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A ARTE COMO PROCESSO CRIATIVO E EXPLORATÓRIO PARA A CRIANÇA
Nos encontramos em um momento reflexivo no que diz respeito ao trabalho desenvolvido com Arte no Colégio Uirapuru. Observamos que o processo criativo vai além das paredes da sala de aula e no momento, ocupa espaços híbridos na escola.
A Arte é estimulada desde o início da Primeira Infância da criança. A criatividade e o fazer artístico se iniciam com a manipulação de pequenos materiais plásticos, elementos que formam tudo o que tocamos ou vemos.
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Os nossos alunos-artistas manipulam esses materiais e aguçam a percepção, a imaginação e a compreensão de sua obra em cada momento de criação.
Desta forma a criança vai se conectando pelas cores e formas com suas produções artísticas através das palavras, que se apresentam na poesia, como os poemas
Podemos compreender que o som interior é intensificado quando está separado de significados práticos e convencionais .É por isso que os desenhos das crianças possuem um efeito poderoso sobre os observadores de pensamento livre, sem preconceito. As crianças não estão preocupadas com os significados práticos e convencionais, já que olham o mundo com olhos incólumes*, e são capazes de experimentar as coisas como elas são, sem esforço… Desse modo, sem exceção, todos os desenhos infantis revelam o som interior dos objetos (KANDINKY, 1928, p 89).
Nessa perspectiva, a Arte, mais uma vez, invade os nossos corredores e transborda os espaços internos, externos e as mídias sociais, e como linguagem aguçada dos sentidos e, assim, transmite e se relaciona com múltiplas linguagens.
A Arte começa de forma muito intimista no 2° ano, quando iniciamos o estudo do espaço arquitetônico no papel e expandimos para as construções no projeto Micromundo, da Faber Castell. Crescemos à medida que a Arte e a Matemática se encontram e entrelaçam, criando uma nova dimensão.
Hardy (2016 ano, p. 1 ) afirmava que "O matemático, tal como o pintor ou o poeta, é criador de padrões. Um pintor faz padrões com formas e cores, um poeta com palavras e o matemático com ideias. Todos os padrões devem ser belos. As ideias, tal como as cores, as palavras ou os sons, devem ajustar-se de forma perfeita e harmoniosa”.


No entanto, quando o professor/artista, em suas práticas pensa como um investigador científico, associando a prática criativa e pedagógica com a ação intelectual e relacionando o que foi feito com o que está por vir, pode perpassar e propiciar uma experiência singular/estética. Desse modo, percebemos que a experiência singular é um processo de aprendizado, de revisitar o passado, os saberes. Esta perpassa o ir e vir do sujeito reflexivo se opondo à memorização e à mecanização. A teoria de John Dewey, imbuída na Abordagem Triangular, denota então a preocupação de Barbosa no que se refere à aprendizagem das artes visuais de maneira contextualizada, da relação entre a Leitura e o Fazer. Assim, compreendemos que o ensino / aprendizagem contextualizado pode também partir do professor / artista que, ao exercitar seu pensamento plástico visual, conheça mais sobre si enquanto sujeito que cria (BARBOSA, 2010, p. 92).

Podemos ver a Arte inserida nos projetos multidisciplinares, conversando com a Língua Portuguesa, quando citamos a construção de poemas visuais, no 3° ano. Ou até mesmo num simples alinhavo quando se trata de um bordado, na criação de uma experiência que relaciona à construção de luneta em Ciência ou à escultura quando mencionamos o espaço geográfico.


Fazem parte dessa trama as combinações de texturas, cores, sombra, luz e profundidade, que inspiradas na riqueza e complexidade da nossa cultura e, mescladas à geometria e racionalidade da arquitetura, representam e transbordam a identidade do nosso povo (KROFF, 2021)

Já no 4° ano, dialogamos com interdisciplinariedade na confecção da xilogravura quando estudamos a Literatura de Cordel, ao desenvolvermos desenhos, aquarelas, pinturas, instalações baseados em fatos históricos que estão relacionados às nossas memórias, às nossas histórias pessoais na História e na Geografia.
A Arte está inserida e relacionada de forma interdisciplinar no 5° ano, quando exploramos muito o uso de materiais não convencionais para refletirmos sobre o projeto "Planet Keepers". Buscamos utilizar recursos tecnológicos dentro da contemporaneidade da Arte, explorando a criação de painéis artísticos. Criamos também cartazes e folders utilizando o conceito da publicidade e da propaganda, repensando o meio ambiente e descarte consciente, permitindo a formação crítica da formação cultural dos nossos alunos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARBOSA, Ana. Mãe. Arte/Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: CORTEZ, 2017.


BARBOSA, Ana. Mãe. Recorte e colagem influência de John Dewey no ensino de arte no Brasil. São Paulo: CORTEZ, 1989.
BARBOSA, Ana Mae Tavares. Abordagem triangular no ensino das artes e culturas visuais. São Paulo: Cortez, 2010.
SILVA,Tharciana Goulart da & Lampert, Jociele (2017) Reflexões sobre a Abordagem Triangular no Ensino Básico de Artes Visuais no contexto brasileiro.
OSINSK, GURIZADA, VAMOS DESENHAR! ARTE E MODERNIDADE NO PROJETO EDUCACIONAL DE ERASMO PILOTTO (1943-1951)
OSINSK, Dulce Regina Baggio Osinski