Revista Nó na Palavra - 2020

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Nó na palavra, nona palavra. A palavra do nono ano. A voz que baixa o tom até o chão da sobriedade. A fuga da resposta imediata, do grito oco, da conclusão veloz. A luta do pensamento para achar a sua forma: Atar e desatar, tecer, refazer, ponderar, reavaliar. A juventude e seu lugar. As juventudes e seus lugares. Arte, política, comportamento, educação. A casa, a rua, a escola, a cidade. A ciência e o desejo. A opinião construída e em construção. A palavra do nono ano sobre si e, principalmente, sobre os Outros: Eis o nó.

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ARTIGOS DE OPINIÃO

Escola para o quê?

Ana Beatriz Rye Negoro A desigualdade começa na escola Bruno Apollaro Zanin Escola para quê? Daniel M. de Queiroz Escola para quê? A educação como instrução social e intelectual Gabriela Bersou Ruão Vida escolar no Brasil Isabel Nassar Maruxo Escola para quê? João Pedro Casquet Elias A importância da escolaridade Jorge Gomes Mariotto O ensino focado nas carreira é a melhor opção? Laura Campanhã de Barros Freire Escola pra quê? Laura Dias Peres de França Escola, é necessária uma reforma? Luma Favretto EAD ou escola presencial? Maria Eduarda G. R. de Azevedo Diploma não garante sucesso Mariana Zabotto Udiloff Desenvolvimento Econômico: Uma questão educacional Marina Ruão Não quero ir à escola Matteo Laurenti Magri Existe um “para quê”? Pedro Paim Barreiras Rodrigo Matias Gonçalves A Escola e os seus impasses Rodrigo Moraes Alvarenga A escola e suas questões Vitor Moura Ribeiro Escola para quê?

ARTIGOS DE OPINIÃO Ana Beatriz Rye Negoro Arthur Pipek Bruno Apollaro Zanin Bruno Zapala Delfino Daniel Medeiros de Queiroz Eloá de Mendonça O. Quaglio Gabriela Bersou Ruão Guilherme Autran Henrique Alexandre Hochman Isabel Nassar Maruxo João Pedro Casquet Elias Joaquim Silveira Jorge Gomes Mariotto Jorge Nigro Dias Laura França Luma Favretto Maria Eduarda Graziano Maria Marcondes Mutarelli Mariana Zabotto Udiloff Marina Ruão

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Juventudes, ciência e desenvolvimento O jovem diante da ciência e da tecnologia Juventudes, ciência e desenvolvimento Juventudes, ciência e desenvolvimento Ciência: o conhecimento abrindo caminhos para as juventudes

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A ignorância ideológica em relação às ciências e sua influência na educação de jovens 38

Juventudes, ciência e desenvolvimento Juventudes e ciências Ciência e Juventudes Juventudes, ciência e desenvolvimento O histórico da ciência no Brasil Juventudes, ciência e desenvolvimento Juventude e Ciência Por que os cientistas Brasileiros não são ídolos? Panorama da ciência no Brasil Juventude e o Desenvolvimento científico: uma tendência preocupante Jovens, Ciências e Tecnologia Ciência e a Geração Arte e Ciência Juventude, conhecimento científico e desenvolvimento socioeconômico As jovens na ciência 4

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Matteo Magri Paulo Araújo Mourão Pedro Dantas Pedro Paim Rafael Budoya Rodrigo Alvarenga Rodrigo Matias Gonçalves Sergio Roberto V. da M.e Freitas Sofia Vanzolini Victor Lopez Vítor Moura Ribeiro

A importância da ciência na juventude brasileira Ciências e juventude Juventudes, ciência e desenvolvimento Investimentos em áreas da ciência e da educação é pensar no futuro Precisamos de ciência Ciência e juventude O investimento na ciência é fundamental para o desenvolvimento de um país Ciência e juventudes A ciência jovem do Brasil Jovens defendem a ciência e tecnologia no Brasil Juventudes, ciência e desenvolvimento

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RETRATOS DA QUARENTENA Ana Beatriz Rye Negoro Reescrita: retratos da quarentena Antonio Garnfukel Braz Retratos da quarentena Bruno Apollaro Zanin O espelho da ilusão Gabriela Bersou Ruão Isabel Nassar Maruxo Ali, Aqui João Pedro Casquet Elias Jogos eletrônicos Jorge Mariotto Meu aquário Laura Campanhã de Barros Freire Quarentena Luma Favretto Trabalhador Maria Eduarda G. Rubino de Azevedo Maria Marcondes Mutarelli Mariana Zabotto Udiloff Marina Bersou Ruão Quarentena (s.f.) Pedro Dantas Matteo Laurenti Magri Pedro Lemos Boggio Retratos da quarentena Rafael Budoya Bruno Zapala Delfino A Caixa de Pandora Rodrigo Matias Gonçalves Fora da gaiola Rodrigo Alvarenga Relato de quarentena: Minha vida com um peixe Sergio Roberto V. da Motta e Freitas Conversas virtuais Sofia Vanzolini F. Couto de Brito Quem não está sozinho nesta sociedade? Victor Rodrigues Ancora Lopez Vitor Moura Ribeiro A Máscara Yuka Chacur Olho sobre a tela

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ARTIGOS DE OPINIÃO

ESCOLA P

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PARA QUÊ

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Ana Beatriz Rye Negoro A desigualdade começa na escola xistem muitas perguntas E sobre escolas no Brasil, que são simples de se fazer, mas não são simples de se responder como, “Escola para quê?’’ ou “Qual é sua importância para as crianças e para os jovens?”. Segundo o dicionário Aurélio, a palavra “escola vem do latim schola, local onde se ensina”, mas se ensina o quê? Como seguir essa definição em um país com tantas desigualdades como o Brasil? As escolas brasileiras, públicas e privadas, possuem muitas diferenças tanto na estrutura de ensino quanto na aprendizagem, fato que leva à desigualdade social gritante. Podemos citar que, nas escolas públicas, alguns estudantes não só vão para a escola estudar, mas vão também para se alimentarem. Segundo Rossieli Soares, secretário de educação do Estado, cerca de 21% dos alunos da rede pública necessitam da merenda escolar, isso só em São Paulo. Ou então vão para escola, para ter um lugar onde possam ficar gratuitamente por um determinado período, ou seja, adquirir co-

nhecimento não é a prioridade, principalmente em regiões muito pobres, embora muitas famílias saibam que o estudo é um caminho para sair da pobreza. Fica difícil para os pais que trabalham o dia todo fazer alguma coisa para mudar essa situação, pois, a política brasileira não permite investimentos na educação, principalmente a de base, e nem dá condições para as famílias incentivarem os adolescentes a continuar os estudos. A estrutura física precária e professores com baixos salários impossibilitam os alunos das escolas públicas terem um ensino eficiente.

Já nas escolas privadas, as aulas remotas deram continuidade praticamente, na maioria delas, na semana seguinte ao isolamento social. O índice de alunos sem nenhum aparelho de tecnologia é de 4% segundo a pesquisa da Datafolha. Esses dados são muito diferentes dos da rede pública. Esse é apenas um dos itens que mostra a eficiência das escolas privadas diante das públicas, que têm na sua estrutura um ambiente mais equipado e professores mais bem preparados para oferecer um ensino melhor, deixando os estudantes de escolas públicas ainda mais para trás.

E agora com a pandemia as escolas fecharam, os estudantes das escolas públicas ficaram sem escolas, sem merenda e sem espaço público para sua distração. Segundo uma pesquisa do Datafolha: “Quase 40% dos alunos de escolas públicas não têm computador, seja de mesa ou portátil, ou tablet, para estudar em casa.” Essa desigualdade no acesso à internet é ainda mais crítica no meio rural. Além da falta de acesso a internet os jovens carentes ainda sofrem com a falta de espaço e desconforto em suas casas para estudar.

Embora as atividades EAD não sejam tão eficientes como as presenciais, esses dados mostram que a desigualdade social pode aumentar ainda mais no país, deixando em evidência que o que se ensina nas escolas do Brasil é que nem todos têm a chance de alcançar o que sonham e a pobreza e o acesso à educação verdadeira vai passando de pai para filho, de geração a geração. Esse triste e cruel retrato vai se estender por mais 100 anos se nesse país da desigualdade nada for mudado.

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Bruno Apollaro Zanin Escola para quê? bservo que muitos adultos, O quando se lembram da escola, tem aquele sentimento de vazio em relação ao conteúdo ou até uma frustração por usar muito pouco o que aprenderam em seu dia a dia... então nos perguntamos: “Escola para quê?”. Quando somos pequenos a escola nos dá base emocional, trazendo o sentimento e os sentidos, um relacionado ao outro, sendo que, de acordo com a psicanalista Simone Demolinari, “Somos aquilo que sentimos. Essa influência ocorre pois através das emoções jogamos em nossa corrente sanguínea elementos químicos que fazem com que nosso corpo acione respostas fisiológicas. Emoções positivas estimulam a produção de uma substância chamada oxitocina.” Sendo esses os primeiros contatos da criança, há uma maior importância para a vida dela; no entanto, o problema ocorre quando tanto a família quanto a escola tratam de forma errada, prejudicando a pessoa e gerando consequências para sua vida toda. Podemos dar outro exemplo: por que na escola tem que se es-

tudar tantas matérias que talvez nunca utilizemos durante a vida adulta? Não seria mais fácil eu escolher o que eu gosto? Não é bem assim, a escola faz isso para que o estudante possa conhecer todas as opções de carreira futura, saiba lidar com acúmulo de tarefas, além da diferenciação de estímulos mentais, desenvolvendo o cérebro em múltiplas partes, além de promover o: combate à pobreza; fazer com que a economia cresça; promover a saúde; diminuir a violência, entre vários outros que poderíamos citar de acordo com o Instituto Vidas Raras. Podemos então perceber que a escola, além da função de ajudar na escolha e ingresso na carreira, e todas as outras que citei, desenvolve a memória, a responsabilidade, o comprometimento, a organização, a diversidade de ideias, a capacidade de lidar com a pressão, entre outros, e essas habilidades desenvolvidas serão utilizadas para tudo em sua vida. Elas são desenvolvidas a todo momento, basta observarmos e valorizarmos. O grande problema é a falta de investimento e de valorização da importância da escola nesses aspectos, o que pode ser 9

observado em nosso dia a dia nesse contexto de pandemia, quando você percebe que o aluno que não desenvolveu essas habilidades não está lidando bem com a atual situação. Caso este aluno tivesse desenvolvido essas habilidades, ele conseguiria se organizar, lidar com a pressão e utilizar as outras qualidades citadas. Claro que temos que contar com a parte psicológica, mas se pararmos para observar, além de 20 milhões de alunos que pararam de ter aula, observamos que mesmo os que estão tendo, possuem um rendimento muito baixo (tendo o ‘padrão’/média como base), e isso se prova, pois a maior vontade de todos, alunos, professores e pais é que ninguém reprove mesmo tendo aula, pois por não ter tido o correto desenvolvimento não só de matéria, num contexto onde você só consegue se apoiar nessas habilidades, muitos saíram prejudicados. Claro que a escola também tem que trazer a formação humana, de caráter, conceitos e princípios, mas no momento em que não se desenvolve essas habilidades, todo o resto, incluindo a matéria, vira uma sobrecarga gigantesca e a escola acaba se


como uma coisa estimulante e são frequentemente (e precocemente) direcionados ao mercado de trabalho como uma fonte de renda complementar para sua família ou mesmo abandonam os estudos por falta de interesse. E isso nos leva à questão; escola para quê?

tornando uma prisão, que se voltarmos para o passado, era praticamente uma prisão, com os alunos sendo agredidos fisicamente e verbalmente, e isso se dá pela falta de investimento, tanto nas faculdades formadoras dos professores, quanto na própria estrutura de divulgação e desconstrução desse conceito de prisão. Podemos observar isso quando constatamos que nos últimos quatro anos o investimento nas escolas caiu 56%. Concluo, então, que a falta de investimento e desconstrução desse conceito de prisão criam um ciclo vicioso de mal formados e de maus formadores, não quanto ao conteúdo, mas de desenvolvimento.

Daniel Medeiros de Queiroz Escola para quê? A educação como instrução social e intelectual m 2016, 51% da populaE ção adulta possuía apenas o ensino fundamental completo e apenas 15,3% concluíram o ensino superior. A educação pública brasileira é frequentemente apontada como falha e incompetente para com seu propósito, sendo a melhora na qualidade desta frequentemente apontada como solução para diversos problemas que enfrentamos atualmente. Acredito que um dos maiores problemas na educação brasileira é a taxa de evasão escolar. Os jovens brasileiros não veem a escola 10

A escola sempre desempenhou um papel oficial de transmissão de conhecimento intelectual, porém não é apenas isso que se é ensinado. Na escola aprende-se a respeitar e obedecer figuras de autoridade e as pequenas e não faladas convenções sociais, como por exemplo: quais pessoas são mais populares que outras, quais são desprezadas, quais são os grupos de afinidade, o que se deve e o que não se deve falar para ser aceito em tal grupo, como dirigir-se a diferentes pessoas, enfim todo tipo de pequeno porém essencial aprendizado social. Tais aprendizados só são possíveis de se adquirir a partir da interação em grupo e a escola é o espaço ideal para tal. Portanto a função essencial da escola é a educação intelectual e a inserção do jovem na lógica social. Isso é importante porque é a partir da experiência escolar que o indivíduo apren-


de a conviver em uma sociedade; respeitado as regras, limites não falados, figuras de autoridade e enfrentando consequências por suas ações em um meio controlado, onde as consequências não são necessariamente definitivas e podem ser perdoadas dentro de um limite. No Brasil, a educação sempre foi um privilégio. Enquanto as massas permaneciam não instruídas, foi formando-se uma elite cultural privilegiada na qual apenas ricos poderiam possuir uma instrução de qualidade. Quando a educação passou a ser absolutamente necessária por conta do aumento exponencial da demanda por mão de obra minimamente qualificada, a escola tornou-se uma necessidade das massas. Ainda assim, a educação pública básica no Brasil não possui qualidade semelhante à educação privada. Contando com poucos professores, estruturas de pior qualidade e péssimas condições de estudo mesmo em casa, o jovem de baixa renda acaba vendo na escola uma fonte de alimento ou mesmo uma obrigação absolutamente desnecessária que apenas toma o tempo no qual poderia estar

ajudando sua família. De acordo com dados levantados pelo IBGE em 2016, por volta de 11,2% do total de alunos que chegam ao ensino médio e ao 9º ano deixam a escola. Enquanto atualmente aproximadamente 51% da população adulta (25 anos ou mais) possui apenas o ensino fundamental completo. Também há desigualdades raciais severas dentro da educação, sendo que aproximadamente 22% da população branca possui ensino superior enquanto indivíduos dentro da população negra e parda que possuem educação superior compõe apenas 8,8% dela. Acredito que, para se suavizarem as desigualdades raciais, regionais e sociais dentro da educação, seria necessário organizar a educação, melhorando sua qualidade e adotando práticas mais estimulantes e variadas para os alunos, nas quais cada um pudesse ter seu interesse satisfeito e tivesse gosto por aprender. Teriam de ser implantadas políticas anti-racistas e de inclusão para que aos poucos as diferenças raciais e de classe possam ser reduzidas e a escola possa passar a ser um ambiente de acei11

tação de onde sairão pessoas que aceitam o outro e respeitam incondicionalmente umas às outras - o que teria reflexos na sociedade integral em longo prazo. Finalmente, a escola é uma ferramenta poderosa. Nela se instrui e se molda uma pessoa para a convivência em sociedade e em grupo, além de capacitá-lo para exercer uma função. As massas não possuem uma educação de qualidade e, portanto, não podem exercer funções muito especializadas. Enquanto uma elite racial e cultural domina a escolaridade e por consequência posições de poder e riqueza, as altas taxas de evasão das massas, por consequência da necessidade imediata de usura, dificultam o acesso da população de baixa renda ao ensino médio e, principalmente, ao ensino superior. É necessário que se adotem políticas inclusivas na escola para que aconteça a redução das desigualdades na sociedade integral, pois as crianças são o futuro e, se conseguirmos desmanchar e fragilizar preconceitos na escola, podemos fazer o mesmo dentro da sociedade absoluta.


Gabriela Bersou Ruão Vida escolar no Brasil o mundo em que vivemos, N a escola é para um país uma de suas maiores ferramentas para seu desenvolvimento, de grande importância para sua infraestrutura. A escola desempenha um papel importante na formação dos jovens (a nova geração), seja mostrando a eles como conviver em sociedade, tanto como instruir e ajudar os alunos para que possam alcançar seu máximo potencial. É impossível se pensar no desenvolvimento pleno de um país sem jovens bem formados. Para que a escola consiga desempenhar esse papel ela precisa de verba e investimentos direcionados à educação, tanto para garantir o material de estudo, como para ter pessoas dispostas a se encarregar de realizar essa tarefa. O acesso à educação de qualidade no Brasil é escasso e, do total de estudantes, 73,5% frequentavam escola pública, enquanto 26,5%, a rede privada. No cenário atual o sistema de educação é uma lástima, ainda mais porque o Brasil tem um alto índice de abandono por parte dos jovens (o que nos faz refletir que a partir de certo mo-

mento na vida a escola não faz mais tanto sentido). Há 41,5% de desistência até os 19 anos, segundo a Pnad. Os números podem ser maiores de acordo com o recorte procurado. Entre jovens mulheres de 15 a 17 anos que têm filhos, o percentual pula para 57%. Outras estatísticas reforçam o drama: um em cada quatro jovens de 15 a 17 anos — quase 3 milhões, ou 15% dessa faixa etária — irá abandonar o ensino médio, segundo o Instituto de Ensino Superior em Negócios (Insper). Assim o Brasil entra como um dos países com o maior número de habitantes que não completaram o ensino médio, com mais da metade dos adultos (52%) não possuindo esse nível de formação e apenas 15% da população brasileira com o ensino completo. Muitos desses jovens que não completam o ciclo de ensino componhe uma massa de jovens (11 milhões) entre 15 e 29 anos que não estuda e nem trabalha, conhecida como “nem-nens” ou “desengajados”. Os nem-nens são, de forma geral, jovens que não concluíram o ensino médio, em sua maioria negros ou mulheres, com baixa renda familiar e foram precocemente direcionados para o 12

mercado de trabalho — quase sempre aquele, informal e precário. De forma geral há três principais razões para essa população estar assim: Sendo a primeira delas: o que chamam de barreiras à motivação interna, ou seja, falta de aspiração ou predisposição para voltar aos estudos ou ao trabalho. (Nesse perfil, encontram-se principalmente as mulheres casadas e com filhos pequenos, vivendo sob normas sociais que reforçam seu papel de cuidadoras e restringem suas oportunidades econômicas.) Em segundo: estão aqueles que expressaram motivação para voltar a trabalhar ou estudar, mas não tomaram uma providência porque lhes faltam as ferramentas necessárias para realizar essa aspiração (aí estão jovens que não tiveram contato com pessoas cujas carreiras fossem interessantes, e também não contaram com o apoio da escola). E por último: jovens que, embora tenham se esforçado para estudar ou trabalhar, desistiram por causa de barreiras externas. Entre elas, os desafios de conciliar emprego e sala de aula, e os poucos recursos financeiros


ou qualificativos, como falta de transporte público seguro para se locomover entre uma atividade e outra, e a crise econômica do país. (As jovens que já são mães ainda relataram a discriminação que sofreram por parte de potenciais empregadores). Através de algumas simulações com dados estatísticos, um grupo que fez uma pesquisa concluiu que, se desde 1994 o Brasil tivesse conseguido um sistema educacional “perfeito” em que os alunos de todo o país saíssem da escola com, no mínimo, o ensino médio completo direto para o mercado de trabalho, a desigualdade hoje teria caído apenas 2%. Assim percebemos que mesmo que tornássemos a “educação perfeita” ( só durante o ensino fundamental ao médio) não ajudaria muito nos índice de pobreza e desenvolvimento econômico.

as dificuldades associadas ao cumprimento de objetivos; facilitar o acesso a informações sobre oportunidades e como elas podem concretamente mudar suas vidas e com isso ampliar um sentimento de pertencimento e preparação entre os jovens que sentem que as oportunidades disponíveis não são para eles e por último mostrar que não abandonar o ensino médio pode garantir um diploma universitário, a possibilidade de um emprego mais bem remunerado e uma vida mais relaxada, poderemos então começar o processo da diminuição de desigualdade do Brasil.

Se o Brasil massificar o acesso à universidade e, no ensino médio como no fundamental garantir uma educação de qualidade para a vida pública, que desenvolva as competências necessárias para atuar em um mercado cada vez mais competitivo; garantir programas de apoio ou de mentoria para ajudar esses jovens a lidar com 13

Isabel Nassar Maruxo Escola para quê? scola para quê? A escola E é uma parte das nossas rotinas por um bom tempo. Mas será que ela nos remodela por completo? De certo modo, a escola nos prepara para a vida em diferentes ocasiões, mas, no final, quem lida com tudo somos nós mesmos. Mesmo com muitas informações ganhas na escola, nós estamos apenas praticando dentro desse único ambiente. Até termos que utilizar na vida real. Porém, mesmo todos os jovens aprendendo matérias semelhantes, os jeitos de ensino são diferentes. Ou seja, cada pessoa vai para o mundo com visões diferentes, não apenas pelo que a escola lhe ensinou mas, com a sua própria percepção do mundo. Mas nem todos têm a oportunidade de serem preparados para as experiências da vida, e aprenderem o básico. De acordo com um artigo do site “El país”, “O brasil é um dos países mais desiguais do mundo com quase 30% da renda nas mão de apenas 1% dos habitantes do país.” Ou seja, apenas 1% dos habitantes tem a maioria da renda do Brasil inteiro em suas mãos. Ten-


do a maior parte da população sem seus direitos básicos, sem uma educação formal. E apesar de uma parte da população estar na escola, algumas delas não dão uma boa recepção aos próprios interlocutores, os alunos. Adianta colocar seus filhos em uma escola propensa a faltar professores? Faz sentido colocar seus filhos em uma escola sem organização? Sem nenhum apoio do governo nas escolas públicas é impossível de se ter um bom ensino. E além do governo envolvido na educação, existem formas de educar que afetam os estudantes. Falar de escola é um assunto delicado, pois não é apenas ensinar o aluno a matéria e pronto. Além de cada aluno ter suas dificuldades, o jeito que as escolas ensinam, o jeito que os professores e alunos se relacionam, afeta em como cada um aprende e se envolve com diversos assuntos. O documentário “Quando sinto que já sei” retrata métodos de ensino que utilizam gestos participativos de todos os lados. Sendo eles: trabalhar dentro da sala de aula até o pátio. Trabalhar em equipe, envolvendo muitas mais ideias do que uma

única por si só. Além de só copiar matéria da lousa, utilizar outras maneiras decorrendo a matéria indicada, sem tornar algo pesado e cansativo. Alunos apoiando alunos, tendo uma aluna do 9 ano ajudando um do 6 ano a se encaixar. Outro detalhe forte dentro do documentário é: As relações. Quais relações? As relações entre os adultos e os adolescentes. Ao decorrer do dia a dia, sempre escutamos alguém reclamando da escola, ou da/do professor, funcionário, entre outros. “Quando sinto que já sei” ressalta que: O professor não deve ser apenas o distribuidor de conhecimento e sim, o mediador. Ou seja, não deixar que os alunos fiquem com a visão de: “ai ela/ele é muito chata”, “não aguento mais essa aula”, e sim fazer do ensino algo produtivo, que conecte os alunos aos professores, deixando a aula mais fluida. A escola se torna uma grande parte importante de nossas vidas. Além apenas, de nos formar. Trabalhamos em grupo, conhecemos novas pessoas, fazemos amizades, desfazemos amizades e convivemos com várias mentes pensantes em um único espaço. 14

João Pedro Casquet Elias A importância da escolaridade reio que é de conheciC mento da maioria qual é a importância da escolaridade, porém nem todos procuram se aprofundar no assunto e saberem a real importância da instituição escolar. Se levarmos em conta a imensa parte dos jovens que nem sequer podem ir à escola pública, percebemos que de fato há um grande problema com o sistema de educação brasileiro. É aqui que percebemos a grande e verdadeira falta de não ter acesso à escolaridade, já que muitos destes citados não têm uma projeção de vidas bem sucedidas em suas vidas adultas. Por estes e demais fatos, precisamos falar sobre a importância da escolaridade. Aqui no Brasil a taxa de escolaridade dos jovens mais pobres (que representam mais da metade da população) é muito baixa, contando com mais ou menos 2,5 milhões de analfabetos. Muitos que não possuem acesso à educação, devido a sua situação financeira, tem que recorrer às escolas


públicas, as quais não apresentam um sistema de ensino muito bom, pois não possuem os melhores e mais capacitados professores. Alguns estudantes que já possuem um futuro garantido por conta de suas condições financeiras, veem a escola como principalmente um lugar para aprender, porém não valorizam tanto esta oportunidade que possuem, e também valorizam este espaço para um certo entretenimento, como: brincar, se divertir, etc. Já pessoas que não têm essas mesmas oportunidades, encontram a escola como único meio de alcançar um futuro com decentes condições financeiras, onde possam ao menos ter três refeições diárias e vestimentas adequadas. Estes, entretanto, mesmo com muito esforço, foco e dedicação, não conseguem atingir o mesmo sucesso pelo fato da tremenda discriminação que há imposta na sociedade. A escola reflete nossa sociedade como um todo, um lugar onde ricos vão ter mais privilégios, e pobres serão excluídos, tornando extremamente difícil a missão de

uma pessoa que veio de baixo, seja na periferia por exemplo, conseguir subir e alcançar a qual trabalhou e fez por merecer. Eu e todos os outros com quem convivo na maior parte da minha semana têm muita sorte de ter condições adequadas para uma educação de qualidade. Diferente de nós, o garoto que dá a vida para arranjar a renda que seja para ajudar a sustentar sua família, não sabe se volta vivo para sua moradia no final do dia. Acredito que a educação seja a chave para podermos progredir como país e como sociedade. Outra pesquisa, realizada pelo IBGE, afirma que: “No Brasil, 32,8% dos jovens de 18 a 24 anos de idade estavam frequentando escola, o equivalente a 7,3 milhões de estudantes. Para as pessoas de 25 anos ou mais de idade, a taxa de escolarização foi de 4,2%, o equivalente a 5,5 milhões de estudantes”. A partir desses números, é possível perceber que a taxa de escolaridade brasileira é muito baixa e isso é preocupante. Se levarmos tudo o que foi ci-

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tado à cima, concluímos que o acesso à escolaridade é sim muito importante na criação, ou seja, na formação das juventudes de hoje em dia, porém é um sistema que tem diversos pontos a melhorar, pois ainda é inacessível para diversas pessoas de classe sociais mais baixas. Levamos em mente também que sem a escolaridade, não poderíamos extrair o nosso máximo em determinadas áreas de nossas vidas. É esperado que no futuro, o sistema educacional se torne bem melhor do que na atualidade. Talvez não exista só uma única resposta para o verdadeiro motivo da escolarização, pois isso varia de casos em casos como já vimos. Enquanto alguns consideram algo sem sentido e com nenhum valor, outros podem pensar que é fundamental, não só para fins acadêmicos, mas sim para formação de seu próprio “caráter” às vezes. O Brasil se encontra em uma situação que é no mínimo triste e pavorosa e a educação pode ser a chave para um futuro promissor, e deve sempre ser sempre tratada como prioridade.


Jorge Gomes Mariotto O ensino focado nas carreiras é a melhor opção? ensando na escola de uma P forma extremamente simplificada e tradicional, ela serve para nos preparar para o mundo, trabalhando principalmente com a ideia do nosso futuro profissional. Mas se pararmos para pensar um pouco vemos que essa não é bem a sua única função, pois nela aprendemos a nos relacionar entre seres humanos, nela nós aprendemos a nos expressar, e colocar as nossas ideias e pensamentos, e, se pararmos para olhar, percebemos que o ensino no Brasil sempre pende para o lado profissional, e muitas vezes falta um pouco dessas outras funções da escola, e é sobre isso que eu falarei hoje. Se pensarmos nos exemplos de escolas do documentário “Quando sinto que já sei”, no qual vemos exemplos de escolas que tem como objetivo atrair mais os alunos e os intrigar para que eles queiram frequentá-las mais, que para mim é o método de ensino ideal, pois não acho que as escolas deveriam focar somente nos outros valores da escola além

da preparação profissional, para que os alunos não se tornem pessoas que terão muita dificuldade de encontrar o seu lugar em nossa sociedade, e discordo também do oposto disso, das escolas focam somente em planilhas onde o aluno muitas vezes não aprende sobre o que quer, e sim sobre o que foi determinado que ele deve aprender, e, inclusive, muitas vezes essas escolas cujo nome não preciso citar, que usam como propaganda as notas de seus alunos nos últimos ENEMs, e nelas os alunos têm muito menos chance de ter estudado sobre o que se interessavam, o que também não é algo bom, pois numa intensa tentativa de fazer com que o maior número de seus alunos se deem bem profissionalmente, e esse ambiente prefere focar em um currículo pré-definido, pode acabar ofuscando dons e interesses de seus alunos. E esses dois exemplos extremos de educação podem, muitas vezes, resultar em um número alto de jovens chamados de “Nem-Nem”, que são jovens que, não estudam e nem trabalham isso porque, focando em uma educação formal e que pensa muito mais no 16

futuro profissional (desde muito cedo) ao invés de pensar no momento em que as crianças estão e no que elas precisam naquela hora, e isso pode desinteressar os alunos com relação à escola. E se o foco ficar só nos outros benefícios da escola, também não é o ideal pois, assim, os jovens formados em um ensino como esse terão menos oportunidades de encontrarem um emprego formal, por não estarem “ambientados” com isso. E, voltando às propagandas dessas escolas, podemos pensar que para eles, é muito melhor ter milhares de alunos formados com notas boas, mas que só sabem sobre a matéria do ENEM, porque para muitas famílias é mais importante o filho seguir algo já definido para estudar, do que algo que veio de seu interesse, pois ainda existe um preconceito e uma ignorância sobre essas escolas que dão a opção do aluno aprender sobre o que ele quer. E se formos ver, se o aluno aprende sobre o que ele quer, ele terá muito mais chance de se dar bem profissionalmente, naquilo que ele gosta.


Laura Campanhã de Barros Freire Escola pra quê? ara que serve a escola? P Alguns podem dizer que a escola é imprescindível para o sucesso na vida pessoal e profissional, outras pessoas o contrário, que a escola não é tão importante assim. Se explicarmos de um jeito técnico, precisamos frequentar a escola para fazer o vestibular, para irmos para a faculdade, para termos um diploma e um emprego. É claro que a escola vai além disso, mas muitos jovens hoje em dia não frequentam a escola, muitos perdem o interesse, ou às vezes apenas não lhe dão o devido valor, sendo assim podemos afirmar que as escolas se encaixam na sociedade atual? A educação só está presente na sala de aula? A má qualidade das escolas públicas favorece a evasão escolar? Os métodos atuais de ensino no Brasil são eficazes? No documentário “Pro dia nascer feliz” podemos ver que diversos jovens estão sofrendo, pois a pressão nas escolas é grande, eles estudam conteúdos difíceis que acabam pre-

judicando sua saúde mental, uma menina inclusive alega que sofre de depressão. Aprendemos muita matéria que dependendo da nossa profissão futura não terá nenhuma utilidade e, às vezes, a impressão que fica é que temos que decorar uma grande quantidade de matéria acumulada apenas para o vestibular, quando a escola deveria nos incentivar a descobrir e pesquisar assuntos de nosso interesse. No documentário “quando sinto que já sei” uma diretora da escola diz que antes do início da vida escolar as crianças são “uma página em branco”, mas é claro que quando uma criança vai para a escola pela primeira vez ela já sabe pensar, na maioria das vezes se comunicar, e processar informações. A escola ajuda no nosso desenvolvimento e na elaboração das nossas ideias, mas antes de entrarmos lá não somos uma “página em branco”, ou seja, a escola não é o único local de aprendizado possível. De acordo com o IBGE, 11 milhões de jovens não estudam nem trabalham, um dos principais motivos é a pobreza no Brasil. 17

Após a independência do nosso país, tivemos uma chance de conseguir uma boa educação, já que tínhamos uma máquina estatal bem organizada, mas a educação foi deixada praticamente de lado, como é mostrado no texto “Pátria Iletrada”. Infelizmente, não aproveitamos a chance de desenvolver uma boa educação, porque não foi bem investido em educação, e com isso grande parte dos jovens não estudam nem trabalham. As escolas públicas têm vários aspectos negativos, por exemplo, os professores ganham muito pouco (Nos colégios públicos estaduais, a média salarial é de R$3.476,00). A qualidade estrutural também é precária, das escolas que oferecem o ensino fundamental apenas 41,6% contam com a rede de esgoto, 52,3% apenas com fossa e em 6,1% delas não há sistema de esgoto sanitário. A péssima qualidade das escolas públicas é um dos principais motivos da evasão escolar, em uma pesquisa podemos ver que, no ano de 2017, 1,5 milhões de jovens não se matricularam no início do ano letivo, e dos 8,8 milhões que fizeram


a matrícula, 700 mil abandonaram a escola antes do final do ano letivo. O abandono dos jovens está ligado com a desigualdade econômica do Brasil, os mais pobres acabam saindo das escolas. As escolas se encaixam na sociedade atual? O aprendizado baseado em lousa, giz, provas, não se encaixa mais nos dias atuais, e está prejudicando a saúde mental dos estudantes, ou fazendo-os desistir das escolas, para aprender é preciso querer, a escola tem que começar a ensinar a gostar de aprender, e muitos jovens não conseguem aprender no sistema utilizado atualmente. Precisamos explorar mais os ambientes fora da sala de aula, e antes de aprendermos tudo do vestibular como zumbis, descobrir o prazer de aprender e a melhor forma de fazer isso. A escola é importante e não podemos abrir mão dela, é uma grande fonte de conhecimento e socialização, mas podemos sempre melhorá-la e adaptar o sistema para cada tipo de criança, as pessoas são diferentes e não possuem o mesmo jeito de pensar e aprender.

Laura Dias Peres de França Escola, é necessária uma reforma? o contexto atual, muitos N discutem sobre a importância que a escola tem em relação à juventude. Enquanto alguns questionam se o conhecimento proporcionado por esta é realmente necessário para o sucesso na vida, outros indagam se a mesma deve manter os métodos de ensino tradicionais. Tendo em vista esses aspectos, neste artigo me proponho a questionar se o método que a escola usa é realmente o mais eficaz e conveniente para a aprendizagem dos alunos. Primeiramente, qual é a importância da escola em nossa formação? A escola é uma instituição secular que tem como uma de suas importâncias o acesso ao conhecimento para os alunos. Além disso, segundo artigo publicado no Estadão (2018)“O papel da escola na formação dos jovens (e de seus projetos de vida)”, esta também tem um papel importantíssimo de, “formar jovens críticos, capazes de refletir sobre a realidade e nela atuarem, valorizar a vida, a cultura e os estudos como ferramentas do desenvolvimento individual e coletivo.”, ou seja, a mesma tem o dever de formar 18

jovens pensantes, que atuam no mundo atual. Com isso, surge o seguinte questionamento: o atual sistema escolar brasileiro consegue desenvolver tal formação de valores, ou é preciso uma reforma? Analisando dados emitidos pelo IBGE podemos perceber que há uma grande evasão de estudantes em certo período escolar. Tal período seria o ensino médio, visto que ao jovens completarem 15 anos a taxa de abandono quase dobra em relação à faixa etária anterior, passando de 8,1% para 14,1%. Também foi dito que os principais motivos para tal evasão foram a necessidade de trabalhar (39,1%), a falta de interesse (29,2%) e entre as mulheres a gravidez na adolescência (23,8%). Contudo, conseguimos relacionar estes motivos diretamente com a questão da necessidade de uma urgente reforma escolar; que, por sua vez, se relaciona com o projeto ncora, que é retratado no documentário “Quando sinto que já sei”. O projeto Âncora, tinha como principal objetivo mostrar diferentes propostas escolares a fim de atrair os alunos e assim acender uma discussão sobre o atual estado da educação


brasileira. Alguns exemplos das propostas feitas foram: escolas livres, escolas que valorizam o trabalho em grupo, que ensinam tudo brincando e etc. Podemos perceber que, em todas estas que aderiram alguma das moções, parte significativa dos alunos alegou que sentiu muito mais suporte e liberdade estando nas escolas que fazem parte do projeto, e isso nos leva a conclusão, escolas inovadoras podem ser um meio de atrair e manter alunos no ensino médio. Em suma, é necessária sim uma reforma escolar, para atrair os alunos e diminuir a evasão que acontece na mesma. O projeto Âncora é uma possível prova de que dá para se fazer tal reforma e que a mesma é mais do que necessária para os alunos.

Luma Favretto EAD ou escola presencial? odos já sabemos que em T virtude da pandemia do COVID-19 escolas pelo mundo inteiro estão sendo fechadas com suas aulas presenciais suspensas até ser seguro para retornar a rotina normal; assim, as escolas se ajustaram num esquema de ensino a distância, EAD. Esta metodologia fez com que houvesse uma grande discussão do porquê ir à escola presencial é muito importante e necessária para os estudantes, já que é possível fazer e aprender tudo que ensinam na escola em casa, confortável, sem gastos maiores em lanches e gastos em locomoção, sem contar o valor que normalmente no ensino a distância é muito mais em conta do que uma escola no ensino presencial. Segundo o site ead e o site educa mais brasil esses benefícios são reais e muito aparentes na metodologia; apontam que além desses benefícios ainda há a aparição de mais autonomia e a capacidade do estudante ter mais flexibilidade de horários, mas, em contraponto, apontam que o ensino poder ser muito mais estressante, distrativo e confu19

so. Então te digo, escola para quê? O site do colégio Objetivo lançou um estudo sobre isso, a escola serve para ter disciplina, não somente em sala de aula mas também socialmente, ser educado, apontam que a disciplina dos horários presencialmente é muito mais rígida e necessária, já que um aluno pode faltar em todas as aulas online e depois simplesmente ir de tarde e assistir, quebrando todo o conceito de ter aula em um horário específico; apontam que o trabalho em equipe e ser socialmente ativo na escola presencial também é uma vantagem enorme, já que são nesses trabalhos em que as crianças aprendem a viver em comunidade e aprendem que suas ações têm reações variadas, sem contar com o aprendizado presencial e a possibilidade do esclarecimento de dúvidas em tempo real. A escola presencial é necessária para a formação não só educacional, mas mental de um indivíduo. O documentário Quando sinto que já sei é um ótimo exemplo do ser humano que pode ser criado a partir do ensino, convivência, lições de moral e autonomia de uma


criança no horário de ensino. Ele mostra que a escola sem muros exige muita comunicação e autonomia individual dos alunos; acreditamos que este ensino sirva para criar seres humanos melhores e não focar somente em seu futuro trabalho, notas escolares e objetivos econômicos, isso lhes faz uma escola diferente das demais em termos de pedagogia e metodologia, porém elas seguem praticamente o mesmo princípio de toda escola presencial, autonomia, sociabilidade, ensino e disciplina. Já o EAD não forma e não incentiva a sociabilidade de modo geral, que é extremamente importante para a formação de um ser humano psicologicamente hábil de se comunicar e trabalhar em grupo posteriormente em sua vida futura. Acreditamos que a escola presencial também dá uma ideia de mudar de rotina, o que é também importante para o aluno continuar motivado com seus estudos. Um estudo do Correio Braziliense diz que alunos de menor idade estão achando que estamos de, por assim dizer, férias prolongadas; assim eles não entendem e não

levam o ensino a distância a sério por estarem em casa confortáveis com horários consideravelmente flexíveis e rotina extremamente monótona. Já é de conhecimento geral de que há muitos alunos que antes da pandemia do COVID-19 estavam bem nas aulas presenciais e depois da mudança repentina não acham mais motivação para fazer trabalhos escolares e participar das aulas. É isso que uma pesquisa do El País com jovens mostra, Ana Regina fala de suas angústias e de que o EAD não é a mesma coisa do que o ensino presencial, lamentando não ter as amizades e os professores, assim como o social e as aulas teóricas na escola com a possibilidade de perguntas. Estes dados também são reforçados numa pesquisa feita pelo Em Movimento, que aponta que o emocional dos jovens está extremamente fragilizado e estão com um sentimento pessimista sobre o futuro. É impossível continuar a promover um ensino que abre esta fragilidade emocional nos estudantes e 20

esta não sociabilidade. O ensino é totalmente contra todos os princípios de uma escola tradicional; apesar de ter todas as suas vantagens, essa metodologia tem mais desvantagens em longo termo. O jovem não saberá trabalhar em equipe e se socializar com outros, cumprir horários rígidos e específicos e nisso a escola presencial não falha. O ensino na escola ajuda muito no emocional do aluno, ajudando ele a ter amigos, dar um tempo de casa ou até fazer alguma coisa que goste. Temos que promover o ensino presencial para que nossos jovens não fiquem fragilizados emocionalmente.


Maria Eduarda Graziano Rubino Diploma não garante sucesso sociedade em que viveA mos, ou pelo menos a maioria desta, vê a escola como algo extremamente necessário para que sejamos bem sucedidos no futuro; é senso comum que a conclusão da educação fundamental e ensino médio fazem parte da passagem para o ensino superior, que seria a última fase da escola antes de termos sucesso na vida. Porém, por conta de termos sistemas educacionais falhos no mundo inteiro, é possível considerar que a posse de um diploma nem sempre mede a capacidade de alguém e muito menos o sucesso que terá. Podemos ver isso no caso de François Pinault por exemplo, que largou a escola aos 11 anos para trabalhar em uma serraria com seu pai. Pinault largou a escola pois sofria bullying por ter um “passado pobre”; hoje, tem um patrimônio líquido de 45,4 bilhões de dólares. Outro exemplo é Pelé, que segundo depoimento de amigos de infância, não se preocupava com a escola e tinha todo ou a maior parte de seu foco no futebol. De acordo com um ex-vizinho de Pelé, uma vez por conta

de quase nunca atender a escola, sua professora lhe disse que daquele jeito ele não seria nada na vida. Em 1958 quando voltou da Copa, ele trouxe um colar para esta professora. Atualmente, é uma das maiores lendas do futebol. Acredito que essas sejam provas de que nem sempre a escola é o caminho para o sucesso. Não há nada que confirme ou negue isso, já que existem “casos e casos”; porém, é fato que o sistema educacional falho mundial seja parte do porquê de muitos possuírem um diploma e não terem sucesso. De acordo com uma matéria postada pelo Correio Braziliense falando sobre a “saúde” do sistema educacional, segundo Augusto Cury, escritor e psiquiatra, “a escola falha ao querer desenvolver somente as áreas cognitivas, como o raciocínio, o pensamento lógico e a observação, sem dar subsídios para que os alunos ousem mais e se reinventem por meio do controle emocional”. Cury diz também que isto se repete no mundo todo e que inclusive as escolas e universidades estão “doentes”, até mesmo aquelas que estão no ranking mundial; isto, pois elas ensinam os alunos da 21

pré-escola à pós graduação a conhecer o mundo de fora, desde os pequenos detalhes até os grandes atos, mas não ensinam a conhecer o mundo de dentro, a mente humana. Portanto, é ensinado a controlar a razão, mas não a controlar a emoção, o que formará jovens frágeis e inseguros que não sabem lidar com descontentamentos. Muitos, além de verem o século XXI como a “era do conhecimento”, reconhecem que a escola nunca foi tão importante quanto é hoje em dia; esta visão é criada pois é identificado que aqueles que não tiverem qualificação dificilmente terão oportunidades no mercado de trabalho. O problema é, que apesar de muitos cursarem o que desejam e conseguirem seus diplomas (o que tecnicamente significaria que já teriam sucesso garantido), é difícil que todos estes consigam chegar ao mercado de trabalho. Isto se dá por conta de o mercado de trabalho ter muito menos vagas do que as universidades. De acordo com uma matéria da Globo Economia, dados do IBGE de 2014 mostram que 80% dos formandos estudavam em seis ramos e, ao olhar o que faziam os trabalhadores


com ensino superior, o professor Hélio Zylberstajn notou que não existia proporção entre o número de cargos e diplomas. Além disso, o setor de administração, em 2014, correspondia a 30% daqueles que se formaram e apenas 4,9% dos trabalhadores com graduação eram administradores de empresas. Dessa forma, se 100 alunos se formassem, apenas 16 (mais especificamente 16,4) trabalhariam na área. Ou seja, não há vaga o suficiente no mercado de trabalho pois é esperado muito mais dos trabalhadores além do diploma, porém não é viável esperar mais dos mesmos pois a escola, que deveria ser onde “o mais” é ser ensinado, não oferece o necessário pois não está preparada para oferecer. Este problema poderia ser resolvido apenas com novos métodos e com a resolução da maior falha do sistema educacional, que é ensinar aos alunos tudo sobre a razão, mas nada sobre a emoção, que é a base de saber lidar com dificuldades e crises, pois ao invés de usarem a dor gerada para crescer, sucumbem a esta.

Mariana Zabotto Udiloff Desenvolvimento Econômico: Uma questão educacional osso dizer com certeza que P o desenvolvimento econômico de uma certa nação depende principalmente da capacidade que esta possui de colocar todos os seus cidadãos para aprender a ler, escrever e fazer contas. Portanto, se observarmos o atual atraso socioeconômico do Brasil e na maneira que o país vem se desenvolvendo, não se há dúvidas de que a falta de investimentos na educação brasileira durante toda a história do país, juntamente com o percurso de desigualdades que este acompanha desde o início de seu “descobrimento”, seja a sua principal causa. Com isso, estão as suas taxas de analfabetismo e desemprego, segundo as quais três em cada dez jovens e adultos de 15 a 64 anos no país (29% do total, o equivalente a cerca de 38 milhões de pessoas) são considerados analfabetos funcionais e 12,8 milhões são desempregados. Se quisermos um futuro brasileiro, social e economicamente evoluído, precisamos investir nas nossas juventudes. Analisando os dados educacionais do Brasil em relação aos de países economicamente similares ao mesmo, podemos 22

observar que enquanto nestes, por volta do século XIX, já se era apresentado um avanço em relação à educação primária, no Brasil não se podia ver o mesmo. Por exemplo, em 1830, cerca de 50% dos norte-americanos entre 5 e 14 anos estavam matriculados no ensino primário. Na virada do século, mais de 90% estavam em salas de aula, enquanto no Brasil, em 1870, estima-se que somente 6% dos meninos e meninas entre 5 e 14 anos frequentassem os bancos escolares. Meio século mais tarde, o número de matrículas ainda representava apenas 15% do total de crianças em idade escolar, em oposição aos países México, Colômbia e Guatemala, que já haviam, no mesmo ano (1920) colocado entre 20% e 25% de suas crianças em sala de aula. Estudiosos da história da educação, como os economistas Claudia Goldin e Lawrence Katz, atribuem à capacidade americana de alfabetizar quase toda a sua população, ainda antes de 1900, pelo menos parte da explicação para o salto econômico do país. “Que o século XX tenha sido ao mesmo tempo o ‘século americano’ e o ‘século do capital humano’ não é um acidente histórico.”, escreveram Goldin e Katz no livro “The Race Between Education and Technology”


(A Corrida Entre Escolaridade e Desenvolvimento Tecnológico), publicado em 2008. É possível enxergar a relação entre desenvolvimento econômico, educação e desigualdades a partir dos 11 milhões de jovens brasileiros entre 14 e 29 anos que não estudam e nem trabalham. Adalberto Cardoso, professor e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), confirma que 70% dos nem-nem estão entre as famílias representadas dentro dos 40% mais pobres: “São pessoas que dependem do ensino público para a formação profissional, mas que, em função da má qualidade da educação, acabam no mercado de trabalho precário”. Assim, a carência do apoio governamental em relação às instituições de ensino público e privado reflete diretamente na precariedade do futuro de nossos jovens. Dessa forma, as desigualdades unidas ao atraso financeiro, se agravam cada vez mais.

Marina Ruão Não quero ir à escola jovem não gosta de ir à O escola. Isso é um fato. Mas por quê? A resposta é simples: a escola, do jeito que está hoje, não faz sentido para as juventudes. A escola é, basicamente, a mesma do século 19, época em que o professor era o detentor de todo conhecimento, e o aluno (que significa “sem conhecimento”) estaria lá para absorver toda sabedoria do Homo sapiens crescido em pé na frente da sala. Nos dias de hoje, há até quem diga que “As crianças são como uma página em branco onde

devemos escrever um belo livro”, o que é uma grande lorota. Se os professores, coordenadores, funcionários nos enxergam como uma página em branco, sem conteúdo, seu lugar não é em uma escola. Segundo o GESTA, das catorze principais causas do abandono escolar no Brasil, quatro estão essencialmente relacionadas ao sentido da escola para as juventudes. A primeira: Significado. Os jovens sentem que o que aprendemos na escola não está alinhado com sua visão de futuro, assim acabam preferindo se dedicar a outras atividades. A segunda: Flexibilidade. As escolas, de forma geral, não são dinâmicas ou inovadoras o bastante. Por mais que uma instituição de ensino rígida tenha suas vantagens em relação a absorção de conteúdo, deste modo apenas uma pequena parte das juventudes irá se interessar em aprender deste modo. A terceira: Clima escolar. Todos precisamos nos sentir bem, acolhidos, pertencentes ao lugar onde vamos passar cinco horas do nosso dia durante cinco dias da semana por 16 anos de nossas vidas. Portanto, se estar na

Então lhe pergunto: Escola para quê? Escola para termos uma economia melhor desenvolvida; escola para diminuirmos as desigualdades; escola para proporcionarmos um possível futuro aos nossos jovens. 23


escola não nos faz sentir assim, não é onde iremos ficar.

Matteo Laurenti Magri

A quarta e última: Percepção da importância. O papel da escola não é só ensinar, mas nos dizer e fazer perceber que o que estamos aprendendo é importante, ou seja, “apresentar a educação como um valor”. Quando esses pontos não são “cumpridos”, uma coisa acontece: abandono escolar.

egundo o dicionário tradiS cional, escola significa um espa-

De acordo com o GESTA, dos 10,3 milhões de jovens com idade entre 15 e 17 anos que deveriam estar estudando, 2,8 milhões abandonam a escola todos os anos. Segundo o Inep, de acordo com o Censo Escolar realizado entre 2014 e 2015, a taxa de evasão escolar foi de 12,9% no 1º ano do ensino médio, 12,7% no segundo, 6,8% no terceiro e 7,7% no nono ano do fundamental. No ano de 2013, a PNUD comunicou que, entre os 100 países com maior IDH, o Brasil compreendia a 3ª maior taxa de evasão escolar. A solução é clara: O sistema educacional do Brasil tem que se adequar a este século, o problema não vai simplesmente desaparecer.

Existe um “para quê”?

ço/construção que se destina ao ensino, tanto público quanto particular. Formalmente é um conjunto de adeptos (alunos) que são ensinados por um mestre (professor), mas nós sabemos que a escola não é exatamente isso. A escola não tem uma definição que podemos classificar como verdadeira. Quando procuramos no google “pra que serve a escola” aparecem diferentes significados e “para quês”. Um site fala que a escola é vista como um ambiente socializador que propicia o desenvolvimento individual e social da pessoa, além disso o escritor diz que ela (escola) serve para que pessoas se sintam mais adaptadas ao seu ambiente social, “podendo, assim, desenvolver-se individualmente através da facilitação para estabelecer contatos sociais”. Já outro site diz que a escola serve somente para aprender, se formar, ir para faculdade, trabalhar, se casar, ter filhos, se aposentar e por fim morrer, parecendo um sonho capitalista.

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Para mim a escola não tem uma definição fixa. Assim como eu não acredito que exista um “PRA QUÊ”. Cada pessoa utiliza a escola de maneira diferente. Alguns, que já possuem uma espécie de futuro garantido, veem a escola como para aprender, mas também um lugar para brincar e se divertir, outras pessoas que não têm essa mesma realidade veem a escola como único meio de “vencer na vida” e muitas vezes, mesmo com muito esforço e foco, elas não conseguem. A escola reflete nossa sociedade como um todo, ricos vão ter mais privilégios, pobres serão excluídos etc. Eu tenho muita sorte de ter condições para comprar livros didáticos, cadernos, materiais em si... Tenho sorte de ter como ir e voltar da escola sem medo de faltar dinheiro para o lanche. Eu sinceramente acredito que somente com uma melhor educação poderemos progredir como país e como pessoas. Informação move o mundo, quanto mais você possui, mais prestigiado socialmente você será. Normalmente em uma sociedade capitalista isso vale para tudo, a quantidade é o mais impor-


tante e quem tem mais sempre começará na frente. Existem alguns números chocantes que envolvem até questões raciais. Segundo o G1, o número de estudantes pardos, negros e indígenas sem atividade escolar durante a pandemia é quase o triplo da de brancos. “De acordo com o sociólogo responsável pelo levantamento, Ian Prates, os números mostram a desigualdade atual entre brancos e não brancos, mas trazem também uma preocupação com o possível aumento da desigualdade racial para essa geração em fase escolar”. Infelizmente mesmo antes da pandemia já havia uma diferença, ela apenas a escancarou. Voltando à questão do “porquê” acho que somente com uma boa educação poderemos progredir, um estudo feito pela Agência Brasil, mostrou que, em 2019, cerca de 6,6% da população é analfabeta, ou seja, por volta de 11 milhões de pessoas não sabem ler nem escrever! Para se ter uma ideia, esse número é mais alto que a população inteira de Portugal. Por isso e, por outros motivos, acredito que a educação tem papel fundamental na socieda-

de, sendo, para mim, o agente mais importante, ao lado da taxa de fome e mortalidade, na diferenciação de um país desenvolvido para um país subdesenvolvido. Óbvio que cada país tem suas complicações, tamanho, número de pessoas, etc, porém a educação é fundamental. Por isso não acredito que haja somente um “para quê”, por todas as diferenças e importâncias para cada pessoa.. como cada uma vai olhar pra escola, talvez algo apenas acadêmico, ou algo fundamental ou até algo sem sentido e valor. Às vezes pensamos que ler e escrever é algo tão básico, porém adultos de diferentes idades não sabem escrever seu próprio nome.. a realidade do Brasil é triste e pavorosa, e eu não vou vir aqui escrever um discurso motivacional do tipo “vamos, só com os estudos iremos superar essa crise”. Não é isso, mas a educação deve ser sempre tratada com prioridade. Mas no final, a escola não deveria ser o lugar “para quê” as desigualdades sociais e raciais acabassem?

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Pedro Paim Barreiras o mundo atual, para um N país melhorar sua infraestrutura, deve fazer vários investimentos em educação para desenvolver o país por meio de realizações de pesquisas científicas e tecnológicas. É nesse cenário que a escola entra, na formação de jovens para uma nova geração empenhada na tarefa de construir novas ciências e tecnologias que façam o país progredir. No entanto, parece que o acesso à educação de qualidade está aparentemente distante para os jovens da classe pobre. Uma agenda do relatório de Competências e Empregos feito pelo Banco Mundial, indica que “apesar de o número de anos de estudos no país ter crescido na última década, a produtividade do trabalhador não evoluiu muito.” Os jovens que são chamados Nem-nem (Nem estudam e nem trabalham), de acordo com a Revista Educação, já são mais de 11 milhões de jovens na faixa dos 15 aos 29 anos – cerca de 20% que não terminaram o ensino médio e não tem formação universitária. Ao abandonar as escolas, uma hora ou outra, isso


irá afetar a produtividade e o desenvolvimento do país por conta de não termos pessoas com formação profissional disponíveis para a formação do país, porque uma parte numerosa dessa população vai ser forçada a preferir trabalhar em empregos rudimentares e o Brasil não terá disponibilidade de pessoas para trabalhar nas áreas técnicas. Então nós devemos nos perguntar, por que isso acontece? Por que a escola é vista com menos importância pelos jovens? Se formos dizer que a infraestrutura de algumas escolas é ruim e que a incompetência dos jovens é a responsável por não termos uma boa formação acadêmica e, consequentemente, não conseguirmos bons empregos, é um argumento muito superficial. A verdadeira razão ao meu ver é por existirem duas barreiras que impedem os jovens no Brasil de terem uma educação de base, se for possível para a camada pobre da sociedade, que são: a falta de investimentos na educação e se o nosso método de ensino é ultrapassado e errado. Ter acesso a uma escola pública é simples, mas ter acesso a uma infraestrutura educacional

de qualidade é outra. Porém, o que tem a ver o acesso escolar com a infraestrutura da educação? Uma pesquisa divulgada pelo “El país” aponta que para melhorar esse cenário é preciso mais do que uma reforma massiva na educação básica, é preciso investir em acessos a universidades para camada pobre do Brasil. Isso não só aumentaria o percentual de jovens formados como também diminuiria desigualdade e pobreza no país, de acordo com a pesquisa. Isso acontece porque também ao longo da história o Brasil começou a investir em educação muito tarde que teve como grande consequência mais tarde, uma pesquisa de um economista aponta que um dos fatores da educação ser ruim no Brasil é por conta do Brasil começar a investir na educação muito tarde, em 1870, comparado com outros países que começaram a investir em educação no começou do século XIX. Outra coisa foi a política de centralização, que excluiu a parte analfabeta da sociedade brasileira, que é uma grande porcentagem da população do país - no Brasil apenas 6% dos meninos e meninas entre 5 e 14 anos frequentavam os ban26

cos escolares. Meio século mais tarde, o número de matrículas ainda representava apenas 15% do total de crianças que estavam na escola. Nos Estados Unidos, por sua vez, na virada do século, mais de 90% das crianças estavam presentes nas escolas. Se não houvesse uma exclusão da sociedade em relação à educação naquela época, provavelmente não estaríamos nesse cenário de extrema pobreza e desigualdade. Agora vamos à segunda barreira, que é o questionamento do nosso método de educação. Esse é um dos problema que possivelmente afeta o futuro de milhões de jovens brasileiros, porque nós estamos acostumados com um sistema de ensino que não desperta interesse nos alunos e para os jovens é difícil acompanhar a linha de raciocínio dos professores. Consequentemente, depois de certo tempo, os jovens vão abandonar as escolas, arruinando, tanto o seu futuro como o futuro do país. Isso acontece porque os professores focam mais na parte profissional de ensino e acabam esquecendo o que a escola pode oferecer aos jovens. Então nós precisamos nos questionar se os alunos estão


com dificuldade de aprender ou devemos mudar nossos métodos de como ensinar os alunos. Algumas escolas recorrem a métodos de ensino diferentes. Foi feito um documentário chamado “Quando sinto que já sei” sobre algumas dessas escolas. Um exemplo é a Escola Municipal André Urani, que fica no Rio de Janeiro, recebe o método de ensino GENTE (Ginásio Experimental de Novas Tecnologia Educacionais), nesse método é incluído: Uso de Educopédias e os alunos são divididos em grupos de aprendizados chamados “famílias”, os alunos buscam o conhecimento de determinada matéria por meio de pesquisas. Com ajuda desse método, o aluno começa a ganhar interesse, querer buscar o conhecimento e ir mais além do que está aprendendo.

Nós precisamos investir menos no ensino médio e mais nas universidades, tornando mais qualificadas para aqueles que têm pouco recurso financeiro, parar de excluir uma determinada parte da sociedade da educação e que todos tenham direito à educação e mudar como ensinamos nossos alunos. Se acontecer, o resultado será positivo para o cenário da educação no Brasil e vai ter a capacidade de investir em ciências e tecnologias para desenvolver porque temos disponibilidade de pessoas para essa tarefa.

Rodrigo Matias Gonçalves A Escola e os seus impasses odos sabemos que a escoT la é necessária, mas o que nem todos conhecem é qual a real importância desta instituição. A escola é um dos espaços em que mais passamos tempo em nossas vidas. Lá, conhecemos a maior parte de nossas amizades, influências e costumes. Para mim, a principal função da escola é preparar as crianças para a vida adulta. Ela deve incentivar a convivência com outras pessoas e outras realidades, pois isso nos ajuda a sair de nossas bolhas sociais. Caso isso não aconteça na infância ou adolescência, é muito difícil de ocorrer quando a pessoa for adulta. A escola também tem a tarefa de formar os alunos. Ela precisa ensinar valores e habilidades

Se usamos um método que torna o aprendizado mais fácil de entender para os jovens e o professor tiver um olhar mais amplo do seu modo de ensino que ultrapasse a questão profissional, o número de jovens abandonando as escolas tende a diminuir.

que ajudarão as crianças e os adolescentes a fazer suas escolhas na vida adulta, além de garantir acesso ao conhecimento básico e, posteriormente, ao ensino superior. A escola também deve estar sempre ao lado dos alunos para auxiliá-los, em problemas dentro e fora do am-

Não basta construir mais escolas para atender a população.

biente escolar. 27


Na minha opinião, a escola não

-los a refletir sobre a sociedade

deveria fazer os alunos memo-

em que vivemos.

rizar ou repetir conteúdos, mas sim fazer com que eles ouçam ideias e construam suas opiniões dos mais diversos assuntos. Isso seria um jeito melhor de ensinar os alunos. Na visão de Paulo Freire, o sistema educacional brasileiro é como um banco, pois os professores depositam o conhecimento em cima dos alunos como depositam dinheiro em caixas eletrônicos. Nesse modelo totalmente ultrapassado, os alunos não possuem nenhuma voz ou raciocínio crítico. Freire defende a ideia que os alunos devem ser os protagonistas do processo de ensino. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Outra coisa que devemos lembrar é da diferença que existe entre o discurso que a escola faz e o que ela exerce na prática. Todas as escolas dizem que a

Uma das formas da escola exercer essa função de fato é se aproximar da realidade do aluno, e fazer com que ele veja sentido no que está aprendendo e que possa aplicar isso na sua vida. A escola também deve dar as ferramentas para que ele saiba buscar o conhecimento e continue aprendendo ao longo de sua vida. Ao mesmo tempo, ela deve apresentá-lo a debates, pontos de vistas diferentes e fazer a ligação entre o conteúdo aprendido na escola e os acontecimentos atuais mundo afora. Acredito que deve haver uma reforma educacional. Essa reforma iria fazer com que as escolas tivessem mais qualidade, incluíssem alunos de todas as classes sociais e contassem com recursos humanos e técnicos para dar aos jovens uma educação de qualidade.

instituição é fundamental para formar um ser pensante, mas muitas preferem jogar conteúdo nos estudantes para passar no vestibular ao invés de ajudá28

Rodrigo Moraes Alvarenga A escola e suas questões

escola é vista como um A lugar de se estudar e aprender matemática, português ,ciências, história, entre outros. Mas na verdade o colégio é muito mais do que isso, aprendemos também experiências interpessoais, ou seja, lidamos e convivemos com colegas de diferentes opiniões, etnias, pensamentos e muitas outras diversidades e regras. Isso além de abrir nossas mentes e nos preparar para a vida cotidiana na sociedade. A escola mudou muito dos anos para cá. O professor não tem tanto poder quanto antes. O ensinamento atualmente não é fazer o aluno decorar, e sim filtrar os conhecimentos. Podemos interagir e perguntar tanto para os professores quanto para os colegas, tendo um intercâmbio de conhecimentos. No documentário “Quando sinto que já sei” tem diversos depoimentos de como o projeto “escola livre” é mais eficiente . Na “escola livre” os jovens de diferentes idades fazem trocas de conhecimentos, também escolhem temas de interesse. A forma de verificação


do aprendizado desse projeto não é através da avaliação.

reflexo da desigualdade social, racial e de gênero.

Vitor Moura Ribeiro

A prova é um sistema que faliu, pois mexe com o psicológico. Com a pressão do tempo o stress “domina” o corpo, não garantindo a aquisição do conhecimento completo.

A grande causa dessas diferenças não são apenas por conta da falta de educação, mas principalmente a ausência de medidas que combatam à discriminação no mercado de trabalho causando um impacto na falta de oportunidade ao acesso a uma renda melhor.

ecentemente se tem ouR vido muito a seguinte pergunta:

Atualmente as escolas públicas são pouco eficazes no ensino em comparação às escolas particulares. Isso devido ao dinheiro mal direcionado do poder público, impossibilitando aquisição de materiais adequados para as aulas e um salário digno para os professores. Infelizmente a grande parte da população brasileira não tem oportunidade para pagar uma escola particular. Podemos considerar isso um

Ao analisar todos os dados e a situação da educação do Brasil, percebo que mesmo com todas essas adversidades a escola ainda é necessária para a formação da sociedade, pois tem o papel de ser uma instituição organizativa, onde os jovens podem ter oportunidade de ter o exercício do livre pensar.

Escola para quê?

“para o que serve a escola?”. Neste artigo iremos responder a esta dúvida, compartilhando várias opiniões. Para iniciarmos, vamos recitar o argumento mais clássico para esta pergunta. A escola é essencial para a formação do jovem, tanto para seu currículo trabalhista, intelectualmente e até mesmo culturalmente. Estas instituições são tão importantes que foi comprovado que um humano gasta cerca de 45% de sua vida em ambientes como escolas e escritórios. A escola basicamente faz esse tempo gasto ter uma recompensa melhor. Podemos até observar na sociedade que a maioria das pessoas bem sucedidas, mais cultas, com mais opiniões e argumentos concluíram pelo menos todo o ensino escolar. Se um jovem não frequentar qualquer tipo de fundações educativas ou não concluir todo o ensino escolar, no futuro ele terá chances muito baixas (à beira do impossível) de conse-

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guir um emprego honesto, que pague um bom salário, sem exposição a muitos riscos, condições penosas ou insalubres.

mundo e consequentemente um dos menores índices de criminalidade, de pobreza e de trabalho infantil.

Em varias regiões mais pobres do Brasil (geralmente nas favelas) o índice trabalho infantil e de criminalidade são gigantescos, pois estes locais não contam com muitas escolas e as existentes têm péssima qualidade.

Já o Brasil tem um índice de educação baixíssimo: existem 76 posições neste ranking, o Brasil está ocupando a 60ª colocação.

Muitos jovens ao terminarem o ensino não estão aptos a trabalhar em bons empregos, pois o ensino é deficiente. Em grande parte dos casos o indivíduo abandona a escola, porque sua família não tem dinheiro e passa por necessidades e este aluno é obrigado a trabalhar para ajudar no sustento.

A Suíça no ano passado fez um investimento maior em sua educação e isso fez com que a criminalidade diminuísse 6,1% até 2020. Basicamente o investimento na educação em qualquer lugar ajuda muito a diminuir estes índices negativos.

Quando a formação escolar é deficiente, existem basicamente duas opções. Ou o jovem arranja um sub-emprego com baixo salário e péssimas condições, ou começa a trabalhar no crime (fazendo furtos, traficando drogas, entre outras infrações). Um exemplo que ressalta esta questão é a Suíça, que tem o melhor índice de educação do

Isso se reflete nos gigantescos números de criminalidade, de pobreza e de trabalho infantil.

No quesito de currículo, a escola também pode ajudar os estudantes a terem uma noção do que é trabalhar em equipe, do que é trabalhar para ganhar dinheiro e também irão ter o conhecimento do que é hierarquia trabalhista. A escola tem grande papel na formação intelectual de um estudante. Quando um jovem começa a estudar desde pequeno ele adquire inúmeros recursos

30

importantíssimos para a sua vida. Desde a alfabetização e o domínio da leitura (isso possibilita uma boa comunicação do indivíduo com outras pessoas) até cálculos simples ou cálculos mais avançados (isso possibilita o jovem de saber controlar a sua vida financeira no futuro). Porém a escola não só passa ensinamento pelas suas matérias e mas também por seu ambiente. Ao frequentar uma escola, este aluno acaba aprendendo a lidar com diversos tipo de pessoas, aprende a respeitar as posições mais superiores (professores, diretores entre outros funcionários), aprende a respeitar os outros e também começa a compreender um pouco de como funciona a vida. Igualmente ao longo dos anos escolares o indivíduo vai amadurecendo a partir das inúmeras experiências que ele tem na escola. Por mais inusitado que pareça, a escola tem um grande peso no desenvolvimento cultural, ético, nos gostos e nas preferências de um jovem. É na escola que estudantes vão


ter contato com vários tipos de culturas e tradições (pois como há um grande número de pessoas de diferentes raças, éticas, práticas, gostos opiniões e etc). Também é onde as pessoas começam a formar os seus pri-

meiros gostos e opiniões. Pelo fato da escola ser um centro de troca de informações, muitas pessoas tiveram costumes, opiniões, ética e preferências formados no ambiente escolar. Com estes argumentos nós

31

conseguimos ver que a escola não é só importante para a formação de um jovem, mas também ajuda muito no equilíbrio da sociedade e na diminuição da criminalidade e do trabalho infantil.


ARTIGOS DE OPINIÃO

JUVENT

32


TUDES,

33


Ana Beatriz Rye Negoro O jovem diante da ciência e da tecnologia s jovens são sujeitos com O valores, comportamentos, interesses e necessidades próprias que devem ser respeitadas; são cercados de conceitos estabelecidos que com investimentos em sua educação, evoluem, se modificando e fazendo novas descobertas para criar um indivíduo capaz de realizar seu sonhos, se tornando um adulto produtivo, numa população mais feliz e num país melhor. Esse seria o ideal para o desenvolvimento de um jovem em qualquer parte do mundo, mas essa realidade está longe da maioria dos jovens brasileiros, que vivem num país com a desigualdade social aumentando a cada crise econômica. Segundo o último relatório da ONU, o IDH do Brasil ficou estagnado em 2018 aparecendo em 79º lugar do mundo. Porém com a desigualdade de renda e de acesso à saúde e educação, a organização mundial considera que a pontuação caia e derrube o país em 23 posições no ranking. Um país nessas condi-

ções não cria possibilidade de investimento na educação e, por consequência, na ciência e na tecnologia, impossibilitando o crescimento do país. O Brasil é um país que pouco investe na educação dos jovens, na ciência, e os países desenvolvidos investem quase três vezes mais em um aluno se comparado ao Brasil, como mostrou o levantamento da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico). Muitos jovens no Brasil abandonam a escola antes mesmo de terminar o Ensino Médio para trabalhar. Pois já estão aptos ao mercado de trabalho e necessitam ajudar economicamente sua família, como indica o censo estudantil da ENEP. Esse jovem, no futuro, não estará preparado para cargos melhores e salários mais altos, criando assim um ciclo de pobreza e de baixo nível na educação e cultura, criando uma sociedade cada vez mais desigual, pois existe no país uma camada privilegiada de jovens que estudam em escola privada e que possuem recursos para apenas estudar e se preparar bem para o mercado 34

de trabalho. Ela corresponde aproximadamente a um quarto da população jovem, segundo o IBGE, quantidade que não é o suficiente para o progresso de um país. Nessas condições, o país se torna incapaz de identificar em seus jovens os talentos para se aprofundar na ciência e na tecnologia para uma melhor aprendizagem. Segundo o professor da USP Nelio Bizzo, especialista em educação científica, a mídia também tem uma influência na falta de incentivo à ciência nacional pois “grandes projetos científicos, produzindo resultados muito importantes passam despercebidos pela grande imprensa”. Mesmo na população de jovens privilegiados, essa cultura da ciência ainda passa distante dos estudantes, mas isso também ocorre nas classes menos privilegiadas, pois não existe investimento em profissionais, nem divulgação da importância dos campos de pesquisa científica. Os jovens brasileiros se dizem interessados em ciências e tecnologia, mas não conseguem sequer citar um cientista bra-


sileiro, nem uma instituição de pesquisa no Brasil, como mostra a pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) com jovens de 15 a 24 anos. Os jovens que participaram da pesquisa sabem da importância da ciência e da tecnologia, mas não vão atrás do conhecimento científico. Embora estejam sempre conectados à tecnologia, a maioria deles ainda são analfabetos científicos e continuarão assim na vida adulta se nenhum investimento for feito. Segundo a pesquisadora Luisa Massarani da Fiocruz, é importante entender a percepção dos jovens, porque eles são nossos futuros cidadãos. É uma geração que já nasceu no contexto da internet.” Por isso é importante que essa geração de jovens seja introduzida no meio da ciência para o desenvolvimento da tecnologia, pois só com investimento nesse campo o país será capaz de evoluir para ter uma população mais feliz e construir um mundo melhor.

Arthur Pipek

Nós dependemos inclusive da

Juventudes, ciência e desenvolvimento

comunidade científica para

A portante

A ciência é bastante impara produção de

voltarmos à vida que tínhamos através da descoberta da vacina.

remédios, descobertas na me-

Mesmo que não saibamos, a ci-

dicina, produção tecnológica,

ência faz parte de muitas coisas

desenvolvimento industrial e

na nossa vida, por esse motivo

social.

devemos trabalhá-la melhor na

Nada existe sem que tenha

escola.

ocorrido o desenvolvimento da

A escola é extremamente im-

ciência, basicamente, tudo que

portante para desenvolver o

é possível entender e estudar é

conhecimento, a sabedoria dos

através dela.

alunos, mas nem todas as esco-

A ciência mudou por exemplo videogame, cinema, comunicação como celular e outros mudou também a tecnologia em geral, o modo de gerar energia.

las se importam com isso, e então os alunos ficam sem saber sobre este fato tão importante que é a ciência. É isso que devemos mudar. O papel da escola é de extrema importância, uma

Neste período de pandemia

sociedade precisa dela, e ela

que estamos passando é de

precisa desenvolver nos alunos

extrema importância levarmos

a capacidade crítica e científica.

em consideração tudo que a

Só assim, teremos uma socie-

ciência já desenvolveu, seja na

dade melhor, e isso deve passar

medicina como na orientação

a acontecer em todas as cama-

dada à sociedade na sua ma-

das sociais. O desenvolvimento

nifestação. Quem pode traba-

do pensamento científico acon-

lhar, quem pode sair, quem não

tecerá quando todos tiverem

pode sair, quais são os grupos

acesso a condições de ensino melhores.

de risco,ou seja, a ciência influencia na vida de todos.

35


Bruno Apollaro Zanin Juventudes, ciência e desenvolvimento

É importante entender a

diferença entre adolescência e juventude, já que ambos os conceitos são frequentemente confundidos, quando não usados erroneamente como sinônimos. Segundo Coimbra (2005), “a noção de adolescência emerge vinculada à lógica desenvolvimentista, sendo uma etapa do desenvolvimento que todos passariam obrigatório e similarmente.” A adolescência é uma fase que se caracteriza por apresentar questões que lhes são típicas, pelas quais a maioria dos indivíduos se vê refletindo sobre como, por exemplo, a formação de uma identidade que lhe seja própria e estável, a escolha da sua carreira profissional, o seu posicionamento diante de sua sexualidade e os conflitos naturais que surgem com os pais diante dos desejos de independência – tanto financeiramente como em relação a poder ter suas próprias idéias. Logo, podemos perceber que “a adolescência surge como um objeto exacerbado por uma série de atributos psicologizantes e biologizantes” (Coimbra, 2005). Isso acontece porque as

mudanças que surgem nesse período estão diretamente relacionadas à chegada da puberdade e às suas consequências, o que desencadeia processos de construção de uma nova autoimagem e uma identidade. Portanto, tendo em base esse conceito, minha tese é que são inúmeros e ótimos os resultados quando se investe direito na área da ciência. Para verificarmos isso, olhamos para o nosso grande espelho almejado por todos: os Estados Unidos da América. “Em 2017, o governo dos Estados Unidos investiu US $118,3 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P & D), um aumento de 2,3% em relação a 2016, quando foram destinados US $115 bilhões ao setor. Cresceu 23,6% o aporte para infraestrutura de pesquisa e 7,2% para projetos de desenvolvimento tecnológico, segundo relatório da National Science Foundation, a principal agência de apoio à pesquisa do país. Os gastos com pesquisa básica e aplicada, ambas classificadas sob a rubrica pesqui36

sa, pouco mudaram. No primeiro caso, oscilou 0,1% para cima e ficou na faixa dos US $32 bilhões. No segundo, caiu 0,8%, de US $34,4 bilhões em 2016 para US $34,1 bilhões em 2017. Os recursos foram repassados para universidades, organizações não governamentais e o setor industrial. Neste, os investimentos caíram de US $5,9 bilhões em 2016 para US $5,5 bilhões em 2017. A maior parte (48%) do dinheiro foi destinada às ciências da vida, quase US $32 bilhões em 2017.” Podemos perceber que mesmo sendo a MAIOR POTÊNCIA MUNDIAL, eles investem muito na ciência, mas e os jovens? Os famosos e cobiçados colleges possuem cursos e divulgam esses cursos em uma quantidade enorme, tendo cursos que grande parte da população brasileira não conhece ou não existe a sua disponibilidade na


faculdade. Podemos também analisar pelo simples fato de que mais de 800 universidades oferecem cursos de ciência da computação, tendo variáveis dentro deles chegando a ter 6 variáveis de cursos de ciência da computação, na famosa universidade de Iowa State por exemplo. Mas no que isso resulta? No puro e complexo desenvolvimento. Se pararmos para refletir, percebemos que eles têm uma das medicinas mais avançadas do mundo, mesmo tendo um grande número de obesos, overdoses e, além tudo isso, posse de arma liberada. Mesmo assim tem a média de expectativa de vida de 78 anos, que é muito boa no cenário mundial. Uma economia gigantesca que só tem a crescer, e por último, simplesmente o título de MAIOR POTÊNCIA MUNDIAL que envolve todos os aspectos. Entendi, mas e as juventudes? As juventudes estão nas feiras de ciência, nos laboratórios como aprendizes, estudando e, mais importante de tudo, se transformando no seu “destino”: o futuro.

Bruno Zapala Delfino

ciência vem acompanhada de

Ciência: o conhecimento abrindo caminhos para as juventudes

um desconhecimento sobre

O

conhecimento científi-

co é relevante para o desenvolvimento de qualquer país, tornando necessária a constante preocupação em despertar o interesse pelas ciências exatas nas juventudes, importantes articuladoras do processo de transformação de uma sociedade. Parece-nos essencial aguçar o desejo das nossas juventudes em tornarem-se cientistas, através do investimento na divulgação das conquistas realizadas pela ciência e tecnologia, estimulando a percepção da aplicação dessas descobertas na vida prática, com o intuito de desmistificar que a ciência seja algo inacessível, ou de que seja movida por interesses privados de grupos econômicos. De acordo com Adriana Badaró, diretora do estudo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), em texto publicado em outubro de 2019, pelo Nexo: “Observa-se que essa percepção mais crítica sobre a 37

conceitos científicos básicos, como a ideia de que antibióticos servem para matar vírus, e não bactérias”. Acreditamos que deva ser contínuo o esforço para o acesso às instituições sérias comprometidas em proporcionar educação de qualidade, oferecendo profissionais diferenciados e dotados de sensibilidade para a introdução de conceitos científicos, instigando a curiosidade nas diferentes juventudes, enquanto estas deparam-se com o período de formação técnica, cultural e psíquica. Em depoimento ao Jornal Futura, em dezembro de 2019, o professor de Pós-Graduação em Educação na Unisinos, Daniel de Queiroz Lopes afirma: “A socialização do conhecimento daquilo que a ciência produziu é transmitida através de uma comunicação interativa com o estímulo à leitura de reportagens científicas”. Entendemos que seja imprescindível desestigmatizar a credibilidade da ciência observada em sociedades polarizadas, nas


quais notícias falsas e teorias

nológico de décadas não tenha

Daniel Medeiros de Queiroz

da conspiração se propagam

sido suficiente para se ter o

com rapidez em redes sociais.

consenso de que urge a neces-

Segundo Mark Henderson, di-

sidade de direcionar, logo cedo,

retor do centro de estudos e

o olhar das juventudes para a

pesquisas Wellcome Trust, em

ciência, importante provedora

Jovens, ciência e desenvolvimento: a ignorância ideológica em relação às ciências e sua influência na educação de jovens

texto publicado em outubro

de melhor qualidade de vida.

de 2019, pelo Nexo: “Em paí-

Postulamos contra a propaga-

ses mais desiguais, as pessoas

ção da falta de estímulos aos

tendem a desconfiar mais da

jovens para as áreas exatas, ao

ciência do que em nações mais

desprestígio às carreiras cien-

igualitárias”.

tíficas e ao comportamento

Cabendo-nos o propósito do

conivente com a ausência da

engajamento das juventudes no conhecimento da ciência como importante pilar para o desenvolvimento econômico e social, é inaceitável que o Brasil continue a submeter-se ao analfabetismo científico, tomando como um dos exemplo os resultados do Censo Escolar 2018, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que constatou que na rede pública

iniciativa privada e de políticas públicas que possam turbinar as engrenagens da ciência e tecnologia. “O saber contra a ignorância, a saúde contra a doença, a vida contra a morte. Mil reflexos da batalha permanente em que estamos todos envolvidos.” (Oswaldo Gonçalves Cruz)

O saber contra a ignorância...

somente 38,8% das escolas de Ensino Médio e apenas 8% das escolas de Ensino Fundamental possuem laboratórios de ciência para que os jovens pratiquem o aprendizado teórico, vivenciando experimentações. Admira-nos que o atraso tec38

tualmente, a sociedade A brasileira atravessa um momento de extrema polarização entre o conservadorismo radical e o humanismo absoluto. Tal polarização gera diversos atritos ideológicos referentes às mais diversas questões que afligem a nossa sociedade, entre elas a questão das ciências. Atualmente, estamos sob a influência de um governo extremamente conservador que não apenas desvaloriza instituições de pesquisa mas também desqualifica e menospreza esforços e dados científicos que contrariem ou fragilizem sua posição ideológica em relação a qualquer tipo de tese. Em suma, é um governo que se rege utilizando-se de preconceitos e conceitos arcaicos que se provaram errados diversas vezes e ainda assim não são aceitos por pura resistência de princípios, como por exemplo o caso da pandemia do novo coronavírus (sars coV19), que atingiu proporções globais e em nosso país já tirou mais de 20.000 vidas com mais de 300.000 casos confirmados. Nosso presidente tomou atitu-


des extremamente negativas e prejudiciais ao tratar da pandemia, retirando verbas de instituições e se recusando a inserir o país no conjunto de governos que atualmente pesquisa a cura da doença. Este tipo de atitude negacionista para com vacinas, tratamento e pesquisas é mais comumente presente em indivíduos de orientação ideológica conservadora, que valorizam mais o ganho pessoal e de uma minoria do que o ganho geral e comunitário. A ignorância governamental em relação às ciências me preocupa, pois a ciência é o modo humano de compreender e modificar o meio em que vive e negar tais conhecimentos é uma coisa que não tem sentido lógico. O governo que nos rege atualmente retirou verbas de escolas públicas e instituições de pesquisa e encoraja um comportamento ignorante perante questões de saúde, éticas e científicas, o que me fez pensar em como a educação científica de jovens poderia regredir e afetar-se enquanto as idéias científicas são menosprezadas e como isso afetaria o nosso futuro como sociedade. Cheguei à conclusão de que as idéias científicas não fazem parte do folclore e do imaginário brasileiro, o que dificulta a inserção do conceito na mentali-

dade de crianças, jovens e adolescentes por outra via além da via escolar, o que implica na criação de uma visão onde a ciência é muito mais uma obrigação e uma coisa mais complexa do que de fato uma fonte de conhecimento.Sendo retiradas as verbas e reduzidos os estímulos para pessoas se interessarem por ciências, é muito mais provável que a educação científica seja denegrida por um constante processo de desvalorização no qual os jovens acabarão não se sentindo maravilhados e interessados pelo tema, mas sim desinteressados e entediados com ele, levando a um pensamento e discurso arcaicos e preconceituosos para com instituições de pesquisa. Nosso país foi colonizado por mais de 200 anos e acredito que parte da mentalidade colonial adquirida neste lapso ainda permanece como um espectro dentro de nossa sociedade, na qual praticamente assumimos como realidade todos os preconceitos dos colonizadores para conosco. Para quebrar essa mentalidade é necessário investimento e esforço. Enquanto tivermos como líderes pessoas que se identificam com tais pensamentos, não teremos como progredir ativamente no desenvolvimento social do nosso país. 39

Eloá de Mendonça O. Quaglio Juventudes, ciência e desenvolvimento ciência é algo muito imA portante para os jovens e a sociedade em geral. Muitos acham que o governo deveria investir mais nesse setor, pois é algo essencial para o futuro do país e uma boa parte da população é constituída por jovens. A ciência pode trazer um desenvolvimento para o nosso país, como uma inovação no mundo, mas infelizmente o nosso país investe pouco nisso. Em 2013 o governo federal afirma que foi destinado 1,24% do PIB para pesquisa e desenvolvimento, e em relação às empresas, o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) equivale a 0,55% do PIB brasileiro, percentual bem inferior ao de países como China e Coreia do Sul. Acho importante que haja pesquisas para o melhoramento do país e do mundo, principalmente agora com o COVID-19, para acharem uma vacina que combata esse vírus. O Brasil é um país que nunca criou muitos institutos de ciência: o país precisa investir mais nisso e na tecnologia, mas, infe-


lizmente, cortes no orçamento da pesquisa e inovação no Brasil estão ocorrendo por conta das crises que o país vem sofrendo. É necessária uma expansão da base de pesquisa acadêmica e da inovação tecnológica. Os cientistas passam uma imagem positiva para os jovens, assim que mostram interesse no assunto. A maioria dos jovens brasileiros manifestaram grande interesse por temas como ciência e tecnologia. Foi feito um estudo, pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), baseado em 2,2 mil entrevistas domiciliares, realizada com jovens, que mostra que o interesse por ciência e tecnologia é maior do que por esportes, mas como essa é uma área muito pouco valorizada, a maioria dos jovens não conhecem nenhuma instituição brasileira que faça pesquisa, nem o nome de algum cientista.

cínio. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que é um exame que mede o nível de ensino de diversos países de três em três anos, avalia jovens de 15 anos em relação ao aprendizado desses conhecimentos. Em 2006, de 57 nações que participaram, o Brasil ficou em 52° lugar, isso provavelmente por causa da maneira pela qual a disciplina é ensinada, de modo que não chama a atenção dos alunos e não os deixa curiosos. A ciência é fundamental para o desenvolvimento do país e para os jovens, que poderão usar algum dia para ajudar o país ou o mundo. Assim, é necessário que haja melhoramentos nas instituições brasileiras em relação à ciência, para que pesquisas e descobertas sejam feitas.

Gabriela Bersou Ruão Juventudes e ciências ma parte do Brasil pensa U que não temos que investir tanto na educação, e que precisamos de um limite de gastos. A outra pensa que existe um problema educacional e de incentivo à pesquisa científica. Para que o Brasil evolua nas ciências é preciso mais incentivo à educação nas escolas públicas. Precisamos que as universidades, que são o centro de tecnologia no Brasil, recebam investimento adequados dos órgãos públicos, para que cada vez mais os brasileiros consigam desenvolver projetos de pesquisa, para que cada vez mais as faculdades possam abrir vagas para formar mais médicos, enfermeiras, geógrafos, engenheiros, químicos e físicos, professores, cientistas. A sociedade inteira, junto dos estudantes de ciências humanas, exatas e biológicas, con-

A disciplina de Ciências, quando bem trabalhada na escola, ajuda os alunos a encontrarem respostas para muitas questões e faz com que eles estejam em permanente exercício de racio-

tribui para a imagem estereotipada de um cientista. Assim, os jovens acabam muitas vezes não se interessando por ciências, com as imagens de um 40


cara nerd, um pouco louco, e

da etc), que não têm nada a ver

países desenvolvidos é de 50%,

que tem a vida toda voltada

com qualquer ciência, por uma

já no Brasil são só 21%.

para a ciência. Se as escolas in-

falta de incentivo/propaganda

centivassem mais as ciências,

do estado e sociedade em rela-

Já podemos ver que países de

muitos jovens veriam que a ci-

ção às mesmas.

ência também pode ser legal,

Segundo dados de um relatório

e que ela não é igual aos filmes

de desenvolvimento, são países

do IEDI (Instituto de Estudos

clichês norte-americanos.

que investem na educação, que

para o Desenvolvimento Indus-

colocam grandes investimentos

As escolas e universidades têm

trial), a taxa de formação de

nas universidades e escolas, e

como papel ensinar jovens em

engenheiros no Brasil é inferior

que têm uma taxa maior de en-

formação, mas também têm

à da China, da Índia e da Rússia,

genheiros, cientistas, físicos e

como objetivo que seus alu-

países emergentes como nós. A

químicos.

nos produzam conhecimento.

Rússia forma 90 mil engenhei-

Grande parte da população no

ros por ano, a Índia, 220 mil, e

Existem 128 cursos superio-

Brasil não tem direito ao Ensino

a China, 650 mil. Nós formamos

Superior, o que significa que a

apenas 47 mil.

maioria dos brasileiros não está

A Coreia do Sul, com 50 mi-

gerando conhecimento. Um jo-

cional de Estudos e Pesquisas

lhões de habitantes, forma 80

vem que faz parte desse grupo

Educacionais Anísio Teixeira), o

mil engenheiros por ano, 26%

de pessoas, que não teve uma

país formou 1.114 físicos, 1.972

de todos os formandos; na Chi-

educação adequada, provavel-

matemáticos e 2.066 modis-

na, essa taxa chega a ser de

mente não vai conseguir entrar

tas”. Esses dados confirmam

40% da população. Em 2006,

em uma universidade pública e

que as escolhas dos jovens por

a taxa por aqui era de apenas

vai ter menos condições ainda

humanas é clara, e mostra que

8%. Até o México, país com in-

de entrar em uma privada, que

o incentivo é tão pouco que

dicadores sociais semelhantes

são extremamente caras. Le-

existem mais cursos em univer-

aos nossos, hoje possui 14% de

vando isso em consideração, é

sidades para moda do que de

seus formandos nessa área. Os

correto afirmar que os poucos

engenharia. Talvez, no futuro,

números apontam que o Brasil

jovens que chegam às univer-

os prédios não sejam tão bons,

forma quase três vezes menos

sidades optam por cursos da

mas pelo menos, todos nós va-

engenheiros do que os países

área de humanas (como moda,

mos ser bem estilosos.

desenvolvidos. Além disso, a

cinema, artes, músicas, serviço

taxa de cidadãos que tiveram

social, publicidade e propagan-

o ensino superior completo em 41

primeiro mundo, com o PIB e IDH mais altos e um alto nível

res de moda no Brasil e de engenharia, só 20. “Em 2008, segundo o Inep (Instituto Na-


Guilherme Autran

a evoluir. Nós, sul-americanos,

Henrique Alexandre Hochman

Ciência e Juventudes

raramente entramos em guer-

omo todos nós sabemos, C a ciência está conectada ao

Juventudes, ciência e desenvolvimento

canos estamos nós, os brasilei-

nosso dia a dia de diversas formas; tudo em nossa volta tem ciência. Hoje em dia já é raro termos a matéria-prima pura na nossa casa: já compramos tudo pronto, praticamente tudo já passou por um processo de industrialização que envolveu, com certeza, a ciência. Todos os objetos (comida, transportes, tudo), hoje em dia, são feitos graças ao conhecimento e ao desenvolvimento da ciência. Ela está presente em todas as gerações e épocas diferentes; desde que o homem existe, a ciência vem se desenvolvendo.

ra. Enfim, entre os sul-ameriros, e aqui sim, não somos tão avançados em ciência como a Europa ou os Estados Unidos. No entanto, devemos sempre persistir e insistir na grande importância de incentivar os jovens a aprenderem a ciência porque é com ela que nossa sociedade irá evoluir e será um

ma pesquisa feita pela U Fiocruz com um público jovem relata que a maioria deles manifesta interesse pela ciência e tecnologia, mas desconhece o nome de um cientista ou de uma instituição. No Brasil, o investimento em pesquisas e nos cursos de ciências são muito pequenos em relação aos dos

lugar melhor para todos nós.

outros países: enquanto os in-

Não acredito que o Brasil este-

vestimentos brasileiros em pes-

ja muito atrás: também temos

quisa e desenvolvimento não

muitos lugares aqui que esti-

passam de 1,6% do PIB, os Es-

mulam nosso conhecimento,

tados Unidos investem no setor

tais como museus, livrarias,

mais de 3% de seu PIB, seis ve-

laboratórios, uma sede de as-

zes maior do que o nosso, se-

trologia etc. Além do que, na

gundo dados do Ministério da

escola, aprender sobre ciência

Ciência e Tecnologia.

está se tornando cada vez mais

O jovem normalmente pega a

Descobertas como a do fogo,

interessante. É impressionante

da eletricidade, das ferramen-

pensar que no tempo dos nos-

tas afiadas, dos carros, da in-

sos pais, e isso não faz tanto

ternet, iphones, entre outras.

maioria dos vídeos fazem uma

tempo assim, eles não tinham

Existe uma teoria, na qual acre-

“anticiência’’ e acabam por dar

coisas que hoje dizemos que

dito, que sustenta que a Eu-

mais ibope do que a ciência

não poderíamos viver sem,

propriamente dita. Os jovens

ropa é mais desenvolvida em

como celular e internet.

entrevistados admitem a im-

informação na internet, muitas vezes sendo fake News. A

ciência do que os sul-america-

portância da ciência e o que ela

nos porque eles teriam passa-

pode transformar nossas vidas

do por guerras e nós não, e a

e afirmam que falta investimen-

guerra teria forçado seu povo

to do governo. 42


Segundo a neurocientista Suza-

vidade e para a indústria farma-

Isabel Nassar Maruxo

na Herculano-Houzel, uma das

cêutica mais rendimentos. Uma

principais consequências dessa

desenvolve a outra.

O histórico da ciência no Brasil

desvalorização da categoria é

Segundo o professor da USP,

que a maior parte da produção científica brasileira é feita por pesquisadores com status de estudantes, porque a profissão não é regulamentada. São poucas universidades e muita burocracia para aqueles que escolhem essa profissão, que não é muito divulgada e que não traz o tão procurado “glamour’’ que muitos desejam. O avanço da ciência é muito importante para o desenvolvimento e para a qualidade de vida dos seres humanos. Com ela, resolvemos problemas do dia-a-dia, desenvolvemos a sociedade e o conhecimento, influenciamos a política, abordamos os problemas da sociedade. É de extrema importância para nossa vida e desenvolvimento. Podemos ver a importância da ciência nessa fase do Covid 19: cientistas de muitos países estão buscando a vacina para a doença e nós estamos muito longe de conseguir essa conquista. O avanço nas pesquisas

Nélio Bizzo, o fato de a grande mídia brasileira não divulgar os projetos científicos, pois são de órgãos públicos, a falta de informação das autoridades faz com que os cidadãos comuns também a desconheçam. Os jovens deveriam ser estimulados nas próprias escolas a ter mais informações sobre a ciência, já que a própria política acaba influenciando em muitas opiniões sobre alguns assuntos, como é o caso do aquecimento global. As ofertas de cursos e opções de horários, bolsas de estudos, instituições de qualidade deveriam ser maiores, mas acima de tudo ter uma boa educação básica. A falta de informação faz com que não tenhamos interesse pelo assunto ou que o pouco conhecimento que temos não nos faça despertar para essa profissão tão importante para a vida e desenvolvimento dos seres humanos.

Brasil tem um grande hisO tórico de pessoas no poder que se esquecem da importância da ciência. Esquecem-se ou apenas ignoram que a ciência faz um controle, aprofundamento e compreensão de fenômenos cruciais para o desenvolvimento da sociedade. O conhecimento científico é desvalorizado pela população, de forma que, mesmo com notícias e notícias sobre o Covid 19, por exemplo, uma parte dela minimiza a doença. De acordo com o site da Folha, São Paulo passou de 6.700 mortos por Covid 19, em maio. E de acordo com o site da Globo (G1), a taxa de isolamento social em São Paulo foi de 48%, em maio. Ou seja, 51% da população não esteve em isolamento por completo (é claro também que precisamos considerar as pessoas que necessitam de trabalho para a sobrevivência). Mas, mesmo assim, o número é mais da metade da população. A sociedade criou uma visão da ciência como algo difícil, como

científicas nos trará mais longe43


se esse conhecimento estives-

nar irreversível”. Também nesta

se longe do seu dia a dia, para

matéria, Fernanda Sobral (vi-

as pessoas terem interesse e

ce-presidente da SBPC) afirma:

pouco conhecimento. Pela área

“Embora o orçamento do mi-

científica, o histórico sobre a

nistério da ciência e tecnologia

falta de investimento é muito

tenha tido um leve aumento de

grande, como Helena Nader

6,2% e 2020, se comparado ao

(biomédica e cientista, vice-pre-

ano anterior, os recursos da co-

sidente da associação brasileira

ordenação de aperfeiçoamen-

da ciência) diz em matéria no

to de pessoal de nível superior

no atual Brasil em que vivemos,

site da Globo (G1): “Montar

(CAPES) sofreram redução de

não são feitos investimentos

esta estrutura levou décadas e

30% e a taxa de fenômeno a

econômicos na criação de no-

para desmontar, levam-se dias”.

pesquisa do conselho nacional

vos laboratórios para pesqui-

Mas, afinal, de onde vem essa

do desenvolvimento científico

sas mais avançadas e há baixa

desvalorização da ciência no

e tecnológico (CNPQ) - usada

formação de novos cientistas,

Brasil?

para compra de insumos e equi-

devido à falta de emprego de

pamentos - teve corte de 80%”.

estudos científicos oferecidos

Além disso, “Um levantamento

para os jovens. Em razão disso,

da entidade aponta que, até

podemos concluir que estamos

outubro de 2019, o Brasil per-

dando um passo para trás em

deu 17,892 bolsas de estudos

relação a pesquisas científicas,

devido ao contingenciamento

o que é um grande erro.

De acordo com a mesma matéria da Globo (G1), “Panorama da ciência no Brasil é assustador, ameaçador e pode se tor-

de recursos na área”.

João Pedro Casquet Elias Juventudes, ciência e desenvolvimento á muito tempo que nós já H sabemos da importância do investimento em pesquisa para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, porém,

Quando se pensa em Brasil,

A questão final da proposta

raramente são citados alguns

deste artigo é nada mais, nada

grandes nomes da ciência bra-

menos que a seguinte: a ciência

sileira; estes não são reconhe-

merece mais reconhecimen-

cidos por grande parte do país.

to. Incluindo que a ciência tem muito público, porém um público sem conhecimento nenhum, sendo esta a consequência da falta de suporte do governo, com pouca divulgação e pouca infraestrutura.

Por conta disso, se dá a falta do emprego de estudos científicos nos jovens, pois muitos não sabem a importância da formação de cientistas, além da falta de novos laboratórios e instrumentos para o desenvolvimen-

44


to do país. Muitos esquecem

ma o que eu estava afirmando:

em conta os dados da pesquisa,

que se pararmos de investir em

quer dizer que se começarmos

67% dos jovens entrevistados

mais pesquisas, teremos prejuí-

a investir neste setor, conse-

disseram ter interesse em ciên-

zos na economia do país, afinal,

guiremos ter um crescimento

cia e tecnologia. Dentro destes

esta é gerada pelo conhecimen-

econômico capaz de darmos

67%, 82% concordaram com a

to dado por cientistas. Com isso,

melhor condição de vida para a

afirmação de que “a ciência e a

teremos uma taxa maior ainda

população de nosso país.

tecnologia estão tornando nos-

de desemprego e pobreza. Se

De acordo com uma pesquisa

sas vidas mais confortáveis”. Em

não dermos a atenção necessária para este grande setor econômico e social, enfrentaremos crise econômica como esta pela qual estamos passando agora.

realizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), a maioria dos jovens brasileiros

razão destes dados levantados na pesquisa, podemos ver que, apesar da maioria afirmar que gosta de ciência e que concorda que isso é um ótimo caminho para a melhoria da economia

Se ainda não está convencido

gosta de ciência e acha que o

do por que é fundamental es-

governo deveria investir mais

timular a educação científica,

no setor, inclusive em momen-

posso dar outro exemplo, pois

tos de aperto econômico, como

veja-se o que aconteceu na Co-

o atual. Por outro lado, são

reia do Sul: se olharmos para

poucos os que buscam ativa-

a sua situação atual, veremos

mente informações sobre ciên-

que possuem alta tecnologia e

cia e tecnologia e apenas uma

não enfrentam uma grande cri-

minoria sabe dizer o nome de

jovens.

se econômica. Eles investiram

alguma instituição de pesquisa

Concluindo, sem o emprego de

na ciência! Sim, eles investiram

nacional. A maioria se informa

estudos científicos e com a fal-

na ciência, pois a população

sobre o assunto pela internet,

ta de pesquisadores, o país não

coreana acreditou em um cres-

e confessa ter dificuldade para

terá um desenvolvimento e um

cimento econômico centrado

saber se uma notícia é verda-

crescimento econômico alto e

no conhecimento e, por isso,

deira. Este estudo é baseado

poderá continuar em crise, pois

conseguiram ultrapassar a linha

em 2,2 mil entrevistas domi-

é muito importante para um

da pobreza. Agora conseguimos

ciliares, realizadas com jovens

país produzir cientistas e cres-

ver como isso pode gerar um

de 15 a 24 anos de idade, em

cer sua economia em base do

grande crescimento econômico

21 Estados e no Distrito Fede-

conhecimento.

real? Isso só reforça e confir-

ral, no início de 2019. Levando 45

do país, muitos não buscam por saber mais sobre o assunto, então na verdade nem todos estão dando a atenção devida ao assunto, o que também reforça que os estudos científicos têm que ser mais empregados nos


Joaquim Silveira Juventude e Ciência omo a precariedade na C ciência e na educação se relaciona ao subdesenvolvimento do país? Quando se fala de ciência vem à mente de uma grande parte da população brasileira uma imagem estereotipada, uma pessoa louca e velha que dá tudo por uma pesquisa ou criação bizarra, uma imagem de alguém que não faz um trabalho, que não contribui para sociedade de qualquer forma. Entretanto, a ciência é um trabalho essencial para compreensão do mundo e para o desenvolvimento humano: um cientista é alguém que usa o método científico para pesquisas e desenvolvimento. Sem pesquisar e desenvolver a humanidade estaria em um estado primitivo, incapaz de evolução. Então por que é criada essa imagem? Ela vem de filmes e outras formas de mídia, mas nada a desmente, pois o público não entende a motivação da ciência e sua importância para sociedade. No Brasil, segundo a UNESCO, há 800 cientistas

por milhão de pessoas, já em outros países, como Israel, têm 8.300, ou seja, dez vezes mais. Comparado a seus vizinhos, o Brasil perde para Argentina, que conta com 1.200 cientistas. O número de cientistas está muito relacionado ao desenvolvimento humano de um país. Já que a ciência é essencial, como podemos expandi-la no Brasil? Tudo começa na educação que nós damos para os jovens: quanto maior a qualidade dela, mais pessoas se interessam por ciência e melhores os cientistas que serão formados. Infelizmente em média os brasileiros só estudam oito anos de sua vida, muito menos do que o necessário para uma formação científica e para o desenvolvimento do gosto por ciência. Isso se deve à desigualdade: enquanto as classes mais altas formam os cientistas, as mais baixas raramente têm condições de formá-los. Junto à imagem criada para ciência, se torna muito difícil a um jovem médio criar interesse pela ciência e ainda mais se formar. O Brasil, além de ter de melhorar a educação, vai precisar promover a ciência para milhões 46

de pessoas. As formas incluem desde desenhos animados até matérias sobre os desenvolvimentos científicos nos jornais e revistas. Mas apenas criar isso não é suficiente, é preciso saber como a população em geral vai receber a informação e como eles terão acesso a ela; para isso será necessária uma ação do governo. Infelizmente o governo não parece interessado em tais ações, que requerem grandes investimentos; ao contrário, eles estão cortando salários de cientistas e cortando verbas de pesquisa. O valor do Ministério da Ciência caiu mais da metade desde 2014, e outro ministério muito relacionado à educação caiu também. Se o governo continuar a ignorar essa matéria muito importante, continuaremos com problemas no desenvolvimento do país. Concluindo, em minha opinião, a precariedade na educação e na ciência é um obstáculo no desenvolvimento econômico e social do Brasil. Para que haja mudança, o governo tem de mudar sua posição sobre a educação e ciência e implementar as soluções existentes.


Jorge Gomes Mariotto Por que os cientistas Brasileiros não são ídolos?

nquanto lia a matéria do E JORNAL DA USP intitulada: “Jovens defendem a ciência, mas desconhecem produção científica do país”, percebi a carência que o jovem tem pela ciência, além de ele não saber a real função da ciência e a sua importância, já que, no questionário que o jornal deu aos entrevistados, 40% dos entrevistados disseram que “se a ciência não existisse, meu dia a dia não mudaria muito”, e apenas 5% souberam citar o nome de um cientista brasileiro. Então, comecei a relacionar isso com algumas perguntas que meu professor de português me passou, e uma delas pedia para que eu citasse o nome de cinco cientistas brasileiros. Disse o nome dos cinco primeiros que me vieram à cabeça, sendo que três deles já tinham sido meus professores, e eu sou uma pessoa que gosta muito de ciências, principalmente de biologia. Nos dias seguintes, aquilo seguiu na minha cabeça e outros nomes vieram, mas ainda fiquei com uma sensação de que eu deveria ter lembrado desses nomes antes, já que pretendo cursar faculdade de biologia. O seguinte pensamento veio em

minha cabeça: “Nossa, parece que eu demoro mais para dizer o nome de cinco cientistas do que para dizer a escalação da seleção na última Copa”. Fiquei pensando nas matérias do Fantástico na Copa em que eles entrevistam pessoas na rua que, na maioria das vezes, sabem o nome de pelo menos metade da seleção, e por que eles sabem do nome dos jogadores? Por que eles são ídolos, diferentemente dos cientistas nessa nossa sociedade. Fui atrás de fontes e percebi que os sites mais famosos que abordam o tema ciências são sites de revistas já grandes, famosas e renomadas, e os que surgiram mais tarde para falar de assuntos relacionados à ciência estão há muito tempo produzindo conteúdo e não têm muita visibilidade, mesmo estando há anos na estrada. Agora, do lado do futebol, existe o Onefootball, por exemplo, que é um aplicativo de futebol fundado em 2008 e que hoje conta com quase 11 milhões de downloads somente na Play Store. No Youtube Brasil, vemos canais enormes de futebol com 4, 5, 6 ou até 8 milhões de inscritos, enquanto canais sobre ciência não passam do 1 milhão, salvo poucas exceções como Richard Rasmussen, Atila Iamarino, Nerdologia e Manual do Mundo 47

com 13,5 milhões. Para além disso, temos poucos outros canais de ciência principalmente entre as crianças e os jovens, e conseguimos relacionar isso com o fato de ter um ídolo porque aqui no Brasil temos milhares de vídeos de crianças de 8, 9, 10, 11 anos imitando Youtubers de futebol que eles consideram ídolos, pessoas em quem eles se inspiram. Já do lado dos youtubers jovens que gostam de ciência, praticamente só existem canais de jovens na faculdade ensinando a matéria do ENEM. E os cientistas não são ídolos porque eles têm uma função de alguém que está longe da realidade de muitos brasileiros. Segundo uma pesquisa do IBGE, em 2017 concluiu-se que só 15,3% da população tem o ensino superior completo, e se a mídia mostra que é possível qualquer um ser um cientista, com certeza teríamos mais cientistas no Brasil, já que a mídia mostra que “qualquer um” pode ser jogador de futebol. E acho importante falar que os jogadores de futebol são só um exemplo dos nossos ídolos, e que no Brasil temos outros exemplos de ídolos como músicos e outros tipos de artistas e eu não tenho nada contra um jogador de futebol ser um ídolo; o ponto é que não temos cientistas como ídolos.


Jorge Nigro Dias Panorama da ciência no Brasil ara entender por que a P educação científica é tão ruim no Brasil, primeiro devemos analisar a qualidade da educação geral no Brasil; além disso, precisamos também ter em mente o que é e como funciona a ciência, e como a mesma é tratada por aqui. Comecemos pela seguinte pergunta: Como se organiza a educação Brasileira? Existem escolas privadas e públicas, de maneira geral ambas seguem um modelo desatualizado e mal pensado de educação, que se baseia em tentar provar por meio da realização de diversos testes constantes para checar se o aluno aprendeu um conteúdo que é em boa parte dispensável, e isso por meio provas, notas etc. Tudo isso sem utilizar-se de fato das inovações trazidas pela internet e nem pela extensa pesquisa nesta área realizada em países como a Finlândia.

ciências, comparando a municipal com a privada vemos uma diferença de 7,7% na municipal para 29,4% na escola privada. Quando falamos da disponibilidade de bibliotecas, vemos que 41,4% das escolas municipais têm uma biblioteca contra 80.5% nas privadas, e quando falamos da internet, o meio mais poderoso de informação, 61,5% das municipais têm acesso à internet, contra 93,1% na parte privada (mesmo que este último não seja de fato aproveitado). Com esses dados, vemos uma grande disparidade entre escolas públicas municipais (as com mais alunos) e as privadas; agora veremos então o que é ciência, como ela funciona e como a mesma é tratada por aqui. O que é ciência e como ela funciona ?

Sabendo dessas semelhanças, falemos então das diferenças: a primeira delas está no acesso às informações. Segundo o “Censo da Educação Básica” de 2019, vemos que quando comparamos a disponibilidade de um laboratório dedicado a

Imagem 1 48

Segundo a Wikipedia: “Ciência refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas.” Método científico é o que vemos explicado na imagem 1, método esse que é muitas vezes ignorado pela sociedade, prova disso são a alta adesão de homeopatia, acupuntura, astrologia e terra plana, todas pseudo-ciências. Qual a situação da ciência no Brasil? Atualmente o investimento em ciência em 2020 é menor do que em 2008, segundo o gráfico divulgado pela Ipea relativo ao investimento federal em P&D. O gráfico a seguir esclarece a situação alarmante do país no tocante ao assunto ciência. Isso porque, para uma pesquisa acontecer, são necessários muitos anos até algum resultado, ou seja, como o retorno é lento sem investimento, os cientistas têm três opções: • Continuar no país e ganhar pouco • Trocar de profissão • Ir para um país onde seus esforços são valorizados (fenômeno chamado de migração de cérebros)


Imagem 2 Em suma a ciência no Brasil tem sido descartada pela sociedade e pelo governo, a educação que serviria para formar estes profissionais e ressaltar sua importância é “jogada pra escanteio”, e quem ainda por cima passa por esses dois obstáculos ainda vai ter que ou ganhar pouco ou trocar de país num fenômeno chamado de migração de cérebros. 49


Laura França Juventude e o Desenvolvimento científico: uma tendência preocupante uventude é um conceito J que abrange diversas definições, segundo alguns de nossos estudos, uma delas pode ser feita da seguinte forma: “Juventude é um conceito, segundo Margullis Y Urresti, esquivo. É uma construção histórica e social e não meramente uma condição etária, parte de um determinado ciclo de vida. Cada época e cada cultura postulam diferentes maneiras de ser jovem, sobre determinadas por dentro de situações sociais e culturais específicas.” Parte desta juventude, tem optado por fazer sua formação em universidades, públicas ou privadas. E isto significa que, para aqueles que irão fazer cursos relacionados a ciências exatas, biomédicas ou até mesmo humanas, ter que se envolver com esta é inevitável. Por isso, é essencial a atenção destes jovens à ciência. A partir do conceito que dá características mutantes para a juventude, o desafio que este

artigo se propõe a debater é: a ciência tem sido devidamente envolvente para a juventude brasileira? A juventude brasileira vê a ciência como um campo de atuação? Segundo pesquisa divulgada pelo jornal da USP, 70% dos jovens participantes se interessam pela ciência. Ainda que estes dados sejam animadores, o que este artigo realmente questiona é o quanto esse interesse se traduz em envolvimento. Seguramente, são diversos os fatores que afetam o envolvimento dos jovens na ciência, porém este artigo só irá falar de um deles: o financiamento. Sendo assim, fazendo uma leitura pré-2014 e pós-2014, segundo uma pesquisa divulgada pelo Vocesa, podemos perceber que houve uma diminuição de quase 1 bilhão de investimento nas bolsas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) por parte do governo federal. E isso pode ser relacionado à fala do ministro da educação Mendonça Filho, em 2017: “Além disso, a redução da renda, com a recessão, também impacta as condições des50

sas mesmas famílias de bancar um curso de ensino superior — seja numa faculdade privada seja numa instituição pública, que vai exigir esforço financeiro da família para manter o aluno lá.” Segundo o dirigente da pasta, há uma pressão para que jovens contribuam para a renda familiar, o que dificulta os planos de educação superior. Contudo, juntando estes dois fatores, podemos perceber que temos uma tendência de que com menos financiamento, haja menos bolsas, fazendo assim os alunos que dependem destas serem forçados a procurarem outra fonte de renda para se manter e pagar a faculdade, e isso, por sua vez, pode levar a uma menor dedicação aos estudos. Sendo assim, podemos concluir que, para a juventude, não basta somente o interesse pela ciência para um bom envolvimento com a mesma, o que realmente faz com que haja este envolvimento é o financiamento por parte do governo federal, e assim, e só assim, teremos um completo e disponibilizado envolvimento com a ciência.


Luma Favretto Jovens, Ciências e Tecnologia uventude é uma construJ ção histórica-social e não meramente uma condição etária, apesar de ser considerada parte de determinado ciclo de vida. Existem milhares de definições para essa palavra carregada de significados, mas a maioria delas descreve os jovens como seres passivos e sem reação. Se analisarmos o conceito da palavra juventude, existem três tipos: não representada, que nem é concebida como objeto; representada, quando aparece como objeto de análise e alvo de ações críticas políticas; e representante, aquela em que os jovens produzem ações e reflexões sobre si mesmos e o mundo ao seu redor. A juventude atual é a Geração Z, indo no princípio de que é uma condição etária, e tem diversos nomes designados a ela ao longo do tempo: a Geração telefone, a Geração digital, a Geração big data, a Geração da tecnologia, entre outros; todos esses nomes foram identificados devido ao tempo em que nascemos. Desde sempre tivemos uma grande variedade de tecnologia ao nosso redor, claro que não tanto quanto a Gera-

ção Alpha, mas em comparação aos Millennials, a Geração Z é muito mais informada e adaptada tecnologicamente do que a anterior. Essa geração ficou famosa por ser uma das mais adaptadas à tecnologia e fora isso também é famosa por ser uma das gerações com o maior número de depressivos, sendo que, entre 2007 e 2017, e entre pessoas de 10 a 24 anos, as taxas de suicídio aumentaram 56%; a pesquisa relata ainda que isso foi maior do que qualquer coisa que os Millennials já enfrentaram. Apontando que a tecnologia que a Geração Z usa constantemente pode até estar alimentando o aumento das doenças mentais, já que seu uso excessivo pode causar solidão, depressão e ansiedade, segundo B9 e Estadão educação. Mas há um contra-argumento de que os jovens acham que a tecnologia é essencial para a vida deles, e que sem ela, eles seriam totalmente incapazes de fazerem tarefas da escola, redações e trabalhos formais, acham que não seriam capazes de fazerem as pesquisas necessárias sem a tecnologia. Segundo uma reportagem d’O Globo de 2019, 55% dos entrevistados acreditam que a internet 51

ajuda nos estudos e 49% dizem que a tecnologia possibilita um aprendizado exclusivo. Nessa pesquisa é possível perceber que mesmo os jovens se sentindo “menores” ao serem expostos à tecnologia, eles também falam o quão maravilhosa ela é para sua educação, aprendizado e informação. Muitas matérias apontam que é uma geração muito ativa nas lutas e no ativismo, uma geração sem rótulos e preconceitos e que luta sempre contra aquilo que acham que não é certo. A tecnologia, por ser um meio muito ágil e fácil para a propagação de opinião, é de grande uso para suas manifestações. Os jovens se manifestam sobre política, meio ambiente, sexismo, racismo, tabus, orientação sexual, identificação de gênero e doenças mentais… Mas nunca se manifestam sobre o desenvolvimento científico do país; isso pode ocorrer pelo fato da ciência no Brasil ser de fato apagada, ou o tema é simplesmente desinteressante para eles. Acreditamos que se a propagação das matérias científicas do país fossem espalhadas de uma maneira mais informal, ou mais tecnológica, os jovens se sentiriam mais no lugar de pesquisar sobreo assunto, e até


propagar seu conhecimento ao próximo. Segundo uma publicação no Jornal da USP de 2019, a pesquisa mostra que os jovens tendem a falar e demonstrar certo interesse pelo assunto, mas são totalmente desligados da ciência real e não se atualizam regularmente sobre o assunto. A pesquisa mostra que ter a verdade ao alcance de um click não é suficiente para moldar a opinião dos jovens sobre temas científicos”, diz Castelfranchi. A pesquisa também aponta que os jovens têm um grande grau de ignorância em relação básico da ciência, já que 54% dos entrevistados concordam que os cientistas estão exagerando sobre os efeitos das mudanças climáticas, 40% dizem que não concordam com a afirmação de que os seres humanos evoluíram ao longo do tempo e descendem de outros animais, 26% acredita que vacinar crianças é perigoso e 40% acha que se a ciência não existisse não faria um grande impacto em seus cotidianos; essas perguntas claramente eram de conhecimento científico básico, as respostas eram possíveis de serem localizadas em qualquer site de cunho científico, mas,

mesmo assim, a juventude desapontou os pesquisadores já que estes acreditavam que eles se sairiam muito melhor do que os adultos: “Esperávamos que os jovens se saíssem melhor que os adultos nesse quesito, por estarem mais próximos das universidades; mas não”, afirma Castelfranchi. “Temos um trabalho urgente a fazer na melhoria da comunicação da ciência no Brasil. Não só há pouco conhecimento, como a desinformação é muito alta.” Esse artigo mostra a importância do estímulo à educação científica, da formação de novos técnicos e a importância da maior divulgação do tema. A divulgação do tema é pequena como podemos acompanhar nos resultados da pesquisa do jornal. Acredito que já que a geração é a geração digital, a divulgação dos avanços poderiam ser feitos pelas redes de comunicação como fonte principal. Facebook e blogs, páginas no instagram, twitter, tudo para deixar o acesso mais interessante para os jovens e mais dinâmico. Em outra pesquisa do Jornal da USP de 2020, o colunista Denis Pacheco aponta que as redes sociais são atualmente um ponto muito importante para a 52

propagação de informação e o alcance dessas informações pelas redes é muito maior do que eles imaginavam que seria. O autor fala que quanto mais tecnológica a divulgação do tema é, mais alcance ela tem; assim, o jornal decidiu fazer “stories” com a finalidade de diminuir as dúvidas dos participantes e propagar a informação. Com isso a página ganhou uma grande visibilidade de muitos outros grupos com que eles não achariam possível ter contato. Atualmente nesse quadro de pandemia, o jornal está propagando a informação sobre o COVID-19 através de postagens e stories, sempre falando ou esclarecendo dúvidas do público. A página ficou muito mais versátil e “famosa” por conta de seu novo jeito de propagar a informação ao público. De fato a propagação de conteúdo pelas redes é de mais fácil acesso e tem uma divulgação maior do que aquelas que não usam esse tipo de rede. Se todos os jornais fizessem esse tipo de divulgação, o conteúdo ficaria muito mais interessante para os jovens e assim eles iriam começar a se interessar mais e mais pelo assunto, que até agora é tão apagado em nosso cotidiano.


Maria Eduarda Graziano Ciência e a Geração Z uventude é um conceito J amplo que abrange diversas definições, podendo ser representadas de diferentes formas, vindas de diferentes culturas, épocas e lugares. Para alguns, juventude é apenas a transição de uma idade para outra; para outros, é uma questão histórica e social, e pode ser vista até mesmo como algo criado a partir de experiências, situações, mudanças e sentimentos vivenciados por alguém. Atualmente, este termo tem adquirido grande destaque no campo político, no cultural e no acadêmico. Apesar do investimento em faculdades de ciências em geral não seja tanto quanto antes, acredito que o interesse dos jovens nesta área também não é tão forte quanto era antes, pois formamos muito poucos jovens. De acordo com o relatório Education at Glance, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 17% dos graduados brasileiros são dos cursos da área de STEM - Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Se-

gundo Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências e professor titular do Instituto de Física da UFRJ, dados fornecidos pela UNESCO informam que o Brasil possui cerca de 700 pesquisadores por milhão de habitantes, enquanto a China possui 1.100, a Rússia 3.100, a União Europeia 3.200, os Estados Unidos 3.900, Coreia e Singapura 6.400, Israel 8.300; ou seja, apenas 0,07% da população brasileira são pesquisadores, o que seria equivalente a 146.650 pessoas. Segundo Claudia Mermelstein e Manoel Luis Costa, professores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, existe na comunidade científica brasileira a perspectiva de cortes de mais de 40% no financiamento público à pesquisa. “Como no Brasil, diferentemente de outros países, quase não há financiamento privado à pesquisa científica, estas são notícias devastadoras. Cortes nesta proporção terão resultados extremamente negativos a curto, médio e longo prazos para a pesquisa, em particular, e para o país de uma forma geral”, dizem eles. De acordo com a matéria “A morte da ciência”, publicada no jornal O 53

Globo Opinião, nós somos responsáveis por cerca de 2% da produção científica mundial e possuímos a maior comunidade científica e tecnológica da América Latina, com cerca de 60 mil pesquisadores, além de formarmos cerca de 14 mil novos doutores a cada ano. Podemos perceber que apesar de ser algo essencial, a ciência vem sendo excluída de nosso país aos poucos, e as únicas pessoas que podem mudar isso são os jovens. Sem o interesse deles pela área, as faculdades de ciências vão tendo o número de novos alunos diminuído e eventualmente serão feitos mais cortes no financiamento de pesquisas e até mesmo nas faculdades. Com isso, o Brasil perderá a ciência. Então, as únicas pessoas que têm chance de mudar isso são os jovens, pois caso se interessem pela área e acabem decidindo cursar alguma ciência, darão “força” às faculdades e possivelmente o governo parará de fazer cortes ou até mesmo aumentará o investimento nelas; tudo isso por conta do número de pessoas interessadas por ciências e que acabaram escolhendo se formar na área.


Maria Marcondes Mutarelli Arte e Ciência

o texto de João Moreira N Salles, ele comenta que os cientistas são otimistas e os artistas pessimistas, com a justificativa de que “Aos artistas, interessaria refletir sobre a precariedade da condição humana e sobre o drama do indivíduo no mundo. O interesse dos cientistas, por sua vez, seria decifrar os segredos do mundo natural e, se possível, fazer as coisas funcionarem.” o que é uma coisa que eu nunca tinha pensado sobre, os artistas realmente se concentram no drama de indivíduos no mundo, pensando que, não existe nada no alcance deles para melhorar, que o bonito é a dor que eles expressam e que os cientistas vêm um problema e já testam várias teorias diferentes para solucionarem-no. Então depois de terminar esse pensamento me veio outra na cabeça, a sociedade vê os cientistas como secos, frios e, pelo mundo ter muitos problemas, tanto ambientais como sociais, acham que eles não fazem nada a respeito. Enquanto isso veem os artistas como pessoas intelectuais que sabem do que se trata a vida e que sabem a resposta para tudo por que já viveram e tudo, isso não é verdade,

não existe ninguém no mundo que saiba de tudo e que já viveu de tudo. O fato da sociedade(e eu há alguns momentos atrás) pensar dessa maneira tem uma reação, o trabalho dos artistas é expressar sentimentos e agradar o público, por que é disso que eles ganham, do público, é necessário agradar eles e pela sociedade brasileira ver cientistas como seres humanos secos, frios, acham que eles não fazem nada a respeito dos problemas sociais e ambientais, não o que mostrar desses “estilos de vida” que interesse, um exemplo claro é existem mais documentários sobre as descobertas de cientistas do que o dia a dia deles como algo que nos deixe com vontade de se arrumar, sair de casa, pagar pela pipoca e pelo refrigerante, e ingressos para assistir a uma descoberta científica com muita ação envolvida. Existe uma prova de que cientistas são menos “admirados” pelo mundo do que artistas dentro de mim, eu consigo nomear pelo menos 20 atores, atrizes, artistas plásticos e músicos em 2 minutos e não consigo nomear nem três cientistas e sua especialização em meia hora. A grande maioria das pessoas que leem a bíblia e que acreditam nela tem a certeza de que tudo que está escrito ali é a úni54

ca verdade possível, e quem não concorda vai ir para o inferno quando morrer, a minoria acredita em algumas partes da bíblia e algumas partes da ciência e essas pessoas nunca concordam completamente por que existem níveis de fé. Outra parte da sociedade brasileira, a que não acredita no deus da bíblia, normalmente acredita na ciência e em seus resultados, essa seria a fé no que você pode ver, tocar, testar e comprovar, ou seja, efetuamos o que a ciência nos conta/fala o que seria melhor para o mundo. Se eu quero saber quando a terra vai estar tão perto do sol que não existirá mais espécies, água e etc uma pesquisa científica pode fazer um cálculo estimando a data, mas nunca é certeza, por que coisas acontecem todos os dias que mudam a rota do futuro, tudo que a ciência pode me falar são estimativas, nunca certezas, então sim é possível estabelecer relações entre a pesquisa científica e o desenvolvimento sócio econômico, mas isso não significa que o resultado da pesquisa seja sempre a verdade, é somente uma das várias. E sim, eu me interesso sobre biologia, gosto de saber como o organismo dos seres vivos funcionam, porque, para mim é muito curioso.


Mariana Zabotto Udiloff Juventude, conhecimento científico e desenvolvimento socioeconômico

uventude é um dos períoJ dos mais complexos e mais desvalorizados pela sociedade da vida de um homem ou mulher. É um processo de autoconhecimento e autodesenvolvimento, onde diversas circunstâncias, como onde e de que maneira o indivíduo vive e as experiências que este já vivenciou, influenciam e determinam a forma como o mesmo irá experienciar essa fase. Portanto, fatores como a desigualdade social e a ignorância em massa da população brasileira também são características a serem consideradas ao falarmos do assunto. E é tal ignorância que impede nosso país de ter uma melhor formação dos tão falados futuros do Brasil. Ao privarmos muitos jovens e adultos de conhecimento científico, estamos diretamente afetando o avanço dessa área de estudo, que não apenas nos traz diversas novas iniciativas sociais, como também a oportunidade de termos um futuro melhor e desenvolvido. Como se não bastasse a ignorância social, estamos em um constante decrescimento do apoio governamental aos institutos

de pesquisa. Junto com esse aspecto, temos uma parcela considerável de brasileiros que ainda questionam se a precária divulgação e incentivo ao interesse e participação dos jovens às ciências é fruto de um conceito muito presente e complexo, chamado desigualdade social. Em meio a esse contexto, podemos justificar a atual situação socioeconômica do nosso país, em que a população de jovens “nem nem” cresce ao mesmo tempo que a economia brasileira toma o caminho contrário. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados na Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o número de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham chegou a 9,6 milhões no país em 2011, isto é, uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária. Além disso, foi mostrado no Censo da Educação Superior de 2013, que 991.010 alunos de graduação concluíram seus cursos em todos os estados do Brasil. Isso representa uma redução de 5,7% em relação a 2012, quando se formaram 1.050.413 graduados, o recorde nacional. Houve também uma leve diminuição, de 0,2%, no total de ingressantes: 55

em 2013, foram 2,742 milhões de novos alunos, isto é, 4.139 a menos que em 2012. Visualizando a atual situação do sistema educacional brasileiro, é inevitável que nos venha à mente certo espanto. E tal sentimento se torna cada vez maior ao sabermos que, mesmo com o desejo e empenho dos estudantes para terem acesso aos estudos e, mais especificamente, às ciências, paira em nosso país uma falta de investimentos nesse campo estudantil. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), baseado em 2,2 mil entrevistas domiciliares, realizadas com jovens de 15 a 24 anos de idade, em 21 Estados e também no Distrito Federal, quase 70% dos jovens entrevistados disseram ter interesse por ciência e tecnologia; 74% também demonstraram entusiasmo em relação à medicina e saúde, que também são temas fortemente ligados ao campo da ciência. Cerca de 70% consideraram que a ciência traz “muitos benefícios” para a humanidade e 82% concordaram com a afirmação de que “a ciência e a tecnologia estão tornando nossas vidas mais confortáveis”.


Em oposição, estão os dados de formação de matemáticos, físicos e engenheiros do país. Segundo dados de um relatório do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a taxa de formação de engenheiros no Brasil é inferior à da China, da Índia e da Rússia, países emergentes com os quais competimos. Enquanto a Rússia forma 190 mil engenheiros por ano, a Índia, 220 mil e a China, 650 mil, o Brasil apresenta um número referente a 47 mil. No terceiro país, o número representa cerca de 40% dos formandos, à medida que, no último, a taxa correspondia, em 2006, a somente 8%. Em outras palavras, em um país onde a educação superior é viável para somente uma parte da população, e a baixa quantidade de formandos é cada vez mais acelerada, ao pensarmos em áreas que recebem pouco ou nenhum valor social e/ou governamental, estamos visualizando um cenário preocupante de pouquíssima formação. A partir dessas circunstâncias, acredito que o fato de que o precário incentivo e apoio ao estudo científico seja uma das principais razões para o mau desenvolvimento do país, não seja mais nada, além de uma verdade.

Marina Ruão As jovens na ciência um fato que vivemos em É um mundo patriarcal, onde a mulher é vista como inferior ao homem, principalmente intelectualmente. Ao longo da história, a mulher tem sido privada de diversas áreas da sociedade. Tão oprimida foram as mulheres que se fez necessário que a ONU incluísse em nossos direitos o “Direito aos benefícios do progresso científico”. Mas as mulheres fazem parte das descobertas que nos trazem o progresso científico? É fato que as mulheres são a minoria nas áreas da ciência, algo que precisa ser mudado o mais cedo possível. “Ideias baseadas nas obras de Hipócrates, nascido em 460 a.C. e considerado uma das figuras mais importantes da história da Medicina, sobre como a natureza feminina não combinava com a intelectualidade, atravessaram a Antiguidade e a Idade Média permeando, também, os estudos de filósofos modernos como Immanuel Kant e Jean-Jacques Rousseau. No século XIX, Charles Darwin, nas publicações A origem das 56

espécies (1859) e A descendência do homem e seleção em relação ao sexo (1871), colocava que, na espécie humana, sexo feminino era intelectualmente inferior.”, diz reportagem da MultiRio, texto que só afirma como a mulher foi taxada, injustamente, em outras palavra, de “sexo frágil”, e não frágil só em relação à forma física, mas em relação ao caráter, inteligência etc. Mas, se a mulher é tão intelectualmente inferior ao homem, como ela poderia fazer parte de algo tão importante quanto a ciência? Como é que ela terá espaço em uma sociedade para a formação das jovens na ciência? Como uma sociedade vai incentivar esta formação? As diferenças de interesse por matéria STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) começa na infância, quando os estereótipos de gênero ditam comportamentos e brincadeiras infantis. Os meninos são muito mais introduzidos a brincadeiras de experimentação, enquanto as meninas são estimuladas ao cuidado e humanização. E a soma de todas as experiências e concepções equivocadas


sobre gênero que acontecem ainda na infância influencia os interesses de crianças quando elas crescem e se tornam jovens. “Pesquisas do Instituto Unibanco com escolas no Brasil revelaram que, durante o ensino médio, o interesse de meninos por carreiras de exatas já é quatro vezes maior que o de meninas. Posteriormente, elas encontram principalmente homens dando aulas de matemática, ciências e física e, dificilmente, recebem referências a mulheres de destaque nessas áreas.” Das mulheres que optam por ter uma carreira científica, há dados do CNPq que revelam que 59% das bolsas de iniciação científica são destinadas às mulheres, o que dá a impressão de um equilíbrio na pesquisa nacional, mas, ao olhar mais atentamente, vemos que nas bolsas de produtividade, por exemplo, que são as mais prestigiadas e com financiamento maior, a parcela feminina cai para 35,5%. Mas, quando a mulher já está encrencada na carreira científica, ela ainda encontra dificuldades. A trajetória do Nobel, por exemplo, também está

repleta de pegadas sexistas. “Três exemplos. A austríaca Lise Meitner, apesar de seu papel no descobrimento da fissão nuclear, foi excluída em 1944 do Nobel de Física, entregue a seu colaborador ­Otto Hahn (outra alegria que a judia Meitner somava, depois de ter fugido da Berlim nazista). Rosalind Franklin e sua famosa Fotografia 51, em que se aprecia a dupla hélice do DNA pela qual entrariam para a história James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins, que se valeram da imagem sem reconhecerem sua autoria. Ou a irlandesa Jocelyn Bell, que descobriu os pulsares com 24 anos, enquanto realizava seu doutorado. Tanta precocidade perturbou a Academia, que concedeu o Nobel a seus superiores.” O machismo está impregnado em nossa sociedade, mas ele não deveria afetar mais tanto assim a vida das mulheres. Mulheres são tão capazes quanto os homens para fazer qualquer coisa. O machismo não deveria afetar a escolha das jovens em relação ao seu futuro ser científico ou não. Afinal, já estamos no século 21!

57

Matteo Magri A importância da ciência na juventude brasileira ciência tem papel fundaA mental na criação das sociedades, trabalhos, pesquisas e descobertas. Sempre, desde que é dita como verdade, a ciência teve um papel de apoiador e de facilitador: se o governo tem alguma dúvida nesse aspecto, irá perguntar aos cientistas, mas isso está mudando. A ciência nunca chega ao fim, sempre aparecem novas descobertas e, por consequência, novas verdades que no futuro serão debatidas e substituídas por “verdades mais verdadeiras”. No Brasil, a ciência está sendo deixada de lado, colocando crenças religiosas no seu lugar. As pessoas precisam de alguém para seguir, acredito que isso seja uma das maiores importâncias do governo, e se o governo diz que a ciência está errada e que baseado em crenças religiosas teremos um futuro melhor, parte do povo irá acreditar nisso. O Brasil está cheio de negacionistas. Óbvio que é importante questionar, mas esse questionamento tem que ser de algo pertinente e não


uma discussão, por exemplo, se a Terra é plana ou não. Hoje, as escolas, por falta de um investimento do governo, não incentivam a ciência e cada vez mais jovens perdem o interesse no assunto. Falta investimento e colaboração, poucas pessoas têm acesso a laboratórios, materiais e professores especializados; dos jovens que se interessam pela ciência, a maioria não poderá pagar por uma faculdade voltada para o assunto ou uma escola particular que incentive a ciência. Existem também casos de escolas particulares que, assim como o governo, preferem seguir os ideais religiosos ao invés de propor aos alunos uma visão mais clara e ampla sobre o mundo. Os jovens estão sendo incentivados pela família e por instituições a seguir e estudar coisas do século passado, uma espécie de conservadorismo, que com esse governo está aumentando cada vez mais. Por isso, a ciência no Brasil vai se perdendo e ficando cada vez mais diluída e insignificante. Estamos vivendo uma pandemia e, mesmo assim, as pessoas estão deixando de lado orientações da OMS, preferindo ouvir evangélicos: “eu não vou ficar doente,

Deus está me protegendo” ou coisas assim. Acho muito difícil que, com esse governo consigamos mais jovens interessados no assunto, e eu, sendo um jovem e tendo a oportunidade de estudar em um ótima escola, acredito que tenho a obrigação de tentar mudar o mundo em um lugar melhor, porém, com pessoas dessa “qualidade” nos “guiando” estamos dando passos para trás. Sabemos que nos países desenvolvidos a ciência é fundamental. Ela está sempre presente e caminhando lado a lado com a sociedade, e se ela não estiver, será impossível irmos para frente. Infelizmente,no Brasil, a ciência está sendo deixada de lado, e, com isso, acredito que não iremos progredir como sociedade e como pessoas, não conseguimos evoluir se a ciência não está presente, precisamos dela, precisamos de algo que nos inspire, precisamos descobrir e precisamos da verdade, para que em um futuro ela seja refutada e assim por diante. A ciência deixa as pessoas entusiasmadas e maravilhadas; sabendo disso não podemos deixar que ela morra e por isso que acredito que seja tão problemática essa situação, para qual58

quer coisa sobreviver, precisam existir pessoas que desejam mantê-la viva e sem um investimento, sem uma valorização no trabalho dos cientistas e sem uma comoção. Não conseguiremos manter a ciência viva e eu não estou falando apenas da ciência de laboratório, estou falando de ciências sociais. Uma pesquisa feita por um jornal de Minas Gerais apontou que, nos últimos 12 meses, apenas 6% dos jovens entrevistados foram a algum museu ou exposição de ciência, e a maior justificativa apresentada para essa baixa porcentagem é a de que os tais espaços não existem na região onde eles moram, ou seja, ainda há o interesse de jovens, mas sem a ajuda do governo é impossível que esse interesse vire no futuro o trabalho dessa pessoa. Além disso, essa reportagem mostra que 46% dos entrevistados acredita que a ciência seja algo muito atrativo, 38% acredita que seja atrativo e apenas 11% acha que a ciência é pouco atrativa, isso só reforça o que eu estava dizendo, Precisa-se de investimento e valorização na área, pois os jovens ainda estão interessados, mas pelo jeito o governo não.


Paulo Araújo Mourão Ciências e juventude iência e juventude no Brasil C é um tema bem oculto ao olhar da maioria, pois são poucas as pessoas que conhecem esse tema. Bem, no Brasil a juventude atual é bem ligada em redes sociais, podendo assim ter várias redes de conhecimento desconexo ou que queriam saber. No caso quando nós falamos de ciência no Brasil muitas pessoas vão saber falar sobre esse tema mas nem um pouco a fundo, principalmente a maior parte da juventude brasileira. Mas por que isso acontece? A falta de informação acontece em vários lugares e sobre temas diferentes, isso chega a ser comum em vários aspectos, e com a ciência não seria diferente. Muitas pessoas não conhecem esses assuntos a fundo por muitos motivos, como: falta de incentivo escolar ou até da família, baixo nível de incentivo do estado para esse assunto. Mas é claro que há gente a se interessar sobre isso como exemplo de vários jovens que fazem coisas de informática ou de computação, então seria incorreto afirmar que no Brasil não há incentivos para a ciências em geral. Há mais é até que pouco incentivo. Bem, a minha tese sobre esse assunto é que a

juventude brasileira é mal informada sobre a ciência pois não há incentivos que os levem a conhecer. Hoje em dia há vários jeitos ou lugares onde nós podemos nos informar, como por exemplo o youtube, blogs, redes sociais e mais. Só que essas informações podem estar erradas ou elas podem ser feitas só para as desinformação, como no caso das fakes new ou no caso da notícia falsa. Isso ajuda a desinformação ou informação de vários assuntos. Bem, se analisarmos quem está mais nas redes sociais atualmente veremos que são os jovens, por causa do contato deles com a internet desde cedo. Bem mais como a juventude fica mal informada com todos esses jeitos de conseguir informação (no caso se referindo a informações científicas). Bem, é verdade que a juventude pode ter conhecimento de vários lugares, mas eles são sempre ou quase sempre bem superficiais. Na minha opinião, acho que o incentivo que a internet dá para a juventude em relação ao conhecimento científico é muito bom, pois é um jeito de incentivar e mostrar a ciência para novas pessoas. Seria errado dizer que não existe incentivo para as pessoas verem a ciência na internet. Baseado em uma pesquisa fei59

ta pela INCT-CPCT, com aproximadamente 2 mil pessoas de 15 a 24 anos, entrevistadas. Foi mostrado que muito jovens têm interesse em ciência em geral,mas têm pouco conhecimento sobre ela. Em um trecho dessa reportagem/pesquisa, o pesquisador Castelfranchi fala sobre a desinformação da juventude: ”Não só há pouco conhecimento, como a desinformação é muito alta.” A conclusão que podemos tirar disso tudo é a seguinte: aparentemente os jovens tem até bastante interesse pela ciência mas há muita desinformação sobre isso,assim causando várias consequências. Além disso, a falta de incentivo para conhecer a ciência em vários lugares como por exemplo da família ou até mesmo da escola. Mas também seria errado afirmar que não existe incentivo, por exemplo na internet em que existem vários canais no youtube e vários blogs pela internet. Mas o que eu acho mesmo que faz toda essa situação acontecer são vários fatores como: a falta de interesse e conhecimento básico para poder se aprofundar, nunca ter dado uma oportunidade para conhecer um pouco da ciência levando em conta o momento atual e mais.


Pedro Dantas

Pedro Paim

Juventudes, ciência e desenvolvimento

Investimentos em áreas da ciência e da educação é pensar no futuro

ciência é sim uma parte A muito importante para a sociedade, mesmo assim o Brasil possui um conhecimento muito baixo em relação à ciência, e isso precisa mudar. A ciência é muito importante porque é responsável pela cura de doenças, pesquisa de animais, dentre outras coisas muito relevantes que foram descobertas por causa dela, e é necessário que pessoas jovens tenham acesso à ciência. Talvez os jovens possam ser um grande porta voz para passar informações entre si e entre outros. Caso nós tivéssemos mais conhecimento sobre ciência, talvez com um pingo de esperança a sociedade saberia mais sobre a área da ciência.

s ciências do mundo inA teiro são importantes na sociedade. Um artigo de um site chamado “www.Trabalho Feito. com.br” cita o seguinte: “A ciência no mundo atual é evolução do sistema mundial, ajuda na interpretação de fenômenos, possibilita o rendimento de mecanismos de conduta ou trajetórias do sistema mundial, estudos que propõe soluções quer por via de políticas públicas nacionais, quer universais das sociedades mundiais para a melhoria do bem estar.” Isso ajudou a expandir o conhecimento e desenvolvimentos na agricultura, biologia e nas áreas técnicas como informática, engenharia e medicina. No mundo, a ciência é importante para o desenvolvimento de qualquer país, em um artigo de Cecília Bastos, explica: “A importância da política científica para um país está, a meu ver, relacionada com o desenvolvimento econômico de forma mais que direta. Como por exemplo, da propensão dos habitantes de uma certa região a economizar. Mas isso 60

mudou e os nossos gestores da política científica parecem não entender que a economia mundial depende fortemente do conhecimento e este, por sua vez, move-se para além das fronteiras espaciais ficando à mercê inclusive de influências externas.” Esse artigo da Cecília Bastos enfatiza um dos fatores para desenvolvimento a economia e é preciso economizar os recursos de um país, mas não basta só economizar, um país para desenvolver precisa também investir em tecnologia, que está relacionada a ciência, para expandir área de produção de produtos vindos da agricultura e indústria, no desenvolvimentos de transportes rápidos, meios de comunicação, tratamentos medicinais e etc, fazendo assim, a estrutura do país desenvolva-se. Eles entendem que precisam investir no país, mas parecem ignorar isso. Pelo que podemos ver, é verdade, no “jornal da USP” diz assim: “No caso dos Estados Unidos, 60% do dinheiro para a pesquisa vêm dos recursos públicos; na Europa, 77%. Há poucas semanas, para garantir a “prosperidade em longo prazo”, a Alemanha anunciou o investimento de 160 bilhões de


euros no ensino superior e em pesquisa científica para a próxima década.” É muito pouco investido na educação pelo país e quem vai contribuir o máximo em universidades, institutos de pesquisas e etc são ex-alunos e os setores públicos. Parece que o governo ignora isso de maneira insignificante. Carlos Brito Cruz explica que quase todos países usam esse mesmo modelo de financiamento: “pesquisa em universidades é financiada majoritariamente por recursos governamentais”. Mas, segundo ele,os países sabem que para terem desenvolvimento econômico e social é preciso usar recursos dos impostos para isso. “Além de ajudar a educar os estudantes a serem criativos e imaginativos em suas carreiras, a pesquisa em universidades também cria ideias fundamentais que as empresas e a sociedade vão usar no futuro. Soluções que vão para o mercado e que viabilizam o desenvolvimento econômico e social mais adiante.” Os países no mundo inteiro sabem que para estrutura de um país ser bem sucedida é necessário investir em pesquisas científicas e também na formação dos jovens, que seria na

área da educação, pensando no futuro. No site do governo de Pernambuco, fala: “É muito importante explorar o potencial científico dos jovens. Os projetos da Ciência Jovem, além de criativos, são bastante inovadores, tanto que estão sendo premiados mundo afora. Investir nos jovens e os estimular para adquirir conhecimento e colocar a ciência em prática é a melhor maneira de desenvolver a ciência, como consequência, gera resultados beneficentes para a população”. Antes de continuar a falar sobre os jovens na ciência, vou explicar uma definição de Margulis Y Urresti sobre juventude de hoje em dia, que diz assim: “É uma construção histórica e social e não meramente uma condição etária, parte de um determinado ciclo de vida. Cada época e cada cultura postulam diferentes maneiras de ser jovem, sobre determinadas por dentro de situações sociais e culturais específicas.” De acordo com essa definição, de forma que seja compreensível, seria uma construção de uma identidade, tanto interna assim como externa, na sociedade. Alguns adolescentes hoje se interessam pela ciência. No jor61

nal da USP diz respeito a isso: “A maioria dos jovens brasileiros gosta de ciência e acha que o governo deveria investir mais no setor — inclusive em momentos de aperto econômico, como o atual.” Mas, no Brasil, há um problema com relação à ciência, primeiro, como a educação visa a ciência, mesmo com o avanço na tecnologia dentro das escolas que facilita no aprendizado dos alunos há um porém; no site “Brasil Escola” o porquê: apesar das propostas feitas com relação ao uso das novas tecnologias na escola, os laboratórios não estão sendo utilizados eficazmente e os professores ainda não receberam a qualificação necessária para o uso dos recursos tecnológicos dentro da escola.” Por último, temos pouca referência de cientistas brasileiros que possam inspirar os jovens e o um grande desconhecimento da juventude sobre ciência no país. Nesse mesmo jornal da USP que fala sobre o interesse dos jovens, diz o seguinte: “Se por um lado os jovens demonstram ter uma visão muito positiva da ciência e dos serviços que ela presta para a sociedade, há um des-


conhecimento muito grande sobre conceitos básicos de ciência e sobre como a ciência e a tecnologia são produzidas no Brasil.” Para termos uma noção desse desconhecimento, foi feito uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) mostra o resultado seguinte:”somente 26% disseram buscar informações sobre o tema com frequência; e apenas 12% souberam citar o nome de alguma instituição “que se dedique a fazer pesquisa científica no Brasil”. Independentemente da cultura, da estrutura, do PIB, do IDH, da base educacional, etc, é sempre prioritário quando pensar em investir no desenvolvimento de um país é o governo investir os recursos dos impostos nos institutos de pesquisas científica em instrumentos de pesquisa, recursos para avançar a pesquisa, no financiamento, etc, e na educação para que os jovens tenham uma boa formação científica para realizar pesquisas que, como citado,” gera resultados beneficentes para a população”.

Rafael Budoya Precisamos de ciência falta de ensino científico A nas escolas influencia diretamente no progresso do país, assim como em seu desenvolvimento e em outros setores. O Brasil não tem muito reconhecimento da ciência, como é demonstrado pelo atual presidente que tirou verbas de investimento em pesquisas. A ciência, na situação na qual vivemos, diante de uma pandemia, influencia totalmente o caminho que o país está seguindo. Para os que pensam que não há necessidade de investir na ciência, podemos ver como exemplo a maior potência mundial e grande exemplo liberal: Estados Unidos da América. De acordo com o site, “Reconta aí”, “a maior parte dos investimentos em pesquisa é público, e sai das agências de fomento, como a NASA”. O site ainda encerra a matéria falando que a ciência nem sempre tem aplicação imediata, não é de interesse das empresas. Como mostra o site Observatório do reconhecimento, inves62

tir em educação e ciência tem impacto direto no país, tanto na parte econômica quanto social, além de ter uma influência quase direta no PIB (produto interno bruto), e isso gera um efeito multiplicador. Países considerados os mais ricos do mundo, como a Alemanha e os Estados Unidos, têm investido em ciência e educação. Vale contar aí a China, que vem se desenvolvendo rapidamente nos últimos anos e que também investe em educação e ciência. Com a atual pandemia que está ocorrendo e no nosso atual estado de quarentena que impede vários trabalhadores como os microempresários e autônomos de conseguirem sua renda, afetando o país como um todo, uma das possíveis saídas para a quarentena seria a criação de uma vacina contra a covid-19, porém, mais de 95% das pesquisas feitas no país vêm de universidades públicas, segundo o Observatório do conhecimento; o problema é que o investimento básico e científico caiu em mais de 30%...


Rodrigo Alvarenga Ciência e juventude o Brasil, existe um grande N preconceito contra os nossos cientistas e pesquisadores. Existe também uma ideia contraditória sobre os cientistas, como Ricardo Santoro (professor de ciências do colégio Oswald de Andrade) cita no seu discurso em aula: “A sociedade acredita que um cientista é uma pessoa maluca, com cabelo bagunçado e que arruma confusão o tempo inteiro, ou um homem com gravata, fazendo experimentos através de líquidos coloridos, porém isso não confere com a realidade”. Existe uma grande importância da ciência, dos pesquisadores e dos institutos de pesquisa para o nosso desenvolvimento social: são os avanços e o desenvolvimento de novas tecnologias na área da ciência que possibilitam levarmos uma vida mais saudável, com acesso aos diferentes tipos de medicamentos e vacinas, buscando tanto a profilaxia através da vacinação, como a medicação para a cura de doenças. Uma melhor qualidade de vida para a sociedade é proporcionada através dos esforços e da

dedicação desses profissionais que atuam na área de pesquisa e nos vários institutos espalhados por todo o mundo. Por isso, é importante o investimento do Governo, liberando verbas para essa área, apoiando e incentivando o trabalho dos pesquisadores. Inclusive, o Brasil é referência mundial na produção de vacinas contra vírus e exportador para mais de setenta países, principalmente, para o continente africano, segundo o site do ministério da saúde. Como é citado no texto de Moreira Salles, intitulado “Arte, ciência e desenvolvimento”, o conceito que a humanidade e os jovens têm sobre a cultura, que exclui a ciência, é um grande demérito e desvalorização diante ao trabalho dos cientistas. Assim, é importante estimular a educação científica, a formação de novos técnicos e a aproximação entre juventude e ciência, para futuramente termos uma boa visão da sociedade sobre a ciência, apoiando e estimulando o estudo nessa área. Precisamos, primeiramente, melhorar a visão da cultura da sociedade, mostrando a importância da ciência no desenvolvimento social. É preciso marcar que a ciência pre63

cisa conquistar bons resultados como o Brasil já conquistou e, para isso, o governo deve investir, liberando verbas para essa área. O corte das verbas na área da ciência e pesquisa no Brasil causará perdas de estudos importantes. Se não mostrarmos para os jovens a importância da ciência, os cortes poderão crescer cada vez mais. Precisamos melhorar a visão da sociedade e da juventude sobre o tema “Ciência, arte e desenvolvimento” e, para isso, temos que nos aprofundar no assunto. Mostrar a importância de ter orientações médicas para fazer um uso adequado de remédios e também não considerar indicações de pessoas leigas na área da saúde, ou dos apelos e histeria viralizados nas redes sociais, como o que temos visto, atualmente, em função do contágio pelo novo coronavírus. Penso que se o governo brasileiro desse incentivo para a área da Ciência, os jovens poderiam ser estimulados a irem para essa área de estudo e fazer a diferença; seria preciso também estimular os jovens com filmes, documentários e reportagens que mostrassem a verdadeira importância da ciência.


Quando o presidente foi eleito, muitos de seus “fiéis” diziam que ele falava de um jeito informal, assim ficando mais perto do povo. Outra semelhança dele com a população é a ignorância científica. O governo atual corta verbas de pesquisas, e como consequência o Brasil vai ficando atrasado em relação aos outros países.

formada no ensino superior. E ocupa o 36º lugar no ranking mundial de maior percentual de pessoas formadas em nível universitário. A Rússia, que hoje é a décima maior economia do mundo, atrás do Brasil, possui 53,5% da sua população formada nesse nível de ensino. E a consequência disso? Bom, a Rússia é o 49º melhor IDH, enquanto o Brasil é o 73º. Além de não conseguir formar muitas pessoas, o Brasil não está formando cientistas. Podemos ver nesse trecho do texto “Arte, ciência e desenvolvimento”, de João Moreira Salles, que o Brasil está formando mais profissionais de moda do que matemáticos. “Existem 128 cursos superiores de moda no Brasil. Em 2008, segundo o Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o país formou 1.114 físicos, 1.972 matemáticos e 2.066 modistas. Alimento o pesadelo de que, em alguns anos, os aviões não decolarão, mas todos nós seremos muito elegantes.”

Um dos primeiros passos para formar cientistas é investir na educação superior. Mas, segundo o IBGE, hoje o Brasil tem apenas 15% da sua população

Os jovens não estão se interessando pela ciência. De alguma forma as escolas têm que trazer informações e mostrar como isso é importante e tem relação

Rodrigo Matias Gonçalves O investimento na ciência é fundamental para o desenvolvimento de um país odos dizem que a ciência T é essencial para o desenvolvimento de um país, porém nem todos acreditam nisso de verdade. Um bom exemplo é o atual Presidente da República, que diz que a Covide-19, pandemia com mais de 5 milhões de casos confirmados e mais de 300 mil mortes no mundo, é uma gripezinha. E, como resultado, o Brasil é o terceiro país com mais contaminados pela doença, com 330.890 casos confirmados e provavelmente será o segundo em pouco tempo.

64

com o dia dia; isso traz a ciência para mais perto desses jovens. Existem algumas escolas que possuem parcerias com algumas universidades, com isso os alunos passam a conhecer laboratórios e ficam mais próximos desse assunto. A ciência também tem de ser valorizada pela sociedade, assim como a divulgação da produção científica tem de chegar até as pessoas. Mas não é isso que acontece. Segundo uma pesquisa feita pelo Fiocruz em 2019, 93% dos jovens entrevistados não sabiam dizer o nome de um cientista nacional. Mas isso não é algo de hoje. O sonho das crianças brasileiras é serem jogadores de futebol, músicos ou atores. E isso ocorre porque está na nossa cultura, e isso precisa ser mudado se nós quisermos nos desenvolver mais, visto que a ciência é um dos pilares do desenvolvimento. Os países líderes na economia e os com índices de desenvolvimento mais elevados apresentam uma aposta no conhecimento científico. Somente o conhecimento baseado na ciência é capaz de apresentar saídas para grandes impasses, como o que acontece com a pandemia: muitas


pessoas têm dúvidas sobre o que está acontecendo hoje no mundo, enquanto laboratórios estão trabalhando dia e noite. A informação científica tem que ser democratizada para que todos tenham maior noção sobre o que está acontecendo e possam encontrar soluções. Uma das maneiras de fazer isso é o governo investir em pesquisa científica dando recursos para as universidades e pesquisadores, por exemplo. Também acho que é preciso mostrar a importância da ciência para os estudantes. Isso também pode ser feito pelo governo, tanto em programas nas escolas como em outros locais, como museus e centros culturais. Museus como o Catavento, ajudam muito na divulgação científica, mas outras iniciativas assim deveriam existir também em outros lugares, como nas periferias.

CA

TAVENTO

Sergio Roberto Freitas

cientista brasileiro, ou seja, po-

Ciência e juventudes

demos ver com este dado que

esse início de texto, eu N quero propor uma pergunta:

às ciências realmente por causa

qual é a forma correta de se estruturar um artigo de opinião? Se você sabe formular um texto deste gênero, sabe também que é necessário ter primeiro uma tese formulada sobre o assunto falado no texto. Mas nesse meu texto estou falando, além de um fato, de uma opinião que, todas as pessoas, se entendessem o que acontece realmente iriam concordar comigo.

todos nós não estamos ligados de falta de informação. Outro fato que influencia não só nesta desinformação mas também na imagem de um cientista é a dos filmes, que em sua maioria, os cientistas representados são todos loucos, ou parcialmente loucos, e acredito que essa situação em que foram colocados os cientistas é muito delicada, pois isso causa a interpretação de que todos os cientistas são necessariamente loucos, o que não é verdade. Acredito que

O que vou falar hoje é sobre os

isso causa um afastamento ain-

jovens em relação aos estudos

da maior ainda assim que você

das ciências. Podemos perce-

goste dos personagens que são

ber que nos últimos governos

representados dessa forma nas

do Brasil todos tiveram cada

ficções, etc…

vez menos um investimento

Citaremos a posição da maioria

nas pesquisas científicas, além disso todos acham que deve ter sim mais investimento, mas como é citado no texto da USP visto por nós nas aulas, a informação de que alunos que frequentam o ensino superior e não sabem nem citar um local de pesquisa do Brasil e nenhum 65

da população brasileira fora dos 5%, que são as pessoas pobres o Brasil sendo um país muito desigual é um agravador dos problemas de inserirem os pobres no meio das ciências, pois qual são realmente as chances de uma pessoa de classe baixa chegar perto de um microscó-


pio? As escolas não vão dar a

Sofia Vanzolini

ela, pois não conseguem nem

A ciência jovem do Brasil

ter professores para dar aulas, assim assassinando as chances de serem inseridos no meio científico. Então isso já diminui para 1% da população pobre que conseguiria chegar a esta posição, e somando com 0,5% das pessoas ricas do Brasil que talvez entrem para este meio são apenas 1,5%, e isso é apenas sendo otimista sobre a quantidade de pessoas que fa-

este artigo será apresentaN do o tema da ciência no Brasil em relação aos jovens. Acredito que este seja um assunto de grande importância principalmente dadas as circunstâncias, que nos possibilitam enxergar o quanto o estudo e o desenvolvimento científico são importantes para nossa sociedade.

rão isso. E tudo isso pode ser

Muitos jovens brasileiros têm

causado pelo que foi citado no

interesse em estudar ciência,

primeiro parágrafo: a falta de

mas poucos procuram real-

investimento no meio da ciên-

mente agir quanto a isso. O

cia, pois é um fato que ciência

Jornal da USP aponta que:

faz com que um país se desen-

“Quase 70% dos jovens entre-

volva, e um país sem desenvol-

vistados disseram ter interesse

vimento não possibilita ter in-

em ciência e tecnologia — mais

vestimentos em todas as áreas

do que em esportes (62%) e o

do governo. E para encerrar,

mesmo que em religião (67%).

apenas digo que não confun-

O tema só ficou atrás de meio

dam que é só culpa deste últi-

ambiente (com 80% de inte-

mo governo mas sim que vem

ressados) e medicina e saúde

de muito tempo atrás em vários

(74%), que também são temas

governos passados.

fortemente ligados à ciência e tecnologia”, ou seja, há tanto interesse na área da ciência quanto em outras áreas populares no Brasil, então isso nos faz questionar o porquê de tão 66

poucas pessoas investem em agir nas áreas científicas. Bom, para começar podemos observar que o investimento em desenvolvimento científico no Brasil é bem mais baixo do que o investimento em outros países com um PIB aproximado, o que mostra que nosso governo não trata a ciência como uma prioridade ou algo de muito importância, assim imagino que muitos jovens tenham receio de não serem recompensados devidamente por suas contribuições. Assim

poderíamos

concluir

que, no Brasil, há uma grande desvalorização da ciência como um todo. Mesmo que isso traga um enorme benefício para a população, o governo não parece procurar investir nos jovens interessados e com muito potencial.


Victor Lopez

Cerca de 70% consideram que a

Vítor Moura Ribeiro

Jovens defendem a ciência e tecnologia no Brasil

ciência traz “muitos benefícios”

Juventudes, ciência e desenvolvimento

C existe uma reportagem com-

cordam com a afirmação que “a

onforme o jornal da USP,

provando que a maioria dos jovens de hoje em dia estão

para a humanidade e 82% conciência e a tecnologia estão tornando nossas vidas mais confortáveis’’.

interessados em ciência e tec-

Com relação ao apoio do po-

nologia. Atualmente os jovens

der público, 94% disseram que

entre 15 e 24 anos, em 21 es-

o governo federal deveria au-

tados estão interessados em

mentar, os investimentos em

estudarem e fazerem cursos re-

ciência e tecnologia mesmo

lacionados a esse tema.

sabendo que os recursos são li-

Com a evolução da sociedade, antes nenhum país estaria preparado para lidar com alguma pandemia por exemplo, mas atualmente com a evolução mundial e de todos os cargos

mitados. Gastar mais com alguma coisa significa ter que gastar menos com outras. Além disso, 68% concordam que os governantes devem seguir as orientações dos cientistas.

de medicina e de tecnologia, dão uma valorização maior para estudos e aprofundamento nesse tema. Quase 70% dos jovens entrevistados disseram ter interesse em ciência e tecnologia - mais do que em esportes (62%) e o mesmo que em religião (67%), o tema só ficou atrás de meio ambiente ( com 80% dos interessados) e medicina e saúde (74%),

ciência é muito importanA te para inúmeras coisas. Mas entre elas é importante destacar que a ciência é essencial para o desenvolvimento do país e deve ter centralidade da educação científica das juventudes. E neste artigo de opinião iremos retratar a importância da ciência para estes dois temas. Primeiramente, a ciência ajuda muito no desenvolvimento de um país em vários fatores, como por exemplo: quando o país investe na área científica, ele acaba automaticamente investindo também em saúde porque a área científica (principalmente as pesquisas) tem uma grande influência sobre a área de saúde (tanto pública quanto privada). Muitas universidades acabam colaborando com alguns hospitais fazendo pesquisas (estas pesquisas geralmente envolvem a criação de novos remédios, estudo de doenças, criação de vacinas entre outros inúmeros assuntos, tópicos, curiosidades e necessidades que existem). Com as pesquisas sendo feitas em qualquer lugar, elas acabam

que também são fortemente ligados a ciência e tecnologia. 67


envolvendo muitas pessoas (sendo eles alunos de faculdades, voluntários, cientistas, etc). Com essa necessidade de uma pesquisa exigir muita gente para começar o processo, acabam gerando muitas oportunidades para estudantes que estão cursando ou têm interesse na área de saúde, e na área científica (eles acabam adquirindo muito conhecimento sobre certos assuntos). Estas pesquisas geram algum tipo de renda não só para pessoas da área científica, mas também para outras, como por exemplo: médicos, seguranças, paramédicos, pessoas que se voluntariaram para a pesquisa etc. Dependendo de qual for o tema da pesquisa, o resultado dela pode beneficiar outros países, como por exemplo: a cura do Covid 19. Muitos países necessitam desta cura por causa da grande pandemia que está acontecendo ao redor do mundo. Se o Brasil desenvolvesse uma cura funcional para esta doença, muitos países iriam querer comprar esta cura. E isto geraria uma grande fortuna para o Brasil e um grande desenvolvimento em todas as áreas também. E isso provavel-

mente, iria desencadear futuras alianças do Brasil com outros países, o que traria um grande desenvolvimento político e econômico. Mas, infelizmente, o Brasil não investe muito dinheiro na área científica. Como sabemos, estamos passando por uma grande crise mundial por causa do Covid 19, e por causa da falta de investimento na área científica, o Brasil está lidando com grandes dificuldades para encarar isso, tanto que o nosso país chegou a ficar numa situação tão ruim em relação a esta crise que se tornou o segundo país do mundo com mais pessoas infectadas, sendo que, no dia 24 de maio de 2020, o nosso país registrou 653 mortes e 15 mil novos casos pelo Coronavírus. Outros países que já investiam muito dinheiro na área científica, como por exemplo o Canadá, estão sob uma situação controlável perante esta crise. Já o Brasil e outros países que investem pouco na ciência estão em uma situação muito descontrolada. Agora sobre o nosso segundo tópico. A ciência é muito importante para centralidade da educação científica das juventudes, porque muitos jovens, quando crescem, não têm o mínimo de 68

conhecimento sobre coisas básicas do dia a dia que envolvem ciências. Um exemplo: muitas pessoas não estão cumprindo os requisitos da quarentena porque não têm noção do que está acontecendo ou do perigo do que está acontecendo. Quanto maior a centralidade da educação científica, isso acaba formando mais jovens com conhecimento científico básico, e isso acaba formando um currículo bom para os jovens, que têm mais oportunidades de empregos. E também para quando o país estiver em uma crise de saúde tão grande quanto a que estamos passando hoje em dia, eles saibam colaborar com o governo para controlar melhor esta pandemia, e saibam como se prevenir desta doença e como se prevenir de outras doenças.


COREOGIFS

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RETRATOS DA QUARENTENA

RETR

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ATOS

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Ana Beatriz Rye Negoro 72


Hotel das Estrelas A janela. Sempre me pego refletindo se sou eu que a observo ou se é ela que olha através de mim. Seriam os olhos janelas para a alma? A janela pode muito bem se tornar o mais cruel objeto de tortura, uma barreira, um limite, uma pequena fresta para o que está do lado de fora, ou do lado de dentro. Eu reflito, encaro a vidraça, vejo a lua, as estrelas, eu me lembro daquela música do Macalé; “dessa janela sozinho ver a cidade me acalma” quem me dera... a inquietação me fere, me corrói de fora pra dentro, talvez de dentro pra fora. Já faz tanto tempo, tanto tempo que eu me deito e encaro essa vidraça, essa barreira. Enquanto meus olhos percorrem as ruas, eu ainda vejo o reflexo, o corpo deitado na cama. “Rio e também posso chorar”.

Antonio Garnfukel Braz 73


No seu aniversário de “maturidade” ocorreu a maior festa que o Olimpo já teve e, mesmo ele não adorando a festa, todos ao seu redor tinham certeza que estava, pois estava brilhando intensamente… Já

O espelho da ilusão

muito incomodado com aquilo que o irritava há anos, fez uma cópia de seu brilho natural e colocou na festa, uma habilidade que desenvolveu ao longo dos anos para poder observar, e, assim feito, foi visitar e pedir aconselhamento para as Moiras. Entrou naquele local sinistro e escuro, o qual nunca tinha observado, e parecia que ele não conseguia observar e guardar em sua memória, como se estivesse fora do tempo. Dizem que passou ali anos e ainda assim ouvia o barulho de festa, até

Todos conhecem as histórias clássicas dos Deuses do

o momento que inconformado pensou e assim

Olimpo, mas essa que irei contar esteve escondida

executou, aqui não irei pensar, lembrar e guardar,

por um mal, muitas vezes, não visível.

nem seu nome.

Essa história começa no principio da consciência

Assim, abrindo os olhos avistou infinitos fios partindo

intelectual humana, com a junção “carnal” por

de diferentes pontos e traçando uma linha contínua

assim dizer de dois deuses: Apolo, deus do arco e

até que deles abriram-se vários outros fios e, poucos

flecha, da cura, da música, do sol, considerado ao

segundos depois, se dissiparam sobrando somente

longo da história o Deus mais cobiçado por todos

um. Ele estava diante das escolhas da vida e do

e Afrodite, a deusa do amor, que não precisamos

tempo, local sagrado das Moiras, aquelas que têm

nem comentar sobre sua beleza...

a responsabilidade de guardar as escolhas da vida,

A junção sagrada dos dois gerou um novo deus,

trazendo a elas a infinita sabedoria, o que é contado

escondido nas histórias, o que irei explicar o motivo…

em outras histórias.

Irmão mais novo de Dionísio, seu nome era Sedevisi.

Vagarosamente das sombras se revelaram, e lá sem

Sedevisi, desde seu nascimento, apresentava um

sequer uma palavra pensar ou dizer, lhe disseram

brilho fora do comum, não era muito extrovertido,

para realizar um ritual reverso com vosso brilho

mas por onde passava seu brilho parecia magnetizar

e assim clamar para que o que procurava fosse

a tudo e a todos. Pelo contrário, era uma criança

revelado ao ponto mais alto do Sol, onde nada se

muito observadora, não era um dos mais brilhantes

encontra além da luz plena.

guerreiros ou companheiros, mas seu brilho fazia

Se deparou então com a festa não mais naquele

com que parecesse um novo Zeus, ninguém o

local sagrado.

negava nada, por onde passava era cobiçado,

Ao anoitecer, pediu aos seus pais permissão para

ofertado e adorado. E, por anos e anos, assim foi...

andar sobre a Terra pela primeira vez, o que lhe

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foi concedido e, então, Sedevisi passou a noite

Deuses havia corrompido o espelho e o escondido,

estudando e revertendo todo o ritual.

pois havia se frustrado com o que viu. Relembrando

Ao amanhecer foi até Hermes e lhe pediu que o

dessa história, somado ao que estava vivenciando,

tornasse invisível por este dia aos olhos humanos

concluiu que estava dentro daquele espelho e que

e, assim feito, Sedevisi pôs-se a caminhar sobre a

na verdade o espelho fora corrompido por todos,

Terra…

Deuses e humanos, pelo tamanho e quantidade

Ao caminhar por um longo tempo, não demorando

de erros e negatividades que faziam, mesmo após

para chegar o horário indicado, achou a montanha

consultar esse Sagrado espelho, jogando-o para as

mais alta da Grécia onde lá só havia o sol refletido

sombras e, assim, invertendo sua função, tornando-o

na pouca grama que ali tinha. Subiu a montanha e

o oculto espelho da ilusão. Lá então continha

lá iniciou o ritual.

toda ilusão que as próprias pessoas criavam para

Havia feito tudo do ritual, faltava-lhe o último pedido,

esconder seu íntimo totalmente desvirtuado.

mas sentia uma podridão terrível em si mesmo e

Irritadíssimo com aquilo, numa explosão de seu

não sabia o por quê… no entanto, seguindo o que

poder Divino, expulsou toda aquela carga negativa

lhe foi passado, fez seu último pedido.

sob aquele espelho, e com isso todos aqueles que se

Se deparou então com um local muito estranho,

olharam no espelho nos dias seguintes veriam seu

onde a escuridão era a própria iluminação, sentia

próprio íntimo, longe de suas ilusões, paralisados em

dentro de si cada vez mais aquela podridão e

suas próprias casas até que aquilo fosse resolvido

percebeu que ele estava no reverso daquela

e diluído. Porém isso afligiu os Deuses, além de

montanha.

provocar uma ira de ver a si mesmo, de modo que

Olhando atentamente vislumbrou algo e seguiu...

queriam Sedevisi morto.

quando se deparou com um espelho, estranhou e

No entanto, por tratar-se de um Deus, não poderia

começou a analisar até que nele tocou e pensou “se

ser morto, de modo que foi banido do Olimpo,

é um refletor, então que reflita a verdade”.

perdendo todos os seus poderes, ficando somente

E assim se sentiu sugado para dentro do espelho

com a imortalidade e com a pena de vagar pela

onde se deparava com inúmeros sentimentos de

Terra por toda eternidade. Antes que sua sentença

podridão e via como esses sentimentos estavam

fosse executada, em seu último ato sagrado, Sedevisi

sobre uma camada gigantesca de ilusão, até que

instalou sua luz no íntimo de tudo e de todos, com

caiu em si e lembrou de uma história que sua mãe

todo poder original do espelho, criando assim o

Afrodite havia lhe contado quando pequeno:

que hoje chamamos de consciência, e jurou para

Ela tinha lhe contado que muito tempo atrás,

as Moiras que passaria sua eternidade ensinando e

quando o homem criou consciência intelectual,

conscientizando a tudo e a todos. Dizem até hoje

tinha mandado à Terra um presente, um espelho

que ele vaga pela Terra, como aquele velhinho

para que o homem e os Deuses, quando necessário,

que não te conhece, mas por onde passa traz um

ver o que estavam fazendo de errado e assim

conforto, um ensinamento, uma luz.

mudar; contou também que achava que algum dos

Bruno Apollaro Zanin 75


Aos seis anos de idade, eu fui ao zoológico pela primeira vez. Na época, eu achei incrível e mágico poder ver com meus próprios olhos que os animais que eu via na televisão realmente existiam. Eu comparei o tamanho dos meus bichinhos de pelúcia com os animais de verdade, e até me imaginei tendo um tigre de estimação. Conforme eu fui amadurecendo eu percebi o quão horrível é aquele lugar a que tantas pessoas gostam de ir, o quanto os animais são explorados e exibidos desde que são tirados de sua “casa” e colocados em pequenos espaços nos quais vão ficar para sempre, até morrerem ou até não chamarem mais a atenção do público. De certa forma, eu acho que a quarentena pode ser o nosso zoológico. Claro, não somos tirados do nosso habitat natural, mas nossa liberdade é consideravelmente diminuída. Nosso cativeiro, mesmo que seja nossa casa, para a maioria das pessoas é pequeno. As redes sociais seriam nosso modo de exibição, nossas belas redes sociais de que tanto gostamos. Nossa vida toda está exposta nelas, e o pior é que não ligamos. Assim como eu posso ir ver vários pinguins no aquário que certamente vieram de longe e que eu nunca veria se eles não tivessem sidos trazidos e colocados em um lugar de fácil acesso para mim. Eu posso fazer a mesma coisa com as pessoas, posso saber aonde uma pessoa da Coreia do Sul foi, onde comeu, por onde passou, quem ela viu, quando acordou, o que ela fez, posso observar a vida dela assim como posso observar o pinguim no aquário. E nessa quarentena de certa forma eu me senti o pinguim no aquário.

Gabriela Bersou Ruão 76


Ali, Aqui longo do tempo comecei a ficar desesperada. As crianças choravam, riam, gritavam do meu lado, e uma que ficava quieta e apenas remava. Sentei do lado dessa criança, e perguntei diversas coisas, como:

Todo esse tempo dentro de casa, o tédio me consumindo, meus pensamentos preenchendo meu quarto. Outro dia pensei: será que não existem outros mundos para explorar além dessa vila e sete casas? Foi então que comecei a reparar as coisas à minha volta. Meu pequeno e aconchegante quarto cheio de objetos vívidos e misteriosos. Até que percebi, na minha escrivaninha, milhares de livros me chamando, mais especificamente um livro que na capa tinha uma menina com um buraco no meio do corpo. Ele estava parado há tempos, precisava matar a curiosidade. Comecei a ler, e ler, até ficar monótono. Depois de um tempo as letras começaram a ficar embaçadas e embaralhadas. De uma hora para a outra, saí do meu quarto e parei em um pequeno barco de madeira, no meio do oceano. Confusa, olhei com cautela e vi que crianças estavam no barco junto comigo. As crianças eram diferentes. Suas roupas sujas e rasgadas, falando coisas sem sentido, remando para o nada.

— Porque estou aqui? — Quem são vocês? Nada. Então perguntei bruscamente: — Menina, onde estamos indo?! Ela me respondeu: — Você não sabe? Eu disse: — Não sei! Por isso estou te perguntando. — Tem certeza? Então surgiu a dúvida: será que eu não sei onde estou indo? Foi então que no meio da forte neblina, apareceu a silhueta de uma ilha e a silhueta de uma moça crescida.

Foi então que percebi que cada criança tinha a mesma expressão facial. Uma delas estava o tempo todo feliz, outra confusa, outra triste, outra preocupada, outra satisfeita. Elas apenas demonstravam emoções, mais nada.

Descalça, desci do barco e pisei no chão frio de pedras. E por algum motivo fui em direção da moça, ela me dava uma sensação bizarra.

Depois de horas no barco, desesperada. Senti uma pontada estranha no meu peito, vindo das crianças para mim. Eu sentia uma familiaridade com elas. Parecia que suas emoções me afetam, como se elas fossem uma parte de mim. Ao

Até eu aparecer no mesmo quarto cheios de novos pensamentos ocupando o chão.

Então ela estendeu a mão dela para mim, e nossas palmas se encostaram.

Isabel Nassar Maruxo 77


Jogos eletrônicos Se não fosse por essa quarentena, talvez eu não estivesse jogando muito, e procuraria me entreter com atividades da “vida real”, como jogar futebol, basquete, etc. Sinto que os jogos acabaram por ser minha única saída, digo já que não posso socializar com amigos presencialmente irei fazê-lo virtualmente, e sim, isso tem me ajudado bastante. Mesmo meus pais, que às vezes colocam restrições para tempo de jogo, estão me deixando ficar mais tempo em frente ao computador, pois eles sabem que isso tem “salvado” nesta quarentena.

Jogos eletrônicos são o que têm me entretido em grande parte do tempo nesta quarentena. Tenho passado a maior parte do tempo jogando, enquanto não estou fazendo as atividades da escola ou ajudando em casa. Esses jogos me mantém conectado com meus amigos que, por sinal, também jogam. Existe uma imensa variedade de outros jogos também, porém, de modo geral, gosto mais dos online. Não só os jogos que conseguem me prender horas em frente ao computador, mas sim todo o tipo de entretenimento online que tenho disponível, como algumas redes sociais por exemplo: Twitter, YouTube, Whatsapp, entre outros… Às vezes, conseguem me manter concentrado muito tempo, porém nem sempre de um jeito bom. Digo, quando não consigo me manter focado em algumas aulas online por conta de jogos e redes sociais. Por conta disso, procuro jogar apenas no período da tarde, para que de manhã tire o tempo para fazer coisas da escola e à noite consiga fugir um pouco deste “mundo virtual”. Fora os jogos e atividades escolares, procuro passar parte do tempo com minha família. Em tempos difíceis como este, acho que é bom para todos fazerem coisas que lhes dá prazer, para tentar relaxar um pouco. Esses passatempos, como os jogos, tem me deixado muito feliz por estar conectado com meus amigos e me divertindo, algo que me lembra dos tempos sem o covid-19.

João Pedro Casquet Elias 78


Meu aquário lá e para cá, conforme a água circula entre eles, fico observando os micro animais que foram surgindo no vidro com o tempo, fico assistindo meu pequenos crustáceos cavocando o substrato, e fico interagindo com meu peixe que vem até a minha mão quando a ponho na água, e que fica se divertindo passando por entre meus dedos.

Em junho do ano passado, eu assisti a um vídeo no canal do youtube do Richard Rasmussen sobre lebiste, que é uma espécie de peixes muito comum entre os praticantes do hobby de aquarismo, pesquisei mais sobre a espécie, e sobre o hobby, e pouco tempo depois montei o meu primeiro aquário (de lebistes, claro), fiquei com esse aquário de pouco mais de 11 litros por cerca de 8 meses até que, com o início da quarentena, eu decidi desmontá-lo para montar o que eu mais queria (um aquário marinho).

Meu aquário após duas semanas da introdução dos animais nele.

No início o aquário era mais simples, com apenas dois corais, um Green Star Polyps e uma Kenia Tree, ele possuía uma luminária relativamente fraca, além de ele estar em fase de adaptação, assim como eu, que demorei um pouco para me ambientar ao ensino remoto, porém com o tempo eu me adaptei melhor e fui ficando mais organizado em relação a isso. Vejo também uma possível comparação, comigo, pois assim como eu tive que mudar de rotina totalmente de uma hora para outra, vejo que o mesmo ocorreu com essa caixa de vidro, que também mudou de água doce para salgada em pouquíssimo tempo. E com o tempo todo tipo de vida em meu aquário também passou por uma adaptação, já que eles viviam na loja e agora vivem na minha casa, além de terem crescido e se desenvolvido bastante. E vejo que o hobby tem uma grande importância para minha saúde mental, pois é extremamente relaxante ficar olhando para essa gota do oceano, vendo os tentáculos dos corais balançando para

Esse é o meu aquário hoje.

Esse é o Minhoca, meu peixe palhaço.

Meu blastomussa merletti.

Zoanthus watermelon.

Jorge Mariotto 79


Quarentena Acordei, tomei café da manhã e fiquei sentada sem fazer nada, minha mãe que está no andar de cima desce as escadas, me vê ali no sofá e diz que vai ao trabalho. Sobe as escadas de novo se dirigindo ao escritório. Eu fico sentada pensando, abro meu celular para ver que horas são, mas só se passou um minuto, repito esse procedimento pelo menos três vezes, é como se o tempo não passasse, essa sensação de lentidão, de não ter nada para fazer, costumo me sentir assim quando estou na casa da minha avó em uma cidade pequena, mas não em São Paulo. Do sofá fui para a varanda, o dia é lindo, penso na quantidade de coisas que eu poderia fazer nesse belo dia, mas apenas continuo sentada observando a rua, depois o céu e depois a rua de novo, começo a movimentar meu pé de um lado para o outro, o clima está começando a ficar quente, uma sensação de moleza vem ao corpo, quero sair da varanda mas estou com preguiça de ir a outro lugar. Acordo sem saber onde estou, acho que eu adormeci na varanda mesmo, saio meio mole cambaleando e vou até a cozinha, eu olho e não há quase nenhum doce na despensa, sobrou apenas um, eu penso e repenso se deveria comê-lo, mas acho que eu deveria guardá-lo para outro dia, depois de meia hora eu volto para a dispensa e como o doce. Depois voltei para a varanda, eu nunca sinto vontade de sair e agora que não posso eu quero mais que tudo, eu penso se vale a pena, mas depois penso na minha família e decido ficar, eu não faço nada além de pensar. Todos os dias são iguais, mas esse parece ser mais lento que os outros, já pensei em tanta coisa que não tem mais o que pensar. Se eu fiz algo? Nada.

Laura Campanhã de Barros Freire 80


Trabalhador O homem da estrada caminha sozinho, Não teme nem pensa, só segue o caminho, O trabalho é longe, mas não tem problema, Ele anda e anda com certa firmeza.

Anda com medo de ser julgado, Anda na paz, mas com tristeza, Com o peso do mundo nas costas, “Haja com certeza!”, Não quero.

Ele caminha o caminho pro trabalho, Cotidiano duro de um empregado, Às vezes pensa no fim da vida, Mas é mera ilusão, Coitado, coitado.

O cotidiano é monótono, O cotidiano é chato, O cotidiano normal é a vida do empregado. O empregado fez seu trabalho monótono e chato, Sem vida ele chega em casa, Sem vida ele faz as tarefas, Sem a vida ele vai dormir.

Todo dia mesma coisa, Trabalho, trabalho, Ilusão, ilusão, Coitado, coitado.

Luma Favretto 81


A felicidade

pode ser encontrada até mesmo nos tempos mais tempestuosos. A escuridão na qual você se encontra é o seu eclipse e apenas aqueles que aguardarem pela sua luz enxergarão sua saída. Nos sentimos sozinhos como estrelas distantes mas sabemos que fazemos parte de uma única constelação. As estrelas entram no caminho apenas daqueles que já passaram pelo seu eclipse, simbolizando o início de um novo ciclo.

Maria Eduarda Graziano Rubino de Azevedo 82


No começo de tudo,

go, Illinois. Eles vieram passar a quarentena em casa, comigo, minha mãe, meu pai e a Cássia. No começo foi horrível, os dois estavam me tratando como uma criança que não tem condição de pensar por si mesma, aí depois de muita briga, sobretudo, a gente começou a se entender e viramos amigos, companheiros e paramos de ser estranhos uns aos outros e uma coisa que eu acho muito estranha e que me deixa até um pouco assustada é que durante o caos que está sendo 2020 muitas coisas boas aconteceram, foi o melhor aniversário que eu tive em anos, meus irmãos e eu (que juntos somos 5 pessoas) nos aproximamos, passei em escolas que não achei que passaria, não tive nenhuma decepção amorosa, mas também não me apaixonei e cresci muito, não de tamanho físico porque continuo muito baixa, mas mentalmente, e isso foi a conquista do ano para mim.

no dia 16 de março, a maioria das pessoas estavam achando que esse acontecimento histórico que é o coronavírus duraria 15 dias. Cá estamos, duzentos e quarenta e dois dias depois do primeiro dia de isolamento, com estresse de trabalho, escola, família, amigos, saúde mental e física.

No meu ponto de vista dos acontecimentos, eu estou muito triste por não ter conseguido viver nada do meu nono ano e de não ter formatura, nem a viagem e nem o evento, triste por causa dos milhões de pessoas que morreram e dos bilhões que estão de luto. Por sorte e por ter condição de ficar isolados, nenhum de meus parentes ou amigos morreram, poucos pegaram e os que pegaram receberam os devidos cuidados. Minha irmã mais velha, Andreia, pegou, para ela foi uma gripe mais forte, meus outros irmãos, Bruna, José e Antonio, não pegaram nada, assim como eu.

Eu gostaria de ter aproveitado meu último ano no Fundamental II, com os meus amigos, saindo, criando a minha liberdade, mas eu também gostei deste ano, e espero que ano que vem seja menos turbulento.

Meus dois irmãos, José e Antônio moram fora de casa para fazer faculdade. O Antonio mora em Belo Horizonte e o José mora em Chica-

Maria Marcondes Mutarelli 83


É muito fácil

se perder nos pensamentos quando não se tem algo mais interessante para fazer do que ficar conectado 100% do seu tempo nas mídias sociais. Você acaba alcançando lugares nunca imaginados. Lugares profundos e traiçoeiros da mente, que te causam o sentimento de nunca ser autossuficiente. Lugares que te deixam ansioso, estressado e sem esperança de um futuro próspero e cheio de sonhos atingidos. Você se sente sozinho por ter medo de se abrir para alguém e ninguém te entender. Então você enterra esses sentimentos consigo e finge ser alguém que não é, colocando um sorriso no rosto, se tornando prisioneiro da sua própria mente e deixando esses pensamentos tomarem conta de você. Ficar trancado em casa com poucas distrações, não nos ajuda a superarmos nossos monstros. Pelo contrário, os torna piores e maiores. Começamos a perceber imperfeições inexistentes em nós mesmos e ignoramos nossas qualidades e talentos. Assim voltamos ao ponto inicial de pensamentos vastos e acabamos nos perdendo novamente.

Mariana Zabotto Udiloff 84


quarentena (s.f.)

é quando o tempo para. é a vontade de tomar um picolé na padaria. é ficar o dia todo olhando pela janela. é saudade de ver gente. é descobrir que ver TV enjoa. é perceber que é possível querer ir à escola. é o tédio elevado à máxima potência. é sentir saudades da vida. é quando a sua casa se transforma no seu mundo e quando a família vira a sociedade (com a qual a gente não aguenta mais viver). é um movimento pela saúde física que acaba com a mental. é transformar a máscara em um novo acessório.

Marina Bersou Ruão 85


1 Tópico: A situação de todos na quarentena. Eu escolhi essa imagem para representar nossa situação atual durante a quarentena, os soldados representam a sociedade e os médicos dando suas vidas para nosso bem estar, enquanto que o Maurice representa nós que estamos presos em casa todos com essa cara de bunda esperando para poder voltar tudo ao normal, e sua posição pode significar o distanciamento entre pessoas já que como você pode ver, já que você não é sego e está lendo isso, Maurice está fazendo algo que na cultura da internet nós chamamos de estabelecendo sua dominância, Maurice está estabelecendo sua dominância perante os outros e os dizendo para manter a distância de se.

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Tópico: coisas ao vivo. Desde que a quarentena começou, muitas coisas foram canceladas, mas os músicos tiveram a ideia de tocar suas músicas ao vivo para todos ouvirem, como visto na imagem acima no cartaz da garota da foto está escrito “sua música salvou minha vida” e embaixo nós temos o lendário cantor muito sensual e talentoso, Big Cheese, mostrando que músicas podem salvar vidas ainda mais as músicas do lendário Big Cheese, então com o passar do tempo muitos eventos musicais e não musicais foram feitos online para todos ouvirem, o interessante é que muitos músicos fizeram

uma parceria com videogames para apresentar seus shows dentro do jogo para todos os jogadores verem, mas sem dúvidas o maior show online que aconteceu até hoje foi o show do Travis Scott x Fortnite.

3

Tópico: Aulas à distância. Agora falando do lado Rio Tiête da quarentena nós temos as aulas online, aulas online na prática parece uma boa idéia mas claramente não é, vários alunos não prestam atenção, fazem outra coisa, mas no meio de tantas coisas alguns alunos 86


fizeram coisas diferentes, como por exemplo o caso em que um aluno foi tomar banho durante a aula e levou o celular para todos tomarem banho também, outros ficaram sem paciência e falaram coisas que não devia e dentre vários outros casos, mas o’que mais me irrita é o fato de que provavelmente várias pessoas provavelmente vão crescer e aprender as coisas de maneira errada, porque o’que não garante que o gustavinho no meio da prova de medicina não olho no brainly qualquer coisa sobre como fazer uma cirurgia de coração? nada, então meu medo é de quando pessoas que estavam no caminho para aprender medicina e dentre outras partes de profissões de suas escolhas eles não cometam algo errado, meu maior medo de verdade é se algum dia uma situação por exemplo essa acontecesse por causa que a pessoa não estudou direito durante a quarentena: — “Gustavo o paciente está perdendo sangue o’que fazemos?” — “perai vo da uma curiada no google, ok, ok, ok tá, então é assim?” — “GUSTAVO O PACIENTE TÁ PERDENDO SANGUE!!!” — “calma aê tô vendo como faz aqui pô!” — “ESTAMOS PERDENDO, ELE GUSTAVO FAZ ALGUMA COISA!!!!!!” — “aaaaaaaaata então é assim? ok podemos continuar, cadê o paciente?” — “...ele morreu Gustavo” — “oooooooh ata”.

o de pessoas que já tinham relacionamentos a distância, por exemplo, a imagem acima é a imagem do meu grande amigo o Miaúsculo, Miaúsculo é um gato bombado e é meu grande amigo, ele é pai e nós cuidamos de seu filho juntos na toca do gato onde ele e seu filho trabalham abastecendo carros no posto de gasolina deles, pena que seu pai o midas morreu por um tubarão depois do grande tsunami que aconteceu dentro do videoga- quero dizer da ilha onde ele mora, mas como dito eu e Miaúsculo somos um exemplo de um bom relacionamento online muito bom e que seu relacionamento pode continuar mesmo sem vocês se encontrarem pessoalmente, agora fique com uma imagem de Miaúsculo e seu filho.

5 Tópico: entretenimento. Durante a quarentena, muitos ficaram com tédio e sem nada pra fazer. Sendo sincero, foi bem fácil pra mim. Mantive um recorde de 4 ou 6 meses sem sair de casa até que saí contra minha vontade, mas muitos optaram por jogar videogames, assistir séries e filmes, desenhar, ouvir música e dentre muitas outras coisas, mas durante a quarentena passei o tempo fazendo outra coisa, vendo memes, isso foi o que mais fiz durante a quarentena tanto que cheguei ao ponto em que no meu celular tem salvo quase 2000 MEMES SALVOS pois é, então para seu sofrimento ou felicidade Evandro ou seja lá quem tá lendo isso o resto desse texto vai ser apenas memes que coletei durante a quarentena, tenha uma boa experiência com as imagens a seguir e obrigado por ler.

4 Tópico: relacionamentos à distância. Com a quarentena muitas pessoas não puderam se encontrar, o’que atrapalhou um pouco o relacionamento delas, mas provavelmente fortaleceu

Pedro Dantas 87


O computador, nesse período, tem sido o que me mantém feliz. Não por ele em si, mas pelo que ele me proporciona, a internet tem me salvado durante esses meses. Youtube, Twitter, Instagram… O Discord, nosso meio de comunicação para conversar e para jogar, me ajuda muito a me manter são. Eu passo quase a tarde inteira jogando e conversando, na verdade quase o dia inteiro… Em algumas aulas que eu não consigo me concentrar, não consigo aprender. Eu tento, mas às vezes o entretenimento chama mais minha atenção, o computador é um vício, mas ele me salva, me deixa feliz. Ele me distrai, tanto de um jeito ruim quanto de um jeito bom. A maioria das aulas on-line, na minha opinião, são cansativas, exaustivas. Eu não sei porque eu consigo ficar 6, 7 horas seguidas jogando, mas não consigo me concentrar em uma aula de 1 hora… Dentro da minha cabeça eu tento descobrir uma resposta, mas eu nunca acho. A quarentena me fez preguiçoso, eu não ligo pra nada, não tenho estresse, o que por um lado é muito bom. Eu não discuto, mesmo quando tenho a oportunidade, não debato. Antes da quarentena eu amava fazer essas coisas, mas agora eu prefiro só viver, meio que tanto faz. Eu relevo tudo. Eu tenho medo, realmente medo de não querer fazer nada, talvez isso nem seja ruim, mas me aflige.

Matteo Laurenti Magri 88


Retratos da quarentena Nestes últimos nove meses, eu fiquei sentado no meu

as aulas de EAD, ficar parado escutando sem ter ne-

quarto mexendo no computador falando com os

nhum contato, e com a possibilidade de não prestar

meus amigos, jogando e escutando música. Estas são

atenção, jogar ou fazer qualquer outra coisa e ainda

as únicas coisas que vem me dado felicidade, nada

ser contado como presente é muito tentadora, e ficar

mais.

parado é insuportável, eu não consigo ver nenhuma

Eu estou mais viciado do que antes em jogos, hoje eu

aula de matemática e prestar atenção, eu sempre saio

vou numa aula presencial fico feliz de ver meus ami-

ou começo uma partida com os meus amigos que

gos de novo, mas chega uma vontade de voltar pro

deveriam estar na aula também. Nessas aulas, a mi-

meu PC logo pra jogar com alguns dos meus ami-

nha única felicidade é ver a cara do Brunão sempre

gos… O tempo que eu passei e passo no computador

sorrindo.

é imenso, todos os dias da quarentena se basearam

Eu não aprendi nada neste ano, uma parte da culpa

nele, eu não passei um dia inteiro sem ficar mais de 2

é o EAD, e a outra era impossível de não acontecer

horas nele em um jogo sozinho eu tenho 700 horas.

que é a do vício do computador, de alguma maneira

Conforme a quarentena foi avançando, eu não

isso era impossível de não acontecer, sem o contato

aguentava mais EAD, eu fiquei com menos vontade

ou poder sair da casa a única maneira de passar o

de ir em aula, até que eu comecei a só não ir, eu não

tempo na nossa idade é na internet.

me importava mais com a escola, eu detesto todas

Pedro Lemos Boggio 89


Durante esse período de quarentena, passados mais

cer pelo simples fato de que comecei a ter novos olhares sobre a vida, sobre minhas relações com as pessoas, e, principalmente, pelos meus comportamentos. Um dos meus passa-tempos favoritos, foi jogar no computador e conversar com meus amigos, utilizando um dos diversos aplicativos de comunicação (Discord) como o bom e velho Skype. O jogo que mais me prendeu durante várias horas quase todos os dias, foi o famoso “Counter-Strike: Global Offensive”. Jogar com meus amigos, é muito divertido, acaba que o tom de brincadeira supera o de vitória, não se tornando algo frustrante ou chato quando perdemos, podemos assemelhar com um jogo de futebol, que, ao invés de fazer gols o legal mesmo é driblar e fazer jogadas mirabolantes, mesmo não dando certo geralmente, aprendi que para mim, o que importa é a felicidade e o desejo de estar bem, fazendo cada momento valer o mais a pena possível, pelo mais simples que ele seja ou pelo pouco que me ofereça. Além dos meus passa-tempos, tentei me aprofundar em novos assuntos e interesses, procurei começar a fazer tudo que sempre tive vontade, independente da exigência ou capacidade que isso me trouxesse. Busquei me organizar da melhor maneira, que me fizesse sentir mais confortável para trilhar essa minha nova linha de pensamento e raciocínio. Hoje sei que apesar dos tantos pontos fracos que a pandemia trouxe, deixar esses pontos sobreporem os fortes, não é saudável para mim, e tenho que olhar tudo isso, como um gigante aprendizado para o resto dos meus dias, mesmo que eu ainda tenha muito o que viver.

de 8 meses, tive que mudar minha rotina. Passei de um cotidiano em que estava acostumado a acordar cedo e sair para a escola, transpondo-o para algo verdadeiramente muito novo. Todos os costumes e deveres do mundo pré-pandêmico ficaram para trás. Sair de casa passou a ser um hábito quase que extinto em minha vida, me fizeram refletir e rever diversos costumes que agora não fazem mais sentido, e mesmo assim, tudo isso me permitiu entrar em uma profunda metamorfose de pensamentos e aprendizados. Inaugurei minhas mudanças partindo dos meus princípios escolares, passei a dividir melhor meu tempo, procurando alternar periodicamente entre atividades escolares e lazer. Sempre buscando me conhecer melhor em diversas áreas da vida, que anteriormente quase não se davam importância, pois não se imaginava em momento algum passar pelo que todos estamos passando hoje, e, talvez isso venha de um pensamento errôneo advindo da convicção de que ainda tínhamos muito tempo e folga para nos resolvermos com os outros e até com nossos problemas. No decorrer de todos esses meses, demorei para começar a pensar assim, mas após tanto tempo, vi o quanto tenho que fazer valer a pena cada momento, e tudo começou a fazer mais sentido. Em meus tempos de lazer, comecei a dar valor às amizades que tenho, nos tempos que antes, passaria olhando para o teto reclamando da vida, por não ser mais tão incrível ou simplesmente por não ter mais a mesma liberdade de antes, mas, percebi que eu estava errado, e sei que hoje, devo agrade-

Rafael Budoya 90


A Caixa de Pandora

Manhã de Outono...melodioso era o canto da cotovia Ondulante, deslizava num céu de aquarela Enquanto o sol pisqueiro e cheio de maestria Declamava poemas assenhoreando-se de minha janela Visionário e otimista eu sequer imaginava Num cenário de vivacidade em que luzia fantasia Pandora, a inconsequente, sua caixa escancarava Apática, condenando o mundo que jazia, à fria distopia Ventos de Março fecharam o verão Denso, o ar pesava envolto num mistério profundo Perdido em meio à dúvida, medo e apreensão Num segundo, moribundo fez-se o mundo, adoecia a nação Realidade perversa, transcende, desafiando a compreensão Mazela que gela sorrisos, rouba o olfato tirando o sabor Chora o silêncio no vazio, doído, caído na solidão A dor cala a fala, a alma fala de dor Dia vem, noite vai...num vácuo de vida vazia Mares assombrados pela angústia, rios de aflição Um ciclo, roda e gira, sufoca, asfixia, não é ciranda de Lia Não sou uma ilha! Mas a da pedra que canta é só emoção O Tempo passando moldado a ser breve e minguado Desorientou-se com súbita e aparente ociosidade Esqueceu-se das horas perdidas, a rigidez exilou no passado Tornou-se flexível e generoso distribuindo disponibilidade A Rotina meio enfadada com dias tão previsíveis Inspirou-se no Tempo e deu asas à sua imaginação Priorizou a família e os amigos, aproximou-se dos preferíveis Arrumou espaço para tudo, desde os deveres até a diversão Há de haver um horizonte celeste logo adiante Novos ventos trarão a metamorfose e a arte de bem escolher Já o que saiu da caixa de Pandora é ido, não mais relevante Importante é decidir o que fica, esperança não se pode perder

Bruno Zapala Delfino 91


Fora da gaiola

O sol rebenta, a manhã é deslumbrante As peripécias são iguais aos outros dias Vou da cozinha ao quarto como se fossem abadias Na janela vejo um pássaro zarpar como um migrante A quarentena nos prende, queria ser como o pássaro Bateria voo pelas ruas ilustres de São Paulo Voaria do Anhembi até Santo Amaro E daria voltas e voltas como em diaulos Mas enquanto isso não acontece, vou sobrevivendo Enquanto uns estão nascendo, outros estão morrendo Alguns já deixaram legados e outros o estão escrevendo Este é um momento difícil, e ninguém pode discordar Daqui a muito tempo ainda iremos nos lembrar Quem sabe quando tudo isso acabar eu possa ser o pássaro a esvoaçar

Rodrigo Matias Gonçalves 92


Relato de quarentena: Minha vida com um peixe

No começo da quarentena eu comprei um aquário. Aquário: “substantivo masculino, reservatório onde se colocam plantas e animais de água doce ou salgada”. Eu queria ter peixes para cuidar. Gosto de olhar para o aquário e vê-los nadando para lá e pra cá. Uma vida dentro de um quadrado. A pandemia me fez sentir um pouco peixe. Estava em uma rotina e, de um dia para o outro, tive que ficar trancado em casa. Casa, para mim, é um lugar aconchegante, sem perigo e confortável, como sempre pensei ser um aquário. Mas será que eu conseguiria viver ali dentro por muito tempo? Os dias foram passando e ficar em casa foi uma experiência boa. Com o passar dos dias, minha ansiedade diminui, aprendi a lidar com o tédio e pensei em coisas que nunca antes eu pensaria. Na minha casa, nadando de um lugar para o outro, pude entender a separação dos meus pais, a morte

da minha avó e me acostumar com as aulas virtuais, com a vida através da tela. O aquário me tranquilizava. Olhar para os peixes era um bom momento, me tranquilizava. Um susto, no meio da quarentena. Todos os meus peixes morreram. Tive que esvaziar o aquário e começar tudo de novo, percebi que não se pode desistir das coisas, mesmo que elas estejam muito complicadas. Recomecei. Ficava ocupado com os peixes, queria que estivessem bem. Eu queria ficar bem. Estar no meu aquário foi importante. Ficar em casa, quieto e na calmaria, mesmo que forçada, me ajudou a olhar para tudo que estava acontecendo comigo. Continuo estruturado mentalmente, mesmo com os imprevistos acontecendo a todo tempo do lado de fora da minha casa.

Rodrigo Alvarenga 93


Conversas virtuais Essa foto define

meço do ano que vem

todos os dias da

causando a impressão

minha quarentena

em mim de que isso

eu acordo e fico

vai causar ansiedade

fazendo as lições

nas pessoas que acre-

da escola junto

ditam nesta 2 hipótese

com meus amigos

deixando todos os sen-

enquanto conver-

timentos cultivados na

samos, isso salva a minha quarentena

quarentena vai só creshttps://en.wikipedia.org/wiki/Discord_(software)

cer e se agravar. E voltando para minha

pois eu quando fico muito tempo sem os meus amigos fico cansado,

experiência na quarentena eu acredito que a única

triste, e todos os outros sentimentos horríveis cau-

coisa que vem me salvando é o computador e meus

sados pela quarentena. E o que mais me aflige na

amigo, e causando o efeito colateral do vício tanto do

quarentena também é que eu sou obrigado a achar

computador quanto falar com meus amigos de um

um jeito de ficar longe dos meus pais porque eu não

certo modo. Essa dependência me deixa extrema-

consigo ficar muito tempo com eles, parece que eu

mente cansado e feliz ao mesmo tempo funcionando

estou preso com eles deixando desgastada nossa re-

como se fosse uma droga. Tanto que o vício de falar

lação no dia-dia.

com meus amigo foi tão grande uma época que eu

E além de toda essa questões pessoais que estou fa-

não estava conseguindo mais fazer nada da escola

lando tem a parte de quando vai acabar a quarente-

e só procrastinando e ficando quase totalmente dis-

na e essa questão irá permanecer pois não temos in-

tante da escola, e mesmo com este tempo que eu

formação direito do que está acontecendo realmente

não estava sendo pressionado pela escola mas ainda

em questão de vacina, etc… Isso causa 2 tipos de sen-

ficava cansado e totalmente sem energia ficando até

sações, uma que vai na linha de pensamento mais re-

um pouco deprimido e triste, e a cada dia que pas-

alista na minha opinião que é a da quarentena durar

sava eu ficava mais distante dos meus amigos assim

muito mais tempo do que só até o começo do ano

querendo não fazer nada o dia inteiro. E para resol-

que vem pois as vacinas ate agora não deram certo,

ver isso eu resolvi tentar ser mais proativo de achar

e todas as vacinas criadas recentemente demoraram

um modo de ficar mais focado e feliz, resultando em

vários anos para serem fabricadas, a vantagem de

como estou hoje um pouco cansado mas também

pensar assim é você estar menos ansioso para o final

fiquei mais feliz em comparação ao momento que

da quarentena. E o outro ponto que acredito ser o

passei anteriormente.

menos realista é de que a quarentena acabará no co-

Sergio Roberto Vieira da Motta e Freitas 94


Quem não está sozinho nesta sociedade?

Já se foi o tempo em que nossa conexão com os outros era a nossa base. Neste mundo onde todos são vigiados pelo sistema e vivem dentro dos padrões do mesmo, uma comunidade não é necessária. Todo mundo vive em sua própria cela, em seu próprio mundo dentro da tela, e isso os doma dando a cada um sua serenidade pessoal.

Sofia Vanzolini 95


O que mais fiz e me representou em períodos de quarentena ? Posso dizer que nunca fui fã de jogar jogos virtuais, tanto em celulares e quanto em videogames, quando tudo estava normal ainda, no meu tempo livre eu não gostava de ir à casa dos meus amigos para jogar em computadores ou consoles, sempre preferi sair de casa, jogar bola ou jogar cartas. Mas já estava satisfeito de estar junto com a galera, mesmo que estivessem usando o tempo em casa jogando. partidas em equipe, que se eu conversasse com as pessoas ao mesmo tempo que jogasse seria muito mais fácil e mais legal.

Com o isolamento eu já não tinha mais nada para fazer em casa, como me divertia na maioria das vezes fazendo coisas fora de casa, as aulas acabavam e eu não sabia mais o que fazer. Aí eu com meu primo em casa pensamos em baixar algum jogo no celular, para jogar juntos e simular uma jogatina em videogames (chamados de jogos mobile.)

No começo meus pais se irritavam pois eu já ficava pelo menos 4 horas ao dia assistindo as aulas e depois de almoçar eu voltava na frente dessas telas, mas eu convenci eles que o que eu tinha para fazer neste período de paralisação era isso. É muito estranho pensar que eu falo com as pessoas no servidor do discord, apenas conhecendo a voz desses amigos novos, não sei onde moram, nem como é o rosto deles e às vezes nem o nome deles pois cada um coloca no jogo o nome que quer, na maioria das vezes eu não sei nem o nome desses amigos.

Baixei logo três de uma vez e por qual eu me interessava mais para aprofundar e aprender a jogar como melhor. Posso dizer que o Call Of Duty Mobile foi o jogo que me distraiu e fez eu usar meu tempo quando eu estava em casa e já tinha feitos minhas tarefas escolares. Além de ter a companhia do meu primo para jogarmos juntos, eu conheci um aplicativo chamado Discord, que eu já ouvia falar, onde quando estava tudo normal, eu ouvia meus amigos falando sobre isso, e se reunindo nele para jogar juntos.

Atualmente participo de um clã no meu jogo onde jogo principalmente com as pessoas desse grupo e pretendo jogar campeonatos com as pessoas dessa equipe. Uso o Discord também para conversar com meus amigos da escola também, às vezes discutir uma lição ou até jogar algum jogo mesmo.

Lá eu conheci várias pessoas que jogavam o Call Of Duty Mobile, e na maioria das vezes eu jogava

Victor Rodrigues Ancora Lopez 96


A Máscara Começamos a usar máscara normalmente nesta quarentena. Para muitos, quem usava máscara, algo queria esconder. Mas agora quem usa máscara a vida quer proteger. Alguns ainda não usam máscara, é uma grande pena. No começo achavam que as notícias eram piadas. De país em país, o vírus fazia aumentar o número de quarentenas. Todos achavam que não era nada, mas as mortes passaram de centenas. Após inúmeras estatísticas as pessoas ficaram assustadas. Este ano está sendo bem difícil para todos. Mortes, racismo, protestos e incêndios. Tudo isso parece fazer a gente voltar para os nosso primórdios. Estamos, furiosos, tristes, cansados mas também estamos esperançosos. Esperançosos pela bendita cura, para que esta doença tenha um fim. O ano passou rápido demais e o vírus parece já estar mais manso. Quando a cura aparecer teremos o nosso descanso. Logo, logo este ano finalmente terá seu fim.

Vitor Moura Ribeiro 97


Olho sobre a tela No meu quarto há um cavalete de pintura Em cima deste há uma tela Dentro desta tela, um sonho, Tem uma praia Longe dessa praia queria que tivesse uma casa Na casa ia ter um quintal Que ia ter uma piscina, mas que não seja tão funda, Vários tipos de árvores E diversas espécies de pássaros e insetos Nesta casa eu estaria segura, calma e relaxada, Eu gostaria de estar com meus animais de estimação e com minha família

Yuka Chacur 98


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VÍDEO-LIVRO

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Links de referência em textos dos alunos: P. 48: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/metodo-cientifico.htm P.49: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/todas-as-publicacoes/publicacoes/171-investimentos-federais-em-pesquisa-e-desenvolvimento-estimativas-para-o-periodo-2000-2020 P. 80 https://cdn.vox-cdn.com/thumbor/YSvAajOwggCkw4VbV-8OAY2u0HA=/0x0:3600x2400/920x613/filters:focal(1512x912:2088x1488):format(webp)/cdn.vox-cdn.com/uploads/chorus_image/image/67418543/PS5DigitalEdition_02.0.jpg COMPUTADORhttps://www.meupositivo.com.br/uploads/images/linhas/empresas/computadores/t50/T50_ProW10.png NINTENDO SWITCHhttps://brain-images-ssl.cdn.dixons.com/2/2/10163022/l_10163022_014. jpg XBOX SERIES Xhttps://images0.kabum.com.br/produtos/fotos/128560/console-microsoft-xbox-series-x-1tb-preto-rrt-00006_1601067024_g.jpg Link de direitos autorais de imagens Freepik: Colorido: <a href=’https://br.freepik.com/vetores/fundo’>Fundo vetor criado por kjpargeter - br.freepik.com</a> Grade: <a href=’https://br.freepik.com/vetores/parede’>Parede vetor criado por upklyak - br.freepik.com</a> Mundo: <a href=’https://br.freepik.com/vetores/mao’>Mão vetor criado por freepik - br.freepik.com</a> Àrvore: <a href=’https://br.freepik.com/vetores/floral’>Floral vetor criado por kjpargeter - br.freepik.com</a>

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Equipe do Colégio Oswald Professor de Português e Projeto Escrita: Evandro Rodrigues Professores: História: Diego Lucena Ciências: Danilo Safi Educação Artística: Bruno / Roger / Eric Jan/ Arthur / João Paulo Nascimento Matemática: Felipe Albino / Vania Luz Inglês: Juliana Cernea, Luciana Palmieri, Ana Lúcia Ferreira Geografia: Bruno Picchi Educação Física: João Simão / Julia Santos/ Sergio Santos/ Projeto Intervenção: Marina Faria/ Tarso Monitora de Língua Portuguesa: Gabrielle Sá Vital dos Santos Assessora de Língua Portuguesa: Vivian Cristina Gusmão Coordenação: Laura Meloni Nassar Assistente de Coordenação: Rosana Barbosa Nunes Direção: Andrea Andreucci Ramos Maria

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Revista Digital do 9o ano - 2020 Nóna palavra Diagramada e publicada pela Editoração da Central OEP Coordenação: Thiene Ferreira Editoração: Efigênia Maria Pereira da Silva

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