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VIVENCIANDO A HISTÓRIA: A RELAÇÃO PASSADO E PRESENTE PARA UMA
Aprendizagem Significativa
O que mudou?
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O que permaneceu?
Duas perguntas aparentemente simples, porém complexas quando estudamos a nossa "História''. Estabelecer relações entre o passado, presente e futuro nos anos iniciais do Fundamental I, exige algumas práticas educativas que propiciem o lúdico, ativem a memória, promovam a interação entre as crianças, para que dialoguem suas experiências cotidianas, visando que cada um avance e construa seu conhecimento.
A construção da noção de tempo está atrelada ao trabalho constante de mudanças e permanências. Em nossas aulas exploramos livros, textos, vídeos e imagens, desde as mais antigas até as atuais. Esses recursos por si só não bastam para que a aprendizagem ocorra significativamente. São estratégias que se correlacionam umas às outras, como: entrevistas, enquetes, pesquisas, elaboração de cartazes, trabalhos em grupo e, essencialmente, a vivência cultural. E pensando na cultura de nosso país, podemos citar uma das competências da BNCC "Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações".
Sendo assim, o 3º ano percorreu caminhos que motivaram os alunos a participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. No decorrer dos bimestres, estudamos fontes históricas, patrimônios culturais, influências culturais exercidas por diversos grupos sociais, marcos históricos, espaços públicos e privados que fazem parte do cotidiano da comunidade. As propostas relacionadas a cada tema, permitiram que os alunos as relacionassem com suas vivências.
Desenvolvemos ideias que trouxeram ludicidade às atividades, como por exemplo o dia em que as crianças foram até o Quintal e havia uma baiana, com suas vestimentas típicas e oferecendo uma iguaria de sua terra - a pamonha. Os alunos já haviam estudado a influência dos africanos no dia a dia dos brasileiros, seus costumes, expressões, culinária, vestimentas e ampliaram o repertório cultural, degustando, conversando com a anfitriã sobre sua cultura e observando de perto os acessórios típicos da vestimenta baiana.


Percorrendo o extenso universo da Cultura Imaterial, os alunos vivenciaram algumas músicas e danças de outras regiões do país. Nas aulas de Educação física, tiveram a oportunidade de conhecer mais detalhes do Frevo e da dança do Pau de fita. Do Nordeste ao Sul, diferentes origens, diferentes épocas e acessórios. Comentários como - "Eu vi mesmo essa dança quando viajei para a Bahia", "Eu tenho esse guardachuva pequeno, ganhei da minha avó", "Vi na internet essa dança com fitas e achei que era difícil", "Conheço essa música" - enriqueceram esse momento único de experienciar outras culturas. Além do Frevo e a Dança do pau de fita, a aula de Educação Física promoveu um momento único com os alunos, a Capoeira. As crianças se envolveram tanto, que um único momento foi pouco para satisfazê-los.



Segundo a renomada doutora em Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento, Telma Weisz:
O processo ideal ocorre quando uma nova ideia se relaciona aos conhecimentos prévios do indivíduo. Motivado por uma situação que faça sentido, proposta pelo professor, o aluno amplia, avalia, atualiza e reconfigura a informação anterior, transformando-a em nova" (Apud Nova Escola).
E as brincadeiras? É possível associá-las à Cultura Imaterial? Nossos alunos concluíram que sim. Por meio delas é possível recuperar costumes, tradições, histórias e a cultura de um povo. Fazer as crianças entenderem que as brincadeiras tradicionais são transmitidas oralmente, que carregam memórias, foi um dos objetivos de nossas aulas. Para isso, os alunos realizaram uma entrevista com os avós e pais e, após socializarem as respostas, as crianças elencaram as brincadeiras mais citadas e estas fizeram parte dos intervalos. Desde as brincadeiras mais comuns como pular corda, amarelinha, corre cutia, cinco marias, pular elástico, cama de gato e peteca, sendo que as três últimas as crianças confeccionaram nas aulas de Arte. Esses momentos resultaram uma troca de experiências, uma vez que a mesma brincadeira possui nomes e regras diferentes dependendo da região. Relatos de avós e pais foram compartilhados e foi possível perceber que a memória contribui com o passado e o presente.
No livro O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz explica que uma boa situação de aprendizagem é aquela em que as crianças pensam sobre o conteúdo estudado. Elas têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõe (Apud Nova Escola).

Cultura material? Cultura imaterial? Patrimônio imaterial? Como ajudá-los a compreender e identificar o que é um, e o que é o outro? O que permaneceu e o que mudou? A compreensão das fontes históricas é importante para que eles entendam a questão do tempo. Pensando na aprendizagem com significado, partimos para o estudo do meio, um superdia literalmente.
Repleto de fontes históricas materiais e imateriais, nossos alunos "viajaram no tempo". A bordo da Maria Fumaça e recepcionados por um maquinista, conheceram o funcionamento da máquina a vapor, sua importância na época, como os passageiros se acomodavam, as características dos bancos de madeira, janelas, quadro de avisos e vestimentas de antigos frequentadores das viagens ferroviárias. Foi com o balanço dos carros do trem, que apreciaram a paisagem e associaram o que estavam estudandoagricultura comercial e agricultura de subsistência.
Na Estação de trem Anhumas, observaram de perto os detalhes da construção de 1926 e puderam conhecer a história dos primeiros telefones do Brasil, o responsável por trazê-lo ao país e como as chamadas eram realizadas pelas telefonistas.
Resgatar memórias por meio dos monumentos históricos, relatos e vivências da comunidade escolar são aspectos relevantes para compreensão da história local e consequentemente sua preservação. Portanto, para uma aprendizagem significativa, quanto mais associações houver entre teoria e vivência, melhor será a aprendizagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Base Nacional Curricular. Brasília/MEC 2018. Disponível em: http//basenacionalcomum.mec.gov. br

FERNANDES, Elisângela. "David Ausubel e a aprendizagem significativa" Disponível em: Nova Escola, ano 2011. https://novaescola.org.br/ conteudo/262/david-ausubel-e-a-aprendizagemsignificativa
SILVA, Eduardo R. Vamos brincar de preservar? As brincadeiras Infantis como Patrimônio Imaterial. Anais do Simpósio Nacional de História - ANPUH, JUL. 2011. Disponível em: http;// www.snh2011. anpuh.org/resources/anais/14/1312923290_
ARQUIVO_brincadeiras_e_patrimonio_ definitivorevisado2.pdf (Acesso em: 20 junho 2018).
