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PROJECT BASED LEARNING

Como A Metodologia De Projetos Transformou As Aulas Em Ingl S

NAS TURMAS DE 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Sem a linguagem, o pensamento é uma névoa vaga e desconhecida.

(Ferdinand de Saussure)

A citação de Ferdinand de Saussure, pai da linguística, traz luz às pesquisas científicas modernas a respeito da linguagem, e conhecer uma nova língua é também entender sua linguagem. Aprender um idioma não deve ter como principal objetivo simplesmente saber conjugar verbos, mas saber usar a língua no processo comunicativo. Pensando nisso, iniciamos nosso estudo através da metodologia de projetos.

A capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a planejar uma solução para um problema antes de sua execução e a controlar seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas (VYGOTSKY, 1978, p. 17)

A aprendizagem por projetos é uma potente possibilidade de uso da língua no processo comunicativo. É focada no desenvolvimento coletivo dos alunos, em que podem e devem ajudar-se nos obstáculos que encontrarão no percurso educativo. As crianças atualmente recebem diversos estímulos de aprendizagem que, sem direcionamento, perdem o sentido de existir. Assim, a curiosidade foi uma aliada na construção do projeto e permitir que os grupos escolhessem e ampliassem seu repertório através de atividades foi uma ferramenta importante em suas buscas por respostas.

O projeto em Inglês desenvolvido com o 3º ano do Ensino Fundamental foi pautado na própria curiosidade das crianças: “como vivem os astronautas?” Com esse questionamento em mente, os alunos buscaram conhecer como funcionam as naves espaciais, como os astronautas se preparam para partir em uma expedição e como sobrevivem fora do planeta.

Para iniciar nosso estudo, assistimos a um vídeo motivador, conhecido na metodologia de projetos por âncora, a primeira técnica para despertar o interesse sobre o assunto que estava por vir. O vídeo apresentava o sistema solar, os planetas e suas características. Neste momento surgiram as diversas dúvidas sobre como era a vida numa espaçonave e os alunos começaram as primeiras pesquisas sobre o assunto.

Ao descobrir como é a vivência fora do planeta, os alunos se depararam com o Universo.

Tamanho foi o encantamento ao observar imagens reais do site da NASA! Conhecer a estação espacial ISS, como os astronautas tomam banho (e lavam os cabelos!), como bebem água e se alimentam foi um marco para nossas aulas. Em seguida foi a vez de conhecer o sistema solar. Para além de decorar a posição dos planetas, a curiosidade pairava sobre as características de cada planeta, como eram suas formações - se rochosas ou gasosas, se possuíam água, se havia vida em algum deles.

Assim, aprofundamos nosso estudo a respeito do sistema solar e dos planetas e descobrimos muitas características únicas de cada um. Você sabia que Urano é o planeta mais frio do sistema solar? Sabia também que Mercúrio, planeta mais próximo do Sol, na verdade não é o planeta mais quente, e sim Vênus, por conta do efeito estufa?

Dusty Space Cloud - tirada do site da Nasa - https://www.jpl.nasa.gov/images/ pia15254-dusty-space-cloud

Por mais que o processo tenha sido muito mágico e encantador, o objetivo era que as crianças conhecessem o Sistema Solar de maneira científica, e foi o que fizemos. E não há processo de aprendizagem sem avaliação. No 3º ano as crianças não são avaliadas em Inglês, mas é preciso saber como está o processo. Assim, desenvolvemos nossa "prova". E conseguimos desmistificar essa palavra. Sempre que havia prova nas nossas aulas, as crianças sabiam que faríamos um jogo no Kahoot. Qual era a alegria das crianças ao saber que, naquele dia, fariam a tão esperada "prova de inglês".

Na sequência de nosso estudo, conhecemos um pouco sobre a Nasa e como são as viagens espaciais. Os alunos conheceram a plataforma educativa da agência espacial, aprenderam a preparar uma nave espacial para partida e imaginaram como seria possível viver em outros planetas. O objetivo final era compreender a posição do nosso planeta no Sistema Solar para, em seguida, aprofundar sobre suas características particulares.

Para Vygotsky, "em geral, qualquer abordagem fundamentalmente nova de um problema científico leva, inevitavelmente, a novos métodos de investigação e análise" (1998, p. 59). Com o propósito de envolver as crianças na metodologia científica, os alunos foram convidados a refletir sobre a divisão do planeta Terra em continentes, países, estados e cidades.

Como o uso da tecnologia é também proposto na metodologia de projetos, as crianças buscaram, em sites selecionados, como a Terra é dividida em continentes e compartilharam com os colegas sobre as especificidades de cada um deles. É importante ressaltar que a aprendizagem de um novo idioma, como o Inglês, deve focar no uso da língua e, assim como fazemos na língua materna, não focamos em palavra por palavra, mas no contexto em si. Como descrito na própria Base Nacional Comum Curricular (2018), o objetivo da compreensão textual se dá ao "identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global''.

Por fim, nosso projeto se encerra com o aprofundamento sobre os países e suas culturas, tão diferentes das nossas. Aqui, os alunos foram convidados a pesquisar sobre países que gostariam de conhecer mais, um de cada continente, e apresentar aos amigos quais foram suas conclusões sobre a pesquisa. Um momento importante para que pudéssemos desenvolver maior compreensão da globalização e como compartilhar nossas pesquisas e experiências com os demais colegas faz parte da aprendizagem.

Galaxy Cluster - retirado do site da NASA - https://www.jpl.nasa.gov/images/ pia20063-galaxy-cluster-idcs-j1426

Astronaut Tips: How to Wash Your Hair in Space - retirado de https://www.youtube.com/ watch?v=kOIj7AgonHM&t=48s&ab_channel=VideoFromSpace

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2018. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. https://www.nasa.gov/

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