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MEU LIVRO DE CORDEL: (MUITO MAIS QUE) UMA EXPERIÊNCIA CULTURAL
O que mais dói não é sofrer saudade
Do amor querido que se encontra ausente
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Nem a lembrança que o coração sente Dos belos sonhos da primeira idade.
Não é também a dura crueldade
Do falso amigo, quando engana a gente.
Patativa do Assaré
"Prô, eu escrevi um livro. Ele tem muitos versos e até capa! Conseguimos!'.
Foi com essa fala, dentre tantas outras tão emocionantes quanto, que o projeto de composição de cordel foi concluído. O objetivo inicial era que os alunos tivessem contato com um elemento importantíssimo da cultura brasileira: a literatura de cordel.
Eu, como professora de linguagens, colocome sempre o desafio de oferecer o que talvez não chegue naturalmente até eles, o papel da escola é letrar nas linguagens, oferecer a diversidade, ampliando horizontes, como prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que coloca a importância da presença de valores sociais, culturais e humanos de diferentes visões de mundo para que os alunos reconheçam textualmente os múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas, considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção (EF69LP44).
Por isso, o trabalho com o cordel torna-se muito mais que uma experiência cultural como veremos adiante.
O percurso em relação à composição foi construído a partir da leitura de "O meu livro de cordel", de Cora Coralina, disponível na plataforma Árvore de Livros. A obra apresenta uma poética cheia de recursos linguísticos e ao mesmo tempo referências afetivas do lugar de origem da poetisa. Também foram lidos títulos de Patativa do Assaré do meu acervo pessoal.
Em relação ao aspecto artístico, foram apresentados ao estilo do artista J. Borges, o que foi decisivo para a ambientação do projeto.
O tema escolhido para o Festival das Letras de 2022 para o 7º ano foi: CORAGEM, o que cada grupo interpretou de uma maneira. Alguns personificaram a temática, trazendo trajetórias de vida, como a de Senna, Pelé e Tesla. Outros contaram histórias de amor e superação, outros, ainda, construíram versos sobre os próprios medos, como falar em público, estar dentro do padrão estético ou fazer amigos.

Trabalhamos em sala, no ateliê e em casa. Fizemos do jeito mais original possível, construímos tudo com as próprias mãos, desde os versos, até o livreto e a xilogravura. Foram semanas de trabalho intenso. Durante as aulas de Língua Portuguesa definimos os temas e títulos de cada grupo, para que não houvesse repetição, depois listamos os assuntos de cada estrofe e aí partimos para a composição.
O mais importante de tudo isso? Fazer com que eles percebessem que são capazes de produzir projetos importantes, que exigem múltiplas habilidades. Bons resultados exigem estudo, dedicação e planejamento.O mesmo diálogo se repetiu nas cinco turmas: "construir 20 estrofes com 6 versos? 120 versos rimados? Você tem certeza, professora? A gente não vai dar conta!"A primeira vista, parece assustador mesmo. E assim, cheios de insegurança, começaram as produções, superando as crenças sobre a necessidade da inspiração e o medo de falhar. Lá pela quinta estrofe, já se sentiam verdadeiros cordelistas.
As leituras foram realizadas de maneira brilhante. Além da banda dos alunos do 7º ano do curso de prática de banda do professor Rafael, os alunos também fizeram uma mesa de quitutes com aperitivos típicos, como bolo de fubá, arroz doce e cocada, tudo preparado por eles. Como representantes do 7º A, tivemos o O rei do futebol , que contou a história de vida de Pelé. No 7º B, Nuances do olhar da coragem, que narrou uma descoberta marítima. Em O gladiador covarde, representante do 7ºC, fala sobre um gladiador que tinha medo de assumir suas responsabilidades e morrer. No 7º D, A coragem de enfrentar o espelho, uma composição sobre a formação da identidade. E por fim, no 7ºE, De volta para a minha terra, que criou uma personagem fictícia que volta para o sertão em busca de um lar depois de inúmeras desventuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, 2017. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso em 10 de outubro de 2022.
CORALINA, Cora. MEU LIVRO DE CORDEL, 1976. Editora Global. Disponível em Árvore de livros.

