3 minute read

ANÁLISE DE PALAVRAS: UM CAMINHO PARA A ESCRITA

Professora: Cleisi Tezzotto

Quem nunca ficou com dúvida se tal palavra escreve com c ou ss?

Advertisement

Isso acontece pois na nossa língua materna existem diversas palavras parecidas que vira e mexe nos confundem. No caminho da escrita todos nós, crianças ou adultos, passamos por dúvidas ortográficas no instante de um registro escrito. Claro que no início dessa jornada escritora, tendemos a nos deparar com mais dúvidas do que os escritores mais experientes.

Aprender a escrever com certeza é um processo intenso e complexo, que exige um grande esforço cognitivo por parte dos aprendizes, que precisam compreender as relações entre sons e letras e, na sequência, escrever de acordo com a norma ortográfica do português.

É sabido que ensinar ortografia é indispensável desde as primeiras séries. Quando a criança começa a entender o sistema de escrita alfabética, o ensino reflexivo da ortografia se torna essencial. Muitos de nós, adultos de hoje, se lembram de como aprenderam ortografia: pelo caminho da memorização, com muita cópia e ditado. Mas esta é uma estratégia problemática, já que nossa memória não dá conta da quantidade de regras que fazem parte do sistema ortográfico.

Ensinamos a escrever de forma correta ao longo do Ensino Fundamental, que além de estimular o aprendizado da língua oficial do país, o conhecimento das normas ortográficas ajuda os pequenos escritores a superar o medo de se expressar por escrito e produzir narrativas que comunicam um mundo imaginário. Quando as crianças estão no processo de domínio das palavras com segurança, e passam a diminuir as paradas para a verificação da grafia correta, elas ganham ritmo na escrita de textos e podem voltar toda a atenção para o desenvolvimento da história.

Ao longo do 2º ano os alunos se deparam com momentos reflexivos de ortografia. As propostas do material didático vêm com o objetivo de análise de bancos de palavras e discussões de posições das letras nas palavras. Esse trabalho permeia o princípio do ensino das regras ortográficas.

Levá-los a refletir sobre o uso de determinada letra vai ajudá-los a desenvolver as próprias estratégias para escrever cada vez mais corretamente.

Em seu livro Ortografia, da série Como Eu Ensino, Maria José Nóbrega (2013, p. 50) deixa claro: "A finalidade de um ensino reflexivo de ortografia não é erradicar o erro, pois só não erra quem não escreve." Ou seja, a proposta é trabalhar com o máximo de antecipações de contextos em que uma mesma letra pode representar sons diferentes e, assim, aumentar o repertório de seu uso. Dessa maneira, a criança vai estabelecendo o sentido de uma determinada regra ortográfica que se estabelece para aquele uso prático na escrita.

Pensando nas situações regulares da nossa língua, as atividades foram pensadas para que as crianças compreendessem o uso de uma letra de acordo com o seu som ou em relação à posição em que essa letra se encontra dentro da palavra.

Iniciamos a sequência reflexiva ortográfica com a apresentação dos pares sonoros, P/B, D/T e F/V. Apesar de cada grafema ter o seu som, esses pares são pronunciados de forma muito parecida, causando confusão nos pequenos escritores. As atividades envolvendo a análise do uso dessas letras partiu da reflexão do contexto da palavra, pois no caso dos pares sonoros a troca de uma letra pode mudar completamente o significado da palavra.

Na sequência encaminhamos para a reflexão das letras com regularidades contextuais (C, G, J, U, H, R, M, N e S), em que o uso de um grafema vai ser definido em relação à posição em que essa letra se encontra dentro da palavra. Nestes casos é preciso avaliar o contexto em que a letra será utilizada – se no começo, no meio, no final da palavra, entre vogais, antes ou depois de determinadas consoantes etc.

Uma proposta de extrema importância para a compreensão do uso das letras neste momento inicial da fase ortográfica, é levar os alunos a construírem as regras com as suas próprias palavras, tornando um caminho muito mais efetivo do que apresentar a regra pronta.

O próximo passo é a sistematização das regras ortográficas, deixando sempre visível para serem consultadas assim que surgirem as dúvidas. É nesse momento que o uso das listas de palavras sabidas são vistos fixamente nos painéis das salas de aulas, além das retomadas frequentes das regularidades ortográficas, a fim de impulsionar os alunos no maior número de acertos durante a escrita espontânea.

Assim, Maria José Nóbrega afirma: "Esse é outro princípio de um ensino reflexivo de ortografia: é preciso investir pesadamente no que é regular e frequente, pois, agindo assim, reduziremos significativamente o número de erro" (2013, p. 43 ).

A atitude de refletir e construir as regras ortográficas a partir da observação das regularidades e posteriormente sistematizar o uso, coloca o ato de escrever numa posição segura para aqueles que estão iniciando o papel de autor das suas próprias histórias. Devemos oportunizar mais a consciência de saber escrever, falar e a ler corretamente, fazendo desse ato reflexivo um reconhecimento competente de si mesmo, adquirindo o saber por valor e consciência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

NÓBREGA, Maria José. Ortografia. Editora Melhoramentos, 2013.

This article is from: