Cinéfilos - 5ª edição

Page 1

5ª edição - Dez/2010 Revista digital de cinema da J. Júnior

Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

Corleone

a família da máfia

A família de Springfield

TOP 10: Os melhores conflitos familiares


editorial

E o ano passou... Depois de novas edições, novas equipes, muitas reuniões, muitos textos, muitas páginas e muitas discussões, mais um ano começou e acabou. Devo dizer que foi uma época proveitosa para o Cinéfilos. O projeto tinha passado por uma fase de estagnação e, felizmente, conseguimos reerguê-lo. E isso graças, principalmente, às pessoas que trabalharam nele, tanto no site quanto na revista, na arte e no texto, pois mostraram motivação. Uma motivação que, por tantas vezes, me manteve motivada. Mas, como tudo na vida, o trabalho não está perfeito. Muitas coisas precisam ser reavaliadas e reestruturadas. Não podemos estagnar novamente. Pelo contrário, o que queremos é fazer um trabalho que sempre supere o anterior, que consiga se destacar cada vez mais, que tenha mais diferenciais. Aliás, o projeto Cinéfilos – assim como a Jornalismo Júnior – tem grande apreço pela criatividade. Esta é a última edição do ano, e por isso, fomos instigados a pensar em nosso trabalho nos últimos meses. A certeza é que vamos continuar com a grande vontade de fazer cada vez mais.

Patrícia Chemin

Cinéfilos Revista Digital 5ª Edição Dezembro/2010 Equipe

Editora: Patrícia Chemin Repórteres: Bruno Capelas, Carolina Vellei, Jéssica Stuque, Marina Jankauskas e Mayara Teixeira

Diagramação e edição de arte:

Ana Marques, Anna Carolina Papp, Jéssica Stuque, Lucas Rodrigues, Mayara Teixeira, Meire Kusumoto, Paula Zogbi e equipe do Cinéfilos O Cinéfilos é um projeto da Jornalismo Júnior | Empresa Júnior de Jornalismo ECA/USP Presidente: Yasmin Abdalla Vice-presidente: Rafael Ciscati


SEÇÃO

Índice

PÁGINA

Fazendo História............................................................................................... 4 Cá Entre Nós....................................................................................................... 6 Letras na Tela..................................................................................................... 8 Principal............................................................................................................ 10 Personagem..........................................................................................................16 TOP 10...................................................................................................................17 Vale a Pena Ver................................................................................................23 Cine Trash............................................................................................................24 Cinetecetera.........................................................................................................26


´ fazendo historia

Boa noite, Marina Jankauskas

Até onde você estaria disposto a levar uma mentira pela pessoa que mais ama? Em Adeus, Lênin!, Alexander Kerner (Daniel Brühl) simplesmente mudou o rumo de um dos fatos mais importantes da história para poupar sua mãe de uma grande decepção.

O

filme alemão conta a históra de Alex, um jovem da Alemanha Oriental que vive em meio às reivindicações pela abertura, no fim dos anos 80, e sua mãe Christine (Katrin Saab), “casada” com a pátria e a ideologia socialista. Em 1989, Christine tem um infarto e fica em coma durante 8 meses, perdendo os dias que marcaram a queda do Muro de Berlim e o triunfo do regime capitalista. Quando ela desperta, não pode sofrer nenhuma emoção forte, pois outro infarto seria fatal. Temendo pela saúde de sua mãe, Alex decide esconder dela tudo o que aconteceu, buscando potes de antigos produtos que não estão mais à venda, redecorando sua casa para que nenhuma novidade pós-reunificação fique explícita, convencendo amigos a ajudarem na recriação do antigo país e até produzindo vídeos com notícias falsas, que sua mãe possa ver na TV, tudo para fingir que nada mudara na Alemanha Oriental.

Adeus, Lênin! retrata de uma maneira muitas vezes divertida e inusitada o que foi a Queda do Muro e a Reunificação da Alemanha. Esses dois eventos (com letra maiúscula mesmo) são conhecidos como marco do fim da Guerra Fria. O Muro de Berlim começou a ser derrubado depois de 28 anos de existência. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, se pedia a liberdade de viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria. Esses enormes fluxos tornaram-se impossíveis de controlar.

A queda do Muro

Por isso, em 9 de Novembro de 1989, teve que ser autorizada a livre circulação entre as duas partes de Berlim, e, como consequência, a destruição do Muro. Nessa noite os alemães de um e


´ fazendo historia

, Stálin de outro lado da cidade subiram e dançaram em cima dele. Reinava a alegria, todos festejavam, enquanto faixas do muro iam sendo cortadas e derrubadas. Nesse momento histórico não se estava apenas destruindo uma parede: sua queda significava a queda dos regimes comunistas, o fim da Guerra Fria e de toda a tensão mundial e a abertura ao mundo. Na euforia, as pessoas não previam as futuras dificuldades que a Alemanha iria atravessar: fechamento de muitas empresas, desemprego e instabilidade. A reintegração das duas Alemanhas teve um alto custo econômico, que gerou inflação e recessão. Um dos problemas sociais provocados pela reunificação foi a necessidade de estender a toda a população o nível de vida e poder de compra alcançado pelos habitantes do lado ocidental. O filme consegue mostrar como foi a vida para os habitantes da antiga Alemanha socialista, que tiveram que aprender a conviver com mudanças drásticas em um período extremamente curto de tempo. Logo de início temos uma visão de como era a vida na Alemanha Oriental, com o processo de reunificação também sen-

do detalhado já em sua primeira meia hora. Inclusive este processo de mudanças extremas no país impressiona pela rapidez com que tudo ocorre, o que é evidenciado pela quantidade de informações que é passada ao público para, apenas depois, ser revelado que tudo aquilo aconteceu em apenas 8 meses. Wolfgang Becker, diretor e roteirista do filme, mescla informação histórica com o drama pessoal de Alex. Ele usa como pano de fundo personagens reais como Erich Honecker, que governou a RDA (ou Alemanha Oriental) de 1971 a 1989; Mikhail Gorbatchov, o derradeiro líder da URSS; Helmut Kohl, primeiro chanceler da Alemanha reunificada, e Sigmund Jähn que em 1978 tornou-se o “primeiro alemão no espaço”. Tudo isso nos faz ter uma visão única e mais aprofundada do que foram aqueles meses pós-Queda do Muro para as pessoas que tiveram que vivê-los intensamente. O filme é extremamente humano e completo, pois faz rir, por causa das situações inusitadas que Alex encontra e precisa disfarçar para Christine, e emociona, pelo amor e dedicação extremos do filho com sua mãe.

Adeus, Lênin! (Alemanha, 2003) Título original: Good bye Lenin! Direção: Wolfgang Becker Elenco: Daniel Brühl, Kathrin Sass Gênero: Comédia | Drama


´ entre nos ´ ca

cada dia na casa ´ de uma familia A família a partir das lentes de um cineasta nacional Mayara Teixeira

P

rovavelmente, você já pensou em fugir de casa. Mas, já pensou no que aconteceria se sua família fugisse de você? E eu não estou falando dos seus primos ou tios distantes, não. O que aconteceria se sua mãe e o seu pai tivessem que “sair de férias”? Os anos “de chumbo” da ditadura são o plano de fundo do drama vivido por Mauro, um menino de

doze anos que sofre com o distanciamento de seus pais. Muitos filmes falam sobre a ditadura, mas este, dirigido por Cao Hamburger, é guiado pelo olhar de um menino novo demais para saber o que é perseguição política, e sozinho demais para saber lidar com ela. Os pais do garoto são forçados a fugir no ano de 1970, quando ocorria uma das fases mais tenebro-


´ entre nos ´ ca sas da ditadura sob o comando do Gal. Médici, e Mauro é deixado na porta da casa de seu avô. Porém, o garoto nem o vê, seu avô falece antes mesmo de receber o neto. Os efeitos do terror da ditadura aparecem no drama doméstico e íntimo de uma criança. A incerteza do desmantelamento e iminente colapso da sua família fazem Mauro descobrir uma nova maneira de enfrentar a vida. Sozinho, acaba ficando sob os cuidados do velho judeu Shlomo, vizinho de seu avô e tem que lidar com a angústia da entrada numa nova comunidade. O bairro do Bom Retiro, onde seu avô morava, é reduto de imigrantes, principalmente judeus e italianos. E por não ser judeu, o garoto enfrentava aquilo que seus ancestrais, os pais de seu pai, haviam enfrentado. A casa de Shlomo era um lugar sem sentimento de pertencimento para Mauro: não era familiar, e seus costumes muito menos. A casa do avô, o telefone, o futebol e o fusca azul eram os únicos símbolos que ainda remetiam aos laços familiares. A primeira por abrigar inúmeras recordações, como fotos; o telefone porque era a esperança de uma ligação; o futebol porque ele sempre fora vivido junto ao pai; e o fusca porque era na mente de Mauro o carro que os pais utilizariam para voltar, uma vez que foi o carro que os levou embora. Antes de partir, o pai fizera uma promessa: retornariam no final da Copa do Mundo. A Copa, aliás, era o acontecimento do ano, o Brasil lutava pelo tricampeonato. Mas, cada jogo passou a representar a distância. O futebol passou a significar, para um menino apaixonado pela bola, o abandono. No campo, quando brincava com as crianças, Mauro era o goleiro. Fora do campo, quando esperava seus pais, também era goleiro. Afinal, qual é a função do arqueiro

se não esperar? Mauro esperava, dentro e fora do campo. “Havia muitas bolas no ar, mas todas mirando para um único gol” (Christiane Riera, dramaturgia do filme). O dia da vitória do Brasil foi, para Mauro, também o dia da queda de sua família. A idealização da volta, do retorno, foi destruída por uma vitória só no campo. E essa família, podia ser traduzida no país inteiro. Não eram só os pais que desapontavam, o país desapontava seus filhos também. Com a ajuda de Shlomo, Mauro reencontrará sua mãe, machucada e também sozinha, ela diz que o pai está atrasado. Ele finalmente vai voltar para casa, mas sente que os amigos que fez, inclusive o próprio Shlomo, são agora também família. E é na partida que diz: “E mesmo sem querer, nem entender direito, eu acabei virando uma coisa chamada exilado. Eu acho que exilado quer dizer quem tem um pai tão atrasado, mas tão atrasado que acaba nunca mais voltando pra casa”.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil, 2006) Direção: Cao Hamburger Elenco: Michel Joelsas, Germano Haiut, Caio Blat Gênero: Drama


letras na tela

dFilhos do Or

Mayara Teixeira Orgulho e Preconceito (Reino Unido, 2005) Título original: Pride and Prejudice Direção: Joe Wright Elenco: Keira Knightley, Matthew Macfadyen Gênero: Romance | Drama

U

ma história que trata do cotidiano de pessoas comuns durante o século XVIII é a obra-prima de Jane Austen, importante por ser o primeiro impulso para a modernidade na literatura inglesa. Se ainda duvida da importância da obra, basta dizer que os súditos da Rainha escolheram o romance como o segundo livro mais importante de sua literatura, atrás apenas de “O senhor dos anéis”. Mesmo antes de “Orgulho e Preconceito” chegar aos cinemas, o romance já recebera diversas adaptações. Já foi longa, curta, minissérie, novela, e até virou um musical bollywoodiano (sim, Bollywood!) chamado “Noiva e Preconceito”, que foi exibido no Festival do Rio de 2005. Era de se esperar que quando

aquele espectador, que já teve algum contato com a história, entrasse no cinema sabendo todos os encaminhamentos da trama. E isso de fato acontece, para se ter uma ideia as falas são muito semelhantes (s vezes trechos na íntegra) do romance. Mas, mesmo sem surpreender no roteiro, o filme consegue prender a atenção. Há uma ironia sutil e uma apurada percepção psicológica utilizada (tanto no livro, como no cinema) para traçar a trajetória de uma família, a um só tempo, comum e bastante peculiar. Unidos pelo matrimônio Na família Bennet havia cinco moças, criadas com o único propósito de se casar. Na sociedade da época, as alianças eram estabelecidas através da união, do matrimônio. Casar-se era, portanto, um jogo de interesses, uma convenção social muito bem estabelecida entre os núcleos familiares. Entre as cinco filhas Bennet, Elizabeth é a protagonista, e isso tem razão de ser. Ela é inteligente e observadora, capaz de compreender o caráter, de rumar para além das palavras e do rígido código de cordialidade que os bons costumes estimavam, e criticar a superficialidade e a arrogância dos tipos sociais mais elevados. É dela também, a história de amor mais interessante. Quando dois ricos rapazes (sr. Bingley e sr. Darcy) aparecem na região de Longburn, onde reside a família Bennet, logo é preparada uma recepção e todas as mulheres


letras na tela

rgulho d solteiras, ávidas por um casamento (algumas mais do que outras, é verdade), comparecem, inclusive as senhoritas Bennet. A irmã mais velha de Elizabeth, Jane, se apaixona por Bingley, e ele se também apaixona verdadeiramente por ela. Mas por conselho de seu amigo Darcy, o jovem se afasta. Em todos os momentos em que a família e os dois jovens conviveram, duas situações se repetiram: Elizabeth não deixou de ser a jovem orgulhosa, inteligente e insubmissa de sempre e a sua família não deixou de a envergonhar com comportamentos mal vistos. Então, Darcy e Elizabeth se sentem completos opostos e se desprezam mutuamente. Ela acha-o soberbo, e ele menospreza sua condição social. Elizabeth não percebe que isso é uma forma de defesa, o amor a assusta, aliás, assusta a Darcy também que nunca encontrara criatura como aquela, capaz de alterar seus sentimentos. Elizabeth e Darcy não são personagens distintos. Eles são, no seu orgulho e preconceito, personagens rigorosamente iguais. A família, durante toda a história, atrapalha, confunde, mas também é o centro das preocupações dos personagens. É a fonte do amor, onde ele se constrói e se mantém. E o que Austen propõe é um amor que exige tempo, quase incompatível com a vida moderna, mas que não é efêmero e interesseiro, não é apenas uma conveniência ou convenção social.


principal


principal

o

A saga da familia

Corleone

Um mafioso também é marido, pai, tio e irmão, além de ser padrinho. Veja como a família influencia os negócios em O Poderoso Chefão. Jéssica Stuque

T

odo mundo já assistiu ou ouviu falar de algum filme sobre máfia. Na metade do século XX, esse tema já era muito abordado no cinema hollywoodiano. Entretanto, nos anos 70, O Poderoso Chefão trouxe algo de peculiar em sua abordagem sobre o tema: a família. Em geral, os filmes tratavam das artimanhas e truques que esse grandes mafiosos são capazes de armar e as várias confusões em que se metiam. Mas, Mario Puzo e Copolla trouxeram todos esse conflitos para dentro de casa. Assim, crime e respeito se misturam, violência e honra andam de mãos dadas e os negócios são permeados por assuntos pessoais. Porém, sempre que um perigo maior se aproximava, era a família que sempre ficava em primeiro plano, o que a faz possuir a posição central no desenvolvimento do enredo: tudo ocorre em torno dela, a partir dela e por ela. Os personagens que armam planos, fazem ameaças e matam pessoas são os mesmos que prezam pelo respeito da família e a manutenção de sua honra.


principal

O

Poderoso Chefão conta a de uma personalidade impulsiva, é história de uma família de tomado por uma fúria que o leva a mafiosos de origem italiafere gravemente o marido de sua na, a Família Corleone. Comanirmã Connie, por ele tê-la agredidada pelo respeitado Don Vito do. Dessa forma, Sonny mostra Corleone, a família controla neque deve respeitá-la. gócios ilegais na Nova York dos Com o decorrer do filme, forma-se anos 40 e 50, em consum guerra entre as famílias tantes negociações e con“Um homem mais poderosas e é nesse flitos com outras famílias. conflito que Vito é baleado que nunca Logo nas primeiras cee Sonny é morto. Michael, nas que se passam no o único filho que não queria se dedica à casamento de sua filha envolver com os negófamília nunca se Constanzia “Connie”, Don cios familiares, infiltra-se será um Corleone demonstra o no meio e suja suas mãos grande valor dado aos pade sangue para honrar sua homem de rentes. Ele não tira foto família. Nesta guerra, os verdade.” com a família enquanto negócios influenciam a esseu filho caçula - e tamfera familiar e é esta última bém preferido - Michael não está que prevalece. presente e pergunta a um afilhaVito, temendo a morte de seu fido se ele se dedica à família como lho Michael tenta apaziguar a situprova de que merece o favor a ação entrando em um acordo com ser concedido, pois “um homem as demais famílias. Ele aceita enque não se dedica à família nuntrar no negócio que antes tinha neca será um homem de verdade”. gado, mas impõe algumas condiProteger a família é a tarefa ções, das quais a principal delas é primordial. Um episódio, em parnão tocarem em seu filho. Em uma ticular, retrata muito bem essa das falas mais bonitas do filme, ele questão, quando o primogênito diz “Eu abro mão da vingança por de Vito, Santino “Sonny”, dono meu filho”.


principal Ao final, Michael assume o papel de chefe da família e o desempenha com mãos de ferro. Ele vinga todos aqueles que tinha atingido sua família, no mesmo dia em que foi padrinho de seu sobrinho, por isso o batismo foi denominado de “batismo de fogo”. Matar para vingar alguém da família torna-se quase uma lei dos Corleones, principalmente quando Michael está no comando. PARTE II - AMOR, FAMÍLIA E TRAIÇÃO No segundo filme, ocorrem duas histórias paralelas: uma dá continuação ao primeiro filme com Michael no controle, mais maduro e ainda mais intolerante com os problemas que atingem a família; e a outra conta sobre a infância e mocidade de Vito Andolini, conhecido posteiormente como Vito Corleone, e as coisas que o levaram a adotar esse tipo de vida. Michael começa a expandir os negócios, principalmente para o campo dos jogos de azar, mas sofre um atentado em sua própria casa, que põe em risco sua vida, a vida de

“Eu abro mão da vingança por meu filho”

sua esposa e de seus filhos, descobrindo que alguém está contra ele e que essa pessoa deveria ser ‘de dentro’. Ao descobrir que fora Fredo (seu irmão) que o traíra, ele cai em um jogo de decisões que invadem a sua cabeça. Ele não podia permitir que alguém traísse a família desta maneira, mas o traidor era seu irmão, deveria matá-lo? Ele não o fez irmão enquanto sua mãe estava viva, por respeito a ela. Mas depois que ela morreu, embora Michael aparentasse perdoá-lo, ele foi responsável pela morte do irmão. É nesse filme que sua esposa o deixa, porém ele consegue ficar com a guarda dos filhos. “O Poderoso Chefão - Parte II” nos mostra que, apesar de Michael ter tentado proteger a sua família, todas as suas tentativas o colocam contra ele, de modo que ao final do filme ele não tem mais a esposa e o irmão. Até que ponto se deve chegar quando o que está em jogo é a honra da família? Até que ponto proteger a famíllia é realmente proteger a família? Ao assistir o filme, temos as mesmas indagações que provavelmente afligiam a mente de Michael, para as quais não se tem uma resposta certa e definitiva.


principal PARTE III - O EPÍLOGO O terceiro filme retrata um Michael mais velho, mais tolerante, que quer ter mais contato com os filhos. Ele tenta a todo custo legalizar os negócios, sair dos acordos com as outras famílias e melhorar a sua reputação. Para isso, cria a Fundação Vito Corleone, uma instituição de caridade e é homenageado pela Igreja Católica por doar a ela, em nome da Fundação, cem milhões de dólares. É possível observar que, em todos os filmes, a entrada de alguém ou sua passagem a Don é algo de extrema importância à família, conferindo honra e respeito. Isso aconteceu com Michael e, no último filme, acontece com Vincent, filho ilegítimo de Sonny, que se torna também Don. Ao mesmo tempo que Michael quer se livrar desta vida, é ela que Vincent quer: “Eu não quero sair, quero o poder para proteger a minha família”. O interessante em todos os filmes de O Poderoro Chefão é que o poder é sempre visto como um veículo não só para ganhar dinheiro, mas também para proteger a família. O filme traz uma visão diferente dos demais filmes, porém não menos impactante. Os sentimentos

de Michael são tratados com maior destaque, e quem assiste nota que ele se arrependeu, principalmente por ter matado seu irmão. Aquele Michael poderoso, intolerante se torna um velho pacífico, doente e frágil. Com mais um atentado ao final de sua vida, Michael continua vivo, mas é a sua filha quem é a vítima. Ele a ver morrer nos seu braços. Muitos podem acreditar que é uma forma de castigo para os crimes que cometeu ou até mesmo por ter matado seu irmão, mas Michael percebe, ao final de tudo, que ao tentar ser forte para proteger a sua família, em grande parte a perdeu. FILHO DE CHEFÃO, CHEFÃO É Não tem como assistir a todos os filmes e não comparar Michael ao pai, não tem como observar as atitudes de um sem lembrar do outro. Eles possuem muitas semelhanças e muitas diferenças. No início, Michael não queria entrar para os negócios da família e chega a dizer no primeiro filme a sua namorada: “Essa é minha família, Kate. Não sou eu”. Mas é ele quem se parece mais a Vito do que qualquer outro, assumindo até mesmo a função do

“Ao tentar proteger sua família, em grande parte a perdeu”


principal não apenas a proteção, mas o bom convívio com a família se torna primordial. Nesse quesito, os dois Dons se mostram fortes e dispostos a realizar tal tarefa. Um último fator que os aproxima é a própria morte. Vito Corleone morre de velhice no jardim de sua casa brincando com o neto. Michael Corleone, que já tinha sofrido vários atentados, também morre de velhice, no quintal de sua casa. Eles possuem diferenças, sim. Mas as semelhanças acabam falando mais alto, e essas semelhanças são no jeito para os negócios, mas principalmente, para com a família.

pai, posteriormente. Ambos são Dons e como chefes da família têm que tomar decisões que trazem consequências a todos. Michael, quando jovem, apesar de sempre tentar agir como o pai e aprender lições com ele, é mais intolerante e menos ‘diplomático’ com seus negociadores. Já Vito, sempre se mostrava sensato e muito respeitoso com os demais. Um episódio que marca a diferença de atitude de ambos é com relação à vingança pela morte de Sonny. Vito faz um acordo de paz entre as famílias, mas Michael vinga a morte do irmão. Porém, no último filme, com a visão de um Michael mais velho, pacífico e tolerante, a imagem que se tem é de que é o próprio Vito encarnado nele. A semelhança se faz ainda maior e,

Premios Parte I

Oscar 1973

(Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Roteiro Adaptado)

Globo de Ouro 1973

(Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator drama, Melhor Trilha Sonora, Melhor Roteiro Adaptado)

Parte II Oscar

(Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, e Melhor Trilha Sonora)


personagem

Ao VENCEDOR, a FELICIDADE Carolina Vellei

V

À Procura da Felicidade (EUA, 2006) Título original: The Pursuit of Happyness Direção: Gabriele Muccino Elenco: Will Smith, Jaden Smith Gênero: Drama

ocê acha que a sua vida é difícil? Experimente viver um dia da vida de Chris Gardner (Will Smith). O pai herói de À procura da felicidade é o homem mais azarado da face da terra. A história começa em 1981, quando Chris começa a trabalhar como vendedor de escâner de densidade óssea, um equipamento caro e com um equivalente muito mais simples e barato. Mas Chris é um cara sonhador e, por vezes, um pouco ingênuo. Iludido com a possibildade de fazer fortuna, gasta todo o seu dinheiro nesse investimento. Sofreu muito por só ter conhecido o pai com 28 anos. Por isso fez uma promessa: se dedicar completamente ao filho. O garoto – Jaden Smith, filho do ator na vida real – é uma criança que admira muito o pai. Mas a vida da família não é fácil. Chris sabe disso e não se abate. A cada dificuldade, respira fundo e continua em frente. Mesmo assim, sua mulher, Linda, não vê o esforço como suficiente e o abandona. Ao chegar em casa e não encontrar mais ninguém, é impossível não se padecer ante ao sofrimento da personagem. Determinado, consegue

convencê-la a deixar o filho com ele. Como a venda de escâneres não é muito satisfatória Chris se candidata a uma vaga de estágio em uma corretora de ações de Los Angeles. Mas, sem receber salário. Seriam 6 meses concorrendo com outros 19 candidatos para preencher uma única vaga. Rotina estressante, chefes exploradores, todo um universo conspirando contra sua felicidade. Para ele, não era à toa que Thomas Jefferson colocou na Declaração de Independência dos EUA, juntamente com o direito à vida e à liberdade, a expressão “busca da felicidade”. Considerava que aquilo poderia ser algo que se buscasse, mas que nem sempre fosse possível alcançar. Despejado e sem dinheiro, Chris chega a dormir com seu filho até em um banheiro público de estação de trem. Nem por isso deixou que a criança deixasse de sonhar. Com isso, ele próprio continuou sua caminhada. No fim, consegue a vaga e, em poucos anos, abre sua própria corretora. Em 2006, fica milionário. Exagero no final feliz? Depois de ter superado todos esses obstáculos, Chris merecia até uma vaga no céu.


top io top Io

Ante s de uma tud ress alva o, deve que : es pode ta é ser fei sias g e rar ta . Afi uma muit nal, num l a i s s ta confl todo cont ito, rové plos fi l m e r , to e sa é b do b l rela om p vo raro aseado ções er s ex que fami emseja liar sonagem m es ( poss ). A vel po ui ss di é ca zer que im send r mínim a o lcad o ju boa part , é poss s ção s í de c e do onfli tamente s fil irmã tos m n e os, a s entr i pare e pa explorantes rmãs e is, . ou filho uma s, mesc Foi ten tros ti t p l do c inem a de gr ado aqui os de a an e al f guma com filme des clá azer s te ssic s ma faze os is r ntat r vo ec iv cê ção em p , leito as ousa entes r d elíc inus ulas , presta as de itad r at as um t de f enanto otog . Aprov e rafia q i famí u t a e es n s e lia! se á to boas lbum brig as d e Brun

o Ca pela s


top IO io

10. Entre Irmãos (Brothers, 200

9)

Um irmão (Tobey Maguire) vai para a guerra, e o outro, (Jake Gyllenhaal) que ficou em solo pátrio, vai consolar a cunhada. O primeiro irmão é dado como desaparecido – o que em conflitos armados significa morto – e o outro acaba tomando o lugar do primeiro como “homem da ca sa”. Parece enredo de novela mexicana tória de tablóides, nã ou hiso parece? Mas é o qu e acontece justamen Entre Irmãos, ambi te em entado nos dias de hoje – e a guerra refere é a do Afegan a que se istão. Tudo seria lin do, se o primeiro irm estivesse vivo e regr ão não essasse ao lar.

9. Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 19 89 ) O leitor deve estar se perguntando: esta não é uma edição sobre escola, mas sim sobre famílias, então o que este filme está fazendo aqui? Apesar de ser passado numa escola, e seus principais personagens um uma turma de alun professor os, o grande conflito e dramático deste film miliar. Incentivado pe e é falo professor John Ke ating (Robin William Perry (Robert Sean s), Neil Leonard) decide se juntar a uma compa teatro no lugar de co nh ia de ntinuar estudando pa ra se tornar médico desejava seu pai. O , como resto do filme fica pa ra o leitor...

7


top top io IO

8. A Outra (The Other Boleyn Gril, 20

0 8)

Nem todas as família s dessa lista são pa rte da cabeça de um escritor ou roteiri sta. A briga de fam ília de A Outra não só é baseada em fatos re ais como é parte de uma das maiores re voluções da histór ia: a Reforma religio sa durante o século XV I. Trata-se aqui da hi stória de como as irmãs Maria (Scarle tt Johansson) e An a Bolena (Natalie Po rtman) disputaram a atenção e o coraçã o do rei inglês Henriq ue VIII (Eric Bana) – e também de como es te, para se livrar de Catarina de Aragão se casar com uma da e poder s duas, acabou cria ndo a Igreja Anglica mais divertido ver es na. Bem se filme com essas duas donzelas do qu aula de história, nã e uma o?

7. O Casamento de Rome

u e Julieta

(2005) O escritor paulistan o Alcântara Machad o já ve a rivalidade entre Co rsava nos anos 20 so rinthians e Palmeira bre s. Essa muito bem da comédia romântic -humoraa mistura futebol e Shakespeare para fa um relacionamento lar sobre entre Romeu, um co rintiano roxo (Marco Ricca) e Julieta (Luana Piov ani), uma palmeirens e convicta - e os sacr íficios que cada um tem de fazer. Um a das cenas finais, quando a avó de Ro meu e o pai de Julie ta (Luiz Gustavo) se encontram e tentam decidir o relaciona mento, é impagáve l.


top IO io

6. A Lula e a Baleia

(The Squid and the Whale, 2005)

O cinema alternativo americ ano (que também está presen te na seção Vale a Pena Ver) tem em A Lula e a Baleia seu represent ante nessa lista. No Brooklyn dos ano s 80, o filme conta a história da separação de um casal de escrito res (interpretados por Jeff Da niels e Laura Linney) e a maneira com o seus filhos (Owen Kline e Jesse Eisenberg) lidam com a separação. A cena do jogo de tênis de duplas é sintomática ao captar o espírito irascível e capcioso do momento vivido pela família.

5. Volver(Volver, 2006)

Um interessante e apaixonad o filme noir do mais aclamado diretor espanhol, Pedro Almodóvar, pod e até não ter um pouco do clá ssico suspense que fez a fama do dir etor, mas tem uma trama que é capaz de prender o espectador. Misturando parricídio, parent es mortos que voltam como fantasmas para vigiar os vivos e a visita à cidade natal, o filme é marcado por uma constante tensão a respeito do retorno (daí o título do filme) do passado no presente e pela exuberante presença de Penélope Cruz.


top io top top IO

4. Adivinhe quem vem para jantar

(Guess Who’s Coming to Dinner, 1967

)

Estamos em 1967, Califórnia . O contexto histórico: a luta pelos direitos civis e a igualdade ent re as raças feita por Martin Lut her King e Malcolm X. Em meio a iss o tudo, está Adivinhe Quem Vem Para Jantar, um drama forte na ma neira de captar a reação da sociedade americana da época. Numa família tradicional americana (cujos pais são Spencer Tracy e Kat herine Hepburn), a filha única tra z seu noivo, um médico respeitado, pela primeira vez para casa para jantar. Um porém: ele é negro (Sidney Poitier). Apesar de não exibir nenhuma grande cena de briga, o filme merece este quarto lugar pela tensão constante e pelos diálogos muito bem construídos (que fizeram o filme ganhar o Oscar de Melhor Roteiro em 1968).

3. Assim Caminha a Humanidade

(Giant, 1956)

Este épico texano (são mais de três horas de filme) sobre a vida de pelo menos três gerações de americanos é um prato cheio de questões a serem discutidas. Tratase da história da vida do ranche iro Bick Benedict (Rock Hudson) e a riva lidade deste com o armador Jett Rink (James Dean, em seu último papel), que possui estranhas ligações com a família Benedict. Além disso, há também a aceitação do casamento de Benedict com sua esposa Leslie pela irmã de Benedict, Luz, que gera cenas inesquecíveis para os amantes do cinema; discussões sobre racismo e patriotismo; a opressão da mulher no ambiente rural e a própria evolução do Texas ao longo da primeira metade do século XX.


top IO io

2. O Rei Leão(The Lion King, 1994) Shakespeare e famílias complicadas têm tudo a ver. A livre adaptação do estúdio do Mickey para o drama Hamlet é repleta de duelo s familiares. Conflito entre irmãos (Scar e Mufasa), entre cunha dos (Scar e Sarabi) e entre tio e sobrinho (Scar e Simba) perpassam a história. O Rei Leão merece o primeiro lugar de nossa lista tanto pelas cenas de batalhas entre os leões quanto pelos diálogos afiados que saem da língua ferina (e felina) de Scar.

1. Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire, 1951)

A mudança de Blanche DuBois (Vivian Leigh), uma cunhada perturbada, à casa de sua irmã Stella e o marido dela, Stanley Kowalski (Marlon Brando) é o ponto de partida para esta adaptação do diretor Elia Kazan à premiada peça de teatro de Tennessee Williams. Entre a necessidade de reconstrução da vida de Blanche e a gravidez de Stella está toda a soberba brutalidade de Stanley, cuja intolerância por Blanche degringola na chocante sequência final. Mas mais que por tudo isso, o filme vale pela irresistível atuação de Brando e sua presença calcinante nas telas.


vale a pena ver

N

mônio. Para piorar, o pai das duas por vezes é protetor demais com Kym, o que traz à tona os ciúmes de Rachel. Apesar do cenário assustador, O Casamento de Rachel tem momentos alegres. É fácil chegar às lágrimas com a interpretação sublime de “Harvest Moon” (do cantor Neil Young, um dos favoritos de Demme) pelo noivo de Rachel em pleno altar, por exemplo. E mesmo contra todos os prognósticos, é perceptível que aquela sensação clichê de “pertencer a um lugar” existe na película. Sem apelar para grandes viradas dramáticas ou recursos técnicos – o filme usa muito do estilo de “câmera de mão” – O Casamento de Rachel é um bom exemplar do cinema alternativo americano: ainda que seja impossível mostrar a vida como ela é, ele se aproxima bastante da realidade. Longe do sabor doce que é possível saborear em filmes hollywoodianos do mesmo estilo (como 28 Dias), aqui a vida vem em tons agridoces, numa sucessão de bons e maus momentos.

Bruno Capelas

A realidade agridoce

o Brasil, quando um novo ator surge nas novelas e quer provar que não é só um rostinho bonito, mas também tem estofo dramático, faz teatro ou cinema. De certa maneira, nos Estados Unidos acontece algo similar: depois de despontar nos grandes filmes hollywoodianos, o novato faz um filme independente (não entrando aqui no mérito de definir o que é independente). Anne Hathaway, a nova queridinha da América, não foge desse padrão: depois de encantar o mundo em O Diabo Veste Prada, lá foi a garota atrás de reconhecimento – que pode ser muito bem comprovado em O Casamento de Rachel, dirigido pelo diretor Jonathan Demme (Filadélfia). Hathaway é Kym, uma viciada em drogas em reabilitação, liberada de sua clínica por uns dias para assistir ao casamento de sua irmã, Rachel. Nessa situação, ela é forçada a enfrentar um dos maiores desafios para alguém que está se recuperando: as conseqüências que seu vício trouxe para a família, sem falar nas tensões existentes entre ela e sua irmã – agravadas pela véspera do matri-

O Casamento de Rachel (EUA, 2008) Título original: Rachel Getting Married Direção: Jonathan Demme Elenco: Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt Gênero: Drama


cine trash

´ Uma familia trash

com sotaque caipira Carolina Vellei


cine trash

A

Família Buscapé é, sem dúvida, um dos filmes mais lembrados quando alguém pensa em família caipira e suas típicas trapalhadas ao visitarem a “cidade grande”. Para quem já teve o prazer de assisti-lo na Sessão da Tarde, sua história não é novidade. Mas como talvez nem todo mundo tenha visto (apesar de já ter passado 742 vezes – perdendo apenas para A Lagoa Azul), vale a pena relembrar esse clássico do cinema. Trash sim, mas ainda digno de muitas risadas. Quando você está, pacificamente, passeando pela floresta, até consegue imaginar que um urso gigante irá te atacar. Mas, se você estivesse acompanhado por Elly May, não precisaria se preocupar com nada. Com nenhum efeito especial, um cara fantasiado de urso é dominado por ela, sem grandes dificuldades. Típica caipira machona, a garota perdeu sua mãe muito cedo e acabou sendo criada apenas pelo pai, Jed Clampett, e pela “Vó”. Jed, caipira pacato, um belo dia resolve caçar e, apesar de não ter conseguido matar dois coelhos com uma cajadada só, fez algo muito melhor: teve a sorte de encontrar a maior reserva de petróleo dos Estados Unidos. Absurdamente, isso aconteceu simplesmente porque ele errou a mira. Como se possível, com apenas um tiro, o solo ter sido perfurado a ponto de jorrar muito, mas muito, petróleo. Bilionário, o pai resolve se mudar com a família para Beverly Hills arrumar uma mãe para a filha. Para ajudar a proteger o patrimônio dos Clampetts, o atrapalhado e, por assim dizer, primitivo, primo Jethro, também vai para a cidade. É considerado o membro mais inteligente da família, atrás apenas de seu chimpanzé de estimação, Spanky. Miss Hathaway, é uma quarentona que trabalha para o banco onde está a fortuna. Adora dar em cima de Jethro e é a encarregada

de arrumar uma nova esposa para Jed. Depois de anunciar que o ricaço estava à procura de um amor, milhares de mulheres formam fila para se candidatar. O que ninguém esperava (exceto nós que estávamos assistindo ao filme) é que um dos funcionários do banco, Woody Tyler, e sua namorada, Laura, armariam um plano para dar um golpe do baú no caipirão. Fingindo ser francesa, Laura passa a dar aulas de etiqueta a Elly, aproveitando todas as oportunidades para seduzir Jed. Durante o aniversário de seu chefe, ela é pedida em casamento. No dia do casório, todos os parentes possíveis e impossíveis são convidados (acreditem: o primo Bill – Clinton – não foi porque perdeu o seu convite), com direito a música country e muita dança no avião. Enquanto isso, a Vó prepara seu tônico revitalizante, que lhe dá superforça. Mas, depois de ver Laura e Tyler se beijando, é levada por eles a um asilo, onde recebe até tratamento de choque. Preocupada com o sumiço da velhinha, a fiel escudeira, Miss Hathaway, é encaminhada pela polícia ao detetive Barnaby Jones, interpretado pelo ator e dançarino Buddy Ebsen (famoso fazer Jed na versão do seriado Família Buscapé na década de 1960). O detetive desvenda na hora (não é força de expressão, é forçosamente na lata mesmo) a falcatrua da dupla e fala o paradeiro da sequestrada. Depois do resgate, Miss Hathaway e a Vó chegam ao casamento e conseguem interrompê-lo bem a tempo de dar uma lição nos vilões. Laura é derrubada em cima do bolo e Tyler é envolvido pela “delicada” Jethrine, irmã gêmea de Jethro. No final, todos festejam e dançam country, exceto os bandidos, que são presos. Repleto de clichês e absurdos, esse filme é o legítimo representante caipira dos filmes trash.

A Família Buscapé (EUA, 1993) Título original: The Beverly Hillbillies Direção: Penelope Spheeries Elenco: Jim Varney, Erika Eleniak, Cloris Leachman Gênero: Comédia


cinetecetera

Uma

típica família (amarela)

Marina Jankauskas

Q

uando se fala em família, não tem como não pensar nos famosos e amarelos Simpsons. Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie, criados em 1989 por Matt Groening, ainda são o sitcom de maior sucesso no mundo. O desenho representa uma “típica família americana”, que vive na cidade de Springfield. Na verdade, é uma crítica aos padrões e cultura norte-americanos e aos aspectos da condição humana em geral. Os personagens são atores de uma série de críticas ao mundo contemporâneo. Questões como meio-ambiente, educação, política e cultura são abordados com um viés satírico, que rende muitas polêmicas. Em 2002, por exemplo, a série satirizou o Brasil, mostrando o Rio de Janeiro com macacos e ratos nas ruas e com uma população sexualmente agressiva. A Embratur protestou e ameaçou processar os produtores da série. Os produtores fazem piadas sobre si mesmos e sobre a indústria

do entretenimento e os escritores frequentemente evidenciam uma valorização de ideais liberais, mas o show faz piadas em todo o espectro político. A amostra retrata o governo e as grandes corporações como entidades insensíveis que se aproveitam do trabalhador comum. Em Os Simpsons, os políticos são corrupto; ministros, como o Reverendo Lovejoy são indiferentes aos fiéis; e a força policial local é incompetente. Religião também figura como um tema recorrente. Em tempos de crise, a família, muitas vezes, se volta para Deus, e o show tem lidado com a maioria das grandes religiões. Quer as pessoas amem ou odeiem a série, é inegável que ela ainda é um sucesso no mundo todo. Em 2007, foi lançado o filme dos Simpsons, que arrecadou mais de meio bilhão de dólares em todo o mundo. Nesse ano a série chegou a sua 22ª temporada e não tem previsão para acabar. A família mais famosa e amarela da TV vai continuar, por muito tempo, sentada no seu sofá (de diferentes e cômicos modos, como visto ao lado), fazendo as pessoas rirem e incomodando muita gente.


cinetecetera

Curiosidades sobre os Simpsons Afinal, onde fica Springfield? Ninguém sabe ao certo. Essa confusão é proposital: o cartunista Matt Groening batizou a cidade de Springfield porque esse é um dos nomes mais comuns em cidades dos Estados Unidos – ao todo, há 121 Springfields no país. Qual a verdadeira idade do Sr. Burns? Nas temporadas antigas, ele tinha 81 anos. Nas mais recentes ele tem 104. Quanto custa Maggie na abertura do programa? Na hora que a Maggie passa, a registradora marca 847,63 dólares. Quantos empregos Homer já teve? Segundo o site Portal Simpsons, ele já teve 46 profissões. Quantos personagens já morreram? Contando participações especias e animais de estimação nada menos que 31 personagens. A morte mais espetacular foi a de Maude Flanders, que despencou da arquibancada de um estádio na 11ª temporada. Ela morreu porque a atriz Maggie Roswell, que fazia a voz da personagem, queria mais dinheiro para continuar a dublagem. Maggie foi para o olho da rua.



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.