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O CORPO DA CRIANÇA NO ESPAÇO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A criança e sua curiosidade:

O desejo de conhecer o mundo!

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A curiosidade é o desejo de conhecimento. Ver as coisas com outros olhos permite ficarmos cativados diante da sua existência, desejando conhecê-las pela primeira vez ou de novo. As crianças pequenas encantam-se porque não veem o mundo como algo habitual, e sim como um presente (L'ECUYER, 2015, p. 31).

Tocar, pegar, apertar, cheirar, olhar são sensações e sentidos essenciais e vitais para aprendizagem de habilidades inerentes para o desenvolvimento. Mas, o que será que move e encanta essa criança a não hesitar em descobrir, por seu pequeno corpo, um mundo tão vasto de experiências e aprendizagens?

Uma criança segura no ambiente que a circunda trilha suas descobertas com um encantamento que perpassa por um corpo que explora e descobre, que toca e sente, com olhos sensíveis, com “olhos de ver”.

Uma pedra, um graveto, uma folha, uma formiga pequenina em sua rotina, uma lente de binóculo esquecida no chão viram personagens principais do grande espetáculo que é o mundo a ser descoberto, são as minúcias do cotidiano que faz tudo ter sentido.

Com uma simples lente vermelha de um binóculo, as crianças constroem percepções e possíveis descobertas.

Aluno 1: “O sol está parecendo de noite!” (Fazendo referência ao entardecer).

Aluno 2: “Eu acho que sim!”

Aluno 2: “Deixa, eu ver! É verdade, mas se tirar do olho fica de dia”.

As pequenas coisas motivam a criança a aprender, a satisfazer a sua curiosidade, a ser autônoma para entender os mecanismos naturais dos objetos que a rodeiam por meio de sua experiência com o cotidiano, motu proprio (L'ECUYER, 2015, p. 22).

São as pequenas coisas que fazem com que desperte tanto interesse para as descobertas, a sensibilidade e a percepção da beleza natural que é crescer e explorar tudo o que a rodeia.

Crianças, observadoras, espontâneas e que buscam por si só respostas por todos os lugares que permeiam, vivem experiências que fazem com que a curiosidade seja aguçada e busquem sempre mais. Em todos os momentos, é importante que tenham adultos para amparar, proporcionar um ambiente favorável e que não anulem a capacidade das crianças, entendendo-as como protagonistas de suas aprendizagens.

SOBRE ESPAÇO: DESAFIOS E ACOLHIDA EM SUAS DESCOBERTAS

Para a criança, o espaço é o que se sente, o que se vê, o que faz nele. Portanto, o espaço é sombra e escuridão; é grande, enorme ou, pelo contrário, pequeno; é poder correr ou ter de ficar quieto, é esse lugar onde pode ir olhar, ler, pensar.

O espaço é em cima, embaixo, é tocar ou não chegar a tocar; é barulho forte, forte demais ou, pelo contrário, silêncio, são todas cores, todas juntas ao mesmo tempo ou uma única cor grande ou nenhuma cor…

O espaço, então, começa quando abrimos os olhos pela manhã em cada despertar do sono; desde quando com a luz, retornamos ao espaço (FORNERO, apud Zabalza, 1998, p. 231).

Para as crianças do Infantil 2 o “mundo inteiro” é descoberto “de corpo inteiro”. Assim que chegaram nesse novo espaço, foram diariamente convidadas a descobrir sobre si, sobre o outro e também sobre esse lugar cheio de novidades e desafios, de relações, afetos e acolhimento.

Aluno 1: “Você pode ir comigo?”

Aluno 2: “De mão junto eu consigo.”

Aluno 3:“Eu vou subir ali, me dá a mão?”

E foi assim: “de mãos dadas” que caminhamos com cada criança e testemunhamos, dia após dia, o trilhar bonito e potente nas vivências neste novo ambiente, com todas as suas possibilidades e descobertas. E, sendo o brincar eixo estruturante de todas as ações pedagógicas (Brasil, 2018), vivemos momentos com brincadeiras que proporcionaram uma rotina de exploração com o corpo e o movimento.

É por meio das brincadeiras que as crianças desenvolvem habilidades corporais globais, contemplando as variantes do andar, como por exemplo, o correr, pular, saltar, agachar, rolar, engatinhar. E, assim, vão pouco a pouco ampliando seu conhecimento sobre o próprio corpo e suas potencialidades.

Aluno 1: “Eu já subo ali sozinha!”

Aluno 2: “Vou mais uma vez. Me olha?”

Aluno 3: “Eu consigo ir bem rápido.”

E entre corridas, pulos, subidas e descidas, é proporcionado o desenvolvimento do controle da tonicidade, com vivências que permitem às crianças o máximo de sensações possíveis ao seu próprio corpo (com materiais diversos, texturas e temperaturas diferentes) em diversas posições (em pé, sentado, engatinhando, rastejando), em atitudes estáticas ou dinâmicas (deslocamento), e com vários graus de dificuldade, que exijam adaptar diversos níveis de tensão e distensão muscular.

Para que tudo isso fosse vivido plenamente, cada espaço foi pensado para que as crianças pudessem interagir e agir com e sobre esse lugar. Ao realizarmos uma proposta, as crianças participam de todas as ações que envolvem este momento, como por exemplo, servir-se dos materiais, no caso de uma pintura, serve-se das tintas, escolhe o instrumento ao qual deixará suas impressões e, por fim, colabora com a organização do espaço.

Cada material ofertado, cada objeto encontrado, cada folha, cada plantinha, cada forma nova de usar algo que já era corriqueiro e de repente ganha um sentido único: tudo é sentido de corpo inteiro, um corpo que se movimenta com uma liberdade singular. E neste imenso espaço da Educação infantil, esse corpo explora, descobre, testa, experimenta e vive. Corpo que, enquanto observa, cria e deixa marcas.

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