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LOCALIZAÇÃO: O ESPAÇO QUE HABITO
Estudar o local é muito importante para o aluno, pois ali ele “conhece tudo”, ele sabe o que existe, o que falta, como são as pessoas, como são organizadas as atividades, como é o espaço. [...] como trabalhar o local sem considerá-lo como o “único”, sem considerar que as explicações estão todas ali, sem cair no risco de isolá-lo no espaço e no tempo (CALLAI e ZARTH, 1988, p. 17).
Há muitas formas de ver o mundo e de nos localizarmos dentro do espaço em que estamos. Para chegar a um determinado local pela primeira vez é preciso ter o endereço ou uma referência e, para que os alunos tivessem um ponto de partida, iniciamos com o seguinte questionamento: como poderíamos chegar a um determinado destino sem que houvesse em nossas mãos qualquer tipo de instrumento de orientação?
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"Eu lembro de quando fizemos a leitura do livro "Férias na Antártica", lá estava escrito que o Amyr Klink atravessou o oceano sem GPS." - L., aluna do 3º ano.
Para entendermos mais o espaço que nos rodeia e sobre as possibilidades de deslocamento de um lugar a outro, relembramos noções de lateralidade: aquilo que está à minha frente, o que está atrás de mim, o que vejo à minha esquerda e o que há à minha direita. Esse tipo de observação auxilia na construção e ampliação dos conceitos de consciência e olhar em relação ao espaço; analisa a paisagem, seus elementos e sua estrutura, além de contribuir com os estudos do local em seu contexto histórico. Partimos, então, para um passeio no entorno do Colégio, para observarmos as placas com o nome das ruas por onde passamos, os prédios e casas que existem no entorno, a natureza e os espaços da escola.
Rua das crianças e a espiral do conhecimento
Após o reconhecimento do espaço, aproveitamos uma das narrativas do Micromundo para convidar nossas crianças a pensarem em um espaço para elas. Como seria a rua das crianças se não houvesse restrições para criá-la ? Em vez de um banco comum para sentar, um puff gigante, cheio de água, ou espuma. Haveria espaços como parques para animais de estimação ou playgrounds com equipamentos diferentes? E a natureza que nos cerca? Para que isso fosse possível, reservamos um espaço em nosso Quintal, onde as crianças pensaram e criaram um espaço delas, com base em suas observações e conceitos adquiridos durante as aulas. Antes de partirmos para a atividade mão na massa construímos um projeto, utilizando material reciclado e os conceitos sobre sólidos geométricos, previamente trabalhados em nossas aulas de Matemática.
…Masnão,masnão osonhoémeueeusonhoque deve ter alamedas verdes a cidade dos meus amores e,quemdera,osmoradores

eoprefeitoeosvarredores fossemsomentecrianças…
BUARQUE, Chico. A cidade ideal. In: Os Saltimbancos, 1977
O cotidiano escolar proporciona uma reflexão sobre a construção das representações espaciais, como essa que realizamos, facilitando a localização de objetos, e conferindo aos alunos a possibilidade de ler, interpretar e comunicar posições de deslocamento, através da leitura de uma placa de trânsito, ou da criação de uma legenda que representa um determinado local. Percepções como direção e trajetória auxiliam na representação de um movimento, além de ampliar a visão do aluno em relação às dimensões espaciais menores, como uma maquete e a sala de aula, ou maiores, como o quarteirão, o bairro ou a cidade.
A socialização e a combinação da vivência do aluno, em seu conhecimento prévio sobre as situações apresentadas, relacionam o conteúdo proposto a tudo o que ele observa e absorve enquanto cidadão, as ações propostas sistematizam o conteúdo e preservam as informações e experiências obtidas ao longo de sua trajetória educacional.

Eu e o mundo
Como já entendemos que os mapas possibilitam o registro dos elementos da paisagem, bem como nossa localização no espaço geográfico, partimos para a leitura deles em diferentes ambientes: físico e virtual. Identificamos e reconhecemos as legendas, seu contexto histórico, seus continentes e nosso planeta em relação ao Sistema Solar, com a ajuda de simuladores, em nossas aulas de Ciências.
As práticas pedagógicas unidas às metodologias de ensino contemplam a apropriação dos conceitos geográficos e confirmam a função do papel do ensino na vida do aluno reflexivo, que é sujeito de sua história e de seu aprendizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e a construção de conhecimentos. 8ª ed. Campinas: Papirus, 1998.
MOREIRA, Igor. A construção do espaço global. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2008.
CALLAI, H. C.; ZARTH, P. A. O estudo do município e o ensino de História e Geografia. Editora UNIJUÍ, 1988.
BUARQUE, Chico. A cidade ideal. In: Os Saltimbancos. Gravadora Phonogram/Philips, 1977.