a difusão do conhecimento sobre a questão da produção de energia e seus impactos sociais e ambientais.

Trilha Modelagem Matemática Colégio João D'Abreu: Laboratório Rotativo no ensino de TDICs. Coordenador: Lucas Arruda Ramalho. Objetivo: efetuar ação conjunta aos professores do colégio e os acadêmicos da Licenciatura em Computação do IFTO na implementação de componente curricular que atravesse tecnologia, empreendedorismo e inovação. A metodologia segue os padrões de startups (Ideatrons).

Caracterização da Biodiversidade do Campus Dianópolis - IFTO. Coordenador: Wilson Rodrigues de Lima Júnior. Objetivo: gerar para a comunidade em geral um catálogo informativo e ilustrado que caracterize a biodiversidade do campus, inserido-o num contexto de preservação do Bioma Cerrado.

Compostos orgânicos: produção, orientação e divulgação. Coord: Ezequiel Lopes do Carmo.

Objetivo: divulgar a produção de diferentes tipos de compostos orgânicos e técnicas de compostagem, com logomarca e folder com o passo-a-passo para fabricação e utilização em pequena escala.

Libras na Escola. Coordenador: Jorge Luis de Medeiros Bezerra. Objetivo: ofertar curso numa perspectiva cidadã, proporcionando às pessoas ouvintes a oportunidade de se integrarem na cultura e na realidade vivenciada pela comunidade surda.

Uso da meliponicultura como modelo didático para a Educação Ambiental. Coordenadora: Vanessa Carolina de Sena Correia. Objetivo: implantar um meliponário de abelhas nativas no Campus Dianópolis, com fins didáticos para atender os discentes da educação básica, superior e pequenos produtores.

Desvendando a TI. Coordenador: Lucas Arruda Ramalho. Objetivo: divulgar conhecimento básico de TI para público externo ao Campus Dianópolis, promovendo a importância da tecnologia na vida das pessoas, possibilitar novas oportunidades de emprego e dar visibilidade aos cursos do IFTO.

Captação e Processamento de Produtos Agropecuários. Coordenadora: Leila Cristina Rosa de Lins. Objetivo: desenvolver produtos com alto valor agregado, bem como estudar a viabilidade de aproveitamento de resíduos e subprodutos no desenvolvimento de alimentos, para minimizar perdas e agregar valor ao produto primário. As estratégias e metodologias serão repassadas aos pequenos produtores rurais.

Manejo de resíduos do refeitório/restaurante/comunidade. Coordenador: Rafael Pereira Barros. Objetivo: produzir e divulgar material informativo, educativo e de conscientização em diversos formatos a partir das experiências práticas do manejo de resíduos e da produção de compostagem orgânica junto ao refeitório/restaurante do Campus Dianópolis.

Criação de experimentos de eletrônica para apresentação em eventos. Coordenador: Lucas Arruda Ramalho. Objetivo: promover o Curso de Informática do campus por meio de demonstrações práticas de programação, eletrônica e robótica em eventos externos. Foram produzidos enfeites de Halloween sustentáveis como forma de apresentação desses conhecimentos de maneira divertida, descontraída e criativa.

As informações desta página foram cedidas pela Coordenação de Pesquisa, Extensão, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica do Campus Dianópolis - IFTO. Contato para outras informações sobre pesquisa e extensão: copex.dianopolis@ifto.edu.br.

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EXPERIÊNCIA EM PESQUISA Em cada publicação da Comunidade & Campus destinamos uma seção para relatos de projetos de pesquisa e de extensão já concluídos. Os próprios coordenadores dos projetos podem publicar aqui, por meio de uma matéria, os relatos de suas experiências. O objetivo é divulgar as metodologias e os resultados desses projetos com linguagem acessível em diálogo com a comunidade de Dianópolis e região.

ARTE E SUSTENTABILIDADE:

Artesanato de Capim Dourado em Novo Jardim/TO Nossa região, rica da biodiversidade do Cerrado, abriga um tesouro brilhante e natural: o Capim Dourado. Mais do que uma simples planta, essa sempre-viva tornouse a base de uma próspera atividade artesanal, liderada por associações comprometidas com a preservação cultural e ambiental. A revista Comunidade & Campus conversou com a estudante do IFTO, Evilly Silva, também artesã, que trouxe informações sobre a associação de Novo Jardim e as atividades realizadas de forma cuidadosa e controlada, para garantir a preservação do ecossistema local.

Por Evilly Albuquerque da Silva e Patryne da Costa Dias.

A Associação Dourada de Novo Jardim, criada em 2005, atualmente conta com 36 artesãs. Esse grupo atuante é basicamente formado por mulheres, a maioria idosas e de meia idade, aposentadas ou sem um posto de trabalho definido. Os trabalhos que elas desenvolvem são peças artesanais feitas com o Capim Dourado, também conhecido como “Capim Ouro” ou “Capim Vereda”, que ocorre em várias regiões do Brasil, especialmente nas veredas do Cerrado. O trabalho da associação consiste na produção de peças decorativas, biojoias e utensílios utilizando as hastes do Capim Dourado, que são costuradas geralmente com as fibras das folhas do Buriti ou fio encerado. As artesãs fazem diferentes tipos de peças, como chapéus, bijuterias, bandejas, cestos, mandalas, vasos, bolsas, entre outros. O processo produtivo das peças é dividido em 4 fases: colheita; limpeza do capim; produção e vendas.

10 Comunidade Campus

A colheita é feita uma vez ao ano, em diferentes finais de semana, entre os meses de setembro e novembro. As pessoas que participam dessa colheita são as artesãs e um coletor (pessoa para ajudar a colher) por artesã. Com o auxílio de tratores disponibilizados pela prefeitura de Novo Jardim, as artesãs costumam sair no sábado durante a madrugada e retornam no domingo à noite.

Durante as colheitas, são enfrentados alguns desafios, como as travessias de rios e animais peçonhentos. Na maioria das colheitas, o quantitativo de pessoas é maior do que os lugares nos transportes. Acontece de terem que ir no aperto. Também há grande dificuldade no acesso das coletoras às veredas para conseguir o capim.

Com o devido respeito ao tempo certo da colheita, pois isso é essencial para a sobrevivência da planta, foi criada a Lei Estadual do uso sustentável do Capim Dourado e do Buriti (nº 3.594/2019) que

ficam na sede da associação e, às vezes, são expostas em feiras artesanais, onde conseguem vender bastante também. No entanto, as artesãs têm ainda alguns desafios: a) Necessidade de que haja maior facilitação de acesso à matériaprima, tanto técnica quanto financeira – mesmo que haja colheitas, existe dificuldade de acesso às veredas; b) Incentivo ao engajamento de novas associadas; c) Falta de atração dos jovens. Como acontece em outras regiões do Tocantins, tem sido difícil convencer os jovens sobre a viabilidade econômica e lucrativa do artesanato.

As artesãs, que até pouco tempo não tinham muitas alternativas de trabalho, pretendem mudar essa situação, visto que a atividade do artesanato traz oportunidades de sustento para as suas famílias e aumenta a força desse grupo na sociedade.

Essa matéria usou como base o artigo "Aspectos históricos e socioprodutivos do artesanato de Capim Dourado das Serras Gerais do Tocantins" (TRAPP, R. et al).

Visite também: Instagram da Associação Dourada de Novo Jardim/TO: @capimdourado.nj

Fotografia: Artesãs e coletores de Capim Dourado, Rio Palmeiras.

Rafael Trapp, 2023.

determina o período em que pode ser feita a colheita. No artigo 18 “Fica estabelecido o período de 20 de setembro a 30 de novembro para a coleta das hastes do capim-dourado no Estado do Tocantins, desde que estejam completamente secas e maduras.” Vale ressaltar que, para fazer a colheita, cada artesã e coletor deve ter a carteirinha de coletor válida, que é expedida pelo Naturatins e deve ser renovada uma vez ao ano.

A limpeza do capim é feita tirando as pontas e os pés. Algumas artesãs também gostam de lavá-lo para começar a confecção das peças. As artesãs produzem as peças com as quais têm mais afinidade ou prática em fazer. As encomendas, quando ocorrem, são divididas entre as 36 artesãs, de acordo com o que cada uma consegue produzir.

Em seguida vem a parte das vendas.

Cada artesã recebe pelo que produziu. As peças à pronta-entrega

EXPERIÊNCIA EM EXTENSÃO

CÓRREGO GETÚLIO Avaliação do impacto ambiental no principal curso d'água da área urbana de Dianópolis/TO.

O planejamento urbano e a preservação do meio ambiente estão interligados, por isso o crescimento urbano pode impactar o meio ambiente de maneira irreversível, causando problemas ambientais e socioambientais. Os recursos hídricos são muito afetados com o avanço da ação humana sobre eles, tornando-se necessário estudos nestas áreas.

Por Otacílio Silveira Júnior

Com o objetivo de analisar os impactos causados pelo desenvolvimento urbano nas Áreas de Proteção Permanente (APP) do córrego Getúlio, o IFTO, por meio de projetos de extensão, vem monitorando esse curso de águas. A tecnologia de sensoriamento remoto utilizada pelo estudo possibilitou mostrar o avanço do desmatamento na região. Em seis anos, observou-se que aproximadamente 26 mil m² foram desmatados por ano, com consequências ambientais significativas. Isso provocou erosões e assoreamento do leito do córrego.

Verificou-se também que várias casas despejavam esgoto doméstico no córrego Getúlio, prejudicando a qualidade da água.

A importância desse projeto reside em demonstrar a necessidade de preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente como um todo. O crescimento urbano desordenado 12 Comunidade Campus

pode causar danos irreversíveis ao ecossistema, afetando a disponibilidade de água, a biodiversidade e a qualidade de vida das comunidades locais.

Os próximos passos que precisam ser tomados incluem a implementação de medidas urgentes para a recuperação da área de preservação permanente do córrego. Isso envolve a realização de estudos mais aprofundados, o plantio de espécies nativas, a conscientização da comunidade sobre a importância da preservação ambiental e a adoção de políticas públicas eficazes para controlar a urbanização irregular em áreas de proteção legal. É fundamental que sejam tomadas ações imediatas para reverter a situação e evitar o agravamento dos problemas ambientais e socioambientais na região.

A colaboração entre instituições governamentais, como IFTO, poder

público e comunidade local é essencial para garantir a preservação dos recursos hídricos e a sustentabilidade do ecossistema do córrego Getúlio.

Quando se verificou que a mata ciliar do córrego apresentava-se antropizada1 em boa parte da área urbana da cidade, realizou-se um segundo projeto de pesquisa que teve como foco a análise da qualidade da água.

Essa etapa se concentrou nas nascentes preservadas em comparação com as áreas antropizadas e o leito do córrego. Os resultados revelaram informações valiosas sobre a presença de coliformes totais e Escherichia coli, indicadores cruciais da qualidade da água.

Nas nascentes preservadas, apenas 12% das amostras apresentaram a presença de coliformes totais, sugerindo uma água mais limpa e 1 Antropização: processo de transformação do

meio ambiente causado pela ação humana.

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Fotografia: Margem do córrego Getúlio, Dianópolis/TO. Wilson Lima Jr., 2023.

Essa matéria se embasou no artigo "Avaliação do impacto ambiental através de sensoriamento remoto no Córrego Getúlio" (MACHADO, A. C. S. et al.) publicado integralmente na 14ª JICE.

livre de contaminação. Esse resultado se deve, em grande parte, à ausência de alterações humanas e menor incidência luminosa nesses ambientes. Nas áreas de nascentes antropizadas e no leito do córrego, a presença de coliformes totais foi significativamente maior, com 94% de amostras positivas nas nascentes antropizadas, evidenciando a influência da atividade humana e resíduos domésticos. No que diz respeito à Escherichia coli, a contaminação foi consideravelmente menor nas nascentes preservadas, com apenas 13% das amostras contaminadas. Em contraste, as áreas de nascentes antropizadas e o leito do córrego apresentaram valores alarmantes de 90% e 94% de amostras contaminadas, respectivamente. Isso está relacionado à possível presença de esgotos domésticos e resíduos animais nesses pontos. Os resultados destacam a importância da preservação das nascentes para manter a qualidade da água em corpos d'água.

Além disso, a gestão adequada dos recursos hídricos requer o conhecimento da qualidade da água disponível. Essa qualidade é determinada por uma série de indicadores ambientais, sendo essencial para direcionar recomendações de controle e melhorias na qualidade da água.

Esse estudo fornece informações valiosas para a gestão sustentável dos recursos hídricos e destaca a necessidade de conservar as nascentes como um passo fundamental na preservação da água limpa.

PESQUISA

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA: CAPIM DOURADO DAS SERRAS GERAIS DO TOCANTINS Servidor do Campus Dianópolis/IFTO, Maurício Santos desenvolve pesquisa de mestrado em 'Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação', que vincula o artesanato de Capim Dourado das Serras Gerais à origem geográfica de produtos reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual - INPI.

Por Maurício de Oliveira Santos

A pesquisa tem o objetivo de desenvolver diagnóstico de potencial Indicação Geográfica (IG) do artesanato com Capim Dourado das Serras Gerais do Tocantins - técnica de produção de objetos decorativos, utensílios e biojoias que utiliza as hastes finas da planta Syngonanthus nitens.

A IG foi estabelecida pela Lei 9.279 de 1996, como um direito coletivo de propriedade intelectual sob responsabilidade do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), entidade vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Ela tem o propósito de identificar a origem geográfica de um produto ou serviço, destacando suas qualidades específicas associadas a essa origem. Além disso, a IG designa produtos ou serviços que têm sua origem em locais reconhecidos por esses mesmos produtos ou serviços.

14 Comunidade Campus

A proteção oferecida por uma IG, além de preservar tradições locais, pode diferenciar produtos e serviços, facilitar o acesso ao mercado e impulsionar o desenvolvimento regional, gerando impactos positivos para produtores, prestadores de serviço e consumidores.

O projeto trata do artesanato produzido nas Serras Gerais do TO, em especial nas cidades de Dianópolis, Novo Jardim e Rio da Conceição. Ele faz parte da cultura do Sudeste do Tocantins e representa a diversidade de um meio histórico, geográfico e natural que informou a sua identidade técnica, estética e econômica.

Nessas cidades, associações de artesãos trabalham com o Capim Dourado, envolvendo 90 associados, o que equivale a dezenas de famílias dedicadas à preservação das tradições culturais e do conhecimento transmitido por seus antepassados sobre a arte de trabalhar com o Capim Dourado.

Isso inclui a preservação da matériaprima, controle de queimadas e extração, bem como a demarcação precisa do território para a IG. A implementação da IG apresenta desafios como demarcação da área, regulamentação do uso, estratégias de promoção, organização e protagonismo dos produtores, criação de plataformas coletivas e a tradução do know-how e tradições locais em produtos valorizados pelos mercados. Também há dificuldade em equilibrar os custos de manutenção com os preços obtidos no mercado.

Após uma cuidadosa análise das vantagens e da abordagem para superar os desafios identificados, será avaliada a viabilidade do processo de reconhecimento da IG para o artesanato com Capim Dourado na região Sudeste do Tocantins. Caso os benefícios superem os desafios, será iniciado procedimento para obtenção dessa importante certificação de Indicação Geográfica. A IG representa um compromisso com a sustentabilidade, o reconhecimento e a prosperidade duradoura para os artesãos e a comunidade envolvida nessa atividade única e significativa.

Fotografia: Wilson Lima Jr., 2023.

Acredita-se que, devido às especificidades do produto e do território, o artesanato com o Capim Dourado das Serras Gerais do Tocantins possui potencial para ser reconhecido como Indicação Geográfica.

Ter a certificação de IG traz benefícios ao produtor e ao destino, como o aumento da produtividade e da competitividade, o fortalecimento da governança, o estímulo à economia local e a ampliação do renome dos produtos da região, aumentando, também, a mídia espontânea e o fluxo de turistas. Pretende-se realizar resgate histórico de maneira conjunta às associações e sistematizar, catalogar e indexar as fontes. Além disso, serão levantadas evidências se o meio geográfico gera influências nas características dos produtos ou serviços em estudo. As reuniões iniciais que deram origem ao projeto destacaram a natureza histórica e econômica do artesanato na região, suas características em relação ao território, o acesso às matériasprimas (hastes do Capim Dourado e a seda de Buriti), a realidade social e profissional da região e as necessidades do Arranjo Produtivo Local (APL) do artesanato com o Capim Dourado para a proteção industrial.

ENTREVISTA A revista Comunidade & Campus traz os temas Economia Solidária, Associações Comunitárias e Cooperativas com Sandro Sguarezi, professor da Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT. Sguarezi é doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP e autor do livro "Autogestão e economia solidária: limites e possibilidades".

Por Lucas Arruda Ramalho

Comunidade & Campus: A economia solidária se dá através dos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), associações e cooperativas de trabalhadores que, através do trabalho coletivo, buscam uma alternativa de ação econômica que possibilite que o trabalho tenha um retorno justo. Em qual contexto surgiu a ideia de trabalho coletivo nesses moldes?

Sguarezi: No processo de globalização, houve concentração de riqueza, aumento da fome, miséria e desastres ambientais, entre outros efeitos provocados pelo modelo hegemônico e sócio-técnico adotado pela sociedade. Os processos produtivos e científicos seguem a lógica do capital e a lógica hegemônica. As relações de trabalho são antigas, mas o conceito de emprego é algo novo, criado após a 1ª Revolução Industrial. A lógica da transformação do trabalho em emprego surge da necessidade de criar mais consumidores para o excedente de produção industrial. Naquele momento, deixou de ser interessante o modelo de escravidão adotado e os trabalhadores empregados passaram a receber salário e a consumir.

C&C: Pode-se dizer que atualmente a geração de emprego e renda, principalmente nas regiões pobres do país, favorece os grandes detentores do capital. Essa elite que, devido ao poder financeiro e à lógica criada, leva a sociedade a produzir em prol da continuidade de sua hegemonia, o que dificulta a ascensão das classes sociais não-privilegiadas. Diante disso, qual é a importância dos EES? Sguarezi: A organização dos EES se faz necessária para construir uma alternativa de os trabalhadores gerarem, controlarem e usufruírem do próprio trabalho. O objetivo é recuperar a solidariedade orgânica entre os trabalhadores, de forma a diminuir o individualismo e a construir um pensamento de que o problema de um é o problema de todos e de que o melhor caminho é o trabalho associado.

A Economia Solidária tem quatro princípios 16 Comunidade Campus

sintetizados na sigla CASA: Cooperação, Autogestão, Solidariedade e Ação-Econômica.

Esses princípios criam novas relações de trabalho que não se dão com base na hierarquia "Thaylorista", ou na estrutura vertical do chefe e do capital. As relações de produção se dão de forma horizontal, livre e associada, o que permite a produção sem a escravização do capital. Os EES proveem a formação política e social das pessoas envolvidas, que passam a ter um pensamento coletivo a serviço do trabalho associado e também possibilitam a formação técnica voltada à produção. Os trabalhadores então passam a planejar o trabalho e o processo produtivo, a trabalhar de forma cooperada e espontânea e a compartilhar os resultados financeiros do processo. São essas formações que buscam criar o processo de autogestão, no qual os trabalhadores, de forma conjunta, atuam em todas as etapas do processo produtivo dentro dos EES, o que gera realização no processo do trabalho. Esse processo pode mudar a realidade da vida dos trabalhadores, pois dessa forma eles se tornam donos do próprio trabalho. O mundo dos EES busca resolver problemas da sociedade através da autogestão, aumento da escala, melhoramento da logística, aumento da qualidade, preservação da natureza.

Portanto, a importância desses empreendimentos se dá de forma política, econômica, social, cultural e ambiental.

C&C: A Economia Solidária é uma boa alternativa para a ascensão social coletiva de uma região? Em geral, quais motivos dificultam a formação, consolidação e desenvolvimento de associações e cooperativas?

Sguarezi: A formação de associações e cooperativas não é uma tarefa fácil. As dificuldades estão em alguns fatores: o conhecimento técnico e ferramental, a tecnologia, a gestão e o planejamento e a participação ativa de todos. Esses são tipos de conhecimentos

Ilustrações: Pedro H. Gomes Paiva, 2023.

que muitas vezes o trabalhador nunca teve giro e investimento, que também não estará real oportunidade de desenvolver e que presente em EES, a menos que haja políticas impactam a produção, consolidação e públicas e recursos advindos do estado. O desenvolvimento desses empreendimentos. estado já gera incentivos fiscais, financeiros e Por exemplo: é preciso primeiramente de crédito para a iniciativa privada, mas é entender do produto, levantar uma demanda necessário que esses incentivos cheguem às de produção, analisar o que o mercado está associações e cooperativas. E é possível consumindo e identificar as oportunidades. O recebê-los através de cobrança aos planejamento começa a partir de uma governantes. E, por último, mas não menos pesquisa de mercado. Ações simples como importante, fator que dificulta a consolidação é essa não surgem nesses empreendimentos a conscientização e o aprendizado do trabalho espontaneamente, devido à coletivo por parte dos falta de formação técnica. trabalhadores associados.

C&C: Tendo em vista essa C&C: A partir daí, um É necessário acreditar formação técnica voltada conjunto de trabalhadoa gestão, planejamento e no inédito viável. Inédito res pode se reunir e se entendimento do mercaassociar através de um porque ninguém fez. do, como associações e estatuto com regras cooperativas do estado Viável porque podemos principais da organizado Tocantins podem se ção do trabalho. Mas fazer juntos. beneficiar? este processo burocrático não gera consSguarezi: Utilizando como cientização em relação à exemplo o Tocantins, existe uma alta produção de itens de artesanato de participação ativa, autogestão e engaCapim Dourado por associações diferentes do jamento nos EES. Como podemos criar um cenário em que a ação coletiva seja natural estado. Porém, é perceptível que há pouca aos trabalhadores? diferença dos itens comercializados por cada Sguarezi: O principal problema começa a associação. Por isso, uma oportunidade maior partir do paradigma do pensamento individual. pode surgir da diversificação da produção. É O trabalhador não foi educado para cooperar, importante dar uma resposta coletiva para mas sim para competir. Então, contradições no ganhar escala de produção e agregar valor processo começam a acontecer. Quando aos produtos produzidos. alguns trabalhadores ascendem à presidência C&C: Além da falta de formação técnica, que outros fatores podem influenciar e a outros cargos internos, tendem, em alguns negativamente a consolidação dos empre- casos, a provocar para que o oprimido vire opressor. Ou seja, o trabalhador presidente endimentos coletivos?

Sguarezi: Outro fator importante é o capital de pode começar a se sentir dono ou patrão da associação ou cooperativa e começar a tomar

ações por motivações pessoais e não durante a 1ª Revolução Industrial, de que era necessário buscar alternativas de sustento transparentes.

Ou ainda quando os diferentes das estabelecidas pela sociedade. trabalhadores não tomam consciência da Ao propor a lógica da Economia Solidária, é participação e não assumem responsanecessário conscientizar as pessoas de que bilidades no empreendimento, tanto no apenas através do conjunto será possível processo de produção quanto no processo de ascender socialmente e obter resultados gestão. Como forma de evitar esse processo, justos do trabalho. Até porque, mesmo que é preciso quebrar o paradigma do pensamento todas as trabalhadoras e trabalhadores individual. Os trabalhadores precisam começar fossem altamente capacitados, não haveria a pensar de forma coletiva e entender a emprego para todos. O mercado do emprego é restrito para um percentual da população. associação ou cooperativa como um empreOs demais precisam criar alternativas de endimento horizontal, onde não existe a trabalho. Que tipo de trabalho? O trabalho relação patrão e empregado. associado, autogestionário, nas associações, C&C: Como promover essa conscienredes e cooperativas. tização dos associados ou cooperados C&C: Considerando que os trabalhadores para um maior engajamento do trabalho e necessitam de formação técnica e formaautogestão dos EES? ção de autogestão, como o poder público e Sguarezi: A promoção da autogestão passa as Instituições de Ensino Superior (IES) pela conscientização dos trabalhadores, podem auxiliar esse processo? diminuição do individualismo e mudança no Sguarezi: É importante o apoio do poder pensamento capitalista enraizado na público e de suas políticas na formação e na sociedade. Muitas vezes, um agricultor famiaquisição de recursos de investimento. As IES liar, apesar de conhecer o processo produtivo têm um papel vital nesse dos alimentos, por estar processo, pois o desafio acostumado a vender A economia solidária é uma é colocar a ciência a seus produtos para um serviço do trabalho assoresposta eficiente, eficaz e intermediário, não desenciado. A ciência e as efetiva para enfrentar o volveu a capacidade de técnicas, nesse caso, são lidar com o mercado. Ao desemprego criado pela utilizadas para aumentar criar uma associação ou a qualidade de vida do lógica hegemônica das cooperativa de agricultrabalhador, qualidade do grandes corporações. tores familiares, o produto, escala da aumento da escala de produção etc. Em qualprodução viabilizará a quer empresa, e nos EES não é diferente, é relação direta com o consumidor, o que necessário o uso de maquinário, gestão, permite o livre estabelecimento de qualidade e contabilidade, marketing, logística para preço. A conscientização das pessoas no ampliar o progresso e a consolidação. As engajamento do trabalho associado e da instituições de ensino são capazes de oferecer autogestão se dá explorando as contradições formação técnica para os trabalhadores e de do mundo do trabalho. O trabalhador que seja apoiar a busca por políticas públicas que empregado de empresas tradicionais, com auxiliem os EES. Ao oferecer conscientização grandes jornadas de trabalho, pode perceber, e formação técnica a cada associado, o através do baixo retorno, que seu trabalho engajamento aumenta e, com isso, a está sendo explorado. Mas ele, por vezes, não prosperidade também. Esses aspectos tem alternativa de sustento para sua família e, constroem o conhecimento emancipatório dos por isso, continua nesse regime de trabalho. trabalhadores, de forma a utilizar esse No mundo da Economia Solidária, é imporconhecimento em prol do coletivo. tante demonstrar as contradições, mostrar a C&C: Que metodologias podem ser pedagogia da autogestão e incentivar a ação utilizadas pelas IES para a formação de coletiva. É importante aprender a cooperar e trabalhadores associados? deixar de competir. O processo de autogestão Sguarezi: Existe todo um conjunto de surge da percepção da classe trabalhadora, metodologias que podem ser utilizadas para 18 Comunidade Campus

adentrar nessas comunidades, todas elas bem documentadas na literatura especializada. Nas nossas experiências, sempre utilizamos a metodologia “Cosme e Damião II”, proposta pela UnB. Nessa metodologia, os professores das IES organizam a formação junto com duas lideranças dos trabalhadores. Essas lideranças podem ser locais ou de algum empreendimento coletivo de sucesso na região ou no Brasil. O conhecimento técnico ou de autogestão é passado para essas lideranças, que conduzem a formação para os demais colegas. Os trabalhadores então receberão o conhecimento na linguagem que eles estão mais acostumados e vindo de um companheiro de causa.

C&C: Em termos de perspectiva, quais benefícios um EES consolidado pode trazer para um conjunto de pessoas da região?

Sguarezi: O cooperativismo e seus benefícios são conhecidos como estratégias de enfrentamento das desigualdades promovi-das pela lógica do capital. Peguem os índices de desenvolvimento do Brasil, especialmente do Mato Grosso. Cidades com um PIB elevadíssimo, mas com uma altíssima taxa de concentração da riqueza nas mãos de poucas pessoas muito ricas. Isso se reproduz mundo a fora. A distribuição da riqueza se dá pelo trabalho, pelo trabalho cooperativo, associado e livre. Onde existem cooperativas fortes, como é o caso de Israel, Mondragón na Espanha, onde o cooperativismo dita estrategicamente as ações de desenvolvimento, a distribuição da riqueza é muito mais eficiente. Mas, uma cooperativa só se faz com pessoas cooperativas. Um dos princípios do cooperativismo é o compromisso com o desenvolvimento local e da região e com a sustentabilidade econômica, ecológica, ambiental, cultural e política. Como os empreendimentos podem se consolidar e prosperar?

Em todos os locais do Brasil onde há uma cooperativa forte e consolidada, pode-se ver a comunidade do entorno prosperar junto com a cooperativa. Porque as cooperativas, através dos seus princípios, entendem que elas necessitam também auxiliar os empreendimentos de sua região, para que todos possam progredir juntos. Além disso, os EES aumentam a geração de trabalho, riqueza e renda para a comunidade, pois aumentam a

captação de recursos na venda da produção para outras regiões e a riqueza fica na região de origem. Assim, a prosperidade vem no coletivo dos EES e na região do seu entorno.

A conscientização dos trabalhadores associados e cooperados passa a aflorar o pensamento de coletividade na comunidade, o que provoca a criação de uma cadeia produtiva de diferentes EES da mesma região, atuando em segmentos de mercado diferentes, mas interligados direta ou indiretamente.

C&C: Além da partilha dos resultados do trabalho, as cooperativas conseguem criar estruturas de crédito internas, formas de plano de saúde, formação técnica, cidadã, política, tudo para atender as necessidades dos trabalhadores. Quando isso ocorre, é comum que os EES comecem a atrair mais pessoas interessadas? A comunidade no entorno percebe que os benefícios da economia solidária podem superar o método de empregabilidade criado no mercado tradicional?

Sguarezi: Sim, exatamente! A Economia Solidária é uma resposta eficiente, eficaz e efetiva para enfrentar o desemprego criado pela lógica hegemônica das grandes corporações e pode-se tornar uma ferramenta para a emancipação e problematização de realidades excludentes. Com a Economia Solidária, os trabalhadores podem ascender socialmente e colher os justos frutos do seu trabalho.

C&C: Portanto, é importante que associações e cooperativas conheçam novas perspectivas dessas temáticas através do apoio das instituições de ensino, pesquisa e extensão. O conhecimento adquirido não só iniciará mais engajamento na construção de empreendimentos coletivos, mas também criará um cenário fértil para que o trabalhador deixe o pensamento individualista, enraizado na sociedade, e desperte para o pensamento coletivo e econômico solidário. Aliado a isso, se houver apoio do poder público local e regional, os EES passarão a ter prosperidade suficiente como alternativas reais de ascensão social.

E então, mais pessoas da região irão se interessar pelo processo...

Sguarezi: É necessário acreditar no inédito viável. Inédito porque ninguém fez. Viável porque podemos fazer juntos!

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PRÊMIO LEI PAULO GUSTAVO Dianópolis/TO Em dezembro de 2023, a prefeitura de Dianópolis divulgou em seu Diário Oficial o resultado do Edital n.º 004/2023 com a lista de agentes culturais premiados com recursos da Lei Complementar n.º 195/2022 - Lei Paulo Gustavo.

Essa lei viabiliza um dos maiores investimentos diretos no setor cultural da história do Brasil e simboliza o processo de resistência da classe artística durante a pandemia de Covid-19, que limitou severamente as atividades do setor cultural. É ainda uma homenagem ao ator Paulo Gustavo, um dos vários artistas vitimados pela doença.

Entre os agentes culturais premiados estão três das artesãs de Capim Dourado da Associação Dianopolina de Artesãos (ADA): Eliene Bispo Cantuario, Laureci Alves Barbosa e Lourdes Gomes Cunha.

A revista Comunidade & Campus conversou com as premiadas e registrou esse momento tão importante para o artesanato da região.

Por Wilson Rodrigues de Lima Jr. Comunidade & Campus: Como vocês se sentem sendo reconhecidas pelo poder público com essa premiação? Consideradas como agentes culturais que prestam relevante contribuição ao desenvolvimento artístico e cultural do município de Dianópolis?

Lourdes Gomes Cunha: Eu me sinto muito feliz, porque é um reconhecimento muito importante pra mim.

Laureci Alves Barbosa: Eu me sinto honrada e agradecida por ter sido reconhecida nessa premiação. Isso vai me ajudar muito na compra de materiais para trabalhar.

Eliene Bispo Cantuario: Eu estou me sentindo muito grata pela contemplação do Prêmio Paulo Gustavo. É um reconhecimento de muitos anos de trabalho e, pra mim, também é uma satisfação muito grande que, através do poder público, eu fui reconhecida e assim… são muitos anos de luta, de querer conquistar o reconhecimento do nosso artesanato aqui em Dianópolis, porque até então o povo achava que Capim Dourado era só Jalapão. Só que, devido a essa premiação, acho que a tendência agora é a gente divulgar a nossa Serra Gerais.

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C&C: Há quanto tempo vocês estão trabalhando com o artesanato de Capim Dourado? E como é o processo de criação das peças?

Eliene: Eu já tenho mais de 20 anos que trabalho com o Capim Dourado. Quando eu conheci o Capim Dourado, fiquei encantada. Foi num evento que teve aqui na praça, no aniversário da cidade. E pouco tempo depois houve um curso pela prefeitura, aí eu fiz o curso e estou até hoje.

Lourdes: Já tem uns 17 anos, mais ou menos, que eu trabalho com o Capim Dourado. Eu comecei a trabalhar com o Capim Dourado, foi logo que começou a Associação Dianopolina de Artesãos (ADA) aqui em Dianópolis.

Laureci: Há mais de 23 anos, assim que começou o trabalho, aqui em Dianópolis, de Capim Dourado. O processo de criação das peças… Eu imagino uma peça ali, que eu vou fazer, e ponho em prática.

Foto: Wilson Lima Jr., 2023.

Da esquerda para direita: Laureci, Eliene e Lourdes em frente ao ponto de Artesanto & Turismo Casa Dourada, em Dianópolis.

C&C: A ADA conseguiu estabelecer um ponto de vendas, a Casa Dourada, no centro de Dianópolis, como foi essa conquista?

Laureci: A Eliene correu muito atrás… Eliene que é a nossa presidente [da associação] correu muito tempo atrás para obter um lugar pra gente, que a gente não tinha. Então as peças ficavam na casa dela.

Antigamente a gente tinha um lugar lá embaixo, mas eles pediram e ficou muitos anos sem ter um pontinho. Aí ela conseguiu… A prefeitura cedeu aquele ponto pra gente expor nossas peças de Capim Dourado.

Eliene: Hoje a gente tá com a Casa Dourada, na praça Ana Valente. Foi durante o plano de governo do prefeito José Salomão, participei da live de campanha dele. E aí eu falei pra ele que o que eu mais tinha interesse era num ponto pra gente colocar a loja.

Porque eu atendia o pessoal tudo aqui em casa, então era muito ruim. Era tudo nas caixas e se chegava [cliente], tinha que tirar das caixas e depois colocar nas caixas. E aí não tinha horário, era na hora do almoço, à noite. E ficava muito puxado pra mim. E então quando ele foi empossado, foi logo, não demorou nem 10 dias. O secretário [de cultura] entrou em contato comigo e reformaram lá, o ponto. E a gente tá aí na Casa Dourada. Graças a Deus tá dando certo, tem muita gente que não sabe ainda, mas a gente tá divulgando.

C&C: Como foram os procedimentos na inscrição da premiação da Lei Paulo Gustavo?

Foi fácil o processo de conseguir as documentações para inscrição ou é muito burocrático?

Eliene: A inscrição para eu fazer não foi tão difícil, porque eu já participei de vários editais. E eu tenho o meu filho que me ajuda, então pra mim já não foi tão difícil. Mas pras meninas [outras associadas] que foi a primeira vez, eu tentei ajudá-las no que eu pude… tanto que duas [associadas] também foram contempladas, elas têm material suficiente para isso!

Laureci: Para fazer a inscrição, corremos atrás dos documentos e depois, faltou mais documentos. Mas consegui correr até juntar todos pra entregar lá na secretaria de cultura.

Foto: Wilson Lima Jr., 2023.

Da esquerda para direita: Eliene, Laureci e Lourdes com suas peças de Capim Dourado na praça Ana Valente, em Dianópolis.

Conheça o catálogo da Casa Dourada ­ ADA

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Comunidade & Campus: Falem um pouco da trajetória da ADA. Quais são os planos que a ADA, junto da Casa Dourada, tem em mente para o futuro? O que vocês acreditam que ainda falta para que o artesanato de Capim Dourado tenha maior visibilidade?

Lourdes Gomes Cunha: Nosso plano é comprar material para continuar nosso trabalho e fazer eventos culturais com música regional.

Laureci Alves Barbosa: Temos muitos planos na cabeça… pra ter mais espaço pra gente trabalhar...

Eliene Bispo Cantuario: Os planos que temos é ampliar o projeto. E a gente quer fazer a “quinta” ou a “sexta cultural”, de quinze em quinze dias. Daí a gente tem que procurar parceria, pois a gente vai abrir a loja, mostrar nossas peças, os nossos trabalhos. Divulgar os cantores regionais, mostrar a capoeira, a dança. Agora tem o grupo de dança de Suça, que tem em Dianópolis também. O que a gente quer mais é fazer isso pra divulgar e não acabar com a nossa cultura. Que eu acho que cada dia que passa a cultura está ficando esquecida… Quando eu entrei na associação a minha situação financeira não era tão boa. E hoje, através do artesanato, eu consigo dar uma situação melhor pra minha família. Eu consigo viajar. E através da associação, em parcerias com a ADETUC (Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa de Estado do Tocantins) e o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de Dianópolis, a gente participa de várias feiras em outros estados. Agora em 2022 a gente ganhou o prêmio TOP100. Ficamos entre os 100 melhores do Brasil. Fizemos a primeira feira de artesanato de Dianópolis, que foi uma feira muito bonita. E estamos buscando fazer a segunda edição. Agora na posse do presidente Lula [em 2023], a primeira-dama Janja vestiu um blazer bordado com Capim Dourado.

Inclusive fui eu que fiz as peças para bordar o blazer e foi uma repercussão muito grande. Dei entrevista para sete jornais e conseguimos clientes fora do Brasil, na Itália, em Portugal, na França… Tudo através da repercussão da roupa da primeira-dama.

C&C: Nossa revista agradece a disponibilidade de vocês e deseja sucesso para a associação!

BOTÂNICA

CAPIM DOURADO

Syngonanthus nitens (Bong.) Ruhland1 Por Fernanda Mara Fonseca Silva, Vanessa Carolina de Sena Correia e Wilson Rodrigues de Lima Jr.

A espécie O Capim Dourado, espécie nativa em grande parte da América do Sul, porém concentrandose na região central do Brasil, é uma planta que desde os tempos imemoriais é utilizada por povos indígenas e, posteriormente, quilombolas das regiões das Serras Gerais e do Jalapão, ambas no Tocantins. Sua época de floração e produção de sementes é a partir de agosto e perdura até novembro. Sua distribuição geográfica abrange faixas de terras paralelas aos cursos de rios, como matas ciliares, e áreas intermediárias entre as veredas e as savanas de Cerrado. Apresenta inflorescências brilhantes na cor creme e hastes (escapos) douradas e, por esse motivo, é visualmente atrativa. O uso ornamental e funcional da planta, que ocorre por meio da produção de objetos artesanais, manufaturados de maneira tradicional, é um conhecimento passado por diversas gerações dentro das comunidades tradicionais.

O Capim Dourado, também conhecido por “Sedinha”, já vinha sendo coletado por botânicos europeus desde o século XIX para fins de identificação e tipificação de espécies. Uma das expedições realizadas por europeus na região central brasileira foi registrada no livro “Viagens no Brasil” (1846) do botânico britânico George Gardner. O livro descreve a vegetação brasileira e os costumes da época, inclusive na trajetória tocantinense entre Natividade, Aldeia do Duro (Dianópolis) e Arraias. Dos quase 60.000 espécimes colecionados por Gardner para os museus da Inglaterra, estava o Syngonanthus nitens, nome científico do Capim Dourado, registrado numa moderna sistemática de plantas publicada por A. Engler em 1903(1).

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(1) O Capim Dourado foi descrito na literatura científica pela primeira vez em 1831 pelo botânico alemão Heinrich

Gustav von Bongard sob a nomenclatura Eriocaulon nitens Bong. O responsável pela taxonomia moderna da espécie é Wilhelm Ruhland que teve suas descrições publicadas em Das Pflanzenreich (A. Engler, 1903).

(2) Etnobotânica: Ciência multidisciplinar que estuda o conhecimento da flora de uma região, se ocupa com os sujeitos e seus saberes e reúne informações dos que mantiveram relações com a vegetação e com elementos culturais de um povo.

(3) O Instituto Natureza do Tocantins, Naturatins, emitiu, em 2007, a Portaria n.º 362 que adota medidas de ordenamento à coleta e ao manejo do Capim Dourado (Syngonanthus nitens) em todo o Estado do Tocantins.

Imagens sob lincença Creative Commons BY-NC-SA 3.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0). Índice Internacional de Nomes de Plantas e Lista de Verificação Mundial de Plantas Vasculares 2023. Publicado na Internet em http://www.ipni.org e https://powo.science.kew.org/. Foram alteradas por IA.

Objeto de estudos dos etnobotânicos(2) na atualidade, o Syngonanthus nitens tem se mostrado uma das quatro espécies vegetais essenciais na manutenção e preservação das veredas, campos úmidos e várzeas do Cerrado.

As pesquisas têm apontado para o cuidado no uso e manejo do "fogo controlado" como estímulo à produção e germinação desse capim, pois há indícios de que, em frequência elevada, a ação do fogo no bioma Cerrado pode reduzir a biodiversidade, comprometendo outras espécies. Além disso, o Capim Dourado é sensível às variações nos ciclos de chuvas, já que as taxas de sobrevivência da planta são significativamente mais baixas durante os anos secos em comparação aos anos chuvosos.

A colheita feita pelas comunidades tradicionais para uso artesanal do Syngonanthus nitens tem grande efeito para a conservação da biodiversidade do Cerrado e para a subsistência econômica local. A sustentabilidade dessa atividade está diretamente relacionada ao momento correto da colheita(3). As entidades que fiscalizam e estudam o extrativismo desta espécie podem propor políticas públicas em parcerias com as comunidades tradicionais, os extrativistas e as associações de artesãos em serviços ambien-tais de preservação da espécie, de Educação Ambiental e, principalmente, de formação de brigadistas voluntários no combate do fogo nas ocorrências de incêndios. É necessário também monitorar os limites permitidos de exploração e ainda fiscalizar as coletas ilegais do Capim Dourado por pessoas não autorizadas.

Imagens sob lincença Creative Commons BY 4.0 (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0). Rio de Janeiro Botanical Garden. https://www.gbif.org/pt/occurrence/1424275413. A imagem foi alterada por IA.

Importância do artesanato O artesanato do Capim Dourado é um ótimo exemplo do uso da biodiversidade por comunidades locais. Confeccionadas na região do Jalapão e das Serras Gerais do Tocantins, as peças apresentam valor estético e cultural, exibindo a sensibilidade das populações tradicionais. A manufatura é resultado da interação ancestral das comunidades negras e indígenas na região. Duas espécies vegetais estão envolvidas no traçado tradicional: o Syngonanthus nitens, com os talos dourados “costurados” na produção de bijuterias e cestaria e a Mauritia flexuosa, palmeira popularmente conhecida por Buriti, da qual as fibras são usadas como linhas para a costura. O artesanato de Capim Dourado é importante fonte de renda para comunidades da região central e do sudeste do Tocantins.

Características importantes da sustentabilidade econômica dessa atividade são o valor de mercado do artesanato e o fato desses produtos não serem facilmente perecíveis. Aliás, esse é o motivo dessa planta fazer parte da família das sempre-vivas (Eriocaulaceae), elas mantêm o mesmo aspecto depois de retiradas da natureza.

Bibliografia: SILVA, F. T. D. Manejo sustentável do capim dourado.

Dossiê Técnico. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (BRT). Instituto Euvaldo Lodi – IEL/BA. 2013. 16 p.

SANTNA, H. M. P. et al. Estimativa da produção do capim dourado (Syngonanthus nitens) para subsidiar o seu extrativismo socioeconômico sustentável no Parque Estadual do Jalapão, TO. Sociedade & Natureza, v. 30, n.

2, p. 45-67, maio 2018.

SCHMIDT, I. B. Effects of local ecological knowledge, harvest and fire on golden-grass (Syngonanthus nitens, Eriocaulaceae), a non-timber forest product (NTFP) species from the Brazilian savanna. Theses (Ph.D. of Philosophy in Botany) – University of Hawaii at Manoa. Honolulu, p. 212. 2011.

VIANA, R. V. R. Diálogos possíveis entre saberes científicos e locais associados ao capim-dourado e ao buriti na região do Jalapão, TO. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 92. 2013.

26 Comunidade Campus

ARTE & ARTESANATO REGIONAL

MOSTRA DE ARTESANATO DE

DAS SERRAS GERAIS DO TOCANTINS Dianópolis Novo Jardim Rio da Conceição Seleção de peças representativas de cada localidade

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Associação Dianopolina de Artesãos ­ Dianópolis/TO

Fotografias: Igor de Ávila, Wilson Lima Jr. e divulgação ADA - Instagram.

Fotografias: divulgação da Associação Dourada - Instagram.

Associação Dourada ­ Novo Jardim/TO

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Associação Encantos do Rio ­

­ Rio da Conceição/TO

Fotografias: divulgação da Encantos do Rio (Instagram) e Hiro Isogai @isogaihiro23

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

GERAÇÕES DO CAPIM DOURADO COLETA SUSTENTÁVEL NAS SERRAS GERAIS DO TO Por Rafael Trapp, professor da UFRR. @rafael.trapp

Esta exposição apresenta a diversidade de pessoas e personagens envolvidas no artesanato de Capim Dourado das Serras Gerais do Tocantins. As fotografias da coleta moldam o quadro das peças que representam a identidade das associações de artesanato de Capim Dourado de Dianópolis, Novo Jardim e Rio da Conceição. Assim como no Jalapão, nas Serras Gerais a técnica de costura do capim com as fibras do Buriti é praticada há mais de 100 anos. O artesão Seu Teté, de Dianópolis, ficou conhecido pela confecção de chapéus usados pelas pessoas do campo na lida da roça e nos festejos religiosos. O povoado de Contagem/ TO já foi um centro de referência no artesanato ainda nos anos 1980.

O artesanato com o capim é uma técnica de produção de objetos decorativos, utensílios e biojoias que, com significativo apoio do SEBRAE e do Estado do Tocantins, se tornou uma importante atividade econômica dessas regiões e, desde 2009, possui reconhecimento como bem de valor cultural e patrimônio histórico do Tocantins.

A delicada costura das peças começa com a coleta do capim, que deve ser feita entre setembro e novembro 32 Comunidade Campus

apenas por coletores cadastrados, associações de artesãos e extrativistas devidamente registrados junto ao Naturatins.

Nesta exposição, podemos acompanhar a arranca do capim realizada em outubro de 2022 por coletores e artesãs do município de Novo Jardim nas campinas alagadiças preservadas das margens do Rio Palmeiras e do Ribeirão Orocal, na Fazenda Morro Branco. As imagens ilustram as dificuldades e, ao mesmo tempo, a beleza desse processo, além de destacarem a grandiosidade da natureza do cerrado tocantinense.

A proposta da exposição “Gerações do Capim Dourado” é valorizar o trabalho artesanal das pessoas – principalmente das mulheres – das Serras Gerais e reconhecer o papel dos povos do Cerrado na construção da história e da cultura popular da região. Como indicam as evidências documentais disponíveis em pesquisas científicas, o artesanato de Capim Dourado tem provável origem nas interações entre indígenas e quilombolas da vasta região localizada entre o Jalapão e as Serras Gerais do Tocantins no final do século XIX e início do século XX.

Fotografia: Rafael Trapp, 2022.

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Fotografia: Rafael Trapp, 2022.

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Fotografia: Rafael Trapp, 2022.

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Fotografia: Rafael Trapp, 2022.

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Fotografia: Rafael Trapp, 2022.

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Fotografia: Rafael Trapp, 2022.

DICAS CULTURAIS ARTESANATO & TURISMO ASSOCIAÇÃO DOURADA de Novo Jardim/TO. Com ponto de vendas na avenida principal de Novo Jardim, a Associação Dourada expõe suas peças em feiras e eventos. Também já montou parcerias importantes com o estilista tocantinense Luiz Fernando Carvalho.

Av. João Batista Cirqueira, s/n. ou rua Antônio Pereira Cosmo, n.º 02, setor Albuquerque 1.

Instagram: @capimdourado.nj E-mail: associacaodourada@gmail.com

ARTESANATO & TURISMO CASA DOURADA de Dianópolis/TO. A Casa Dourada que apoia a Associação Dianopolina de Artesãos (ADA) é um centro de artesanto e turismo inaugurado pela prefeitura local em 2021. A ADA trabalha com peças prontas, sob encomenda, e atende pedidos de todo o Brasil.

Praça Ana Valente, s/n., Centro.

Instagram: @capimdouradoada / @eliene9371 Tel.: (63) 99260-8916

MUSEU MUSEU MUNICIPAL MANOEL AIRES CAVALCANTE de Dianópolis/TO. É um museu administrado pela Secretaria de Meio Ambiente, Turismo e Cultura (SEMATUC) do município. Conta com vasto acervo histórico: um dos maiores e mais antigos do Tocantins.

O museu atualmente celebra um projeto de extensão com o IFTO para a digitalização de seu acervo.

Rua Major Nepomuceno, 124, praça Cel. Abílio Wolney.

Site: museumunicipalmanoelairescavalcante.wordpress.com/ 44 Comunidade Campus

LIVRO ON-LINE VIAGENS NO BRASIL de George Gardner (1942).

Publicado originalmente em Londres em 1846, o relato do cientista britânico constitui um testemunho de grande vivacidade sobre as áreas que percorreu por cinco anos no Brasil. Embora de interesse botânico, o livro contém informações sobre os costumes das populações com as quais Gardner esteve em contato, incluindo dois povos indígenas: os Xokó da Ilha de São Pedro (Rio São Francisco) e os Akroá da Missão do Duro (atual Dianópolis, Estado do Tocantins).

DOCUMENTÁRIO ON-LINE MARGARET MEE E A FLOR DA LUA (2013, Dir. Malu De Martino). O filme retrata a passagem da ilustradora botânica M.Mee pelo Brasil. Ela realizou 15 expedições à Floresta Amazônica e, com seus 79 anos, finalmente conseguiu retratar o tão procurado cacto amazônico Flor da Lua (Strophocactus Wittii), cuja flor abre apenas uma noite. Mee deixou um valioso legado iconográfico e artístico. Suas ilustrações são, até hoje, uma fonte preciosa de pesquisa para a ciência botânica.

LOJA DE APPs LIVRES A F-DROID (©2010-2024) é uma loja de aplicativos FOSS (Free and Open Source Software), gratuitos e de código aberto, para Android. A loja foi projetada para promover o anonimato e ser resistente contra a vigilância, censura e conexões de internet não confiáveis. Os APPs não têm publicidade e podem ser instalados sem necessidade de login em conta Google.

Estão disponíveis softwares de edição de fotos, multimídia, streaming, produtividade etc.

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LIBRA 23/09 a 22/10 Librianos imunizados devem saber que em 2 de outubro de 2023 o Prêmio Nobel de Medicina foi atribuído a

Fotografia: Igor de Ávila, 2023.

Katalin Karikó e Drew Weissman pelas suas descobertas sobre modificações de bases de nucleosídeos que permitiram o desenvolvimento de vacinas de mRNA eficazes contra a COVID-19.

ESCORPIÃO

SAGITÁRIO

23/10 a 21/11

22/11 a 21/12

Escorpiões, que também

Em 24 de novembro de 1859,

fazem parte da biosfera,

o naturalista britânico

podem se preocupar ainda

Charles Darwin publica uma

mais no dia 3 de novembro,

das obras científicas mais

dia Internacional da Reserva

impactantes do cosmos, o

da Biosfera instituído pela

livro "A Origem das

UNESCO. Mas preocupação

Espécies". Data em que

não basta, são necessárias

sagitarianos podem

ações efetivas de todos os

pesquisar e refletir sobre a

signos para a proteção do

diversidade da vida na

planeta.

Terra.

*Atenção: Estas páginas fazem uma paródia das previsões astrológicas, comuns em jornais e revistas. A Biologia e a astrologia são áreas completamente diferentes e não devem ser confundidas.

46 Comunidade Campus

DESCUBRA UM POUCO SOBRE A TRAJETÓRIA DA BIOLOGIA!

CAPRICÓRNIO

AQUÁRIO

22/12 a 20/01

21/01 a 18/02 Aquariano de 12 de fevereiro, você nasceu no mesmo dia do geólogo e biólogo Charles Darwin (1809) que, desde

Cuidado capricórnio! 11 de janeiro é o dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos.

Vamos ver se até 2030 conseguimos reduzir o número de mortes e doenças causadas pelo uso e pela contaminação do ar, água e solos por agrotóxicos.

criança, demonstrou grande interesse pela natureza e seus fenômenos. Inspire-se nisso!

E quem é de 15/02, saiba que nessa data, em 2001, o Projeto Genoma Humano (PGH) concluiu o sequenciamento dos nossos genes.

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PEIXES 19/02 a 20/03 Peixes aventureiros, aproveitem o dia 01/03 para viajar no Dia Mundial do Turismo Ecológico. E, no dia 16/03, dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, sensibilizem seus amigos sobre o tema. Não esqueça: VALORIZE A VIDA! A sua e a

Se o seu signo não apareceu aqui, espere a próxima publicação de Comunidade & Campus.

do planeta!

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