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A VISITA DO SACI!
Tradicionalmente no Colégio Uirapuru os alunos são envolvidos pelas obras literárias de Monteiro Lobato, iniciando no 1º ano com o livro “O Saci”. Precursor das histórias infanto-juvenis nacionais, o autor é apresentado às crianças dentro do seu contexto histórico, com espaço para análise das mudanças ocorridas desde então, comparadas à realidade do grupo.
As crianças adoram observar as diferentes edições lançadas ao longo das décadas, apontando especialmente para as distintas ilustrações. Contudo, esse folclore chega aos pequenos de um jeito muito lúdico. Por enquanto, nada de livros. Tudo começou com um passeio no Espaço Eco… e logo ao chegarem em frente à entrada, se depararam com uma peneira no portão! A trilha inicia e mais objetos são encontrados pelo caminho… cachimbo, crina de cavalo e até uma carapuça vermelha! Eis que um grita: “Isso tudo é do Saci! O Saci passou por aqui” - e a desconfiança se instaura! Uns, céticos, dizem que sacis não existem. Outros, juram de pés juntos que eles existem sim! E contam os casos de família, que ocorreram nas chácaras e sítios de seus avós e conhecidos.
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O grupo, então, retorna ao Colégio com um burburinho gostoso e clima místico de verdades e fantasias. Eles chegam à sala de aula e, de repente, um choque total! Êxtase, gritaria, correria: o lugar está uma bagunça total! Cadeiras e mesas tombadas! Mochilas desarrumadas, folhas secas e terra espalhadas no chão e… livros, muitos livros do exemplar “O Saci” por todo canto! As crianças - absolutamente eufóricas - agora não têm nenhum pingo de dúvida: o Saci existe e esteve por ali!
Muitas teorias foram levantadas pelo grupo sobre a aparição de tal personagem folclórico. No entanto, o consenso geral foi que o Saci resolveu tumultuar o espaço deles para provar que existe, pois, certamente, ele os ouviu duvidando durante o passeio no Espaço Eco. E, assim, demos início à leitura deste clássico literário de um dos personagens folclóricos mais famosos do Brasil.
O lúdico e a fantasia têm papel fundamental no desenvolvimento e no aprendizado, isto posto, não poderiam deixar de estar presentes neste oportuno momento, tão rico em cultura e vivência prazerosa, como é o encantamento do folclore.
Outro destaque desta prática pedagógica é o caderno com atividades de Linguagem do Sítio do Picapau Amarelo, que acompanha a narração da história. As propostas nele contidas foram pensadas para que os alunos formulem e respondam perguntas sobre os fatos da história ouvida, identifiquem os personagens, suas ações, características sociais e emocionais e compreendam a função de cada um dentro da trama. Também tem papel importante no processo de aquisição da linguagem escrita, uma vez que desafia o aluno a utilizar diversas estratégias - tanto de leitura, quanto de escrita - para pensar no que e como escrever. As discussões promovidas por esses questionamentos eram intencionais e colaboraram para os avanços no comportamento leitor e escritor dos alunos em alfabetização. E além, pois a leitura capitular da história permitiu o exercício do reconto oral, ora com e sem apoio de imagem; relembrar a ordem de acontecimentos; ampliar o repertório; treinar a atenção e a escuta durante a leitura compartilhada.
O envolvimento dos alunos foi tanto, que acabou envolvendo as famílias também, no dia que vivemos "Pais, filhos e a experiência na escola". As crianças estavam experts na teoria em como caçar sacis, pois aprenderam com o relato do tio Barnabé e estavam muito animadas para colocarem as armadilhas em prática! Ao lado dos pais, confeccionaram carapuças, decoraram garrafas e fizeram o símbolo da cruz nas rolhas - do jeitinho que reza a lenda - munindo-se de uma peneira antes de realizarem a trilha no Espaço Eco, na tentativa de capturar um Saci. A caça, durante a trilha, foi cheia de suspense, com algumas crianças mais apreensivas do que outras. Subitamente, ouviu-se uma risada que ecoou pelas árvores e todos olharam mais atentamente para descobrirem de onde tinha vindo. No fim da trilha, o grupo encontrou sacis recém-nascidos do toco das árvores, bem pequenininhos, muito parecidos com as ilustrações das crianças... que curioso… e os prenderam nas garrafas com a promessa de soltá-los no dia da Festa Junina!
Ah, como é bom ser criança! Misturar o encantamento com as habilidades e competências de aprendizagem só tem a enriquecer a experiência escolar, deixando marcas afetivas para a fase adulta e o saudosismo de uma infância plena. De uma infância de caçar saci. Você tem histórias de saci?

