JM Rural 26.11.2013

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Caça: além de cruel, proibida

Apesar da caça ser proibida no Brasil, a Ceriluz amplia o alerta sobre proibição desta prática em suas usinas, entre elas a Nilo Bonfanti, em Chiapetta

As usinas hidrelétricas se utilizam de um recurso natural para produzir energia elétrica. Em contrapartida, os empreendedores que constroem estas estruturas têm uma série de questões ambientais a serem seguidas. Começa com o processo de elaboração dos projetos, quando são realizados estudos ambientais que incluem a avaliação da flora e fauna locais, os impactos causados e as medidas de compensação a serem adotadas. Entre estas contrapartidas está o replantio de árvores retiradas, o controle da pesca - proibida a 200 metros de qualquer estrutura da barragem (1500 durante a piracema) - e a proibição da caça. Estas são algumas das muitas medidas adotadas pela Ceriluz nas usinas que possui em funcio-

namento: PCH Nilo Bonfanti, PCH José Barasuol e PCH RS-155. A proibição da caça nas usinas mostra-se uma redundância, porém é necessária. Isso porque esta prática é proibida no Brasil e, assim sendo, também no Rio Grande do Sul, último Estado a adotar esta medida, conforme explica o comandante da Patrulha Ambiental de Cruz Alta, Fernando Hockmüller. “Hoje, caçar, perseguir, apanhar, matar um animal silvestre é crime ambiental”, afirma. Segundo o policial ,esta prática ilegal leva a sérias punições, entre elas a penal, com prisão de seis meses a um ano, além de punições cíveis e administrativas. Apesar disso, conforme o comandante, a caça continua acontecendo. “A caça nada mais é que uma questão cultural, es-

pecialmente aqui no Rio Grande do Sul onde a prática se estendeu por mais tempo, por ser um dos únicos Estados onde ela era permitida.Mas, logicamente, esta é uma questão de educação, de conscientização, de as pessoas se darem conta de que esta não é mais uma conduta aceita na nossa sociedade e, temos verificado, principalmente através das crianças e estudantes, que essa consciência está sendo mais abordada”, acredita Hockmüller. Ele acrescenta que a geração mais antiga, que ainda trouxe essa cultura de seus pais e avós, se mostra mais resistente em modificar seu comportamento em relação a caça. O comandante da Patrulha Ambiental de Cruz Alta alerta também que a população de ani-

mais selvagens vem diminuindo na região, apesar da falsa impressão do contrário, uma vez que animais são vistos em rodovias e até mesmo em áreas urbanas. “Nós estamos vendo os animais na beira do asfalto porque eles não têm mais o refúgio natural que tinham, que são as matas”, avalia. Ele relata que no seu dia a dia percebe que muitas crianças e jovens já não conseguem mais identificar alguns animais por que não convivem mais com eles, diferente de pessoas mais velhas, que tiveram os animais silvestres mais presentes. “Hoje nossa geração ainda reconhece alguns animais por tê-los visto em livros, mas pessoalmente nunca os viu e terá raras oportunidades de ver algum na natureza”, acrescenta. Fernando Hockmüller lembra

ainda que é indispensável a conscientização da população quanto a preservação do meio ambiente, optando por um desenvolvimento sustentável. “Tem que se fazer o uso dos recursos que estão a nossa volta, mas de uma forma sustentável, que é o que hoje não ocorre. As pessoas estão pensando muito na questão econômica e esquecendo da questão ambiental. Meio ambiente é um direito de todos, não pertence a uma pessoa”, conclui. A Patrulha Ambiental de Cruz Alta realiza fiscalizações constantes para coibir a caça ilegal e a pesca fora do que determina a legislação, além de outras contravenções referentes ao meio ambiente. Também verificam denúncias que podem ser feitas pelo telefone (55) 3322 8305.

Técnicos uruguaios apresentam relatório de visitas a cooperativas gaúchas

Segurança alimentar é preocupação do governo

A comitiva formada por técnicos uruguaios que integram o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) apresentou ao Departamento de Cooperativismo da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), durante os dias 21 e 22 de novembro, um relatório com proposições de trabalho observadas a partir de visitas realizadas às cooperativas gaúchas em setembro. De acordo com o documento, são quatro eixos principais: qualificação das cooperativas de leite; formação de técnicos cooperativistas e governamentais; realização de intercâmbios com o setor cooperativista do Uruguai; e a inclusão de dois grupos de cooperativas para implementar uma metodologia de circuitos para melhoria de

O secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, participou no dia 22 de novembro, na China, de fórum sobre segurança alimentar e tendências globais de produção. O evento contou com a participação dos principais representantes do agronegócio mundial, entre eles o vice-ministro da Agricultura da China, Niu Dun. Neri Geller ressaltou o trabalho intenso do governo brasileiro em desenvolver mecanismos eficientes para resolver os problemas de segurança alimentar, tendo em vista que o país tem exportado cada vez mais seus produtos. “Somos produtores de grandes excedentes de produção do mundo, desde carne

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gestão. Ficou acertada uma nova reunião entre a SDR e membros do fundo para fevereiro de 2014, quando serão especificadas as atribuições de cada entidade nas ações propostas e os recursos a serem utilizados. As cooperativas conhecidas foram Coopan (Nova Santa Rita), Copeagri (Ibirubá), Agricoop, Coperal e Copaal (Erechim), Cotrisana, Coamur e Coasa (Sananduva), Agroipé e Pradense (Ipê) e Coopeg (Garibaldi). O roteiro das visitas foi elaborado por meio de um termo de cooperação assinado entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Governo do Estado, via SDR, Emater, e Banrisul, e o Centro Latino Americano de Economia Humana.

bovina, café, açúcar, soja e milho. Frisando que hoje o Brasil é o segundo maior exportador de milho”, disse o secretário. Neste ano safra 2013/14, a China deve importar sete milhões de toneladas de milho – a perspectiva apresentada durante o evento é de que esse valor alcance 42 milhões de toneladas em 2030. Além do milho, a soja brasileira é de extrema importância para o mercado do país asiático. De janeiro a outubro, o Brasil exportou 42,1 milhões de toneladas de soja em grão e a China foi o principal destino do produto brasileiro, adquirindo, do total, 32,018 milhões de toneladas.

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