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O ENSINO DE BIOQUÍMICA NO ENSINO MÉDIO

A Bioquímica é um componente curricular tradicionalmente associado à graduação no ensino superior, estando presente nos cursos de Licenciatura em Química e Biologia, Sua fama é de compor os assuntos que os alunos costumam considerar bastante complexos. No Ensino Médio, tópicos relacionados à bioquímica dos seres vivos aparecem essencialmente na disciplina de Biologia, mas aspectos estruturais e funcionais das macromoléculas também são alvo da disciplina de Química.

No colégio Uirapuru, a bioquímica também está presente em disciplinas eletivas (itinerários formativos), sempre que o tema abordado em aula exige uma leitura mais aprofundada do funcionamento das células, da fisiologia dos organismos, dos fluxos energéticos e das manifestações patológicas.

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A complexidade dos conteúdos relacionase ao fato de que a bioquímica integra fenômenos micro e macromoleculares, fator que exige grande habilidade de abstração para compreensão dos mesmos. Sob essa perspectiva, ensinar bioquímica de maneira tradicional e descontextualizada, focada na memorização de uma série de nomes e processos, mostra-se uma estratégia pouco produtiva.

Na 3ª série, a disciplina eletiva Aprofundamento em Biologia e Química, foca na apresentação de temas onde a compreensão da bioquímica promova, diretamente, uma nova perspetiva de análise.

Um exemplo importante diz respeito ao estudo da Covid-19: entender a doença do ponto de vista bioquímico permite ao aluno uma visão sistêmica dos efeitos da doença no corpo humano, um melhor julgamento das opções de tratamento e prevenção e uma real magnificação da importância da vacinação em larga escala. Também o uso de cigarros eletrônicos foi pano de fundo para aprofundamento dos efeitos de substâncias sobre a biologia dos tecidos e a saúde do organismo. Tudo isso é a tão temida bioquímica. Mas, no contexto de assuntos atuais, o interesse dos alunos faz tudo parecer mais simples.

A Biologia da 1ª série do Ensino Médio é o primeiro curso a apresentar a Bioquímica aos estudantes do ensino básico. Este estudo inicia-se com a compreensão de moléculas inerentes à vida como glicídios, lipídios e proteínas, um conteúdo extenso que à primeira vista pode assustar, entretanto, para auxiliar os estudantes nessa jornada, à medida em que os conceitos eram apresentados foram inseridos problemas a serem resolvidos. Estes problemas foram apresentados em forma de perguntas como "Qual é a escolha alimentar mais saudável, manteiga ou margarina?", "Como as vacas podem se alimentar de plantas se não são capazes de digerir celulose?" e "Por que pessoas insulino dependentes injetam insulina ao invés de a ingeri-la?" e ao resolverem estas questões os estudantes passavam a compreender mais sobre sua estrutura química e sua ação na fisiologia dos indivíduos. Além disso, para sistematizar estes conhecimentos os estudantes foram desafiados a desenvolverem de modo coletivo mapas mentais que explicavam e relacionavam estas moléculas.

Mais tarde os discentes vivenciaram uma rotação por estações em que utilizaram miçangas e outros materiais não estruturados para representar o modelo chave-fechadura dos anticorpos; Pesquisaram sobre as vitaminas e hipovitaminoses relacionadas à frutas (simbolizadas por sabonetes); elaboraram dicas de alimentação a partir de leituras sobre os tipos de carboidratos e o conceito de índice glicêmico.

Por fim, no 3º bimestre se debruçaram em temas mais complexos da bioquímica como o Glicólise, Ciclo de Krebs e Cadeia respiratória (etapas da respiração celular) e para impulsionar a sua compreensão foram propostas Flipped Classrooms (aulas invertidas) em que os estudantes recebiam materiais de estudo prévio, se preparavam para as aulas, e no momento do encontro podiam tirar suas dúvidas ao retomarem o tema e realizarem exercícios. A aula invertida permite ao estudante integrar as estruturas cognitivas já existentes aos novos saberes (SCHNEIDER; BLIKSTEIN; PEA, 2013), o que é especialmente importante para o estudo da bioquímica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

SCHNEIDER, B.; BLIKSTEIN, P.; PEA, R. The flipped, flipped classroom. 2013. Disponível em: http:// www.stanforddaily.com/2013/08/05/the-flippedflipped-classroom/. Acesso em: 17 out. 2022

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