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O ENSINAR A PESQUISAR E O APRENDER A ENSINAR
"No novo cenário mundial, reconhecerse em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades."
(BNCC - Ensino Medio).
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A BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento que orienta as diretrizes curriculares da Educação Básica no Brasil, apresenta uma análise do que se espera da educação em um cenário mundial cada vez mais globalizado, mecanizado e autônomo. O futuro-quase-presente que se abre à nossa frente nos revela que as funções automáticas e os conhecimentos enciclopédicos serão de responsabilidade de máquinas e aparelhos dotados de inteligência artificial; nessa nova organização social, caberá ao ser humano os postos que demandam um olhar analítico e crítico para a realidade que nos cerca.
Diante disso, é inquestionável formular que a educação para o século XXI requer a formação de pessoas empáticas, capazes de abandonar o olhar o centrado em seu entorno (geralmente sua zona de conforto) e observar o que está além dos limites de seu cotidiano; pessoas que saibam hierarquizar necessidades e compreender quando a demanda do outro se sobrepõe à sua. Além disso, espera-se também que essas pessoas sejam capazes de trabalhar de forma colaborativa integrando as diferenças e as pluralidades de olhares, realidades e existências.
Se, a tarefa não parece fácil, a transição entre as diversas formas de ensinar é igualmente desafiadora. Desenvolver as chamadas "soft skills" requer muito mais do que aulas expositivas ou dialógicas, com dinâmicas atrativas. É preciso proporcionar aos jovens situações em que eles lidem, por si só, com todos os desafios que um trabalho coletivo pode apresentar.
Dentro desse cenário, o projeto Uirapuru Talks, desenvolvido com as turmas do primeiro ano do Ensino Médio, foi proposto com o objetivo de proporcionar aos nossos alunos uma experiência de aprendizagem que dilui os limites entre as disciplinas e oferece a oportunidade de desenvolvimento da capacidade de planejamento, pesquisa científica, curadoria de dados, cultura digital, e, ao mesmo tempo, a possibilidade de aprimoramento da inteligência interpessoal ao exercitarem a escuta ativa, a mediação de conflito, a valorização dos talentos individuais de cada membro da equipe e a divisão igualitária de trabalhos.
Os temas do Uirapuru Talks foram relacionados aos oceanos. Em 2017, foi proposta a Década do Oceano pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da Organização da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), órgão da ONU com o intuito de construir uma estrutura comum para buscar um oceano limpo, seguro, saudável, produtivo e explorado sustentavelmente e transparente. A década do oceano será realizada entre 2021 e 2030.

. A iniciativa tem como objetivo conscientizar a população global sobre a importância dos oceanos e mobilizar atores públicos, privados e a sociedade civil. A ação está relacionada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 – proteger a vida marinha – previsto na agenda 2030, acordo internacional firmado pelos estados-membros da ONU. Assim, cada equipe ficou responsável por um tema vinculado à questão do oceano tais como a exploração predatória, radiação submarina, movimento de ressurgência, poluição, dentre outros. Todos os temas envolveram aspectos e conteúdos ligados à química, física, matemática, biologia, geografia e linguagens. Durante o quarto bimestre, cada grupo ficou responsável pela pesquisa de um tema que dialogasse com uma das áreas de conhecimento. Da pesquisa à curadoria dos dados pertinentes, as descobertas feitas foram apresentadas em formato de mini palestras descontraídas, feitas na sexta-feira que encerrou a Semana Científica de 2022.

Essas palestras demandaram de cada grupo, além da pesquisa científica, o planejamento de um roteiro que tornasse a apresentação do conteúdo mais leve e dinâmica, o desenvolvimento e aprimoramento das habilidades de comunicação oral, tais como postura corporal, domínio do conteúdo apresentado e modulação vocal. A troca entre os grupos durante a apresentação fez com que, ao final da manhã, todos os alunos tivessem contato com as temáticas abordadas e pudessem, assim, ampliar os próprios horizontes sobre o tema
Mais do que uma aula diferente, o Uirapuru Talks é uma oportunidade de nossos alunos assumirem o papel de protagonistas na análise de problemas ambientais e sociais que serão, um dia, responsabilidade da sua geração.










