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GEOGRAFIA E ACESSIBILIDADE

Professor:Guilherme Soto

De acordo com a Lei de Inclusão da Pessoa com deficiência (nº 13.146/2015), acessibilidade é a: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2015, Art. 3).

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Toda pessoa com deficiência deve ter o direito à igualdade de oportunidades totalmente assegurada. Segundo a Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB), isso deve ser garantido ainda na fase escolar do indivíduo, imediato o contato com atividades e metodologias que garantam a acessibilidade na escola.

Para isso, se faz necessário, primeiramente, a adaptação do espaço escolar para melhor atender as necessidades do aluno. Não buscando apenas o bem-estar físico, mas também, o bem-estar intelectual da criança ou do adolescente. É importante que se adote equipamentos em diferentes espaços da escola, principalmente, dentro da sala de aula.

Os materiais didáticos são recursos importantes para o aprendizado, porém, muitos deles não são adaptados para os alunos com algum tipo de deficiência. Todavia, com algumas modificações, é possível transformar um material comum em um conteúdo acessível.

Em aulas de Geografia, o uso de mapas é muito importante para a metodologia do ensino da Cartografia, buscando principalmente, a melhoria dos alunos no processo de leitura e interpretação de cartas e mapas temáticos.

Para a professora Ana Elizabeth Jerônima da Silva (2018), a alfabetização cartográfica consiste em criar uma noção que possibilite a compreensão dos sinais e da capacidade de mapear, ou seja, consiste em um trabalho que instigue os alunos a pensarem, questionarem, ao passo que agem no espaço geográfico.

Diante disso, percebemos a importância da alfabetização cartográfica na escola, se faz necessário estudar conteúdos como: Orientação, Localização, dominar as Relações Euclidianas, transferir distâncias conhecidas para o mapa, aprender e não memorizar a Rosa dos Ventos, entre outros conteúdos da Cartografia. Segundo distintos autores acreditamos ser importante que o aluno aprenda a se localizar no espaço e não somente memorize tais conteúdos para fins avaliativos (SILVA, 2018, p. 14).

A leitura de mapas é fundamental para facilitar o aprendizado do aluno, porém, é pouco utilizada em aula pelo fato de uma série de problemas, dentre eles a ausência de material nas instituições. No caso de acessibilidade, esse problema se agrava ainda mais.

Alunos com deficiência visual não podem ter a abstração da leitura de um mapa, assim como os alunos que dotam de visão. Por isso, para terem a mesma qualidade de ensino que os outros, os alunos que portam esse tipo de deficiência precisam de meios para poder interagir com esses mapas e, assim, conseguir "lê-lo" e interpretá-lo.

No Colégio Uirapuru, desenvolvemos um projeto de acessibilidade aos alunos que possam portar algum tipo de deficiência visual, buscando promover uma integração dos alunos no aprendizado de Geografia.

O mapa tátil é uma importante ferramenta para a inclusão de alunos com deficiência visual no ensino de Geografia, principalmente na Educação Básica.

Os alunos do 5º ano, junto ao professor de Geografia, elaboraram um mapa tátil para auxiliar pessoas com deficiência visual. Para isso, foi necessário elaborar uma série de etapas para a criação do mapa.

Primeira etapa, escolhemos o Mapa que produziríamos e onde ele seria exposto. Para isso, é importante evitarmos mapas com muito detalhe em informações. Assim, escolhemos apresentar o Mapa Regional do Brasil.

Seguido a isso, definimos um local para a montagem do mapa, onde todos pudessem ter acesso ao trabalho e, assim, poder interagir com o material. O local escolhido foi o primeiro andar, próximo à entrada dos alunos do Fundamental I, no portão 1.

Na segunda etapa, a função do professor foi projetar o mapa na parede onde seria apresentado o projeto final. O esboço do mapa do Brasil e as suas divisões regionais serviram como molde para que os alunos realizassem a atividade de textura e pintura.

Junto a essa etapa, abrimos para discussão qual seria o melhor material a utilizar para texturizar o nosso mapa. Em dimensões menores, é muito comum utilizar materiais reciclados, alimentos, fios, tecidos e, até mesmo, massinha de modelar. Porém, em um mapa de grande escala seria necessário pensarmos em outras condições: praticidade, custo e tempo. Com isso optamos por utilizar gesso para elaborar a nossa textura.

textura diferente. Assim, o mapa contou com cinco diferentes texturas em gesso.

A textura é peça importante para que o aluno, portador de deficiência, diferenciar a região conforme o que ele sente ao tocar o mapa. A associação entre textura e região, auxilia o aluno a saber o tamanho de cada região, a posição em que ela está no mapa e as fronteiras com que essa região faz.

A pintura do mapa foi a última etapa do processo. A escolha de cinco cores, uma para cada região brasileira, foi realizada mediante a consulta dos alunos. Por fim, as regiões foram identificadas com os nomes de cada uma.

O mapa está exposto para que professores do Colégio tenham recursos para o ensino cartográfico. Isso dinamiza o aprendizado e auxilia o aluno a ter uma maior abstração no processo de leitura e interpretação de mapas.

O uso desse recurso é livre a todos que queiram compartilhar o seu saber e aprender um pouco mais sobre Geografia. Mas além disso, esse é um símbolo do aprendizado inclusivo proporcionado pelo Colégio Uirapuru.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL, Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm; acesso em: 21 nov. 2022.

SILVA, Ana Elizabeth Jerônima da. Uso de mapas temáticos como prática metodológica no ensino de Geografia. UFCG, Cajazeiras, 2018.

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