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FORMAÇÃO PERMANENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A BUSCA

Por Uma Pedagogia

Participativa Em Que A Crian A Est No Centro Da Aprendizagem

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Coordenadora Pedagógica:Gabriela Plens

Desde a sua fundação, o Colégio Uirapuru tem por premissa promover um ensino de qualidade, independentemente da faixa etária que se atende. A preocupação com a excelência se dá do Berçário ao Ensino Médio, estendendo isso à formação da equipe pedagógica e às alunas da Faculdade WlaSan (especialista em formação de professores de Educação Básica).

É no cotidiano do Colégio que a reflexão sobre a prática pedagógica acontece, seja em encontros diários quando ações são observadas e compartilhadas ou mesmo em momentos formais com essa finalidade.

ALARCÃO (2021), educadora portuguesa, denomina como escola reflexiva aquela que está em constante desenvolvimento e aprendizagem, sendo capaz de construir um conhecimento sobre si própria. Para a pesquisadora, a escola reflexiva vive um processo constante entre ação, pensamento e reflexão, ou seja, uma escola que busca uma sistematização do conhecimento profissional que desenvolve.

Pode-se considerar o Colégio Uirapuru como uma instituição aprendente, uma escola reflexiva, que vive uma constância na formação permanente da sua equipe pedagógica, entendida aqui como parte dela os professores, estagiários, coordenadores e orientadores educacionais e que, juntos, se colocam na produção e ressignificação de conceitos que fazem sentido na cultura da instituição.

NÓVOA (2009), educador e pesquisador sobre a formação de professores, defende a escola como um agente de formação de professores, uma vez que é nela que os professores produzem cultura e se comprometem com a pesquisa e a inovação por si mesmos. Cria-se um ambiente em que os docentes compartilham suas ideias sobre o ensino e a aprendizagem e, segundo IMBERNÓN (2009) os encontros formativos precisam contemplar os cenários reais da escola que se vive, possibilitando que os professores examinem suas teorias, explícitas e implícitas, e suas atitudes, construindo campos de autoavaliação e análise do que se faz e do porquê se faz daquele jeito.

Segundo OLIVEIRA-FORMOSINHO e PASCAL (2019) a prática pedagógica pode ser definida como um compartilhamento de experiências desenvolvidas entre parceiros mais experientes e menos experientes (neste caso, professor e aluno) em um determinado conceito, que oportunizam aos sujeitos envolvidos a reflexão sobre um determinado conceito.

Para os autores há dois tipos de educação: a transmissiva e a participativa, que consiste na "criação de ambientes pedagógicos nos quais interações e relações sustentam, no cotidiano, atividades e projetos conjuntos, o que permite que a criança e o grupo coconstruam sua própria aprendizagem e celebrem suas conquistas". É sobre esta que a equipe docente da Educação Infantil, compreendida por L1 e L2 , refletiu nos encontros formativos ao longo do ano de 2022.

Na abordagem da Pedagogia Participativa a criança é o principal sujeito do processo, pois ela está em constante investigação curiosa sobre o mundo que a cerca. As vivências e experiências intencionalmente planejadas e proporcionadas pelas professoras consideram a criança como aquela que atua ativamente na relação com os diferentes sujeitos e objetos de investigação - um processo em que os professores estimulam e empoderam as crianças em suas hipóteses e lhes dão o direito de expressarem seus pensamentos por meio de linguagens diversas.

Os encontros formativos, vividos ao longo do ano de 2022, foram importantes para as práticas construídas na Educação Infantil do Colégio, pois foi por meio disso que a teoria foi sendo entrelaçada ao cotidiano das vivências oportunizadas às crianças.

As propostas desenvolvidas com as crianças em anos anteriores já consideravam a criança como protagonista, porém o estudo fundamentou as ações e oportunizou uma maior clareza sobre os caminhos que desejamos seguir, sobre nossas intencionalidades e, principalmente, sobre qual o conceito de criança e infâncias se embasa a prática do Colégio.

Busca-se uma pedagogia que oportuniza a construção de conceitos que fazem sentido para a criança potente, que está no mundo da infância e cujos saberes e interesses não são aqueles que os adultos querem e desejam para ela, mas os saberes que são próprios do tempo da infância. Sobre isso, OLIVEIRA-FORMOSINHO e FORMOSINHO (2019, p. 32) nos presenteiam com uma conceitualização de pedagogia que considera as relações "A pedagogia é vista como um processo de aprofundamento de identidades: cultivar a humanidade por meio da educação, tornando-a um processo de cultivar o ser, os laços, a aprendizagem e o significado".

Os encontros formativos da educação infantil foram validando nossos pensamentos de garantir que a individualidade da criança seja respeitada em sua coletividade, trazendo assim o pertencimento dela aos espaços, às rodas de conversa, às brincadeiras, aos registros grafoplásticos e até mesmo ao ócio existente nos momentos em que a criança se mostra mais recolhida.

O conceito de aprendizagem experiencial, defendido por Tardif (2002), foi vivido por nós, professoras e equipe de coordenação, entendendo que o "explorar, experimentar, refletir, analisar e comunicar é um processo que possibilita aprender a pensar e a conhecer" (OLIVEIRA-FORMOSINHO e FORMOSINHO, 2019, p. 36).

L1 e L2: Termo utilizado para diferenciar as especialidades da professora em atuação com as crianças da Educação Infantil, L1 - professora em Língua Portuguesa; L2professora em Língua Inglesa.

Objeto e sujeito da investigação: material, ser vivo, objeto com o qual a criança é levada a desenvolver algum tipo de conhecimento.

No cotidiano das propostas observamos que as crianças foram se percebendo como aprendentes e passaram a desenvolver olhares mais "críticos" sobre aquilo que estavam produzindo. O que antes poderia ser ou não apenas uma "tarefa", um registro a ser cumprido, passou a ser parte de um processo complexo do pensamento, tornando-se visível pelo desenho ou mesmo por uma escrita e, assim, muitas crianças começaram a revisitar seus próprios processos, identificando-os como linguagem e querendo transformá-los à medida que ampliavam seus conhecimentos acerca de um objeto de investigação.

Os estudos sobre a pedagogia participativa contribuíram para o entendimento de que a criança coconstrói o conhecimento com os adultos e outras crianças do grupo; e que toda a mediação e provocação feita pelo professor tem a finalidade de promover nos alunos um pensamento menos intuitivo e mais complexo e deliberativo.

O Colégio Uirapuru entende a formação permanente, ou seja, aquela que é desenvolvida no contexto da instituição e que considera os valores e as premissas estabelecidas por ela, como fundamental para um ensino de qualidade. São nos encontros formativos que os professores têm a oportunidade de refletir sobre as suas escolhas e ações, justificandoas. As trocas e o compartilhamento das experiências permitem que os professores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais sejam parceiros nas tomadas de decisões e construam, juntos, campos de aprendizagens significativos para as crianças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALARCÃO, Isabel. (orgs). Escola reflexiva e supervisão: uma escola em desenvolvimento e aprendizagem. Porto Editora, 2001.

IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado: novas tendências. São Paulo: Cortez, 2009.

OLIVEIRA-FORMOSINHO, Júlia; PASCAL, Christine. Documentação Pedagógica e avaliação na Educação Infantil: um caminho para a transformação. Porto Alegre: Penso, 2019.

NÓVOA, António. Professores – Imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

TARDIFF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes 2002.

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