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PETER PAN E A TERRA DO NUNCA: UM CONVITE PARA ESCUTAR E OUTRO PARA ESCREVER!
Ao longo do segundo semestre, as crianças do 1º ano receberam a proposta de realizar a leitura compartilhada do livro "Peter Pan", escrito por J. M. Barrie. Junto à professora, foram afinando o comportamento leitor ao se depararem com o desafio de uma leitura capitular, sem ilustrações e bastante densa. Segundo Abramovich (1989, p. 16):
Cada capítulo gerou conversas sob o olhar das crianças. Realizaram inferências, levantaram hipóteses sobre os personagens e o enredo. E o próximo capítulo? Quais aventuras Peter e seu grupo enfrentariam? Como seria o desfecho? E os pais das crianças, será que estavam preocupados com a ausência dos filhos? No final de cada capítulo, sempre ficava um suspense no ar…
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Ler histórias para criança sempre, sempre…É sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelos personagens, com a ideia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, pode ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento…
O clima de aventura permeou a rotina dos alunos. Mesmo com a finalização do livro, Peter, Wendy, Sininho e os demais personagens estavam presentes no dia a dia da escola. Desenhos, cartas, bilhetes aos personagens marcaram as salas e os corredores do nosso Colégio.
Dizemos que as crianças lêem com os ouvidos. A professora, como leitora experiente, proporciona a entonação, fluência necessária durante a leitura e as pausas para os possíveis questionamentos, dessa forma, meio que indiretamente os leitores e ouvintes da obra, entram em contato com o autor e vivem as aventuras junto aos personagens da narrativa.
Leitura finalizada e, então, encaminhamos as crianças para o próximo desafio: Que tal “recontar” a história aos familiares?
Com o grupo, relembramos os acontecimentos marcantes e que não poderiam faltar, os personagens e cenários. Fizemos um reconto coletivo, com muitos detalhes e características percebidas pelo grupo.
Enfim, chegou o momento da escrita individual e cada criança escrever à sua maneira, trazendo seu olhar sobre a história e o seu toque pessoal para a narrativa. Mas afinal, como escrever? Qual a ordem dos acontecimentos? Como checar as informações?, Soligo (2016), afirma:
Desafios vencidos!! Os pequenos escritores realizaram a escrita com empenho! Mas, não parou por aí, além de reescrever o conto do Peter Pan, os pequenos autores também foram os próprios ilustradores dos seus livros. Para essa etapa do trabalho, os pequenos fizeram os desenhos dos personagens e organizaram nos livros de acordo com a narrativa.
As crianças contam histórias desde pequenas sem que nunca lhes tenham ensinado a estrutura das histórias e como elas devem proceder para contá-las: de tanto ouvir, e tentando contar também, elas vão aprendendo. Simples assim…
Desde muito pequenas, as crianças do nosso colégio são ouvintes de histórias e deliberadamente são convidadas a construir os recontos através da oralidade e têm a oportunidade, de, em uma narrativa, ordenar a sequência de fatos, mas agora, no 1º ano, o desafio é maior: Transformar a fala em palavras escritas, organizá-las dentro de linhas, pensar mentalmente a sequência de fatos e vê-los ganhando forma na história.
Quantos desafios foram enfrentados e conquistados junto às professoras, trabalho esse que mostrou para as crianças o quão potentes são e, ainda que houvesse dúvidas sabiam que podiam contar com o apoio necessário para finalizar a atividade proposta, afinal, escrever requer coragem, coragem de arriscar e de se expor ao seu interlocutor.

O resultado foi diverso e, embora todos tenham recebido a mesma proposta de atividade, foi possível transparecer a identidade e autenticidade de cada criança, na escolha da escrita, dos acontecimentos e das ilustrações, nos mostrando o quanto o trabalho em sala de aula, mesmo sendo um coletivo, trata-se também da singularidade de cada um, afinal, a BNCC (2018, p. 40), garante que a criança tem o direito de:
Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
Dessa forma, garantimos espaço para que no ambiente coletivo a criança possa contribuir com a sua individualidade e junto com o grupo afirmar e construir sua identidade através da escrita percebendo suas potencialidades.
