Revista Sindilat maio de 2013

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ANO IV - No18 - MAIO 2013

Sindilat RS Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul

Produção de leite cresce 80% no RS Ensino Escolas agrícolas precisam mais atenção para formar técnicos qualificados

O Estado aumentou sua produção de leite de 2,32 bilhões de litros em 2002 para 4,19 bilhões de litros em 2012, consolidando a condição de segundo maior produtor do país. A elevação exigiu investimentos da cadeia láctea em sanidade, alimentação do rebanho e equipamentos

Entrevista Arno Kopereck comemora 40 anos de Cosulati e projeta novos investimentos

Nova gestão Wilson Zanatta assume Conseleite e busca diálogo com o varejo



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| Editorial

Expansão sustentada

Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul

T

em sido constante e, portanto, sustentável o crescimento do setor de laticínios no Rio Grande do Sul. O Estado consolida-se, assim, como a segunda maior bacia leiteira nacional, só superada por Minas Gerais, de prolongada tradição nessa atividade econômica. Tema central da atual edição de nossa revista, a expansão da produção de leite e derivados, com a consequente presença de produtos lácteos na dieta dos gaúchos, revela como a cadeia produtiva vem respondendo ao desafio lançado duas décadas atrás. No período mais recente, tomado 2004 como ponto inicial, a produção de leite expandiu-se em 77%, ultrapassando, já no ano passado, o volume de quatro bilhões de litros. Como exposto em reportagem especial, esse desempenho é resultado de uma conjunção de fatores, entre os quais se destacam iniciativas voltadas à qualificação e sanidade do rebanho, à conservação do solo e melhorias na pastagem, à aquisição de equipamentos e a investimentos empresariais como os anunciados recentemente em cerimônia no Palácio Piratini, beneficiando as regiões de Estrela e de Três de Maio. O resultado dessa união de esforços entre produtores e industriais, com a mediação do governo em seus âmbitos municipais, estadual e federal, é a crescente participação da cadeia láctea no produto interno bruto sul-rio-grandense e a capilarização da atividade por todo o território estadual. Como representação sindical da indústria de laticínios, defendemos, obviamente, a permanência do crescimento sustentado - assim como ressaltamos essa meritória evolução de duas décadas. Nossa publicação tem, ainda, outras atrações, entre as quais a de analisar o ensino técnico agrícola, elemento adicional e imprescindível ao desenvolvimento do setor. Também está presente nesta edição o pensamento do novo ministro da Agricultura, produtor de leite em Minas Gerais – e militante da causa enquanto proprietário rural, dirigente sindiWilson Zanatta cal e, como deputado federal, na Presidente do Sindicato da Indústria Comissão Parlamentar da Bacia de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul Leiteira. Boa leitura! |3|

Av. Mauá, 2011, sala 505, Centro Porto Alegre/RS CEP: 90030-080 Fone: (51) 3211-1111 Fax: (51) 3028-1529 sindilat@sindilat.com.br www.sindilat.com.br Presidente: Wilson Zanatta Vice-Presidentes: Alexandre Guerra Ricardo Magalhães Rodrigues Diretor Secretário: Guilherme Portella dos Santos Diretor Tesoureiro: Angelo Paulo Sartor EQUIPE SINDILAT Secretário executivo: Darlan Palharini Secretaria: Maria Regina Rodrigues Júlia Bastiani

EDIÇÃO Com Efeito Comunicação Estratégica Av. Venâncio Aires, 504, sala 501 Bairro Farroupilha – Porto Alegre/RS Fone: 51 3228-8388 www.comefeito.com.br Editor responsável: Sérgio Lagranha (4397/RS) Redação: Carlos Souza (4994/RS) Nikão Duarte (4429/RS) Diagramação: Marcelo Garcia Capa: Leonardo Lenskij/Sindilat/RS Local: Granja VB, em Eldorado do Sul Comercial: Mário Lisboa Tiragem: 5 mil exemplares


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| Índice Divulgação/Sindilat/RS

16 Desenvolvimento Como a união do segmento lácteo levou a produção

6 Conseleite

Wilson Zanatta assume pelos próximos dois anos o Conselho representando a indústria

7 Homenagem

Sindilat/RS recebe do Jornal do Comércio o troféu Destaque do Ano 2012

8 Política

Quais são as propostas do novo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade Ferreira

Divulgação/Sindilat/RS

de leite no RS a crescer 80% nos últimos 10 anos

23 Entrevista

Arno Kopereck conta sua experiência de 40 anos na direção da Cooperativa SulRio-Grandense de Laticínios (Cosulati)


10 Economia em movimento

36 Aniversário

O que acontece no setor lácteo e na política econômica nacional

Grupo Kunzler faz 50 anos, lança novos produtos e investe nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro

12 Investimentos

37 Artigo

14 Artigo jurídico

Advogado Renato Simões da Cunha analisa a negociação coletiva e a súmula 277

15 Eventos

O Sindilat/RS e a Tetra Pak promoveram encontro do setor no Hotel Casa da Montanha, em Gramado

Doutor em Manejo de Sistemas, Wagner Beskow diz que a qualidade passa pelo transportador Leonardo Lenskij/Sindilat/RS

Nutrifont e a Lativale irão produzir proteína à base de soro de leite e composto lácteo em Três de Maio e Estrela

27 Comissão de Agricultura

Senado realiza audiência em Brasília para examinar problemas na cadeia produtiva do leite

30 Ensino

Como o governo do Rio Grande do Sul e entidades veem o ensino agrícola no Estado

34 Novo associado Nova Alemanha lança a marca Ale Alimentos para leite ensacado, iogurtes e bebidas lácteas

35 Sanidade

As 35 equipes envolvidas no Inquérito Epidemiológico realizam o trabalho de campo até junho

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39 Indicadores

Tabelas e gráficos mostram o momento do segmento lácteo brasileiro

28 Empresa Santa Clara faz 101 anos com mais de três mil produtores em 97 municípios do RS


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| Estratégia

Nova gestão do Conseleite quer aproximação do varejo O

centa que a qualificação do produtor está ocorrendo, mas ele ainda não está tendo retorno deste investimento. “Esta questão está sendo discutida no Conseleite.” Na Instrução Normativa 62, de dezembro de 2011, consta que os aspectos relacionados à remuneração ao produtor baseada na qualidade do leite devem ser estabelecidos mediante acordo setorial específico. Para isto, o produtor precisa seguir a Instrução Normativa 62, de dezembro 2011, que envolve condições dos currais de espera e manejo, dependências aproZanatta: O Conseleite priadas de ordenha, equipamento deveria ser tripartite, com para a ordenha mecânica, pasteuria participação do varejo zador, câmara frigorífica com capacijunto com a indústria e os dade compatível com a produção do produtores estabelecimento rural e a sanidade do rebanho leiteiro atestada por médico nativas para a remuneração ao produ- veterinário sempre que requisitado tor. Para ele, o interesse dos pequenos pelas Autoridades Sanitárias. Nos itens produtores é fazer com que o critério fundamentais os produtores gaúchos de qualidade seja mais importante que estão seguindo a IN 62. o de quantidade na definição do preço. Elton Weber diz que foi muito Jorge Rodrigues, diretor da Fede- importante o governo aceitar um reração da Agricultura do Estado do Rio enquadramento da IN 62 para o proGrande do Sul (Farsul) e exdutor se adequar às diverpresidente do Conseleite sas mudanças em termos RS, ressalta de sua gestão a de manejo e equipamenparceria do Conseleite com tos para a produção de o Senar-RS - Serviço Nacioleite, desde que não afete nal de Aprendizagem Rural a qualidade da produção. - para cursos de qualificaNo entanto, observa que ção do produtor de leite, o produtor ainda não tem quase todos gratuitos. O controle sobre os insumos, Senar-RS tem investido em com segmentos de influêncursos para a agricultura Weber: A criação cia alterando os custos. Rede precisão, direcionados do Conseleite conhece, porém, que atualpara o uso de equipamen- favoreceu os mente os preços estão estos de alta tecnologia, com produtores de táveis. “É fundamental para foco em bovinos de leite, leite na definição o produtor um período de ovinos e irrigação. Acres- dos preços estabilidade nos preços.” Divulgação/Sindilat/RS

desafio do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul – Conseleite-RS – é incentivar a participação do varejo nas reuniões mensais que ocorrem entre representantes da indústria láctea e produtores rurais para estabelecer o preço do leite, como já acontece em alguns institutos existentes na Europa. O objetivo é incluir um elo importante da cadeia que atinge diretamente o consumidor. Esta será uma das bandeiras do novo presidente do Conseleite-RS, Wilson Zanatta, eleito em abril para os próximos dois anos como o representante das indústrias, que também preside o Sindilat/RS. “A participação do varejo é importante para encaminhar negociações que também sejam interessantes para a indústria e produtores”, afirma. Nos dois anos anteriores estava na presidência o diretor da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Jorge Rodrigues, representante dos produtores. Zanatta acrescenta que o objetivo primordial do Conseleite desde sua criação em 2003 é promover o entendimento para estabelecer o preço do leite entre produtores e indústrias. A partir da criação do Conseleite, mensalmente é definido o preço pago pela indústria ao produtor. A associação civil, regida por estatuto e regulamentos próprios, é composta por seis representantes dos produtores e seis das indústrias. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Elton Weber, afirma que o produtor foi favorecido nos últimos anos pelos diversos programas do governo e a criação do Conseleite/RS, obtendo formas alter-

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| Homenagem

Sindilat/RS recebe troféu Destaques do Ano do JC

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Sindilat/RS foi escolhido pelo Jornal do Comércio, de Porto Alegre, o Destaque do Ano 2012 na categoria Sindicato e receberá o troféu na tradicional cerimônia de premiação durante almoço na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) no próximo dia 24 de maio. Em sua 27ª edição, o evento reúne políticos, empresários, jornalistas, publicitários e representantes dos segmentos que compõem as 19 categorias que receberão o troféu confeccionado em bronze. A escolha do Sindilat/RS foi pelo trabalho de sua diretoria na busca pela qualificação do segmento lácteo gaúcho, que envolve um parque industrial com produção média de 9,5 milhões de litros por dia e 121 mil produtores de leite presentes em 449 municípios gaúchos que representam 91% do total. Os grandes desafios do setor na busca de mais produtividade são alimentação adequada para rebanho com custos compatíveis e equipamentos com tecnologia, entre outros. Para tornar o segmento lácteo gaúcho cada vez mais competitivo e conquistar o mercado externo, o presidente do Sindilat/RS, Wilson Zanatta, propõe a instalação de um Centro de Pesquisa Gado Leite

para Região Sul, com o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a produção. Também a criação de um Centro de Inteligência do Leite com a criação de estatísticas confiáveis para o setor e uma escola técnica de cursos de nível médio (segundo grau), pós-médio e rápidos envolvendo não só a habilitação do profissional técnico, mas também as famílias de produtores. O Jornal do Comércio homenageia as organizações e personalidades que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do RS. A premiação reconhece o trabalho de empresas, entidades e profissionais de vários setores que têm em comum a execução de esforços para fomentar a economia do Estado. Aumentando a importância da data, o evento divide as atenções com o aniversário de 80 anos do JC. Nesta mesma data o JC circula com o caderno especial Dia da Indústria. Esse tradicional caderno vai abordar a condição de diversos segmentos econômicos gaúchos, com material jornalístico aprofundando a situação econômica do Rio Grande do Sul e as expectativas e projeções para os mercados regional, nacional e internacional neste ano.

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| Gestão pública

Produtor de leite e ministro A

ntonio Eustáquio Andrade Ferreira, o novo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é produtor de leite, atividade que desenvolve em suas propriedades no interior de Minas Gerais. Como deputado federal em segundo mandato pelo PMDB/MG, depois de permanecer por três legislaturas como deputado estadual, criou e presidiu a Frente Parlamentar da Cadeia Produtiva do Leite e ocupava a presidência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal ao ser convocado para o Ministério pela presidente Dilma Rousseff. Engenheiro civil, natural de Patos de Minas, foi prefeito do município mineiro de Vazante, presidente da Associação Mineira de Municípios e da Executiva Estadual do PMDB. Conheça um pouco do pensamento do ministro, a começar por suas ideias sobre o setor de leite e laticínios.

FRENTE PARLAMENTAR DA CADEIA DO LEITE Entendemos necessária a criação de uma frente no Congresso Nacional, para discutir o setor lácteo sem desassociar o produtor à indústria, ao comércio e ao consumidor e incluindo, ainda, o governo. Todos os segmentos da cadeia produtiva participam. A Frente é a interlocutora junto aos poderes constituídos pela promoção do desenvolvimento da pecuária leiteira sustentada e na busca de recursos orçamentários e financiamentos necessários. Por meio dela, buscamos fomentar a discussão nacional das políticas para o setor leiteiro e a constituição de movimentos similares nos legislativos estaduais e municipais. COMPROMISSO DA FRENTE Nosso compromisso é estudar as políticas e discutir, de forma ampla, junto a outros parlamentares e a sociedade civil, os instrumentos de regulação e de financiamento da produção, industrialização e comercialização dos

produtos in natura e da cadeia de lácteos. Esta cadeia envolve todas as funções técnicas, desde a produção de leite e derivados até o consumo. ATUAÇÃO DA FRENTE A Frente é fundamental para proteção dos pequenos e médios produtores, dos laticínios, distribuidores e consumidores. Atua também na discriminação fiscal e desoneração de tributos sobre a comercialização e circulação dos produtos lácteos ou que tenham o leite e seus subprodutos como matéria-prima. SETOR DINÂMICO A Frente Parlamentar do Leite defende a pulverização do varejo no mercado interno, em incentivos às parcerias entre os pequenos e médios produtores e laticínios, na busca de linhas de créditos específicas – de curto e longo prazo, busca para o desenvolvimento de normas e procedimentos oficiais para o setor lácteo – sanitário, fiscal e outros – que não discriminem os pe|8|

quenos e médios produtores e laticínios brasileiros. Ainda será importante para proteção do leite e dos produtos lácteos nacionais frente à concorrência predatória e desleal decorrente de subsídios concedidos pelos países ricos. PROXIMIDADE À ACADEMIA O incentivo às instituições de ensino na criação de cursos voltados à formação de pessoal especializado para atender a demanda de profissionais por parte da Cadeia Produtiva do Leite é importante para a capacitação do setor. COMUNICAÇÃO A promoção e a divulgação institucional dos produtos lácteos ou que tenham o leite e seus subprodutos como matéria-prima também são atividades da Frente Parlamentar da Cadeia Produtiva do Leite. IMPORTÂNCIA SOCIAL DO SETOR Não há nenhuma atividade econômicorural tão social quanto a produção de leite. É uma atividade que vai de Norte a Sul e de Leste a Oeste desse país, onde a maioria dos produtores é pequena e tem o leite como única atividade. Nenhum outro país no mundo tem condições de produzir leite mais barato e em grande qualidade como o Brasil. FIXAÇÃO DAS FAMÍLIAS NO CAMPO O governo deve fazer o que for preciso para segurar as famílias no campo. Precisa levar em consideração que fica mais barato, para o setor público, manter o homem no campo. Uma das formas de valorizar o setor é incentivar a compra de leite para os programas sociais. ECONOMIA E SAÚDE Numa ponta da cadeia estão o produtor e a indústria, precisando vender.


Na outra ponta tem alguém que precisa consumir e não consegue comprar. O governo deve fazer essa ligação, pensando em economia na saúde. ATENÇÃO AO ABASTECIMENTO “Todos dependemos de um abastecimento de qualidade e, durante a minha gestão, será dada mais atenção ainda a esse aspecto no Brasil”, afirmou o ministro, durante o lançamento de campanha de incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras, em 18 de março último – três dias após ter sido empossado. Como deputado federal, Antônio Andrade relatou o projeto de Lei 174/11, que institui o Plano Nacional de Abastecimento de Hortigranjeiros. A campanha busca elevar o consumo de hortifrútis, dando novo impulso aos pequenos produtores e melhorando a saúde e a qualidade de vida dos brasileiros. Já em execução, a primeira fase é dirigida ao público interno das Centrais de Abastecimento (Ceasas), de aproximadamente 33 mil pessoas, a quem o Ministério ressalta sua importância como agentes de abastecimento para o incentivo ao consumo desses produtos. Também promove ações de valorização de medidas como a rastreabilidade e a utilização de embalagens adequadas. A segunda etapa será desenvolvida no se-

gundo semestre e será voltada aos supermercados, feiras, bares e restaurantes, dentre outros espaços de comércio. BRASIL PRODUTIVO Há tempos os produtores rurais brasileiros vêm provando sua capacidade de superação, fazendo da agropecuária um dos setores mais importantes da economia nacional. Graças a eles, o Brasil tem conseguido manter positiva a balança comercial e abastecer o mercado interno. Ressalte-se que entre 2001 e a atualidade, a produção de grãos aumentou 72% no Brasil, PARCERIA BEM SUCEDIDA Os sucessivos recordes conquistados pela produção agropecuária brasileira ocorrem porque iniciativa privada e governo atuam em parceria. Com créditos e políticos de fomento proporcionados pelo governo, o produtor amplia investimentos em mecanização e tecnologias modernas. Essa soma de esforços proporciona mais renda ao agricultor, sem necessariamente ter de ampliar as áreas de cultivo. LINHA DE GESTÃO Os focos de minha gestão como |9|

ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento serão a elevação de receitas do produtor e a preservação do meio ambiente. Isso significa mais créditos de investimento, além do recorde de R$ 28,3 bilhões disponíveis para a temporada 2012/13 e taxas de juros mais atrativas. ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO É preciso ampliar os investimentos em infraestrutura, tema sobre o qual manterei diálogo permanente com o Ministério dos Transportes. Não podemos prejudicar a competitividade dos nossos produtos no exterior. Nosso objetivo é ampliar a capacidade de armazenamento de grãos e iniciar a mecanização do campo. PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL Esse é o nosso horizonte. Quanto maior a produção no campo e a competitividade dos nossos produtos, mais benefícios terão todos os brasileiros. É preciso atender a demanda crescente dos mercados interno e externo, o que, sem dúvida, tem impacto positivo na geração de renda e de emprego, no controle da inflação e no bem-estar da população.

Valter Campanato/ABr

Antonio Andrade licenciou-se da Câmara dos Deputados para assumir o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


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| Economia em movimento

Deputado paranaense é o novo presidente da Comissão de Agricultura da Câmara de móveis e eletrodomésticos. Está cumprindo o seu terceiro mandato como deputado federal. Conforme ele, haverá espaço na comissão para debater as importações de leite e o seu reflexo no preço do produto internamente. O deputado Ângelo Agnolin (PDT-TO) foi eleito presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; para a presidência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável foi eleito o deputado José Luiz de França Penna (PV-SP).

Campanha contra aftosa vai até o final de maio

Senar-RS, 20 anos de atuação em favor do desenvolvimento O Senar-RS comemorou, em abril, 20 anos de ações voltadas à capacitação profissional do produtor rural gaúcho. O serviço, vinculado ao Sistema Farsul, já favoreceu 7.320.566 milhões de gaúchos através de cursos de capacitação e atividades de promoção social no campo. Deste número, 825 mil pessoas participaram dos treinamentos profissionalizantes, mais de 1 milhão de trabalhadores e produtores rurais foram atendidos por meio de palestras, seminários, cursos ou atividades relacionadas à saúde e qualidade de vida. Os demais 5 milhões participaram

de ações de cidadania, alfabetização para adultos e inclusão social. Hoje, são as mulheres que mais buscam a qualificação profissional, principalmente na área de gestão. O Senar busca agora ir além das horas ministradas nos cursos e partir para a assistência técnica rural, com projetos pilotos que vão marcar sua nova forma de atividade. Um deles, contempla a área de produção de leite: os técnicos, além de promoverem as melhorias produtivas por meio dos cursos, farão o acompanhamento dos pequenos produtores, a fim de proporcionar um salto de qualidade na sua produção. | 10 |

A Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa no Rio Grande do Sul está prevista para se realizar ao longo deste mês de maio. No ano passado, no mesmo mês, 11 mil propriedades tiveram vacinação assistida (veterinário permanece na propriedade até o fim do ato de vacinação) e em oito mil propriedades foram realizadas ações de vacinação fiscalizada (veterinário acompanha a vacinação de parte dos animais). A chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Ana Carla Vidor, chama a atenção para as propriedades de maior risco. “São aquelas propriedades com muita movimentação, próximas a estradas, assentamentos rurais e áreas indígenas e que estão entre as situações mais preocupantes”, destacou. A veterinária reforçou que há três ações de fiscalização nas propriedades rurais a serem visitadas pelos veterinários oficiais. “Durante a etapa, as visitas são classificadas em, “fiscalizada”, em que o veterinário acompanha a vacinação de parte dos animais, “assistida”, onde permanece na propriedade até o fim do ato de vacinação ou, ainda, vacinação por “agulha”, em que o profissional aplica a vacina no animal.

Nilson Bastian/Acervo Câmara dos Deputados

O deputado Fernando Lúcio Giacobo (PR/PR) é o novo presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal. O mandato à frente do colegiado vai até fevereiro de 2014. Os deputados Moreira Mendes (PSD-RO), Abelardo Lupion (DEMPR) e Luci Choinacki (PT/SC) foram escolhidos, respectivamente, 1º vice, 2º vice e 3ª vice-presidente. Giacobo, de 43 anos, nasceu na cidade paranaense de Pato Branco, onde tornou-se empresário dos ramos automotivo e


Aprovado, Relatório da Subcomissão do Leite será desmembrado em projetos de alimentos, além da criação de um sistema unificado de dados e da utilização dos créditos do PIS/COFINS. “Queremos dar voz política à cadeia produtiva do leite pelo envolvimento de todos os entes do processo e também pelo comprometimento com as demandas através de tarefas com prazos definidos”, disse o deputado. DIVULGAÇÃO

A Comissão de Agricultura da Câmara aprovou por unanimidade o relatório da Subcomissão do Leite. Agora o texto será desmembrado em 15 projetos de lei e 93 indicações ao Executivo - que serão entregues aos ministérios e órgãos competentes, como Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Fazenda, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Embrapa. A redação do deputado federal Alceu Moreira (PMDB/RS), atual presidente da subcomissão e relator do texto, consumiu dois anos de trabalho, com reuniões, conferências e visitas aos produtores. Alguns dos pontos englobam a priorização de questões de capacitação, pagamento por qualidade, fiscalização e eficiência dos laboratórios, a manutenção de recursos para infraestrutura, a ampliação das políticas de apoio à comercialização e aquisição

Proposta normatiza uso do soro do leite

Sindilat/RS debate logística

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DIVULGAÇÃO/SINDILAT/RS

O presidente do Sindilat/RS, Wilson Zanatta, participou do primeiro Correio Rural Debate, sobre logística, cujo gargalo afeta a competitividade da agricultura no País. O debate foi na Casa do Correio do Povo na Expodireto Cotrijal 2013, em Não-Me-Toque. O circuito Correio Rural Debate, patrocinado pelo Sindilat/RS, reuniu lideranças, autoridades e empresários de diversos segmentos, com mediação dos jornalistas Roberto Tavares e Glauco Menegheti. A ação de marketing do Sindilat na Casa do Correio do Povo durante a Expodireto Cotrijal foi um sucesso. Uma centena de kits com produtos lácteos dos associados, revistas Sindilat, blocos e canetas foram distribuídos para aos visitantes.

Está disponível na página do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para consulta pública, a instrução normativa que estabelece os padrões de identidade e qualidade do soro de leite destinado ao comércio nacional e internacional. O regulamento proposto fixa critérios para uso do soro na produção de alimentos. A norma de 1985 apenas estabelecia regras para o transporte, já que o soro era pouco aproveitado na indústria alimentícia e a maior parte descartada como resíduo industrial. O novo regulamento atualiza regras importantes e estabelece novos critérios. Um deles permite que a indústria de laticínios receba soro de outros estabelecimentos, algo que não era possível anteriormente. A consulta pública possibilita a participação da sociedade na tomada de decisão das ações governamentais. As contribuições são analisadas e podem ser acatadas na versão final. O Sindilat-RS está encaminhando uma proposta para a normatização do soro do leite a partir da demanda de seus associados. O Projeto de Instrução Normativa está disponível em www. agricultura.gov.br, no link Legislação, submenu, Consultas Públicas. As sugestões devem ser encaminhadas, por escrito, para a Divisão de Normas Técnicas da Coordenação Geral de Programas Especiais do Departamento de Inspeção de Produtos Animais (DNT/CGPE/DIPOA), ou para o endereço eletrônico consultpublica.dilei@agricultura.gov.br.


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| Investimentos

Noroeste e Vale do Taquari recebem novas indústrias CAROLINE BICOCCHI/PALÁCIO PIRATINI

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cadeia produtiva do leite está recebendo dois novos investimentos no Rio Grande do Sul, conforme protocolos de intenções assinados em abril último com o governo estadual. No total, a Nutrifont e a Lativale aplicarão R$ 150 milhões, em Três de Maio e em Estrela, com a geração de 110 empregos diretos a partir da entrada em funcionamento. Um deles será realizado pela Nutrifont - joint venture entre a Brasil Foods S.A. e Carbury – com a implantação de fábrica município de Três de Maio, no Noroeste gaúcho, para a produção de derivados do soro de leite, num investimento R$ 130 milhões, com a geração de 60 empregos diretos. Roberto Haag, responsável por novos negócios da Nutrifont, explica que, no caso de sua empresa, o projeto conta com incentivos do Fundopem/RS e do Integrar/RS, com previsão de início das operações para janeiro de 2014. “A unidade vai atender comercialmente a América do Sul com produtos de alta tecnologia e forte rede de inovação”, complementa. No outro, a Lativale Tangará investirá R$ 19,8 milhões na ampliação da produção de composto lácteo, com criação de 47 postos de trabalho em Estrela, no Vale do Taquari, o que lhe permitirá aumentar a capacidade, das atuais 330 toneladas para 1,2 mil toneladas mensais. Os protocolos foram firmados por representantes de ambas as empresas em cerimônia no Palácio Piratini, em Porto Alegre. De acordo com o governador Tarso Genro, “a assinatura dos protocolos é a afirmação de investimentos valiosos

para o Rio Grande do Sul por estimularem o crescimento do Interior e pelo desenvolvimento tecnológico que agregam”. O Sindilat-RS apresentou argumentos e atuou no convencimento dos técnicos da Secretaria da Fazenda do Estado sobre a importância da criação dos incentivos fiscais e a consequente realização dos projetos. Os investimentos estão sendo viabilizados pela alteração da legislação de ICMS, que prevê um incentivo para a produção de um grupo de subprodutos lácteos, em iniciativa integrada ao programa setorial da agroindústria/ leite, considerado um dos setores estratégicos da Política Industrial do governo do Estado, sob coordenação da Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI). O secretário Mauro Knijnik destaca a articulação entre a SDPI, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegó| 12 |

O governador do Estado, Tarso Genro, junto com os representantes da Nutrifont - joint venture entre a Brasil Foods S.A. e Carbury -, e Lativale Tangará

cio (Seapa) e a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR). A capacidade da Tangará será triplicada. Temos a previsão de concluir a nova planta em 2017”, explica o gerente de operações Nerildo Cordeiro, presente à cerimônia no Palácio Piratini. Já o prefeito Carlos Rafael Mallmann considera que esse é mais um grande investimento a se realizar no município. Além dele, participaram da assinatura o vice-prefeito Valmor Griebeler e o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Marco Wermann.


Três de Maio cresce como polo de processamento de leite O investimento da Nutrifont tornará o município de Três de Maio referência em laticínios na América Latina, agregando 800 mil litros aos cerca de 600 mil litros atualmente processados no complexo industrial da Brasil Foods (BRF). O novo empreendimento produzirá queijos e derivados em fábrica já em fase de construção. O processamento total, portanto, alcançará perto de de 1,4

milhão de litros/leite/dia. Presente à assinatura de protocolo no Palácio Piratini, em 10 de abril, o prefeito Olívio José Casali ressalta o fato de que a indústria será a primeira do Brasil a trabalhar com a produção de derivados do soro do leite. E também as providências do município para suprir as demandas do produto para a BRF. A Prefeitura e diversas entidades locais criaram o

Programa Municipal do Leite Sustentável, para estimular o aumento da produtividade da região. O Sindilat-RS mostrou a importância para Três de Maio da criação do Programa Municipal do Leite Sustentável, possibilitando a criação de mais de 400 empregos diretos e 1.500 indiretos, além de aumentar o retorno de ICMS e do Fundo de Participação Municipal.

O complexo industrial Planta de Processamento de Leite em Pó Investimento de R$ 67,4 milhões. A indústria tem a capacidade de processar 600 mil litros de leite diariamente, com capacidade para processar mais de 2 mil toneladas de leite ao mês e faturamento anual previsto para R$ 150 milhões.

Planta de Produção de Derivados do Soro do Leite Investimento de cerca de R$ 130 milhões. O soro do leite, que é utilizado principalmente pelos fabricantes de alimentos infantis e de suplementos alimentares para atletas, poderá ser exportado

Planta de Fabricação de Queijos, Requeijão e Derivados Investimento de R$ 66 milhões. A unidade que fabricará queijo Mussarela, requeijão e derivados já está em construção junto à indústria de leite em pó e a estimativa é de que sejam processados 800 mil litros de leite diariamente para a produção de queijo.

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para países do Mercosul, porém os clientes mais assíduos serão do mercado interno, visto que as empresas brasileiras atualmente importam a proteína para confeccionar seus artigos. Fonte: Prefeitura de Três de Maio


DIVULGAÇÃO

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| Artigo jurídico Renato Simões da Cunha Sócio da Souza, Berger, Simões e Plastina Advogados, presidente do Instituto IDEIA e especialista em Direito Empresarial e Ambiental

A negociação coletiva e a súmula 277 do TST

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negociação coletiva trabalhista é um dos mais significativos métodos de solução de conflitos, sendo o pilar de sustentação do Direito Coletivo do Trabalho. Os instrumentos que formalizam a negociação e estabelecem as normas coletivas são o Acordo Coletivo e a Convenção Coletiva. A Convenção Coletiva, nas palavras do jurista Pedro Paulo Manus, é o acordo de caráter normativo, isto é, o instrumento cujo conteúdo são normas estabelecidas pelo sindicato profissional e patronal, de aplicação obrigatória a cada um dos contratos individuais de trabalho existentes entre empregados e empregadores abrangidos pelos sindicatos convenentes. A Convenção Coletiva celebrada por dois sindicatos (profissional e patronal) alcança toda a categoria, sendo que o Acordo Coletivo é celebrado por um sindicato de trabalhadores e apenas uma ou algumas empresas da categoria, com aplicação limitada aos contratos individuais de trabalho desta ou destas empresas acordantes e seus respectivos empregados. O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, atual presidente do Tribunal Superior do Trabalho, no seu discurso de posse em março do corrente ano, destacou a importância da mediação e a interpretação correta da legislação trabalhista. Ainda, ressaltou a importância da negociação coletiva. Entretanto, após a alteração do texto da Súmula 277 do TST, muito se tem discutido sobre os efeitos de tal medida nas negociações coletivas e as repercussões jurídicas no

âmbito do Direito Coletivo do Trabalho. A atual redação da Súmula, em sentido oposto do que estabelecia a antiga redação, reconhece a ultratividade das normas coletivas, o que acarreta a incorporação das condições mais favoráveis fixadas em Acordos ou Convenções Coletivas aos contratos de trabalho, como abaixo se observa: “CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE - As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho. (Súmula nº 277 do TST - redação atual) (gn)” Assim, em face do atual entendimento sumulado, somente por ocasião de novo Acordo ou Convenção Coletiva poderia se cogitar em fazer alterações no pactuado ou mesmo suprimir algum benefício concedido na negociação anterior, mesmo após o período de vigência do instrumento. Na redação anterior da Súmula o negociado em Acordo ou Convenção Coletiva não se incorporava ao contrato de trabalho, vez que a aplicação do negociado estava diretamente vinculada ao período de vigência da norma. Ora, inegavelmente, esse novo contexto modifica um posicionamento histórico da Justiça do Trabalho, o que tem gerado grandes dificuldades nas | 14 |

negociações, bem como inibido a concessão de novos benefícios aos empregados e afastado os empregadores da negociação coletiva. Não obstante o defendido por alguns Ministros do TST, em artigo sobre o tema, posterior a publicação da nova redação da Súmula (http://aplicacao.tst. jus.br/dspace/handle/1939/28036), no sentido de que a nova redação promove uma harmonia entres os atores coletivos da relação laboral, não é o que se verifica na prática. Aliado a isso, a ausência de reiteradas decisões que justificariam uma revisão de posicionamento, igualmente, gerou surpresa e insegurança no tocante a amplitude das consequências do novo entendimento. O Tribunal Superior do Trabalho, em última análise, optou pela denominada teoria da aderência limitada por revogação, que nas palavras do jurista Godinho Delgado, em se tratando de norma jurídica, somente desapareceria do contrato individual o direito consignado autonomamente se e quando houvesse alteração (expressa ou tácita) da norma negociada coletivamente por outra, fruto de ajuste sindical posterior. Diante do exposto, na busca por uma negociação eficiente e de fato pacificadora, é de fundamental importância uma análise criteriosa dos atuais Acordos e Convenções Coletivas firmados, bem como definir com clareza os limites e restrições de eventuais benefícios a serem concedidos nas próximas negociações.


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| Eventos

Encontro do Sindilat e Tetra Pak teve palestra de Luís Nassif AGÊNCIA BRASIL

O Sindilat/ Das 9h às RS e a Tetra Pak, 11h do dia 10, líder mundial em sexta-feira, ocorsoluções para reu o workshop processamento e Tetra Pak; das envase de alimen11h às 12h patos, realizaram lestra com o jornos dias 9 e 10 nalista econômide maio, no Hotel Luís Nassif co Luís Nassif, diCasa da Montaretor da Dinheiro nha, em Gramado, 115 km Vivo, primeira agência de de Porto Alegre, um encon- informações online do patro especial com as maiores ís fundada há 23 anos. Ele empresas do setor. No dia 9, foi vencedor do Prêmio de quinta-feira, das 14h às 18h, Melhor Jornalista de Ecoo Sindilat realizou workshop nomia da Imprensa Escrita de qualidade com os asso- do site Comunique-se nos ciados. Às 19h aconteceu o anos de 2003, 2005 e 2008. coquetel de boas-vindas e, Atualmente, apresenta o às 20h, jantar para os partici- programa Brasilianas.org, pantes do evento. na TV Brasil.

Interleite irá debater os sistemas de produção

O MilkPoint realizará, entre 7 e 8 de agosto próximo no Gran Palazzo - Centro de Eventos em Passo Fundo/RS, a quarta edição do Simpósio Interleite, com a expectativa de reunir entre 800 e 1.000 participantes. O evento conta com apoio de diversas entidades e empresas, bem como um programa alinhado às necessidades da região. O Interleite 2013 é uma realização do MilkPoint, com o apoio de instituições locais como Sindilat, Sebrae/RS, Farsul e Senar-RS através do programa ‘Juntos Para Competir’.

Sindicato no Fórum Nacional de Lácteos

O presidente do Sindilat/RS, Wilson Zanatta, irá participar do debate Mercado do Leite no Brasil e no Mundo durante o 4º Fórum Nacional de Lácteos, que acontece paralelamente ao 10º Simpósio do Leite – Simpósio de Bovinocultura de Leite do Alto Uruguai e 2ª Mostra de Trabalhos Científicos, nos dias 18 e 19 de junho, em Erechim. Os eventos, organizados pela Associação dos Médicos Veterinários do Alto Uruguai (Amevau), têm como objetivo proporcionar o debate sobre ensinamentos técnico/científicos, bem como um fórum de discussão e trocas de informação.


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| Desenvolvimento

Como a produção de leite quase dobrou em 10 anos no RS O

Rio Grande do Sul produziu 4,19 bilhões de litros de leite em 2012, 8% a mais do que em 2011. Em relação a 2002, quando os produtores gaúchos produziram 2,32 bilhões de litros de leite, o crescimento chega a 80%. A elevação foi consequência de investimentos, nas últimas décadas, em sanidade, equipamentos, qualificação do rebanho através de melhorias na pastagem e conservação do solo. A produção leiteira vem se tornando uma das peças importantes na economia gaúcha e das mais rentáveis do pequeno produtor. As cidades, através dos derivados, têm criado uma grande demanda destes produtos. Atualmente há no território gaúcho mais de 200 indústrias de laticínios, com inspeções federal, estadual ou municipal. A produção envolve diretamente 121 mil produtores e um rebanho de um milhão e meio de animais. Do total de 496 municípios gaúchos, 449 têm

produção láctea, ou seja, 91% do total. Do PIB do Rio Grande do Sul, 2,67% provêm da cadeia láctea, o que corresponde a R$ 5,93 bilhões. O parque industrial tem capacidade de 15,5 milhões de litros por dia, com produção média de 9,5 milhões de litros. Para entender as razões do crescimento do setor é preciso voltar até fins da década de 1980, quando a industrialização brasileira estava baseada no processo de substituição de importações, e as recorrentes crises cambiais geraram uma política de importações que permitia apenas a entrada no país de bens sem similar nacional ou bens necessários para suprir um eventual excesso de demanda. Essa política protecionista apoiavase em tarifas aduaneiras elevadas, lista de produtos proibidos de importação e limite máximo anual de compras externas por empresa, entre outros. O início da década de 1990 foi | 16 |

marcado por importantes transformações de caráter estrutural, ocorridas nos ambientes econômico e institucional, com a implantação de reformas de cunho liberalizante com a intenção de aumentar o nível de eficiência na economia. As mais significativas barreiras não-tarifárias foram retiradas pelo governo federal. Durante a maior parte do restante da década, as importações foram controladas fundamentalmente pelas tarifas e pela taxa de câmbio. A outra etapa, ocorrida em 1994, esteve associada às reduções


Divulgação/Sindilat/RS

tarifárias promovidas no início do Plano Real, visando disciplinar os preços domésticos através de uma competição externa maior. A implantação do Real gerou uma forte valorização da moeda brasileira, no momento de afirmação do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a extinção de tarifas diferenciadas para os países membros. A importação cada vez maior de lácteos, especialmente dos países vizinhos, Uruguai e Argentina, capitaneada justamente por leite em pó e queijos, teve a entrada fa-

cilitada pelos custos de produção menores e câmbio favorável. Ao mesmo tempo, como a Região Sul está localizada próxima dos países produtores do Mercosul, reagiu ao ser pressionada diretamente pela concorrência. A determinação governamental de abrir o mercado levou as empresas a despertar para o tema da competitividade. Vivendo anteriormente num aspecto competitivo basicamente restrito ao território nacional, as indústrias e cooperativas de leite, de capital nacional, se vi| 17 |

O produtor buscou melhorar o manejo, investiu em ordenhadeiras mecânicas, alimentação do gado e assim aumentar a produção de leite no Rio Grande do Sul


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| Desenvolvimento

Divulgação/Sindilat/RS

ram obrigadas a se reestruturar sob a ameaça de desaparecerem. A indústria de laticínios expandiu-se após a década de 1990, apresentando empresas de porte, com a capacidade de atender a todo o mercado nacional e até mesmo exportar, fato até então raro no setor. A Instrução Normativa 51, que entrou em vigor em 2005, nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, regulamentou a produção, identidade, qualidade, coleta e transporte do leite A, B, C, Pasteurizado e Cru Refrigerado. Esta normativa provocou uma série de modificações para os produtores, empresas

de laticínios e consumidores, sendo que sua implantação forneceu ao leite brasileiro parâmetros aceitos internacionalmente, o que possibilitou um acréscimo nas exportações de lácteos. Para atender os consumidores com produtos de qualidade, a cadeia láctea buscou melhorar o manejo e alimentação do gado leiteiro e assim aumentar a produção de leite no Rio Grande do Sul. “O rebanho tinha um potencial genético razoável, mas faltavam condições de expressar esta genética”, explica o presidente do Sindilat/RS, Wilson Zanatta. Outras medidas, conforme

ele, envolveram investimentos em sanidade, logística, além dos incentivos fiscais, linhas de crédito do governo, que ajudaram o produtor a ter acesso a financiamento com juros mais adequados. Zanatta ressalta que naquele momento houve a participação de todos os envolvidos no agronegócio como institutos e secretarias de governo, empresas de genética bovina, indústrias, que recebem o leite, além das cooperativas. “Toda a cadeia trabalhou para que o leite tivesse importância econômica e não somente de subsistência como era anteriormente.”

Produção de leite em alta nas últimas décadas (em mil litros) Ano Brasil 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2007 2008 2009 2010 2011

7.101.261 9.782.169 11.461.215 12.491.814 14.484.414 15.783.557 18.693.915 21.642.780 25.398.219 26.137.266 27.585.346 29.085.495 30.715.460 32.096.214 Fonte: IBGE

Rio Grande do Sul 771.689 825.562 1.249.448 1.188.134 1.451.797 1.626.215 1.914.556 2.329.607 2.625.132 2.943.684 3.314.573 3.400.179 3.633.834 3.879.455


a ascensão de classes mais pobres. O efeito foi sentido no setor empresarial: a maior renda do trabalhador converteu-se em compras. A alta no consumo, por sua vez, estimulou investimentos no comércio e na indústria, inclusive em contratações, realimentando o ciclo. O resultado foi a redução em 43% do número de pobres (brasileiros com renda per capital mensal inferior a R$ 140), que caiu de 50 milhões para 29 milhões desde 2003. O secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS, Luiz Fernando Mainardi, acrescenta como causas subsidiárias, políticas tributárias estaduais que deram competitividade ao setor, a atuação das entidades sindicais e a gradual criação de políticas municipais de apoio à pecuária leiteira. “Houve a conscientização de que o leite é a principal atividade para manter o produtor no campo com renda digna, além da expansão da assistência técnica oficial e privada, principalmente através das cooperativas.” Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do RS, Ivar Pavan, o leite é um produto característico da agricultura familiar, que permite a renda ao agricultor e proporciona a diversificação da propriedade. Ele cita também o avanço tecnológico que permitiu a ordenha mecânica, o plantio de pastagens de melhor qualidade, que possibilitaram aumentar a produção de alimentos na pequena propriedade. A melhoria genética dos animais, com potencial de produção cada vez maior, é outro aspecto salientado pelo secretário. Para ele, esse conjunto de fatores é responsável pela expansão da bacia leiteira no Rio Grande do Sul. Os bons preços pagos aos produtores atualmente também estimulam o agricultor a optar pela atividade. Mais um elemento favorável é a tradição das famílias de agricultores gaúchos de cuidar de alguns animais em suas propriedades. Mais recentemente passaram a cuidar de forma muito mais profissional.

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Pavan: O leite é um produto característico da agricultura familiar Divulgação/Sindilat/RS

Em 1994, em consequência das reivindicações dos agricultores familiares, o governo Itamar Franco criou o Programa de Valorização da Pequena Produção Rural (Provap), que operava basicamente com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Provap seria o embrião de uma importante política pública criada dois anos mais tarde, em 1996, pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e destinada aos agricultores familiares, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), conforme explicam Sérgio Schneider, Marcelo Kunrath Silva e Paulo Eduardo Marques no livro Políticas Públicas e Participação Social no Brasil Rural. Segundo os autores, o surgimento deste programa representa o reconhecimento e a legitimação do Estado, em relação às especificidades de uma nova categoria social – os agricultores familiares – que até então era designada por termos como pequenos produtores, produtores familiares, produtores de baixa renda ou agricultores de subsistência. Desde 1996, o Pronaf tem se firmado como a principal política pública do governo federal para apoiar os agricultores familiares. A partir de 1997, ganha maior dimensão e passa a operar de forma integrada em todo território nacional. A produção de leite no Brasil em 1994 foi de 15,7 bilhões de litros e 10 anos depois, em 2004, passou para 23,4 bilhões de litros, conforme o IBGE. Hoje, a produção nacional passa dos 33 bilhões de litros por ano. A redistribuição de renda praticada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva na década de 2000 teve também papel de destaque para o aumento no consumo dos produtos lácteos. Programas sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002 para R$ 510, em 2010) permitiram

Gustavo Gargioni/Palácio Piratini

Políticas públicas para o produtor mudaram o cenário nas pequenas propriedades

Mainardi: Conscientização de que o leite é a principal atividade para manter o produtor no campo


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| |Cartola Desenvolvimento

Previsões promissoras para o futuro do setor lácteo Especialistas ligados à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) discutem como alimentar nove bilhões de pessoas que deverão viver em 2050. A produção de alimentos terá de aumentar 60% até 2050 só para manter o ritmo previsto de crescimento da população global. Nesse cenário a demanda por produtos lácteos líquidos no mundo deve crescer 30% entre 2010 e 2020, de acordo com o Tetra Pak Dairy Index, pesquisa global sobre tendências de consumo na indústria de leite. A Leite Brasil, associação que representa os produtores nacionais, divulgou o balanço anual do segmento no país, no qual projeta que o crescimento deve ser de 3% na produção de leite em 2013. A expectativa é de que neste ano a produção seja de 34 bilhões de litros. Com esse desempenho, o país deve assegurar a terceira posição do ranking mundial, atrás dos Estados Unidos e Índia. O estudo mostra que a produção de leite industrializado em 2012 cresceu 5% no Brasil em relação a 2011, alcançando 24,033 bilhões de litros. O consumo per capita de leite teve alta de 3%, saltando de 173 litros por habitante por ano em 2011 para 177 litros por habitante em 2012. Mantido esse ritmo, a previsão é alcançar 181 litros por habitante em 2013. A meta para daqui cinco anos é ficar próximo do recomendado pelo Guia Alimentar do Ministério da Saúde, que é de aproximadamente 200 litros por habitante. O presidente do Sindilat/RS, Wilson Zanatta, ressalva que dificilmente

o setor lácteo brasileiro vai dobrar a produção nos próximos 10 anos, pois a base de cálculo agora é outra. No início da década de 2000, a base era pequena e o percentual de crescimento foi mais fácil de ser atingido. “Acredito que teremos um avanço significativo nos próximos 10 anos, mas não tão expressivo como a década passada. Já estamos com um nível tecnológico razoável, devemos melhorar, mas começa a ser mais difícil crescer”, acrescenta. Zanatta ressalta a importância de programas como o Programa de Desenvolvimento da Cadeia do Leite no Rio Grande do Sul (Prodeleite-RS), FundoLeite, Instituto Gaúcho do Leite (IGL). Países que deram o salto de qualidade já têm institutos em funcionamento, juntos os produtores, indústrias e governo fazem suas políticas, pesquisas, melhorias, marketing e expansão do mercado. “O Muva, instituto de pesquisa para análise, garantia da qualidade e do desenvolvimento de produtos lácteos da Baviera, tem 125 anos; na Nova Zelândia, tem o NAIT, Identificação Animal Nacional e Rastreabilidade. Estes institutos têm uma participação pública, mas uma gestão privada. Assim, os projetos são mais direcionados, efetivos e dinâmicos, visando cada vez mais à profissionalização do setor.” O projeto Prodeleite, que ainda não foi enviado à Assembleia Legislativa, irá indicar as grandes diretrizes do setor, explica o secretário Luiz Fernando Mainardi. “O resto, a própria cadeia - entes públicos e privados - irá definindo de forma dinâmica, através de uma trilogia: Prodeleite, FundoLei| 20 |

O laboratório Qlip, localizado em Zutphen, Holanda, executa programas de garantia de qualidade nas fazendas de gado leiteiro te e IGL. Não acredito em dificuldades de envio e de tramitação na Assembleia Legislativa. O projeto de lei é uma construção conjunta da cadeia e suprapartidário.” Para Mainardi, o Prodeleite provocará o desenvolvimento econômico e social do Estado, tendo em vista que a atividade leiteira está presente em mais de 90% dos municípios gaúchos. Afirma que a renda que o setor gera influencia diretamente o sucesso ou não do comércio local e de parcela expressiva das indústrias. Em relação ao FundoLeite, a principal característica será a participação público privada, mesmo sendo um fundo público. Mainardi entende que Conselho Gestor deverá ser presidido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e a Agronegócio, tendo a figura do Secretário da Agricultura como presidente do Conselho Deliberativo. Quanto à sua receita ordinária, uma inovação importante é a participação do Estado, que está se comprometendo a contribuir na mesma proporção de cada uma das partes privadas (produtores e indústrias). Será, pois, uma receita ordinária tripartite: 1/3 dos produtores, 1/3 da indústria e 1/3 do Estado. Para Mainardi, a parte de produtores e indústrias não


Divulgação/Sindilat/RS

| Cartola

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China

52,5

Rússia

88,6

Brasil

Maiores países produtores de leite (2011) - em milhões de toneladas métricas

Índia

pesará, pois será equivalente à paga atualmente ao Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária (Fundesa). E será compensada com a contribuição do Estado. Este, adicionalmente, destinará também outras verbas específicas. A previsão do governo do Estado é encaminhá-lo ainda em maio à Assembleia Legislativa. “O consenso não está distante de acontecer com a concordância tanto do produtor como da indústria em contribuir com o FundoLeite, faltando a forma final do projeto”, diz Zanatta. Já o estatuto do IGL está definido pelas principais entidades privadas da cadeia, resta apenas definir a base de associados conforme Mainardi. Deverá ser feita uma discussão final. “Antevemos condições de em breve já termos sua primeira diretoria que cuidará de fazê-lo funcionar rapidamente, mas dependente da existência dos seus parceiros da trilogia básica: Prodeleite e FundoLeite.”

Estados Unidos

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33,2

31,7

30,7

Fonte: USDA e IBGE e Leite Brasil


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| Desenvolvimento

Diversos programas são lançados pelo Estado As políticas públicas também fazem parte do estímulo de ampliar e fortalecer a bacia leiteira. O programa Mais Leite de Qualidade foi lançado no início de março passado durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. “O nosso foco é diminuir a ociosidade do parque industrial lácteo, que hoje opera, em média, com cerca de 60% de sua capacidade instalada e provocar o aumento da renda do produtor, através da melhoria das condições sanitárias, possível com a adoção destes equipamentos, o que pode representar um ganho de até 10% no preço do litro entregue à indústria, o que também acaba se refletindo na ampliação da renda pública”, explicou o secretário Luiz Fernando Mainardi durante o evento de lançamento. O programa tem como objetivo estimular, através de subvenções e subsídios, a implantação de resfriadores de expansão direta e ordenhadeiras em cerca de 44 mil propriedades que ainda não possuem esses equipamentos ou, se possuem, estão com eles defasados tecnicamente. O governo do Estado investirá R$ 78,2 milhões no programa Mais Leite de Qualidade e espera recuperar este valor pelo incremento da arrecadação a partir do aumento da produção. Com os reflexos deste programa, o governo estima em R$ 318 milhões o crescimento da arrecadação. São duas linhas de atuação. Uma beneficiando quem tem acesso ao crédito (Pronaf) e a outra, que não possui crédito. No primeiro caso, o Estado, ao assumir a última parcela do financiamento, subvenciona cerca de 15% do investimento. No segundo, a bonificação do Estado será de 50%.

A Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo lançou em 2011 o programa Leite Gaúcho, que integra um conjunto de programas para o desenvolvimento da agricultura familiar gaúcha. O programa projeta qualificar 30 mil produtores, que recebem orientações técnicas de manejo, alimentação do gado, sanidade animal, melhoria genética, qualidade da água e do leite. “A bacia leiteira do CentroOeste se deslocou fortemente para a região Sul em busca deste potencial enorme da agricultura familiar com 380 mil agricultores, que combina com a produção de leite. Não é por acaso que 85% da produção gaúcha de leite tem origem na agricultura familiar”, afirma o secretário Ivar Pavan. O Programa Gaúcho de Leite também está financiando sementes de forrageiras de inverno. Na sua segunda edição, em 2013, o valor por beneficiário passa dos R$ 200,00 vigentes em 2012 para R$ 300,00. A elevação atende solicitações das entidades vinculadas ao Programa Leite Gaúcho, entre

as quais o Sindilat/RS. Pelo programa, uma linha de crédito é oferecida via Feaper, com bônus de adimplência de 30%, para aquisição de sementes forrageiras a serem utilizadas na formação de pastagens de inverno. Os objetivos são aumentar a produção e a produtividade e melhorar a qualidade do leite e dos rebanhos de corte nos estabelecimentos de base familiar. Em 2012, o programa beneficiou cerca de 20 mil agricultores e pecuaristas familiares, vinculados a 80 entidades - entre cooperativas, associações e sindicatos – com a liberação total de aproximadamente R$ 4 milhões. É incontestável a importância do agronegócio para a geração de renda, emprego e divisas para o desenvolvimento do Brasil. Além disso, o mundo está bem longe da meta de reduzir pela metade o número de famintos até 2015 e pode não atingir o objetivo nem em 2030, segundo a Organização das Nações Unidas Alimentação e Agricultura, mas o segmento lácteo brasileiro está fazendo a sua parte. Divulgação/Sindilat/RS

O programa do governo do Estado Mais Leite de Qualidade foi apresentado em março passado durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque


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Empresário possui três fazendas de produção de leite na região de Capão do Leão, com 700 vacas que passam por quatro a cinco lactações e depois são descartadas com cerca de sete ano

| Entrevista Cartola

Arno Kopereck completa 40 anos na direção da Cosulati

A

té 1973, Arno Alfredo Kopereck, descendente de alemães de origem polonesa, era um pequeno produtor rural de Pedro Osório, na região Sul do RS. Já envolvido com a atividade leiteira, produzia somente um tarro por dia, mas vislumbrava um futuro promissor para o segmento lácteo. Neste mesmo ano ingressou na área de fomento da Cooperativa Regional de Laticínios (Coolapel), poucos meses antes da fusão com a Cooperativa Regional de Laticínios da Região Sudoeste do RS (Colacti), que provocou o surgimento da Cooperativa Sul-Rio-Grandense de Laticínios Ltda. (Cosulati). Em 1990, concorreu a diretor-presidente da Cosulati, sendo eleito com mais de 86% dos votos dos associados. Reeleito seis vezes, continua no cargo até hoje. Ao completar 40 anos de Cosulati, Kopereck coordena unidades de produção em Morro Redondo, Capão do Leão, Canguçu e Pelotas, com a cooperativa tornando-se referência nos segmentos de laticínios, rações e aves na região. Pro-

DIVULGAÇÃO/SINDILAT/RS

prietária da marca Danby, a cooperativa é geradora de aproximadamente 800 postos de trabalho, com 3.290 associados. Sua bacia de captação está espalhada por 32 municípios gaúchos, num universo que reúne no processo de produção em torno de 20 mil pessoas. Projeta investimentos na suinocultura, com a consolidação de um frigorífico e fruticultura, com a industrialização das frutas da região, especialmente o pêssego. Aos 64 anos, Kopereck não abre mão da proximidade da família. Assumidamente um avô coruja, quer sempre por perto as netas Gabriela e a Luana. É casado há 37 anos com Regina, com quem tem os filhos gêmeos Vagner e Verner e a filha Viviane, casada com Daniel Retzlaff, que administra as propriedades da família. Kopereck foi presidente do Sindilat-RS de 2004 a 2007, quando decidiu sair da sala localizada na sede da Elegê Alimentos, atual BRF, e ir para a atual sede na Avenida Mauá, Edifício Klift Tower, em Porto Alegre. | 23 |

Sindilat – Entre 2004 e 2012 houve um crescimento na produção de leite gaúcha de 77%. O que aconteceu na década de 2000 para que ocorresse este aumento de produção? Kopereck – A partir dos anos 2000, quando o Brasil tornou-se autossuficiente em produção de leite e também começou a exportação, foi necessário que se enquadrasse nas normas e padrões internacionais. A Instrução Normativa nº 51 teve como objetivo o estabelecimento de padrões para a melhoria da qualidade dos produtos oferecidos aos consumidores brasileiros e do exterior. Isto foi feito através das indústrias do setor. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento começou a fechar o cerco. No mesmo momento começou pelo Rio Grande do Sul a granelização do leite. Na prática, isso significou que a coleta de leite a granel passou a ser feita a partir do armazenamento em tanques de expansão instala-


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| Entrevista

dos nas propriedades. A primeira foi a Cooperativa Central Gaúcha Ltda. (CCGL) e a segunda a Cosulati. Naquele momento, percebemos que era possível transportar o leite a granel, o que até então ninguém acreditava. O sistema de transporte de leite no Brasil era feito em latões, como ainda acontece em algumas partes do Nordeste. Uma missão do Sindilat foi à Europa para observar exemplos de países que já faziam a granelização. Voltamos convictos de que era necessário granelizar a coleta do leite e automatizar a extração do leite através de ordenhadeiras mecânicas. Depois da Europa, um novo grupo foi formado, incluindo os transportadores, para ver como funcionava o processo na Argentina. Naquela época, no final dos anos 1990, a Argentina estava de 20 a 30 anos na nossa frente na atividade leiteira. Sindilat – Como foi o início do processo para aquisição de equipamentos? Kopereck – Lembro que por volta de 1998, 1999, um ex-funcionário da Cosulati começou a fabricar resfriadores de imersão. Os primeiros eram uma caixa d´água de fibrocimento de 500 litros, com uma serpentina e um motorzinho em cima da tampa. Neste momento, os produtores passaram do latão para os tarros de alumínio, melhor condutor de frio. Assim começou a era do resfriamento do leite na

propriedade. Isso foi feito com bastante intensidade. De imediato começamos a transformar as rotas de coleta de leite para dia sim, dia não, em carro tanque de aço inox, desde que o produtor tivesse um resfriador para armazenar o produto de um dia para outro. No início foi difícil. Hoje, a Cosulati possui 60 tanques de coleta de leite a granel. Então houve uma grande mudança na atividade leiteira nos últimos 15 anos porque a produção aumentou, ficamos autossuficientes e surgiu a possibilidade de exportação. Para exportar tinha que ter um padrão de produto. Sindilat – Houve um investimento em todas as etapas da cadeia de lácteos? Kopereck – Houve um investimento bastante grande nas usinas, cooperativas e indústrias. Todos se equiparam, importaram equipamentos de última geração para o processamento do leite em pó. No entanto, o produtor não acompanhou este crescimento. É preciso fazer um trabalho no campo com a juventude. Uma grande preocupação no Rio Grande do Sul é com a sucessão familiar, mas junto precisa o investimento em qualificação. O produtor e seu filho devem passar de produtores de leite para empresários rurais. Não existe mais espaço para amadorismo. O produtor precisa saber quanto custa sua produção e o que deve receber líquido para

tornar seu negócio rentável. Cooperativas, indústrias e Sebrae devem administrar cursos para os produtores, principalmente os mais jovens, filhos de produtores. Desta forma, incentivar que eles permaneçam no campo e produzam com qualidade. Não tenho a menor dúvida que a atividade leiteira vai crescer com qualidade. Se não for assim será muito difícil exportar. Sindilat – Como melhorar a qualidade? Kopereck – Tenho certeza que sempre haverá mercado para produtos lácteos de qualidade, porque todos precisam se alimentar. Cabe a nós, industriais e cooperativas, mostrar ao produtor que é fundamental produzir com qualidade e produtividade. Muitas vezes os produtores perguntam quando vai subir o leite, mas muito antes temos que nos preocupar com a qualidade e preparados para aumentar a produção. Só posso exigir se tenho produto de qualidade. Só vai permanecer na cadeia produtiva quem for organizado. Quem não se preocupar com qualidade e produtividade ficará fora do mercado. A Cosulati investiu em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, mais de R$ 3 milhões num assentamento onde tem uma cooperativa que nos entrega 66 mil litros de leite por dia em tanques de aço inox para melhorar a qualidade. É preciso que se diga que


| Cartola

não existe outra atividade no meio rural que remunere e dê um retorno tão rápido quanto o leite. Normalmente o prazo nas redes de supermercados é de 45 dias para pagar os fornecedores. O produtor de leite recebe, em média, em 23 dias ou menos. O leite que entregou entrou nos últimos dois dias do mês recebe dia 14, 15. Não tem outro segmento rural que investe, produz e tem certeza que vai entregar a produção e receber por ela. Sindilat – O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foi importante em termos de financiamentos oficiais? Kopereck – O Pronaf é específico para os pequenos produtores. Cerca de 70% dos produtores ligados a Cosulati podem tomar recursos do Pronaf. Sem dúvida, não tive conhecimento em momento algum da minha vida como produtor rural de tantos recursos ofertados em todos os níveis do agronegócio como agora, com juros diferenciados, desde 1,5% até 5,5% para um produtor de porte. Esta semana comprei um caminhão via Finame com juros de 3% ao ano, com prazo de oito anos para pagar. Hoje o produtor, pequeno, médio ou grande, é que decide o seu tamanho, porque recursos estão disponíveis e com facilidade de acesso. Há quarenta anos, quando eu era um pequeno produtor, tinha muita dificuldade para comprar um trator, os ban-

cos não financiavam. Eu andava pela cidade e ficava olhando os edifícios, o comércio e pensava como é que a população urbana tinha acesso ao crédito, ao contrário do produtor rural. Tudo isso mudou. Evidentemente que o produtor precisa ter produtividade e acima de tudo qualidade. Sindilat – Nos próximos 10 anos, o que precisa ser feito para o segmento lácteo continuar crescendo? Kopereck – Há 15 anos, o Rio Grande do Sul tinha duas usinas de leite em pó. Era a Cosulati, desde 1957, e a Central Gaúcha de Leite, em Teotônia. Hoje devemos ter de oito ou nove indústrias de leite em pó, o que demonstra o crescimento da produção no Rio Grande do Sul. Este é o caminho porque o leite em pó é uma commodity, com um ano para ficar estocada em embalagem comercial, depois mais um ano empacotada em sachê aluminizado. No total, dois anos próprios para o consumo. O leite em pó é uma commodity para exportação. Tem ainda o leite longa vida que veio para ficar. Atendeu aos interesses das donas de casa. O Leite tipo C, 15 anos atrás, dificilmente aguentava 24 horas na porta da geladeira. Hoje, o leite UHT pode ficar quatro a cinco dias na geladeira e continua próprio para consumo. O motivo é que melhorou a sanidade dos animais, a higiene na ordenha, sistema de transporte e o

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resfriamento. Por isso, os próximos 10 anos serão de crescimento, sem dúvida, mas teremos que exportar. Tem o México, por exemplo, grande importador de leite. É nicho de mercado que devemos perseguir. Hoje, temos qualidade e competitividade. Sindilat – O senhor entrou na Cosulati há 40 anos. O que mudou de lá para cá? Kopereck – A cooperativa recebia 72 mil litros de leite por dia e, no verão passado, o volume chegou a 570 mil litros por dia. Os números deixam claro a tendência de um mercado cada vez mais profissional, com o aumento da escala de produção. Em 2008, no aniversário de 35 anos da Cosulati, foi inaugurada a terceira Torre de Leite em Pó da cooperativa, com equipamento todo importado da Suécia. A capacidade de industrialização da unidade passou para 450 mil litros/dia de leite em pó, triplicando a produção. Nosso parque industrial tem a capacidade de um milhão de litros/dia. A média do produtor de leite é hoje de 120 litros/dia, que ainda é baixa.

A fertilização do solo através do chorume (à direita na foto) está em uso nas propriedades, enquanto o comum é irrigação com água

DIVULGAÇÃO/SINDILAT/RS

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| Entrevista

Sindilat – Quando o senhor ingressou na atividade leiteira? Kopereck – Sou produtor desde jovem, antes de ingressar na cooperativa. Era um produtor de 30 litros de leite/ dia, um tarro, mas sempre acreditei na atividade. Ao passar para diretor da Cosulati, em 1990, ampliei esta produção e fui aumentando lentamente. A atividade leiteira não é de um dia para outro. Não é como a avicultura que o produtor recebe o pinto hoje e 43 dias depois está entregando no frigorífico, mas é possível crescer. Ao mesmo tempo, ampliei a área em terras. Hoje tenho 367 hectares alugados de terceiros, onde planto 300 hectares de milho em duas safras, com uma produção de 10 mil toneladas de silagem. Continuei investindo, com apoio da cooperativa, um filho veterinário e um genro que administra as fazendas. Este conjunto de fatores me anima a aumentar a produção. Em 2012, fiquei entre os 100 maiores produtores de leite do Brasil, com a produção de 9.724 litros de leite/dia. Em 2013, pretendo produzir 14 mil litros/dia em média/ano. Há poucos anos, os maiores produtores de leites da região Sul chegavam a 200 a 300 litros de leite/dia. Hoje, tem muitos produtores com dois, três mil litros/dia. No Brasil, a maior produção é de 50 mil litros/dia no estado de Goiás. No entanto, aquele que produz 6.400 litros/dia ainda está entre os 100 maiores produtores de leite do Brasil. Temos ainda muito a crescer. Sindilat – Qual o tamanho de seu plantel? KOPERECK – Eu tenho três fazendas de produção de leite, cinco quilômetros uma da outra, mas uma delas passou a ser para recria. Neste local, as novilhas ficam quando estão entre 40 a 50 dias para parir e depois deixam a terneiro no local, retornando para a produção de leite de onde vieram. São 700 animais que estão produzindo no início e no fim da lactação. Nós ado-

DIVULGAÇÃO/SINDILAT/RS

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Kopereck planta 300 hectares de milho em três fazendas. A produção de 10 mil toneladas é estocada em silos

tamos quatro lactações, no máximo cinco lactações e depois a vaca é descartada, com cerca de sete anos. Sindilat – O investimento em maquinário é importante para aumentar a produção? Kopereck – Faço investimentos pesados em máquinas. No Paraná comprei um equipamento para fertirrigação, a segunda máquina fabricada no Brasil. Hoje, já existem diversas no campo. É a fertilização do solo através do chorume. Em todo o Rio Grande do Sul não se encontra uma máquina como esta. O que já está em uso no Estado é equipamento de irrigação com água, mas na fertirrigação somos os pioneiros. Atualmente, tenho três conjuntos, dois para água e um para fertirrigação e estão chegando mais dois conjuntos de fertirrigação para as três propriedades na região de Capão do Leão. O milho sem irrigação produz 80 a 90 sacos por hectare, mas irrigado chega ao dobro. O investimento em irrigação se paga rapidamente. Evidentemente a utilização de efluentes de qualquer natureza é passível de exigência tanto de licenças ambientais quanto de monitoramento ambiental periódico da área. O produtor rural tem que cuidar do meio ambiente, cuidar do solo. Não podemos poluir. Sindilat – Qual a importância da diversificação nas fazendas? | 26 |

KOPERECK – Os estabelecimentos rurais devem diversificar a produção. Além do leite, estou envolvido com a produção de frango. Além disso, no plantel de bovinos existem aquelas matrizes que serão comercializadas. Nossa estrutura está projetada para ter mil vacas, que deverão parir 500 fêmeas, 200 delas irão dar seguimento à atividade e 300 serão vendidas. Só que não abrimos a porteira hoje por menos de R$ 5 mil por uma Holandesa e R$ 3 mil pela Jersey. As 300 novilhas a R$ 5 mil vão render R$ 1,5 milhão. Uma novilha, na média, de 450 quilos, com 26 meses. Este valor tem que ser computado na atividade leiteira. Claro que só o leite tem margem pequena, mas o produtor precisa levar em conta as matrizes que serão comercializadas, diversificar a produção. Eu produzo 30 mil ovos férteis de frango por dia, com 283 mil frangos alojados, um milhão de peixes alevinos por ano, que é a terceira atividade, e estou buscando a quarta atividade, a suinocultura. Brevemente vou criar os terneiros machos. Não posso aceitar que os terneiros sejam levados por dez reais pelos caminhoneiros que buscam o leite. É um absurdo. Por isso, vou passar a criar os machos. Não faltarão interessados se estiverem bem tratados, gordos, com boa genética. Enfim, é só ter iniciativa para diversificar a propriedade, agregar valor.


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| Comissão de Agricultura

Laticínios criticam concentração de poder das grandes redes varejistas Segundo ele, em 2006 as promart , que incorporou os grucessadoras detinham margem pos Bom Preço e Sonai. de 20% sobre o preço ao consuAlvim, que também premidor e o varejo ficava com 19%. side a Câmara Setorial da CaEm 2012, a margem do varejo deia Produtiva de Leite e Desubiu para 33%, enquanto as rivados, no âmbito do Minisprocessadoras viram sua fração tério da Agricultura, Pecuária cair para 11%. Em reforço, o pree Abastecimento, apresentou sidente da Comissão Nacional amplos dados sobre o setor, de Pecuária de Leite da Confe- Alvim: De seis observando que, dos 5,2 mideração Nacional da Agricultura grandes redes lhões de estabelecimentos e da Pecuária (CNA), Rodrigo varejistas rurais do país, 25% produzem Sant’Anna Alvim, lembrou que no Brasil só leite. Porém, a produção indirecentemente as super redes restam três vidual é baixa, com 80% dos varejistas em atuação no país multinacionais produtores gerando não mais chegavam a seis. Agora, estão redo que 50 litros de leite por duzidas a apenas três – a francesa Carrefour, dia. “Com pouco mais de 70 mil produtoPão de Açúcar, adquirida pela rede varejista res, os Estados Unidos têm uma produção francesa Casino e a norte americanan Wal- três vezes maior que a brasileira”, declarou. AGÊNCIA SENADO

A

crescente concentração econômica das grandes redes varejistas está impactando negativamente as indústrias processadoras de leite. Usando seu poder econômico, as redes de supermercado estão achatando cada vez mais as margens dos laticínios sobre o preço do produto, dificultando investimentos e mesmo sua sobrevivência. O alerta foi feito por convidados de audiência realizada em abril passado, em Brasília, pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, que se dedicou ao exame de problemas na cadeia produtiva do leite. O debate foi coordenado pelo presidente do colegiado, senador Benedito de Lira (PP-AL). O primeiro a apontar o problema foi Gustavo Beduschi, que representou a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

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| Empresa

Santa Clara, uma senhora cooperativa de 101 anos O s dias são movimentados desde o início da manhã na sede da Santa Clara, em Carlos Barbosa, na Serra gaúcha. E não poderia ser diferente. Diariamente, a mais antiga cooperativa de laticínios em atividade no Brasil, com 101 anos de existência, recebe mais de 700 mil litros de leite de seus associados. O quadro de associados compreende 4.594 famílias, sendo 3.103 produtores de leite em atividade, distribuídos em 97 municípios do Estado. Metade do leite recebido deles pela Santa Clara é destinada para UHT e os outros 50% vão para os demais produtos do mix de laticínios da cooperativa, que envolve 111 itens. A cooperativa produz leites, queijos, cremes, bebidas lácteas etc. Entre os destaques da Linha de Laticínios, a Santa Clara produz, desde 2008, o Queijo Minas Frescal SanBIOS, primeiro queijo do Brasil com micro-organismos probióticos, que ajudam a regular a flora intestinal. Atualmente, na verdade, a Santa Clara é um complexo, que conta com indústria de laticínios, indústria de leite longa vida, frigorífico, granjas, fábrica de rações, cozinha industrial, postos de recebimento e resfriamento de leite, seis centros de distribuição e uma rede de

varejo com nove supermercados e nove mercados agropecuários, presente em 13 municípios por meio de suas unidades, que empregam 1.546 funcionários. A Santa Clara atua em todo o país, com destaque para o Sul e Sudeste, e é reconhecida pela qualidade de seus produtos, especialmente os queijos, destacados por diversos prêmios e, há nove anos, os mais lembrados e preferidos dos consumidores gaúchos segundo a pesquisa Marcas de Quem Decide, do Jornal do Comércio. Outros prêmios importantes pelo reconhecimento da marca Santa Clara são o Carrinho Agas de Melhor Fornecedor de Laticínios, conquistado nos últimos três anos consecutivos, e o Mérito Lojista de Melhor Empresa de Laticínios, premiação conquistada nos últimos dois anos. Ao longo de sua trajetória, a Santa Clara acumula feitos que contribuíram para a evoluções da cadeia leiteira. Em 1954, a cooperativa iniciou o trabalho de inseminação artificial do rebanho leiteiro, sendo a primeira empresa do Rio Grande do Sul a investir na tecnologia. No ano de 1991, a Santa Clara destacou-se por ser a primeira a pagar o leite pela qualidade, como forma de incentivo para que os produtores busquem a exce-

Números da produção 700 mil litros de leite são recebidos por dia O leite é produzido por 3.103 associados

Metade desse leite vai para produção de UHT Metade é destinada a mix de 111 itens

de laticínios

Entre os produtos estão leites, queijos,

cremes, bebidas lácteas

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lência na matéria-prima fornecida. Já em 1996, a Cooperativa alcançou a marca de 100% do leite sendo coletado a granel. Em 1999, a Santa Clara foi a primeira cooperativa e indústria de laticínios no Rio Grande do Sul a ter o certificado ISO 9000. Isso comprovou a eficácia dos processos, a excelência da indústria e aumentou a participação da marca no mercado. Atualmente, a Santa Clara já possui a certificação ISO 9001. “A Santa Clara tem a tradição dos 101 anos, mas também é moderna e atuante, não ficou conformada, está sempre buscando melhorar. E isso se dá graças à sua consciência, respeito e esforço para manter esta história que começou a ser escrita lá atrás. Toda energia gerada pelos fundadores, há cem anos, e pelos associados em seu trabalho, impulsiona o crescimento da Santa Clara. Esta harmonia entre Conselho de Administração, Conselho Fiscal, associados e colaboradores, aliada à convergência de ideias, ao diálogo e à comunicação, mantém a Santa Clara viável economicamente. E, mais do que isso, nos mantém felizes e emocionados de fazermos parte desta história”, assegura o presidente do Conselho de Administração da cooperativa, Rogerio Bruno Sauthier.


Pioneiros começaram com a Latteria Santa Chiara

Gestões eficientes e resultados positivos

Imagine o interior de Montenegro em 1911. Pois foi lá, na localidade de Santa Clara, que depois passou a pertencer a Carlos Barbosa, que tudo começou. Em 15 de maio daquele ano, quando o mundo ainda nem sequer havia conhecido guerra mundial – a primeira infelizmente começou em 1914 –, um grupo de 17 pequenos agricultores decidiu instalar uma microempresa de queijo e manteiga. O nome revelava a origem italiana dos fundadores: Latteria Santa Chiara. O que eles queriam era obter mais rendimento com a sua produção de leite. O negócio prosperou e menos de um ano depois, em 10 de abril de 1912, foi transformado em cooperativa, com a razão social de Cooperativa de Laticínios União Colonial. Essa passou a ser considerada a data oficial da fundação da Cooperativa Santa Clara Ltda. Seus 31 fundadores foram os seguintes pequenos agricultores, alguns de mesma família, como se vê pelos sobrenomes: Pedro Baldasso, João Toffoli, Candido Baldasso, Homero Comparsi, Luis Comparsi, Tiziano Chies, Carlos Baldasso, Ce-

Ao longo de mais de 100 anos de existência, inúmeras administrações se sucederam com muito bom desempenho, o que aconteceu de forma ininterrupta, sem que se registrasse nenhum exercício social deficitário. Em toda a sua trajetória ascendente desenvolvimentista, assinalam-se entre os mais expressivos os seguintes fatos:

leste Baldasso, Marco Carlotto, Antonio Chies, Francisco Chies, Domingo Deitos, João Lazzaron, Basílio Mantovani, Francisco Canal, Andrea Chies, Santo Chies, Carlos Breda, Miguel Chies, José Baccon, Pedro Frare, Francisco Maffassioli, Fausto Breda, Pedro Zanette, João Bianchi, João Zan, Bortolo Dalcin, José Mantovani, Júlio Guerra, Atílio Mantovani e Silvio Breda. O nome de José Chies – essa família é a que tem o maior número de representantes entre os fundadores – foi acrescentado ao rol como homenagem aos bons serviços por ele prestados à cooperativa. Assim o número de fundadores passou para 32. A transformação da Latteria Santa Chiara em uma cooperativa ocorreu devido à influência de pregação cooperativista na região de colonização italiana, que era feita, na época, pelo técnico italiano Giuseppe De Stéfano Paternó. Não muito longe dali, em Nova Petrópolis, nasceu o cooperativismo de crédito na América Latina: em 1902, o padre Theodor Amstad, precursor do cooperativismo no Brasil, criou a Caixa de Economias e Empréstimos Amstad. DIVULGAÇÃO

Vista da fábrica em Carlos Barbosa, na Serra gaúcha

15-03-1975: fusão da Cooperativa de Laticínios União Colonial Ltda. com a Cooperativa Agrícola de Carlos Barbosa Ltda., a primeira de Santa Clara e a segunda de Carlos Barbosa, formando a nova entidade Cooperativa Agropecuária Carlos Barbosa Santa Clara Ltda. 22-10-1977: marcando sua presença no município de Veranópolis, houve a incorporação na Cooperativa Veranense de Cereais Ltda., de Veranópolis. 03-03-1983: continuando sua expansão, foi incorporada a Cooperativa Agrícola Boa Vista Ltda., de Arcoverde (Carlos Barbosa). 11-06-1987: foram adquiridos os imóveis que eram de propriedade da COOPASSO (Cooperativa Tritícola de Passo Fundo) que são: Posto de Resfriamento de Leite, terreno e prédio onde funciona o supermercado, o Mercado Agropecuário e o Departamento Técnico e de Fomento, na cidade de Paraí. 14-10-1988: assinalando sua presença no município de Cotiporã, houve a incorporação da Cooperativa Agrícola Mista Cotiporanense, de Cotiporã. 27-11-2003: incorporada a Cooperativa de Laticínios São Vendelino Ltda., de São Vendelino.

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| Ensino

Verba aumenta, carências persistem E Raio X m 2013, as 163 escolas técnicas estaduais, entre as quais estão as agrícolas, terão um reajuste de mais de 150% no repasse de verba feito pelo governo gaúcho, que aumentará para R$ 9 milhões (em 2012 os recursos somaram R$ 3,6 milhões). As escolas agrícolas receberão a partir de junho, para custeio de manutenção, um valor que oscilará de R$ 5 mil a 20 mil por mês (além do retroativo a partir de janeiro passado), dentro dos critérios de sua especificidade. A coordenadora do Núcleo de Ações e Políticas Pedagógicas da Educação Profissional e Tecnológica da Secretaria de Educação, Iara Aragonez, admite que os valores que as escolas estaduais recebem para o seu custeio estão “bastante abaixo”, em comparação com a rede federal, por exemplo. No entanto, segundo ela, o reforço financeiro poderá ajudar na qualificação das ações das escolas, beneficiando alunos e professores. Em março, foram entregues 27 tratores novos (um por escola) e está em fase de licitação mais uma compra de equipamentos agrícolas para este ano. O investimento do governo do Estado no ensino agrícola é “tímido”, na opinião do presidente do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Sintargs), Carlos Coelho. No entanto, conforme ele, o ensino técnico passa atualmente por uma “revolução”, graças ao investimento “muito forte” do governo federal na construção de novas escolas técnicas e no fortalecimento das já existentes. “A reformulação curricular obrigou as escolas a terem o máximo de

criatividade e eficiência para cumprir as exigências legais para a formação dos profissionais técnicos. A formação de qualidade deve ser estendida para todas as unidades escolares. Esse é o desafio, principalmente ao governo estadual, que timidamente investe na melhoria das escolas técnicas da rede e na formação de professores com dedicação exclusiva ao ensino técnico”, diz Coelho. O presidente da Associação Gaúcha de Professores Técnicos do Ensino Agrícola (AGPTEA), Sergio Crestani, também entende que a rede de escolas estaduais, de longa data, encontrase “bastante abandonada” pelos governantes. Ele observa que os setores de produção de muitas escolas “não condizem com o avanço tecnológico” e necessitam melhorar muito. Crestani aponta como problema a falta de um órgão como a Suepro - “Superintendência da Educação Profissional”, cujas funções teriam sido diluídas pelo atual governo. “Ela detinha autonomia técnica, pedagógica, financeira e administrativa, de todas as escolas técnicas do Estado”, explica.

da área

O Estado tem:

25 escolas com cursos de Agropecuária

Duas com cursos de Agroindústria Também há cursos de

Florestas, Zootecnia, Administração Rural e Agronegócio São 3.529 alunos nas 27 escolas estaduais de nível médio na área agrícola e 300 professores (dados de 2012) 21 escolas oferecem o regime de internato

As áreas de terras das escolas para atividade de campo variam de 3 hectares a mais de 300 ha. Fonte: Secretaria da Educação

Caco Argemi/Palácio Piratini

Governador com alunos na entrega de tablets e tratores

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Voltar para a terra ou ficar na cidade, eis a questão “As escolas estão sendo desafiadas a preparar seu aluno não apenas para o mercado de trabalho, mas para regressar à agricultura familiar, com conhecimento para atuar em uma agricultura de base ecológica”, afirma a coordenadora do Núcleo de Ações e Políticas Pedagógicas da Educação Profissional e Tecnológica da Secretaria da Educação, Iara Aragonez. De acordo com a secretaria, no entanto, as escolas informam que há um bom aproveitamento dos formandos no mercado de trabalho. A contratação pelas escolas de técnicos agrícolas para atuação nas unidades educativas de produção

atende a uma solicitação antiga e que vem “recuperando e revitalizando” os setores das escolas, constata a coordenadora. “Este incremento de recursos humanos também contribui decisivamente com a qualidade da educação, pois representa uma mudança de postura frente aos modelos de produção e de manejo e principalmente das culturas cultivadas e do manejo aplicado”, acrescenta ela. A Secretaria da Educação realiza, de forma sistemática, encontros com professores e diretores das escolas agrícolas estaduais “para propor e socializar boas práticas e consolidar a integração da Educação Profissional ao Ensino Mé-

dio a partir da reflexão sobre os princípios orientadores da reestruturação”. A proposta pedagógica de cada Escola, conforme a secretaria, deve refletir uma forte interação sócio produtiva em cada contexto regional onde está inserida, promovendo um diálogo permanente com a realidade local e a partir dela significar o currículo. “O desafio é que contribua com efetividade na sucessão da pequena propriedade, garantindo o retorno dos filhos de agricultores às propriedades familiares em condições de adotar práticas sustentáveis, entendendo a sustentabilidade em todas as dimensões da vida social”, diz a coordenadora.

Mercado demanda profissionais, revela sindicato O Sindicato dos Técnicos Agrí- tação de serviços, passando pelo colas do Rio Grande do Sul estima setor de transformação de produtos que existem cerca de 30 mil profis- agropecuários. “Com o emprego da sionais nas suas diversas modalida- tecnologia, cada vez maior na agrodes no Estado, mas apenas 9.772 pecuária brasileira, a tendência é têm registro no Conselho de Fiscali- aumentar a demanda por técnicos zação Profissional. agrícolas”, projeta. Divulgação/Sintargs O presidente do Atualmente, Sintargs, Carlos Coe80% dos profissionais lho, diz que ainda há técnicos agrícolas uma demanda crestêm formação agrocente por profissiopecuária. A grande nais no mercado pelo fatia do mercado de fato de a atuação dos trabalho, segundo técnicos agrícolas ser Coelho, é na assistênmuito diversificada, cia técnica, que serve desde a área da prode base para diversas dução familiar ou emoutras atividades. Enpresarial até a prestre elas está a área | 31 |

de vendas de produtos especializados, que requer conhecimentos técnicos para satisfação dos clientes. Para ele, uma área crescente no mercado de trabalho está ligada ao empreendedorismo. “Com o conhecimento técnico e mercadológico são muitos os empreendimentos efetivados pelos técnicos agrícolas no nosso estado”, anota. A remuneração média do técnico agrícola era de R$ 950,00 há quatro anos e em 2013 está na faixa de R$ 1.920,00. A categoria não tem salário mínimo profissional estipulado por lei ainda; tramita na Câmara Federal o Projeto de Lei n º 2861/2008, que estipula o piso salarial em R$ 1.940,00.


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| Ensino

Tecnologia força evolução Embora aponte o “abandono” das escolas agrícolas, o presidente da Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (AGPTEA), Sérgio Crestani, considera que o ensino melhorou nessa área. “A tecnologia deu um salto gigantesco. Precisamos produzir cada vez mais alimentos. Temos que defender o agroecológico, como também ter o contraponto: em muitos casos, precisamos da agricultura convencional, para atingir produções maiores, pela grande necessidade de produzir cada vez mais alimentos”, reflete. Mas a situação poderia ser melhor, na sua opinião, se o ensino

agrícola não sofresse com o “descaso” do poder público. “Acredito que somente daremos a volta por cima, quando o Estado acordar para o fato de que o ensino agrícola é a mola propulsora do avanço tecnológico e que o agronegócio e a agropecuária têm grande participação no PIB gaúcho”, ressalta o dirigente. Crestani diz que há falta de professores e funcionários nas escolas agrícolas. “Mais da metade

DIVULGAÇÃO/AGPTEA

dos professores são contratados, muitos não possuem formação para lecionar e dão aulas a título precário. Esses colegas querem estudar, mas o governo não quer investir em Educação Agrícola. O mesmo ocorre com os funcionários, a grande maioria em desvio de função”. Embora carecem de estímulo, conforme Crestani, os professores buscam se atualizar em visitas técnicas a indústrias e feiras.

Lição na escola e em casa A cidade de Santa Cruz do Sul, na região Central do Estado, sedia, desde 2009, a primeira Escola Família Agrícola – EFA, no sul do Brasil. Denominada Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul – EFASC, é ligada à Associação Gaúcha Pró-Escolas Famílias Agrícolas – AGEFA, filiada à UNEFAB (União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas) e à AIMFR (Associação Internacional de Movimentos Familiares Rurais). A escola emprega a Pedagogia da Alternância, uma experiência pedagógica surgida, na década de 1930, na França. O aluno passa uma semana na escola, com aulas teóricas e práticas e, na semana seguinte, ele fica em casa, aplicando os conhecimentos escolares na propriedade da família. A pedagogia da alternância “é

embasada nas necessidades do povo camponês de uma educação voltada para sua realidade e suas necessidades. Ou seja, pais camponeses perceberam a necessidade da oferta de educação que possibilitasse o estudo do meio no qual seus filhos e a família estivessem inseridos relacionando com isso os conhecimentos já existentes na humanidade. Portanto, é a relação dos saberes empíricos com os saberes científicos”, explica a coordenadora Pedagógica da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul, Cristina Vergutz. Segundo ela, as famílias participam através da Associação das Famílias, na qual gestam a EFA, e também no processo de ensino e aprendizagem em que são coformadoras, “atu| 32 |

ando na sessão familiar e na interação dos saberes empíricos”. O trabalho busca possibilitar aos jovens pelo menos a opção de escolher permanecer ou não no campo. “Atualmente a questão do êxodo rural é uma preocupação, especialmente pelo contexto da nossa região do Vale do Rio Pardo. Mas entendemos que ninguém fixa ninguém em lugar algum. A Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul tem o desafio de problematizar o seu contexto regional, seus arranjos produtivos, sua organização histórica, social e econômica através de um olhar introspectivo da realidade de vida dos sujeitos deste processo” filosofa Cristina. A escola é comunitária e gerida pelas famílias dos estudantes.


Parceria com indústria é bem-vinda A profissionalização dos técnicos agrícolas se dá por meio da parceria entre indústria, escola, entidades de classes, governo e produtores. “Essa cadeia deve atuar sempre em sintonia”, sugere o presidente do Sintargs, Carlos Coelho. “É fundamental a participação crescente dos técnicos agrícolas na cadeia do leite, sendo como profissional, produtor ou empresário”, agrega ele, lembrando que, além do mercado interno, há o externo a ser explorado. O presidente da AGPTEA, Sérgio Crestani, reforça: “Acredito muito em parceria, penso que a indústria leiteira deveria trabalhar junto às escolas,

ajudar a moldar técnicos conforme as suas necessidades. A parceria deveria existir em toda a cadeia produtiva, dentro dos arranjos produtivos locais e regionais, para realmente formarmos empreendedores capazes de alavancar cada vez mais a nossa agropecuária”. Coelho recorda que, com o estimulo às empresas lácteas no Estado, as escolas tiveram que correr atrás para satisfazer a necessidade da indústria. “Muitas parcerias foram firmadas para agilizar essa demanda profissional. Lembro das negociações com a DPA (Nestlé), quando chamaram o sindicato para apre-

sentar alternativas nessa área, com assistência técnica qualificada para dar um salto na qualidade da bacia leiteira do Rio Grande do Sul. Nossas cooperativas têm um papel importante nesse setor e também se qualificaram para esse mercado exigente. A Santa Clara e a Piá são exemplos claros da luta e da persistência da assistência técnica pelos técnicos agrícolas, juntamente com os demais profissionais da área. Da tradição ao empreendimento moderno e competitivo, sempre com eficiência e qualidade suportadas pelo emprego da tecnologia através dos técnicos agrícolas”, conclui.

Comissão da Assembleia trata do ensino profissional A Comissão Especial para tratar do Ensino Profissional no Rio Grande do Sul, presidida pela deputada Marisa Formolo (PT), aprovou no dia 23 de abril a realização de mais quatro audiências públicas, em Porto Alegre, Viamão e São Leopoldo. Na semana anterior, já haviam sido aprovadas quatro debates a serem realizadas em Porto Alegre e Caxias do Sul. A primeira audiência aprovada foi proposta pelo deputado Mano Changes (PP), para discutir o acesso de presidiários ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para o Rio Grande do Sul. O debate deve ser realizado na Assembleia Legislativa, tendo como convidados a Secretaria da Segurança Pública, a Susepe, o IGP, o comandante da Brigada Militar, o chefe da Polícia

Civil, as secretarias de Educação e da Justiça e Direitos Humanos. As duas audiências seguintes, propostas pelo deputado Altemir Tortelli (PT), tratarão do Pronatec no Campo e da situação das Escolas Técnicas Agrícolas (ETAs), respectivamente. A intenção do deputado é que a primeira seja realizada na Assembleia Legislativa e a segunda, na Escola de Ensino Técnico de Viamão. Também foi aprovada audiência pública requerida pela deputada Ana Affonso (PT), para debater, na Câmara de Vereadores de São Deputados querem conhecer situação das escolas agrícolas | 33 |

Leopoldo, as políticas de formação profissional e tecnológica naquele município e suas interfaces com o Pronatec e a experiência do Parque Tecnológico de São Leopoldo (Tecnosinos). Em sua primeira reunião ordinária, em 16 de abril, a comissão aprovou cronograma de visitas técnicas para conhecer experiências bem-sucedidas de ensino profissional no Brasil e em países do Mercosul. MARCELO BERTANI/ALRS


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| Novo associado

indústria de laticínios Nova Alemanha, localizada no município de Ivoti, lançou este ano o leite pasteurizado ensacado com o nome Ale Alimentos, resultado de um trabalho de reposicionamento da marca. O novo associado do Sindilat/RS quer fortalecer e ampliar o relacionamento junto aos consumidores. Esta é a primeira parte de um planejamento de expansão que passará por três etapas distintas para alcançar os resultados projetados. A marca “Nova Alemanha” ficará vinculada à história da empresa. A linha de produtos também passa por uma reformulação completa. O leite, até agora o principal produto da indústria, se manteve como base, porém toda a linha queijos não será mais produzida e dará lugar aos iogurtes e bebidas lácteas. Estas mudanças partem de um conjunto de ações estratégicas e de reposicionamento definidas no final de 2012 em conjunto com a empresa de design Ipê Marcas. A proposta é aumentar a participação no mercado de lácteos, ampliar e diversificar a produção e qualificar os processos. Segundo o diretor da Nova Alemanha, Rodrigo Aloísio Staudt, é fundamental estar atento às mudanças de mercado, tendências e comportamento do consumidor. Ele ressalta que a qualidade é o grande diferencial dos produtos da Nova Alemanha, que desde 2008 atua na região de Ivoti. “Respeitamos as características do alimento, mantendo ao máximo seus

nutrientes e benefícios originais”. Para Staudt, o componente essencial é a valorização de sabores mais naturais e originais, a pureza e simplicidade dos ingredientes, com métodos inovadores que reproduzem, de forma moderna, processos artesanais de produção. A conquista deste reconhecimento do consumidor é muito mais que um simples objetivo ou meta, mas a realização da verdadeira filosofia como indústria, conforme ele. “Somos responsáveis pelo aprimoramento e crescimento conjunto de toda a cadeia produtiva que envolve, direta e indiretamente, desde os produtores, transportadores, funcionários, colaboradores, empresas e instituições parceiras, distribuidores, varejistas e consumidores onde, individualmente, ninguém possui papel de maior importância, mas sim, de | 34 |

Rodrigo Staudt: Objetivo é ter o nome da empresa associado a produtos de qualidade importância equivalente e fundamental no processo como um todo.” A gestão comercial é baseada na estratégia de atendimento de excelência ao cliente varejista, onde a indústria busca, através de uma conexão direta, suprir as necessidades e peculiaridades de cada um para que possa ser um parceiro fundamental no posicionamento da marca e dos produtos junto ao consumidor final. Com esta visão a empresa busca estender, através dos seus clientes, a excelência de atendimento até o consumidor final, ampliando e potencializando a experiência de marca que o consumidor terá a cada vez que encontrar um produto da Ale Alimentos.

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Nova Alemanha lança a marca Ale Alimentos A


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| Sanidade

Inquérito Epidemiológico avança com trabalho das equipes no campo A s 35 equipes da Secretária da Agricultura, Pecuária e Agronegócio envolvidas no Inquérito Epidemiológico de Prevalência de Tuberculose e Brucelose Bovina no Rio Grande do Sul estão realizando seu trabalho de campo, com término previsto para junho. As equipes, compostas de um médico veterinário e de um auxiliar, estão, desde março, fazendo testes de tuberculose e coletas de sangue. O estudo é uma ação prevista no Programa de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose. Objetiva conhecer a prevalência e distribuição dos animais e das propriedades infectadas e identificar os fatores de risco, tipo de criação e práticas de manejo associados à presença das doenças. Permitirá estabelecer as melhores estratégias para o programa de controle e fornecerá subsídios para a planificação e acompa-

Simpósio foca bovinos de leite Uma das atrações da edição 2013 da Expoleite-Fenasul será o III Simpósio de Sanidade em Bovinos de Leite. A Expoleite, uma promoção da Gadolando e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e

nhamento das ações de controle e erradicação da brucelose e tuberculose, segundo os técnicos da secretaria. As equipes já visitaram boa parte das 1.065 propriedades que foram sorteadas aleatoriamente e que abrigam os cerca de 11 mil animais a serem testados (o número de animais poderá variar em função do número de fêmeas maiores de 24 meses existentes na propriedade no dia do teste). Os médicos veterinários realizam o teste de tuberculose na própria propriedade (teste da tuberculiniza-

A ação envolve: 70 técnicos 11 mil animais 1.065 propriedades Mais de R$ 400 mil de verba

Agronegócio, acontecerá de 15 a 19 de maio, no Parque Assis Brasil, em Esteio. Ao promover a realização deste Simpósio, nos dias 16 e 17 de maio, no auditório da Secretaria da Agricultura, no Parque de Exposições, os organizadores objetivam proporcionar a ampliação de conhecimentos técnicos aos produtores gaúchos de leite, profissionais ligados ao segmento e estudantes da área da medicina veterinária. A jornada será constituída de | 35 |

ção intradérmica cervical comparativa), para o qual usam equipamentos e materiais próprios para este fim, e também coletam sangue dos animais para realização do teste da brucelose em laboratório. O convênio entre a secretária e o Ministério da Agricultura, através do Sistema Único de Atenção à Agropecuária (Suasa) destina aproximadamente R$ 400 mil para a atividade. O Fundesa participa com R$ 20 mil para a compra de alguns itens do material e com as indenizações dos animais que vierem a ser sacrificados. Os criadores estão sendo receptivos ao trabalho, que transcorre conforme o planejado pela secretaria. Na primeira semana, em março, o trabalho foi atrapalhado pela chuva, que dificultou o deslocamento dos técnicos a serviço do Inquérito Epidemiológico.

palestras que acontecerão das 8h às 12h30, nos dois dias da programação. A participação é aberta a todos os interessados. A Comissão Organizadora da Expoleite-Fenasul 2013 também está buscando motivar cooperativas para que estas viabilizem a presença dos produtores do interior no evento. Para formatar o Simpósio, a Gadolando constituiu uma comissão formada pelo CRMVRS, SIMVETRS e Secretaria da Agricultura.


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| Comemoração

Kunzler faz 50 anos com planos de conquistar a região Sudeste N

a década de 1960, Pedro Laurentino Kunzler trazia de Minas Gerais e São Paulo grandes peças de queijo parmesão para serem comercializadas e consumidas aqui no Rio Grande do Sul. Nessa época, um detalhe chamou a sua atenção: era costume das famílias ralar, em casa, os rijos pedaços do saboroso complemento para massas e sopas. Laurentino teve a ideia de oferecer, junto a um produto de qualidade, uma praticidade até então desconhecida. Em 1963 nasce o queijo ralado marca Kunzler, tornando-se pioneira neste segmento. Pedro Laurentino faleceu em janeiro de 1970, mas 50 anos depois, num moderno parque fabril, são produzidas, por mês, 400 toneladas de queijo. Agora os pacotinhos de queijo ralado que levam seu nome podem ser encontrados em mais de 12,5 mil pontos de venda pelo país. Em 2007, o Grupo Kunzler deu um passo importante em sua história ao comprar o Laticínios Noroeste localizado no município de Doutor Maurício Cardoso, situado às margens do rio Uruguai, na fronteira com a Argentina. Atualmente, mais de 350 produtores de leite da região fornecem matéria-prima para a produção do queijo ralado Kunzler. Novo investimento acontece em 2010, com a aquisição do Laticínio Rio Bonito, da Piemonte Construções e Incorporações, no Paraná, para a exploração de indústria de laticínios e produtos alimentícios. O Grupo fez investimentos pesados para adequação da planta nas normas internacionais de

qualidade, buscando atender o mercado internacional de queijos finos. Este investimento não trouxe retorno esperado e ainda demandou a manutenção do custo fixo. Em função de dificuldades financeiras, o Grupo Kunzler ingressou com pedido de recuperação judicial em novembro de 2011. Em setembro de 2012, o administrador Judicial comunicou que o plano de recuperação judicial da empresa Kunzler tinha s i d o homologado pelo Juiz responsável, com decisão publicada no Diário Oficial do Estado. A partir daí, Lauro Kunzler, neto de Laurentino e o novo presidente do Grupo Kunzler, maior fabricante de queijo ralado do Sul do Brasil, colocou em prática um plano de reorganização dos negócios do Grupo para expandir sua presença em nível nacional. Sua proposta é entrar em mercados altamente competitivos. No Rio Grande do Sul a Kunzler tem mais de 60% do mercado local, e a região Sul do País representa 70% das vendas. O foco agora é a principal região de consumo, o Sudeste, onde a presença da marca Kunzler ainda é pequena em relação aos grandes players locais. A proposta ousada é tornar nas próximas décadas a marca Kunzler a | 36 |

principal marca de queijo ralado parmesão do Brasil. Lauro Kunzler revela que sua principal missão na direção do Grupo é modernizar e expandir os negócios. Para comemorar os 50 anos, a empresa está preparando vários lançamentos ainda para o ano de 2013, consolidando sua capacidade de inovação. Paralelamente lança a campanha: “Kunzler - Há 50 anos combinando com você.”, com ações de merchandising, veiculação de filmes em tevês abertas e pagas, Internet, revistas, além das mídias sociais. A campanha atingirá o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. A nova mídia pretende posicionar o queijo Kunzler como um alimento saudável, pois não contém glúten e nem gordura trans. A ideia é sugerir novas utilizações do produto, já que o parmesão ralado não serve só para ser consumido com massas, molhos e sopas, sendo muito pratico na cozinha tanto que deve ser usado nas mais variadas receitas de carnes, sanduíches, saladas, pescados e doces. A Kunzer quer mostrar que seus produtos, antes vistos apenas como acompanhamento, podem ser aplicados em diversos pratos e consumidos de maneira saudável.


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| Artigo Wagner Beskow Doutor em Manejo de Sistemas pastoris pela Massey

A qualidade passa pelo transportador A Instrução Normativa Nº 51 de 18/09/2002 do MAPA (IN51) foi remendada (esta é a palavra exata) pela IN62 (29/12/2011), num ato de pressão e desespero do setor produtivoindustrial, porque fomos incapazes de implementar as mudanças que a norma previa, na velocidade e intensidade que se faziam necessárias. Faltou tempo? Divulgação? Cobranças? Não. A verdade é que falhamos. Todos nós: produtores, indústria, técnicos e governo. Houve um grave descompasso entre exigências e ações. Passados 16 meses será que engrenamos a marcha certa? Sinto dizer que não e que mais uma vez estamos levando compromissos e metas com a barriga. Em 2002, empurramos a implantação para 2005. Em 2011, empurramos os limites para 2016 e assim seguiremos? Por que, se os maiores interessados somos nós mesmos? Há uma série de fatores que envolvem todos os elos passando por educação, treinamento, assistência técnica, sistema de pagamento, lisura, impunidade, compreensão do que está por trás das exigências etc., mas pelo curto espaço deste artigo, me concentrarei aqui num deles: o elo esquecido, o transportador de leite. Direto ao assunto Ou a indústria repensa e reorganiza sua logística de transporte e se atualiza técnica e tecnologicamente

na coleta, ou nada vai mudar. Esta não é a causa da baixa qualidade, mas é “o entrave número 1” que tem que sair da frente primeiro, para que o resto aconteça. Requeremos amostras confiáveis e o processo de coleta do leite tem que entregar isso e ainda servir de instrumento de mudança. O transportador é a cara, a voz e a imagem da indústria na propriedade. Querem conhecer sua indústria? Olhem o transportador que lhes presta serviço, seu caminhão, sua aparência, suas palavras, seus atos. Salvo algumas boas e louváveis exceções, hoje ele é motivo de chacota. Na verdade, a indústria que o envia ao campo o é. Perde-se a conta do número de produtores reclamando do “mangote exposto e imundo, do dedo no leite amostrado”, etc. Isso sem falar das práticas desonestas e até criminosas na fraude não só do tanque, mas das amostras de contraprova. É isso que queremos? Não estamos pagando por esse serviço? Para pensar Seis são as causas: 1) perfil errado de pessoas e empresas contratadas; 2) treinamento insuficiente e ineficaz (não acompanha a rotatividade de pessoas); 3) pagamento por volume (transportador não pode ser comprador de leite); 4) normatização frouxa e cheia de lacunas no lado do transportador; 5) estradas e acessos | 37 |

vergonhosos; 6) tecnologia de coleta inadequada (ver abaixo). A experiência e o exemplo da Nova Zelândia Com CCS de 204.000 cs/mL, CBT em torno de 10.000 ufc/mL (a penalidade deles inicia com 400.000 cs/mL e 50.000 ufc/mL), 5,0% de gordura e 3,8% de proteína bruta (médias nacionais), a Nova Zelândia tem muito a nos ensinar também neste campo. Como ela chegou e mantém este padrão? 1) Pagando justamente e penalizando produtores irredutivelmente; 2) descartando vacas consistentemente e usando touros para alto sólidos e baixa CCS; 3) mandando os latões para museu em 1950 e adotando placas de resfriamento em 100% das salas de ordenha do país (é norma); 4) exigindo dos governantes estradas de qualidade e, dos produtores, acesso ao resfriador para carro-tanque tipo romeo e julieta em qualquer tempo; 5) controlando o transporte 100% (embora terceirizado, com contratos, regras, treinamento e logomarca da casa); 6) investindo em tecnologia embarcada. A imagem mostra sistema de gerenciamento da coleta (direita), integrado com a central via GSM, imprimindo recibo (embaixo), primeira-


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| Artigo

mente com os resultados das análises de composição e CCS dos últimos cinco dias, total carregado no mês e na safra até a coleta anterior, mais sensorial, sedimentos e CBT do mesmo período, encerrando com a data, hora, número do veículo, volume e temperatura da coleta do momento. Há ainda um espaço que contém mensagens/recados da indústria ao produtor (alertas, eventos, avisos etc.). A coleta de amostras (lado esquerdo) é por gotejamento proporcional ao volume estimado pelo sistema, permitindo até quatro frascos por vez (na foto vê-se tripla partida), mantidos no próprio compartimento que é refrigerado a seco. Tudo que o transportador faz é encostar o caminhão, verificar a temperatura antes de conectar o mangote, inserir os frascos no amostrador, apertar um botão e a 1.900 L/min tudo está carregado. Então é acionar a lavagem automática do resfriador da fazenda (todos têm), fechá-lo, deixar o recibo no lugar

combinado e ir embora. Ao meio dia o produtor já tem acesso ao seu volume também pela Internet e, no dia seguinte, à composição e CCS, que são diárias. A CBT é feita duas vezes por mês para coliformes e uma para termodúricas, sorteadas aleatoriamente entre as coletas diárias (ou seja, todo o dia é dia de “coleta para qualidade”). Não seria o sonho de todos nós, produtores, indústria, transportadores, fiscalização sanitária, clientes e consumidores? A boa notícia é que não tardaremos a ver algo igual em funcionamento no Brasil. Empresas já perceberam nossa demanda e avanços têm sido feitos para conseguir entregar algo desse nível, apesar das estradas que nosso país oferece. Estou estudando objetivamente as opções em curso e espero ter mais novidades para o setor brevemente. Enquanto isso, façamos o básico primeiro que é atacar os cinco primeiros itens listados acima, hoje! (ver Para Pensar).

Caminhão da Fonterra (Nova Zelândia) carregando leite e coletando amostras, tudo realizado automaticamente ao “apertar de um botão” Wagner Beskow

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| Indicadores

Valor de referência do leite para março e valor projetado para abril

A

s indústrias e os produtores de leite, reunidos no Conseleite RS, anunciaram o valor de R$ 0,7274 para o mês de março, como indexador para os negócios do leite. O valor foi obtido após estudos confeccionados pela UPF Universidade de Passo Fundo, ten-

do como referência o leite padrão (Base Instrução Normativa do Ministério da Agricultura). Este valor foi homologado dia 24/04 pelo Conselho Estadual do Leite - Conseleite - que é um órgão paritário formado pelas indústrias através do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio

Grande do Sul - Sindilat/RS, e pelos produtores de leite, representados pela Farsul, Fetag, Gadolando, Associação dos Criadores de Jersey e Fecoagro. O Conseleite divulgou ainda a tendência do valor de referência para o mês de abril, que é de R$ 0,7492 (Conseleite).

* Projetado Confira os preços de referência a partir de dezembro de 2007 no site www.conseleite.com.br Fonte: Conseleite Elaborado pelo Sindilat

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| Indicadores

Importação Em US$

Em Kg

Em US$/Kg

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Exportação Em US$

Em Kg

Em US$/Kg

Evolução da Produção 2004-2012¹

¹ Em bilhões de litros ² Estimado pelo Sindilat Fonte: IBGE

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| Indicadores

Média de produção de leite RS - 2008 a 2013

Evolução da produção de leite no RS (%)

Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal | 42 |




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