Jornal da Manhã 06.04.2012

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Especial Páscoa de 6 a 8 de abril de 2012

Política

SESSÃO

Servidores do Demei entram em acordo com o Executivo Funcionários aceitaram o reajuste anual de 8%, com incremento de valores nos padrões Com mais de uma hora de atraso, a sessão extraordinária de ontem ocorreu sem qualquer manifestação. A proposta dos servidores do Departamento Municipal de Energia de Ijuí (Demei) não foi acatada pelo Executivo, mas serviu de base para uma nova negociação. No plenário, foi à votação um novo projeto, que mantém o reajuste anual de 8% e o vale-alimentação no valor de R$ 150. O que muda, na verdade, é o valor dos padrões, que receberam um incremento de 2%. "O padrão 1 foi o único que recebeu um percentual maior, passando de R$ 635,14 para R$ 647,85. Do padrão 2 ao 9, conseguimos readequar em 2%, o que já é benéfico à categoria", comentou o presidente do Senergisul, Magnos Mulhlbeier. A nova proposta, aprovada por unanimidade, foi discutida com a equipe da prefeitura na manhã de ontem, antes da sessão extraordinária. A categoria estava paralisada desde segunda-feira, e ameaçava entrar em greve nos próximos dias. "Com esse novo reajuste, nós nos comprometemos a voltar ao serviço na tarde de ontem. Mas não descartamos a greve. Ainda há questões pendentes, que precisamos resolver com o Executivo", destacou o presidente. Essa foi a primeira vez, segundo Magnos, que a categoria foi ouvida pela administração. Em outros momentos, as reivindicações não passavam da direção do Demei para o prefeito municipal. "Mas, para garantir a execução das nossas demandas, formalizamos as promessas durante

A aprovação do novo projeto foi aplaudida pelos servidores do Demei que estavam na sessão

uma assembleia, realizada ontem à tarde. A ideia é que a redução da carga horária seja resolvida até a próxima sexta-feira. A gratificação por excelência, implantada em outras concessionárias, será discutida a partir do dia 2 de maio. Se não tivermos respostas positivas, paralisamos novamente", garantiu Magnos. Ficou estabelecido também que o valealimentação não será descontado dos servidores no período de férias e licença. Há um parecer do Igam que reforça essa questão e, agora, o compromisso do Executivo. O projeto referente aos municipários

também foi aprovado, ficando estabelecido os 8% de reajuste ao ano, mais R$ 150 de vale-alimentação. Com a proposta, o valor do padrão 1 ficou fixado em R$ 635,15, enquanto que o 2 receberá R$ 642,15. Já o padrão 3 terá o valor de R$ 671,45, sendo o último fixado em R$ 776,68. A data-base, lembrando, ficou para janeiro. Durante a sessão, também foram aprovados os projetos de reajuste salarial ao prefeito, vice e vereadores, com o percentual de 5,2%. Secretários municipais receberão o mesmo valor que os servidores públicos, ou seja, 8%.

Engenheiro do Daer confirma presença em audiência De acordo com o vereador César Busnello (PSB), está confirmada a presença do engenheiro do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) na audiência pública que ocorrerá na próxima sexta-feira, na Câmara Municipal. Luiz Carlos Karnikowski de Oliveira estará na cidade para apresentar o projeto que prevê a melhoria da ERS-342, além de reunir sugestões

para serem anexadas ao documento - a exemplo do que ocorreu em Cruz Alta há alguns dias. "A proposta compreende desde a revitalização da rodovia até a duplicação de alguns trechos, a fim de aumentar a segurança aos motoristas", comentou o vereador, presidente da Comissão Especial que trata do tema. Como lembra Busnello, já existem recursos assegurados para a obra, que

deve ser iniciada neste ano. A ideia é aumentar a capacidade da ERS-342, que hoje recebe cerca de seis mil veículos por dia. Com as adaptações, a rodovia estará pronta para receber mais de dez mil. A audiência, que ocorre a partir das 14h, também contará com representantes da Secretaria de Infraestrutura e Logística, conhecida como Seifra.

TCE-RS firma acordo para combate à corrupção O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), Cezar Miola, e o chefe substituto regional da Controladoria Geral da União (CGU), Cláudio Moacir Marques Correa, assinaram nesta semana um acordo de cooperação para o desenvolvimento de projetos e ações que possam contribuir para a prevenção e o combate à corrupção, promoção da transparência e fortalecimento do controle social e da gestão pública. O convênio também vai permitir a troca sistemática de informações entre o Tribunal e a Controladoria. O presidente do TCE-RS disse que a Corte já tem termos de cooperação com

várias instituições da área do controle visando uma atuação estratégica na fiscalização. “Com relação à CGU, o compartilhamento de informações vai propiciar ao Tribunal o acesso a dados sobre os recursos repassados pela União às prefeituras. O TCE-RS, por sua vez, disponibilizará informações relativas a verbas dos municípios gaúchos e do Estado para a Controladoria. Também vamos aproveitar o conhecimento técnico da CGU para o aperfeiçoamento do nosso corpo técnico”, salienta Miola. Cláudio Correa destacou que as informações repassadas pelo TCE-RS que digam respeito ao controle de re-

cursos públicos no Rio Grande do Sul enriquecerão o trabalho de investigação da União. “Algumas situações fogem da competência de um órgão e, por isso, é importante o compartilhamento de dados. Assim, se estivermos, por exemplo, fazendo uma fiscalização sobre recursos federais e detectarmos problemas envolvendo verbas municipais ou estaduais, acionaremos o Tribunal de Contas gaúcho”, concluiu. Também participaram da solenidade o diretor de Controle e Fiscalização do TCE-RS, Victor Luiz Hofmeister, e a assessora da Direção Geral, Cristina Assmann.

Jornal da Manhã

Maurício Brum A Capital do Livro A principal livraria das Américas está em Buenos Aires, num ponto nada desprezível da Avenida Santa Fé e com um nome pomposo que faz justiça à grandeza do espaço. O Ateneo Grand Splendid tem quatro andares e foi montado há pouco mais de uma década em um antigo cine-teatro dos anos 1910. Nos velhos camarotes, plateias e camarins subterrâneos estão hoje prateleiras sem fim com livros, CDs e DVDs. O velho palco abriga um café que costuma receber as primeiras aventuras nas páginas iniciais da obra que se pretende adquirir. Os donos da livraria, a maior de uma rede de mais de quarenta outras por toda a Argentina, estimam que por ali passem cerca de três mil pessoas diariamente, e ao menos um terço delas leva algo. Não é verdade que Buenos Aires sozinha tenha mais livrarias que o Brasil todo, mas em proporção sobram lugares para encontrar literatura na capital argentina. As livrarias da cidade movimentam em torno de 150 milhões de reais por ano. Buenos Aires tem um ponto de venda de livros para cada seis mil habitantes. A média brasileira é de um para cada setenta mil. Além disso, nossa proporção de livros lidos por ano é inferior à dos vizinhos sul-americanos donos de níveis educacionais relativamente elevados. Argentinos, chilenos e uruguaios permanecem muito à frente das nossas marcas de leitura. Vários fatores contribuem para isso, e mesmo que eu costume extrapolar meu limite de três mil caracteres será impossível detalhá-los devidamente. Mas todas as pesquisas sobre o tema vêm mostrando que a maioria dos brasileiros que leem se dedicam principalmente (ou unicamente) aos livros exigidos na escola ou na faculdade – em geral, obras didáticas ou técnicas; quando se trata de Literatura propriamente dita, ela muitas vezes está cercada pela “vestibularização” dos currículos, restrita aos clássicos nacionais cobrados pelas provas de admissão das universidades, cuja linguagem e estilo tendem a ser pouco atrativos a um leitor iniciante. Gradativamente vêm sendo incluídas leituras mais contemporâneas, mas o caminho para conquistar novos leitores ainda é extenso. O mito de que nossos livros são abusivamente caros já não pode colar. E cabe ainda menos quando nossos números relativos à renda média e à escolaridade crescem (ainda que, no segundo caso, a estatística quantitativa possa não ter a devida resposta qualitativa). Há sim obras caras – no entanto, normalmente nossos preços se equivalem e são até menores do que os pagos pelos leitores de países vizinhos. Existem cada vez mais obras de bolso e iniciativas para reduzir ainda mais os custos se proliferam. Há poucos dias, a L&PM lançou uma coleção de livros curtos vendidos a cinco reais cada. E já há algum tempo funcionam no metrô de São Paulo máquinas de venda automática de livros por valores similares. Talvez o que nos falte, ainda, seja a consciência – a vontade íntima de buscar conhecimento além do básico exigido. Uma consciência que não nasce simplesmente por nos tornarmos materialmente mais ricos ou passarmos mais tempo estudando. Seguimos sem uma boa resposta para dar quando nos perguntam por que ler alguma coisa. Aparentemente, ainda não superamos a fase de crianças na terceira série que, sem ideias melhores, concluem: “porque a professora mandou”.


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