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ESCOLA: UM LUGAR DE VIDA E EXPERIÊNCIA
Gabriela Plens - Coordenadora Pedagógica
Para que serve uma escola de Educação Infantil?
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O que é uma boa escola para as crianças pequenas?
Uma escola de educação infantil serve como "um local para as crianças viverem suas infâncias" disseram Dahlberg, Moss E Pence (2019, p. 104) e essa é uma das melhores e mais sensíveis definições sobre as instituições dedicadas à primeira infância, pois considera a criança como um sujeito do presente, do aqui e agora, uma pessoa que "não vai ser…", mas alguém que é, naquele exato momento da sua vida. O conceito por trás disso está carregado de significância sobre a criança, entendendo que cada uma é única e vive esse tempo ao seu modo, por isso a escola é chamada como um lugar de infâncias, de pluralidade.
O Colégio Uirapuru acredita nas infâncias e entende a Educação Infantil como um lugar para bons encontros vividos pela criança. Encontros consigo mesma, com outras crianças e adultos que não fazem parte do ambiente familiar, encontros com os materiais disponibilizados, com os objetos convencionais ou não, com os animais do Quintal, com a mata preservada do Espaço Eco, encontro com as histórias, encontros que proporcionam à criança a curiosidade, o espanto e a beleza e, assim, encontros que oportunizam meios para que a criança amplie seus pensamentos.
Na infância a criança vive uma dupla experiência para ser quem ela é, uma diz respeito ao processo de conhecer a si mesma e a outra diz respeito ao alargamento de mundo, no qual estão implícitas as aprendizagens relacionais que dizem respeito ao conhecimento sobre o outro e suas individualidades, sobre a cultura e sobre a sociedade.
As crianças da primeira infância aprendem porque estão em constante relação e diálogo com o mundo e isso as faz alargar suas fronteiras, seus conhecimento e sua constituição identitária, se dá a medida que ela vive e experiencia as propostas planejadas pela escola, construindo novos saberes que são entrelaçados com os anteriores já internalizados.
O Colégio Uirapuru acredita na potência da criança, seja qual for a sua idade, e entende que é, prioritariamente, no ambiente escolar que elas têm a oportunidade de (co) construir conhecimento com seus pares, sejam eles as crianças que compõem o grupo ou os adultos que fazem parte desse contexto social. O Colégio acredita que é também, por meio dos relacionamentos com os outros (co)construtores que as crianças produzem conhecimentos e constroem significados a partir das seus pensamentos e descobertas.
Malaguzzi (2016, p. 84), educador referência em Educação Infantil, diz que "quanto mais ampla for a gama de possibilidades que oferecemos às crianças, mais intensas serão suas motivações e mais ricas suas experiências", é considerando essa reflexão que as práticas desenvolvidas na Educação Infantil do Colégio não somente dão credibilidade e validam as hipóteses apresentadas pelas crianças, mas também as confronta e as desafia em seus pensamentos.
Em quaisquer dos ambientes do Colégio, seja parque, Praça, ambientes naturais, biblioteca, quadras ou mesmo salas de aulas, as experiências devem ser complexas, ou seja, precisam promover aprendizagens de diferentes naturezas e por meio de linguagens diversificadas. Verbais ou não verbais, as experiências devem promover, principalmente, a oportunidade das crianças descobrirem por si mesmas, fazerem relações, comprovações, testagens para que assim possam transformar, criar e até mesmo errar. FORTUNATI (2016, p. 139) diz que é necessário que uma escola oferecer oportunidades para que as aprendizagem e os conhecimentos circulem nos mais variados espaços "As escolas de infância representam contextos privilegiados capazes de exprimir - e captar - a competência relacional e a inteligência construtiva das crianças. São contextos de vida ordinária e cotidiana, de situações que acolhem muitas e diferentes crianças, em boas condições de bem-estar geral, e também lugares que oferecem a possibilidade de encontros e relações diversificadas reguladas por uma estrutura estável, organizada e constante no tempo".
As propostas pedagógicas desenvolvidas na Educação Infantil começam daquilo que faz parte e é da vida das crianças, assim, o ponto de partida são as experiências que elas vivem enquanto ser humano em constante desenvolvimento.
O Colégio entende que uma escola de Educação Infantil serve às crianças como um grande laboratório de ideias e ações, um local no qual elas experimentam a si mesmas e compartilham com os parceiros coetâneos os limites e as possibilidades do seu fazer. Um local cujos profissionais validam, incentivam e valorizam as ideias das crianças e que lhes oferecem novos caminhos e andaimes para que sigam mais adiante e construam saberes próprios das infâncias. Uma escola que acredita que a convivência e a brincadeira são os eixos estruturantes das propostas pedagógicas desenvolvidas e que garantem que os direitos de aprendizagens, definidos no Art. 10 da Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017, sejam colocados em prática de modo a acolher os interesses das crianças.
Assim, o Colégio Uirapuru acredita que uma boa escola para crianças pequenas é aquela em que as vivências são oportunizadas no ambiente escolar e que estas se transformam em experiências quando as crianças e os adultos têm a oportunidade de pensar sobre elas, de se falar sobre elas, de desenhar, de escrever, de construir, do contrário são apenas vivências… Enfim, a Educação Infantil é o lugar onde as vivências são transformadas em experiências.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DAHLBERG, Gunilla, MOSS, Peter, PENSE, Alan. Qualidade na educação da primeira infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Penso, 2019.
FORTUNATI, Aldo. Como, quando e por que documentar. in: Por um currículo aberto ao possível: protagonismo das crianças e educação - o pensamento, a prática, as ferramentas. La Bottega de Geppetto, Centro Ricerca e Doc. Infanzia, San Minitato, 2016.
MALAGUZZI, Loris. História, ideias e filosofia básica. in Edwards, C; Gandini, L; Forman, G. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. V. 1. Porto Alegre: Penso, 2016.