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PEGUEM OS PASSAPORTES, VAMOS DAR A VOLTA AO MUNDO!

Queridos alunos do 3º ano!

Uma nova aventura vai começar!

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Soube das descobertas de vocês pela Antártica, e acredito que são o grupo perfeito para se aventurar pelo mundo!

Quem aceita o convite?!

Pois bem, peguem os passaportes e, usando o poder da imaginação, voltaremos para o ano de 1872. Espero vocês no auditório desta escola.

Espero vocês!

J. P.

Um convite inesperado chega à sala de aula… voltar para 1872… passaportes? Isso é sinal de uma bela aventura!

Assim começa o encontro dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental I com o livro "A volta ao mundo em 80 dias", de Júlio Verne.

A literatura tem a capacidade de nos transportar para diferentes lugares, tempos e situações. Através dos contos, independentemente do gênero textual ao qual ele se caracteriza, o leitor pode explorar e imaginar como seria viver aquilo.

E com as lentes da imaginação ativadas, as crianças encontraram no auditório uma figura caricata: Jean Passepartout, o mordomo de Phileas Fogg, o excêntrico cavalheiro que apostou dar a volta ao mundo em 80 dias, há 150 anos.

J.P., como disse que gostaria de ser chamado, estava em um balão pronto para partir, mas não sem antes bater um papo para explicar como é que ele se envolveu nessa aposta maluca e que com o passaporte que as crianças haviam recebido, elas também poderiam viajar com ele e o patrão.

Ao refletirmos, sabemos que o prazer da leitura começa desde os primeiros meses de vida, quando impulsionados pelos adultos com os quais convivem, os bebês elegem um livro preferido que será lido inúmeras vezes até que surja uma nova paixão. E que esse incentivo segue na Educação Infantil, seja através de projetos, da leitura na biblioteca ou com a família, eles vão descobrindo que além das imagens, há livros com letras, muitas letras.

"Ela observa as reações do adulto e percebe quando ele está se divertindo ou quando fica emocionado com a história, por exemplo. Então, a qualidade da interação é essencial para ela querer repetir a experiência”, explicou Edi Fonseca, pedagoga e pesquisadora na área de leitura para crianças, em uma entrevista dada à plataforma Nova Escola, em 2018. Ela ressalta ainda que ao ler para uma criança, enriquecemos o imaginário dela, algo fundamental para estimular a capacidade criativa, contribuindo para que ela conheça melhor o mundo, a cultura na qual está inserida e a si mesma.

O grande desafio se dá quando, no Ensino Fundamental, as crianças são convidadas à leitura autônoma e com fluência. É função da escola oferecer repertório aos alunos para que compreendam o mundo de possibilidades que existe na literatura, entender porque determinados livros seguem uma sequência semelhante, com características específicas, embora sejam escritos por autores distintos. Na escola, as professoras os convidam a conhecer exemplares que talvez passassem despercebidos por eles numa seleção espontânea. los da importância que eles têm nessa aventura. A cada nova cidade, os alunos carimbaram o passaporte também (o personagem Phileas Fogg faz questão de ter o carimbo para indicar o caminho percorrido durante a aposta) e registravam anotações sobre as situações lidas. Embora os alunos soubessem que tratavase de um conto de aventura, apenas ao se ler o título, antes de iniciá-la, nas aulas de Português eles conheceram outros textos do mesmo gênero textual, bem como as características marcantes nas publicações, como "As viagens de Gulliver", de Jonathan Swift, e "Simbad, o marujo", um conto originário do Oriente Médio e recontado por diferentes autores.

A educação literária tem como objetivo formar pessoas críticas, que reflitam como as gerações anteriores exerciam e o que pensavam sobre as atividades cotidianas. De acordo com COLOMER (2007, p. 66) "se deixarmos que falem sobre os livros e se os ouvimos, poderemos saber também se usam, realmente, os conceitos e as palavras que lhes foram dados para interpretar suas leituras ou se esse é um conhecimento reservado unicamente para a prova". Seria difícil conceber uma escola onde o ato de ler não estivesse presente – isto ocorre porque o patrimônio histórico, cultural e científico da humanidade se encontra fixado em diferentes tipos de livros. O acesso aos bens culturais, proporcionados por uma educação democrática, pode muitas vezes significar o acesso aos veículos onde bens se encontram registrados, entre ele os livros. (SILVA, 2002, apud Cavalcanti, 2022, p. 6).

O livro escrito por Júlio Verne, em 1873, possui 37 capítulos e já foi publicado com diversas traduções, notas comentadas e com tipologia variada. O exemplar escolhido para leitura com os alunos possui 336 páginas, uma edição que, num primeiro momento, os assusta pela espessura.

O passaporte recebido no encontro com J.P. veio para marcar as diferentes etapas da viagem dos personagens, e lembrá-

Durante o processo de descobertas sobre os caminhos traçados pelos viajantes do livro, a leitura se deu de diferentes maneiras, em espaços variados ambientados de acordo com o capítulo, como quando Phileas Fogg comprou um elefante para não atrasar a viagem. Nesse dia, nossos alunos se depararam com um grande elefante desenhado na entrada do Espaço Cultural. A leitura saiu das mãos da professora da sala em determinados momentos. Com o suporte de outros professores, da equipe da biblioteca, das auxiliares e, principalmente, dos alunos, trabalhamos a entonação, a fluência leitora, o vocabulário e demos vozes aos personagens.

Diferentes registros também foram realizados. Além do passaporte, a leitura gerou ilustrações, formulários, jogos de trilhas, jogos de imagens e momentos de interação entre as crianças. Em casa, além de compartilhar com as famílias as impressões, as descobertas e os encaminhamentos da história, os alunos participaram através da plataforma digital, trocando com os amigos impressões sobre a leitura.

Entre os alunos a preferência é unânime: as situações que eles mais gostaram da história envolviam J.P., ou seja, Jean Passepartout. Um aluno escreveu "eu gostei mais de quando o Passepartout entra no templo de sapatos e não pode, então ele fica sem porque perde o calçado".

Uma aluna destacou outra peripécia do mordomo. "O capítulo que eu mais gostei foi o que Passepartout salvou Aouda de ser queimada se fingindo de um morto e ressuscitando. Assustou todo mundo e conseguiu salvar a Aouda porque todos os vigilantes tinham abaixado a cabeça, assim Passepartout conseguiu sair de lá com ela e levar até o Fogg para fugirem daquele lugar".

Outra aluna registrou que sua parte preferida foi quando "Passepartout ficou a par dos detalhes da viagem por meio de Aouda" e, também, descobriu que seu patrão e a jovem tinham saído de Hong Kong em companhia de Fix, um detetive que tenta arruinar os planos de Phileas Fogg.

Este querido personagem voltou a encontrar os jovens leitores para finalizar a leitura do livro em um autêntico chá Inglês. Num ambiente aconchegante e descontraído, as crianças se despediram dessa viagem ao redor do mundo.

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