Jornal da Manhã 14.07.2012

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Nacional

Jornal da Manhã

Sábado e domingo, 14 e 15 de julho de 2012

MEIO AMBIENTE

Desmatamento vai gerar até 90% de extinções na Amazônia em 40 anos Pesquisa avalia o impacto local promovido pela perda de vegetação nas últimas três décadas As piores consequências do desmatamento sofrido pela Amazônia ao longo de 30 anos ainda estão por vir. Até 2050, podem ocorrer de 80% a 90% das extinções de espécies de mamíferos, aves e anfíbios esperadas nos locais onde já foi perdida a vegetação. A boa notícia é que temos tempo para agir e evitar que elas de fato desapareçam. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada na edição desta semana da revista Science. Um trio de pesquisadores da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos considerou as taxas de desmate na região de 1978 a 2008 e levou em conta a relação entre espécies e área – se o habitat diminui, é de se esperar que o total de espécies que ali vivem diminua, ao menos localmente. Acontece que os animais têm mobilidade, podem migrar para locais vizinhos ao degradado. Lá, vão tentar sobreviver, competindo por recursos com animais que já estavam no local, de modo que o desaparecimento não é imediato, podendo levar décadas para se concretizar. É essa diferença, que os pesquisadores chamam de “débito

de extinção”, que foi calculada no trabalho. Grosso modo, é uma dívida que teria de ser “paga” – em espécies animais – pelo desmatamento do passado. A ideia por trás do termo é tanto mostrar o que poderia acontecer se simplesmente o processo de extinção seguisse o seu rumo, quanto estimar qual pode ser o destino dessas espécies que dependem da floresta, considerando outros cenários de ações. Mas em vez de calcular para toda a Amazônia – o que seria problemático, porque há uma diferença de riqueza de biodiversidade no bioma –, os autores mapearam os nove Estados em quadros de 50 quilômetros quadrados, a fim de estimar os impactos locais. Uma espécie pode deixar de ocorrer em uma dada área, mas isso não significa que ela desapareceu por completo. Tanto que a literatura ainda não aponta a extinção de nenhuma espécie na Amazônia, explica o ecólogo Robert Ewers, do Imperial College, de Londres, que liderou o estudo. “Uma razão para isso é que o desmatamento se concentrou no Sul e no Leste na Amazônia, enquanto a mais alta diversidade de espécies se

Segundo pesquisadores, Amazônia deve sofrer grande extinção de espécies até 2050

encontra no Oeste da região. Mas não há dúvida de que muitas estão localmente extintas onde o desmatamento foi mais pesado.” Na pior hipótese, a do “business as usual”, considera-se a continuidade do modelo da expansão da agricultura; na melhor, que o desmatamento zere até 2020. Os pesquisadores propõem, no entanto, que o cenário mais realista é o que considera a permanência da governança, ou seja, das ações governamentais que levaram à queda do desmatamento nos últimos anos. Mas mesmo nessa situação é

de se esperar que espécies sumam. Em 2050, os pesquisadores estimam que localmente, nos quadros de 50 km², podem desaparecer de 6 a 12 espécies de mamíferos, aves e anfíbios em média; enquanto de 12 a 19 podem entrar na conta do que pode ser extinto nos anos seguintes. Eles reforçam que isso ainda não aconteceu e ações que aumentem as unidades de conservação e promovam a restauração de áreas degradadas têm potencial de evitar o danos. Os mapas mostram em quais áreas esse esforço poderia promover mais benefícios.

Dilma propõe reajuste de até 40% para professores O governo federal anunciou ontem um reajuste de 40%, ao longo dos próximos três anos, para o salário de professor titular com doutorado e dedicação exclusiva - cargo que representa o topo da carreira de docente universitário. O salário atual de R$ 12.225,25 chegará assim a R$ 17.057,74. Todos os professores de nível superior, segundo a proposta do governo, terão reajuste salarial.

A oferta do Ministério do Planejamento atendeu ainda outra demanda dos professores universitários: a redução do número de níveis para se chegar ao topo da carreira - dos atuais 17 para 13 estepes. O governo também apresentou proposta de reajuste para professores de institutos federais, que assim como os docentes de universidades também paralisaram as aulas, mas não foi feita nenhuma oferta aos técnicos

administrativos das instituições federais, também em greve. A greve dos docentes universitários teve início, segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), no final de maio, há pouco menos de dois meses. O governo vem criticando o movimento de paralisação, alegando que ainda há tempo para discutir as demandas - o prazo legal se encerra em agosto, quan-

Procuradoria tenta barrar supersalários A Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR1/ MPF) recorreu das decisões que mantêm o pagamento de salários acima do teto constitucional de R$ 26.700 aos servidores do Senado e da Câmara dos Deputados. O pedido para que o teto seja respeitado já foi negado duas vezes pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), o que motivou o MPF a entrar com pedido de recursos especiais, na última terça-feira, para que os processos sejam julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

De acordo com procurador regional da República Nicolao Dino Neto, as decisões anteriores do TRF1 contrariam leis federais e jurisprudência de tribunais superiores. Dino Neto questiona a justificativa de que a redução salarial contraria a ordem administrativa e inviabilizaria os serviços no Senado e na Câmara, dada há quase um ano pelo presidente do tribunal à época, o desembargador Olindo Menezes, quando suspendeu as liminares que impediam o pagamento de remunerações acima do teto aos

servidores. O procurador regional argumentou que, de acordo com jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), a remuneração de servidores acima do teto viola a ordem pública. “Nesses termos, não poderia o TRF conferir outra dimensão conceitual à ordem pública, de forma diversa daquela já determinada pelo STF.” Os recursos especiais serão analisados pelo presidente do TRF da 1ª Região, desembargador Mário César Ribeiro, que decidirá se eles serão julgados pelo STJ.

do o governo leva ao Congresso o orçamento do ano seguinte. "Do nosso ponto de vista houve precipitação em deflagrar a greve em maio", disse a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, em coletiva de imprensa.

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China tem pior crescimento em três anos O PIB chinês cresceu 7,6% no segundo trimestre, o mais baixo patamar desde os primeiros três meses de 2009, no auge do impacto da crise financeira global.Analistas acreditam que a economia vai reagir nos próximos meses e apontam para o crescimento acima do esperado do volume de crédito bancário em junho. Mesmo que isso ocorra, a expansão de 2012 dificilmente ficará acima de 8%, no que será o menor índice em mais de uma década. Alguns economistas sustentam que a situação é ainda pior do que a refletida nas cifras oficiais. Mark Williams, da Capital Economics, estima que a alta do PIB do segundo trimestre ficou ao redor de 7%, 0,6 ponto porcentual abaixo do índice divulgado quinta. A consultoria elabora seu próprio indicador de crescimento da China, com base em uma série de dados de atividade, como transporte de carga e consumo de energia elétrica. Os resultados costumavam ficar em linha com os oficiais, mas a situação mudou no primeiro trimestre de 2012, quando o governo anunciou expansão do PIB de 8,1%. Para a Capital Economics, a alta foi de 7,6%. A elevação do crédito é o primeiro sintoma de que haverá aumento de investimentos, que continuam a ser o principal motor da economia chinesa. O resultado do segundo trimestre marca o sexto período consecutivo de desaceleração do PIB da segunda maior economia do mundo, que se tornou a principal fonte de crescimento global depois da crise que se abateu sobre os países ricos a partir de 2008. Nos últimos três anos, a principal fonte dos investimentos foram os empréstimos bancários, que cresceram de maneira exponencial e elevaram o volume de crédito de 150% do PIB em 2008 para 190% do PIB no ano passado.


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