Cinéfilos - 4ª edição

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4ª edição - Nov/2010 Revista digital de cinema da Jornalismo Júnior

Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

A

a m i n

s e çõ

ia r ó t is h a m u : r Pixa

rs e p s o d z A ve dários n secu

s n e g ona


editorial

Um mundo mais realçado Era inevitável dedicar uma edição da revista às animações. Esses filmes destacam-se na indústria cinematográfica, seja pelas produções coloridas e com técnicas avançadas, seja por aquelas que optam pela simplicidade. Animações têm algo que atrai nosso olhar, nossa atenção, pois temos a certeza de que realmente qualquer coisa pode acontecer. Muitas nos fazem rir, mas aqueles traços na telona também são capazes de nos emocionar. Já se foi aquele estereótipo de que animações são só desenhos e são feitas para crianças. Hoje em dia, adultos também fazem fila no cinema para assistir a essas produções. Elas também são reconhecidas por grandes premiações do cinema mundial, como o Oscar – que possui duas categorias que homenageiam os melhores longas e curtas de animação. Há festivais de cinema dedicadas a filmes de animação. Entre eles está o brasileiro Anima Mundi, que, em 2010, esteve em sua 18ª edição. Filmes feitos em stop-motion, com tecnologias digitais, com recortes... Seja como for a produção, animações são uma parte importante do mundo do cinema e são aclamadas pelo público.

Patrícia Chemin

Cinéfilos Revista Digital 4ª Edição Novembro/2010 Equipe

Editora: Patrícia Chemin Repórteres: Augusto Braz, Bruno Capelas, João Saran, Marina Jankauskas, Mayara Teixeira e Shayene Metri

Diagramação e edição de arte:

Ana Marques, André Cavalieri, Anna Carolina Papp, Lucas Rodrigues, Meire Kusumoto, Mayara Teixeira e equipe do Cinéfilos O Cinéfilos é um projeto da Jornalismo Júnior | Empresa Júnior de Jornalismo ECA/USP Presidente: Yasmin Abdalla Vice-presidente: Rafael Ciscati


Índice

pag.

Fazendo história

4

Deu fome

6

Cá entre nós

8

Letras na tela

10

Personagem

13

Principal

15

Vale a pena ver

21

TOP 10

23

Cine trash

27

Cinetecétera

30


W-

fazendo historia

O CURIOSO CASO DE MAFALDA IRANIANA Persépolis, filme adaptado do HQ autobiográfico de Marjane Satrapi, é a visão infantil, mas também contestadora, do conturbado Irã do final do século XX. É uma tentativa bem sucedida de ser uma história sutil sobre uma experiência dura. Em preto e branco e com traços simples (fugindo do padrão Pixar/ Disney), a animação conta a vida

de Marji: suas dúvidas e trapalhadas de mundo. Revoltada, discutia com Deus os problemas que enxergava no seu país, sua cidade, sua casa. Autêntica, saía, enquanto qualquer vestígio de “cultura ocidental” era massivamente censurado, para comprar CDs clandestinos de Iron Maiden e ABBA vestindo uma jaqueta “Punk is not dead”.

sob a burca Em 1979, a protagonista fazia seus 10 anos e o Irã via uma revolução acontecer. A Revolução Islâmica começou como um movimento a favor da democracia e contra a então monarquia do Xá Reza Pahlevi, alinhada ao Ocidente (leia-se, os Estados Unidos). A família de Marji, assim como muitos iranianos, viu na revolução uma esperança para o país, para o fim das repressões, do autoritarismo. O movimento, contudo, terminou com a criação do primeiro Estado Islâmico do mundo, que ainda perdura. A subida dos aiatolás ao poder

não melhorou as condições político-sociais do Irã. Contrariando as expectativas de muitos revolucionários, o novo governo, do aiatolá Khomeini aumentou a repressão e a censura, implantou leis baseadas no Alcorão e iniciou um período de exagerado fundamentalismo religioso no país. Enquanto o rebuliço só aumentava no Irã, Marjane Satrapi crescia sob a burca, que se tornou obrigatória, freqüentando festas clandestinas dos seus pais e escutando muito punk rock contrabandeado.


fazendo historia POR SHAYENE METRI

MARJANE SATRAPI sangue negro O afastamento político entre Irã e EUA colaborou para o início da Guerra Irã-Iraque. Com a duração de oito anos (1980/1988), o conflito militar era motivado por disputa de territórios, ligados, claro, à exportação de petróleo. Assim como todos os outros conflitos da Guerra Fria, a Guerra IrãIraque se manteve por um jogo

de interesses que ia muito além da briga territorial dos dois países diretamente envolvidos. O Iraque foi apoiado pelos Estados Unidos e por outras nações aliadas ao capitalismo norteamericano, cujas elites não viam com bons olhos a expansão do fundamentalismo islâmico, representado pelo Irã.

o exilio Em meio a tanta confusão a família Satrapi resolve “exilar” Marji na Áustria, com medo de que o comportamento revoltado acabe lhe rendendo mais que leves represálias do governo. Lá, Marji passa por uma adolescência perdida, repleta de desilusões amorosas e filosofia niilista. O espectador percebe uma Marjane que se perde ao tentar entender os confusos conceitos ocidentais. Depois de muitas tentativas e fracassos, Marji se reestabelece: “Sou iraniana. E tenho orgulho de ser”, em uma das cenas mais dramáticas do filme.

Mesmo com tantas dificuldades, Marjane resolve voltar para seu país. Aos poucos, deixa de lado o sentimento de “não fazer parte de nada” e consegue se restabelecer ao lado de sua família e amigos. Assistir a “Persépolis” é um combo: você pode rir, chorar e ainda aprender. Aprender, um pouco sobre uma história que é tão estereotipada. Rir do humor sarcástico de Marji, que, desde criança, é capaz de discutir até com Deus. Chorar, ao perceber o amor dessa mulher por sua família, seu país, sua origem, mesmo diante de tantas adversidades.

Persépolis (EUA e França, 2007) Título original: Persepolis Direção: Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi Gênero: Animação | Biografia | Drama


deu fome

Marina Jankauskas

Em

uma cidadezinha chamada Swallon Falls, os habitantes são obrigados a comer sardinhas, para acabar com o estoque que sobrou na fábrica, depois que o mundo descobriu que “sardinhas são super nojentas”. Eles as comem fritas, cozidas, em sanduíches e de todas as formas. O que seria melhor para essa pequena ilha (situada abaixo do “A” de Atlântico no mapa) do que uma chuva de comidas gostosas?! É exatamente o que Flint Lockwood, o inventor esquisito da cidade, consegue fazer. Após algumas invenções desastrosas, como o carro voador que não voa, os híbridos de rato e pássaro e a televisão

que ataca seres humanos, ele finalmente cria a invenção aparentemente perfeita: uma máquina que transforma água em comida. A primeira chuva, totalmente inesperada, é de suculentos hambúrgueres. Mas não para por aí! Também chove um delicioso café da manhã, cachorro-quente, pizza, bife e até neva sorvete! A cidade vira um dos pontos turísticos mais cobiçados. Afinal, quem não quer presenciar uma chuva de comida? Mas a mais invejada é, com certeza, a mansão imensa de gelatina que Flint faz para impressionar Sam. Com piano, estátuas e até piscina, é o sonho de consumo de qualquer um que gosta de comer e se divertir. Toda essa comilança só tem um problema: quanto mais se pede, maior é a comida que a máquina produz. Logo, o que era para ser


deu fome

Receita de Hambúrguer

uma delícia pode não acabar muito bem. Isso porque não deve ser muito prazeroso ser esmagado por um milho gigante, entrar em um furacão de espaguete ou tomar chuva de chá quente! A comida não é, nem um pouco, inofensiva. Para quem gosta de animações bem feitas, histórias bem construídas e personagens engraçados, Tá Chovendo Hambúrguer é filme obrigatório. Mas já vou avisando: o filme dá fome! E, como não possuímos a máquina de Flint para fazer chover comida, temos que preparar nossa própria refeição. Por que não fazer um delicioso hambúrguer caseiro? A sobremesa do menu é simples e fácil de fazer: gelatina. Convenhamos que ainda não é aquela mansão construída com gelatina que todos queremos, mas é um começo, não?

Tá Chovendo Hambúrguer (EUA, 2009) Título original: Cloudy with a Chance of Meatballs Direção: Phil Lord, Chris Miller Gênero: Animação | Comédia

Ingredientes: 5 kg de coxão duro moído 1/2 cebola grande bem picada 2 colheres de salsinha picada 2 colheres de cebolinha 2 colheres de mostarda escura ou dijon 3 colheres de farinha 1 colher de sal ou a gosto Pimenta-do-reino moída na hora Modo de preparo: Peça para moer a carne 2 vezes com a gordura e tudo. Junte todos os ingredientes, exceto a farinha de trigo e misture bem. Cubra com papel filme e deixe descansar por 1 hora na geladeira. Após o descanso, polvilhe a farinha de trigo e misture novamente. Divida a mistura em 15 bolinhas e modele como hamburger polvilhando novamente a farinha. Grelhe em frigideira por aproximadamente 3 minutos de cada lado.

Receita de Gelatina

Ingredientes: 1 lata de leite condensado 1 lata de creme de leite 1 vidro de leite de coco 1 gelatina sem sabor 1 medida de leite, medir na lata de leite condensado Modo de preparo: Coloque o leite condensado, o creme de leite, o leite de coco e uma medida de leite no liquidificador. Dissolva a gelatina sem sabor em um copo médio de água quente. Depois que dissolver a gelatina misturar tudo no liquidificador e bater bem.


ca entre entre nos nos ca

Tem samba na animação Bruno Capelas

Quando

você pensa nas palavras “cinema de animação” e “Brasil” juntas, o que vem à sua cabeça? Os filmes da Disney dos anos 40, com o Zé Carioca e toda a Política de Boa Vizinhança do presidente Roosevelt? As animações risíveis protagonizadas pela Turma da Mônica – como “A Princesa e o Robô”, clássico trash dos anos 80 que envolvia a turminha, ficção científica de terceira linha e os horríveis sintetizadores que marcaram a década como trilha sonora? Alguma produção independente que um amigo de um amigo seu fez e pôs no YouTube? O festival Anima Mundi, que ano a ano é realizado nas capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo? Pois pode adicionar mais alguns filmes a esse seu pequeno inventário, caro leitor: a série “Era do Gelo” e “Robôs”. Você deve estar se

perguntando: “Mas essas animações não se passam no Brasil, não são feitas no Brasil, nem são faladas em português!”. Mas elas têm entre seus principais realizadores um de mãos, coração e mente verde-amarela: o carioca Carlos Saldanha. Nascido em 1965, o diretor da Blue Sky Studios – uma subsidiária do conglomerado de mídia 20th Century Fox – se mudou para os Estados Unidos nos anos 90, a fim de aprender um pouco mais sobre computação gráfica. “Naquela época, não havia esse tipo de curso por aqui. A animação brasileira estava ainda muito crua”, contou certa vez Saldanha à revista MONET. Ao longo dos últimos vinte anos, Saldanha, além de ter trabalhado como supervisor de animação em filmes como o clássico-Sessão-daTarde “Joe e as Baratas” e o cult “Clube da Luta”, é um dos responsáveis pelo desenvolvimento da animação computadorizada ao redor do mundo, tendo trabalhado como co-diretor em “Robôs” e no primeiro “Era do Gelo”. Em 2006, teve a experiência de dirigir pela primeira vez um filme sozinho: o segundo trabalho da série gelada do esquilo Scrat, do mamute Manny, do tigre Diego e do simpaticíssimo preguiça Sid. No ano


ca entre entre nos nos ca

passado, foi a vez da película que encerra a trilogia de aventuras passadas há milhares de anos. Pausa: o leitor deve estar pensando, novamente: “Ok, o cara é brasileiro. Mas essa é uma sessão sobre filmes brasileiros – ou pelo menos sobre o Brasil. E os filmes que o Carlos Saldanha fez são sobre criaturas pré-históricas ou robóticas, fora de qualquer realidade “tupiniquim”. Parece um dilema complicado de resolver? Pois o próprio Saldanha traz a solução: seu próximo filme, “Rio”, é justamente sobre a Cidade Maravilhosa. Melhor explicando: trata-se da história de uma arara americana de um zoológico de Minnesota (?) chamada Blu (com voz do ator Neil Patrick Harris) que acreditava ser a última de sua espécie. Quando descobre que no Brasil existe não só outro de sua espécie, mas sim uma fêmea, vem para cá – mais especialmente, para o Rio de Janeiro. “E aí essa arara vai descobrindo [ao longo do filme] essa brasilidade, através das músicas, das cores, dos cenários brasileiros”, disse o carioca ao programa Moviebox, do canal pago Telecine. O trailer do filme promete: tratase de uma tomada aérea da cidade do Rio de Janeiro, mostrando o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor,

a Baía de Guanabara, tudo isso ao som do clássico “Mas que Nada”, na versão de Sérgio Mendes. Aos olhos de muitos, claro que essa visão pode soar extremamente estereotipada, com os símbolos de “samba, mulher, praia e carnaval” sendo elevados à décima potência pelo efeito 3D. (Mas é difícil acreditar que com um brasileiro na direção a película investiria nessa idéia de, por assim dizer, manter-se preso aos mesmos clichês tão utilizados e reutilizados pelos estrangeiros). O desenho, que segundo o diretor, “será o mais musical de todos os já feitos pelos estúdios da Blue Sky”, estreará em abril do ano que vem nos cinemas americanos. (Ainda não se sabe a data para a première no Brasil). Enquanto isso não acontece, caro leitor, cabe a nós esperar e admirar um pouco mais dos trabalhos desse brasileiro ilustre, e agora, um pouco menos desconhecido.


w

letras na tela

O CORCUN DA DE NOTRE DAME Adaptação à inocência Augusto Braz


letras na tela

ão raro ouve-se alguém que gosta muito de um livro reclamar de sua adaptação para o cinema. O livro “O Corcunda de Notre-Dame” é um clássico, mas tão popular é a adaptação que a Walt Disney Pictures fez dessa obra para o cinema que a grande maioria das pessoas a tomam como versão original. O corcunda que vem à cabeça é quase sempre aquele da roupa verde e cabelo liso. A associação dessa história ao público infantil também é fruto da produção de 1996, pois o enredo criado por Victor Hugo certamente não é adequado para espectadores muito jovens. Foi necessário transformar quase tudo para encaixar a história do horrível sineiro nos padrões da Disney. As diferenças de enredo já começam no encontro entre Quasímodo e seu mestre, Cláudio Frollo. Originalmente, ele adota a criatura abandonada tomado de compaixão causada pela lembrança de seu irmão mais novo - que era um bebê quando ambos ficaram órfãos. Esse último personagem que também foi criado pelo mestre de Quasímodo - nem aparece na animação, embora seu nome seja frequente no livro. Jean torna-se um vagabundo, vive pedindo dinheiro ao irmão e é amigo de Febo - que, originalmente, não é um cavalheiro tão distinto quanto pode parecer àqueles que somente conhecem a história das telas. Nela, Frollo exerce claramente o papel de vilão desde o início, quando mata a mãe do corcunda e não atira seu bebê em um poço somente devido à intervenção de

um padre. O Quasímodo criado pela Disney é essencialmente bom. Não é tão gigantesco nem assustador como pode imaginar o leitor da obra de Victor Hugo, tampouco tem um único olho ou é surdo. Esse último atributo é crucial para o desenrolar da história da maneira como se dá na versão original. Enquanto o primeiro corcunda passeia pela arquitetura de Notre-Dame com enorme destreza e sonha em poder sair, conhecer o mundo e viver como uma pessoa normal, o outro é um verdadeiro selvagem que não hesita, por exemplo, em matar vários homens para proteger Esmeralda. A fidelidade é uma característica comum a ambos, principalmente quando se trata de Esmeralda, a quem os corcundas se tornam incondicionalmente fiéis. Com direção de Kirk Wise e Gary Trousdale (que também dirigiram juntos A Bela e a Fera), a animação tem menos complexidade de enredo que o livro. Há mais de um personagem que não aparece e muitas questões são substituídas. Não é retratada, por exemplo, a busca de Esmeralda pela mãe e o encontro das duas, que acontece em meio à enxurrada de tragédias que constitui o final da história. Com musicalidade marcante, a animação nos relata um final feliz que não é próprio do texto, mas que não poderia faltar a um desenho da Disney. Outra característica exclusiva à animação é a existência de gárgulas que criam vida na presença de Quasímodo e são suas amigas - Victor, Hugo e Laverne. Tais personagens também atribuem a diversas cenas um caráter cômico e incentivam Quasímodo, colabo-

O Corcunda de Notre Dame (EUA, 1996) Título original: The Hunchback of Notre Dame Direção: Gary Trousdale, Kirk Wise Gênero: Animação | Drama


letras na tela rando para sua ilusão de romance com Esmeralda. Somente uma animação poderia usar como ferramenta de humor uma gárgula sendo perseguida por pombas que insistem em pousar nela o tempo inteiro, furiosa com a formação de um ninho de pássaros dentro de sua boca enquanto dormia, vestida de Esmeralda, fumando uma linguiça, presa pelos chifres em uma viga, jogando cartas com um pombo ou comparando a forma do corcunda à de um croissant. No enredo original, Quasímodo não tem amigos. Não há a quem recorrer, nem tampouco alguém que nutra qualquer sentimento de afeto por ele. Ele torna-se um selvagem devido aos anos de reclusão e à maneira como o tratam seu mestre e os outros seres humanos nas vezes em que sai à rua. O romance entre Esmeralda e Febo se dá apenas no filme, no qual é uma questão de importância central. O desfecho - já conhecido por todos - conta com um casal apaixonado e contente e um corcunda conformado, que percebe o lugar que lhe é devido - de amigo de Esmeralda. Para adequar a história do sineiro de Notre-Dame ao estilo de animação da Disney, muitas modificações foram realizadas. A partir de um certo ponto, tudo passa a ocorrer de maneira totalmente distinta à esperada por alguém que conheça o enredo original. Afinal, não poderiam faltar uma mensagem enriquecedora e um final feliz.


personagem

Um ogro verde e nojento para chamar de seu Bruno Capelas

Estamos

em junho de 2001 e os estúdios Disney acabam de passar pelos anos 90 - uma de suas melhores fases - com filmes como “A Bela e a Fera” e “O Rei Leão” - sem falar no estrondoso sucesso de sua parceira 3D, a Pixar. Eis que então surge um ogro verde e repugnante, disposto a acabar com esse monopólio - e ainda por cima, preparado para satirizar todos os contos de fada que fizeram a história da companhia do simpático camundongo... sim, falamos aqui de um dos grandes personagens dos anos 2000: Shrek! Na época, soava improvável que uma figura tão asquerosa quanto Shrek pudesse agradar a tantos gostos, idades e culturas ao redor do mundo: afinal, trata-se de uma criatura arrogante, intolerante, anti-social e de humor no mínimo duvidoso - capaz de fazer piadas infames sobre arrotos, flatulências e o suposto diminuto órgão sexual de um rival. A Dreamworks, responsável pela série e liderada por Steven Spiel-

berg (você-sabe-quem), Jeffrey Katzenberg (ex-diretor da Disney) e David Geffen (produtor musical), foi ajudada por vários aspectos na empreitada de tornar popular seu herói. As boas dublagens são um deles: só para ficar em um exemplo, a voz de Shrek é feita no original por Mike Myers, e em solo tupiniquim, pelo saudoso Bussunda. A boa trilha sonora também colaborou bastante: nos quatro filmes, é possível ouvir belas canções, indo de Leonard Cohen a Led Zeppelin, passando por David Bowie e Paul McCartney. Não se pode esquecer também da ampla gama de referências citadas com muito, mas muito humor: os programas de “Namoro na TV”, as cenas de luta de “Matrix”, os filmes de high school. Isso tudo sem falar na subversão de mil contos de fada e congêneres - ou você algum dia pensou que Pinóquio poderia soar como um garoto pervertido? Mas os argumentos acima – interessantíssimos para os mais crescidos – não são atraentes para as crianças. É bem mais provável que


personagem

os pequenos gostem do ogro verde por ele ser atrapalhado, verde, por provocar risos com feições que deveriam assustar, falar muita besteira, e ser um tanto quanto próximo daquele ideal de que “criança gosta de coisa mal feita” - não no sentido de imperfeição, claro. O universo colorido dos filmes e o bom humor dos coadjuvantes – entre os quais o maior destaque é o Burro, dublado por Eddie Murphy no original - também ajudam a balançar o coração da meninada. A evolução do personagem Uma leitura um pouco mais profunda pode, porém, ser feita a partir da trajetória de Shrek durante os quatro longas. Apesar de perverter os símbolos à sua volta, o ogro é um herói bem convencional. Os filmes sempre começam bem, mas sempre um problema perturba o “mundo comum” do protagonista. Assim, Shrek sai dele em busca do retorno do status quo, conquista aliados e inimigos em seu caminho, e passa por uma série de provações. No fim, Shrek recebe seu espólio por tanta aventura – seja ele um pântano nojento, uma princesa verde ou uma vida familiar feliz. Outra idéia

Shrek

Um adolescente revoltado que precisa apren-

der a lidar com o mundo à sua volta e as amizades.

é verificar que nos quatro filmes da saga, Shrek tem a trajetória de uma pessoa dos 15 aos 45 anos (infográfico abaixo). Criança ou quarentão, ogro ou humano, o monstro de humor por vezes irônico, que no início era uma cartada de risco da Dreamworks, acabou por se tornar um grandioso sucesso de crítica e de público. É possível dizer que ele é multifacetado, com características que podem ser escolhidas à la carte: cada um pode ter sua parte de Shrek, um ogro verde e nojento, mas muito carismático, pra chamar de seu.

Shrek Terceiro Shrek Shrek 2 Um cara recém-casa- Para sempre do que se depara com Um senhor na crise

Um jovem com dificuldades ao encarar um emprego – o de príncipe – e um relacionamento amoroso complexo.

a paternidade e a relutância com alguns compromissos.

da meia-idade que, por meio de uma transformação mágica, percebe que fez as escolhas certas na vida.


principal


principal

N

o vigésimo segundo dia do mês de

Começou com George Lucas, o pai

novembro de 1995, um pequeno

de Star Wars, figura onipresente na

estúdio da Califórnia, pioneiro em uma

Hollywood dos anos oitenta. O projeto

técnica de animação por computação

não era o de um estúdio: como divisão da

gráfica, exibia Toy Story, seu primeiro

Lucasfilm, a recém-criada GraphicGroup

longa-metragem, um marco no cinema

deveria trabalhar no desenvolvimento de

de

bilheteria

softwares de computação gráfica. A pe-

daquele ano nos Estados Unidos. Quinze

quena divisão chamou a atenção de Steve

anos e dez longas metragens depois,

Jobs, fundador da Apple que, em 1986,

a Pixar tornou-se o mais conhecido e

adquiriu-a por dez milhões de dólares.

rentável estúdio de animação do mundo,

A companhia foi rebatizada de Pi-

queridinho da crítica norte-americana

xar, fusão dos termos “pixel” e “art”,

e

Disney.

e passou a ocupar-se do desenvolvi-

Dizendo assim, tal trajetória ascenden-

mento de Hardware: o Pixar Image

te parece mais uma daquelas histórias

Computer. Para exibir o potencial da

de sucesso instantâneo de um grupo de

máquina, alguns funcionários da em-

nerds que habitavam o Vale do Silício. Na

presa começaram a produzir curtas

prática, tudo foi bem mais complicado.

de animação com a nova tecnologia.

animação

carro-chefe

e

a

do

maior

império


principal Os primórdios O primeiro curta é da época em que a Pixar ainda era parte da Lucasfilm. Batizado de “The Adventures of Andre and Wally B.”, possuía um argumento ingênuo e não teve nenhuma rentabilidade financeira direta, mas trazia uma fluidez nunca antes vista no movimento das personagens criados com computação gráfica. “Luxo Jr.”, a produção seguinte, mostrou que bons personagens podem estar encarnados em quaisquer objetos. A insólita idéia de duas luminárias, uma mãe (ou pai) e seu filho (ou filha), brincando com uma bola colorida de plástico mostrou o potencial criativo da equipe. A luminária foi adotada como logotipo da empresa desde então. Seguiram-se o soturno “Red’s Dream” e o divertido “Tini Toy” que, além de abocanhar o Oscar de Melhor Curta de Animação, sendo a primeira produção em computação gráfica a conseguir tal façanha, introduziu a idéia de brinquedos com vida, que seria fundamental ao futuro “Toy Story”. O último curta desta fase inicial da empresa foi “Knick Knack”.


principal

T

razendo

vida a

objetos

Toy Story:

aparentemente inocentes,

o primeiro

o estúdio preenchia seus pixels

longa

com alma e essência. Mesmo

animado

não sendo rentável, a empresa

Havia o frisson de uma nova tecnologia mas também havia

havia descoberto novas possi-

uma boa história a ser contada. A ligação de uma crian-

bilidades e amadurecido suas

ça com seus brinquedos, perpassando por temas como a

tecnologias e, em 1991, assi-

inveja e o companheirismo, embalados pela canção-te-

na um contrato de R$ 26 mi-

ma “You’ve got a friend in me”, compunham os elemen-

lhões com a Disney, que se

tos de um filme que marcou a infância de muita gente.

compromete a distribuir seus

Toy Story também parecia conter, no ponto central de

três primeiros longas animados.

seu roteiro, uma ironia tão espirituosa quanto genial: o cowboy Woody, brinquedo de corda que tem medo de se tornar obsoleto e perder espaço no coração do seu dono, funciona como alegoria exemplar do papel da nova tecnologia. Era comum se dizer que a computação gráfica destruiria a poesia da animação em duas dimensões. Mas Woody não é abandonado ao fim do longa e a mensagem da Pixar é clara: as inovações não substituem boas idéias. Foi a primeira animação que buscava explicitamente agradar tanto crianças como adultos: não forçava piadas ofensivas aos pequenos, não se infantilizava na forma e nos diálogos. A essência universal bastava. A receita deu certo e o longa foi indicado a três Oscars.


principal Conquistando Anton Ego

S

eguiram-se dez longas que, em seus piores momentos, são bem melhores que a média das produções do gê-

nero. A aprovação da crítica quase sempre foi unânime e as bilheterias não desagradaram. Com cinco Oscars de Melhor Animação e uma espécie de “padrão Pixar de qualidade” já consolidado, o desafio permanente da empresa é se reinventar a cada projeto. O estúdio parece ter entendido que, apesar da condição visual irretocável de suas obras, belas imagens não garantem, por si só, o sucesso. Também há a busca por criar histórias realmente boas, animações atraentes tanto para crianças como para adultos. E, por fim, há a prerrogativa de nunca acomodar-se em fórmulas fáceis e batidas. Ousar sempre parece o lema da companhia. Isso explica filmes como Wall-E, no qual não há diálogos nos primeiros vinte minutos, ou Up, cujo protagonista é um velho melancólico e ranzinza. Dizia-se que crianças não agüentariam vinte minutos sem a verborragia que caracteriza as animações ou que jamais se identificariam com um protagonista idoso. O sucesso de público de ambas as produções provou o contrário.


principal Ao infinito e além

E

m janeiro de 2006, a Disney comprou a Pixar por R$ 7,4 bilhões. Basta lembrar que

O fato é que a Pixar já deixou

um

legado.

Para

Steve Jobs havia feito transação semelhante

uma geração que cresceu

por R$ 10 milhões, sendo computada aqui

abarrotada

uma valorização de setenta mil por cento.

brincando com jogos eletrônicos,

Como planos futuros, o estúdio parece

obcecada

por

pela

imagens,

interatividade

e

continuar administrando novas franquias

acometida por uma adolescência

aliadas

precoce,

a

continuações

de

filmes

o

trabalho

do

estúdio

consagrados, com o projeto de ampliar a

parece mostrar que as crianças ainda podem

quantidade de animações lançadas por ano.

escolher

Atualmente, a média é de uma produção a

dão

uma

continuarem

crianças,

oportunidade

quando

honesta

para

lhes isso.

cada doze meses. Toda manobra é feita com

E aos que hoje são adultos, resta a aceitação do

cautela, pois a Pixar não parece estar disposta

quão tortuoso é este processo que se chama de

a jogar fora toda credibilidade que conquistou

crescimento. O temor de que Woody seja deixado

ao longo de sua trajetória. A próxima

de lado estará sempre presente. Ao menos nos

aposta a ganhar a tela grande é a seqüência

delírios plásticos da Pixar, crianças continuarão a

do filme “Carros”, prevista para 2011.

achar graça em brinquedos de corda. Por isso, as lágrimas ao fim de Toy Story 3 não são banais. Há um quê de luto e nostalgia que acomete as coisas ultrapassadas. Sim, para a geração da internet saber como chegou aqui, talvez seja necessário voltar ao brinquedo de corda. Para o bem de todos, tomara que a Pixar continue essa tarefa.


vale a pena ver

A

distância e a idade

Amizade

verdadeira entre um adulto e uma criança é algo difícil de se imaginar. O primeiro já tem pensamentos e manias enraizados e o outro, tendo vivido pouco, está aberto a descobrir o novo e incorporá-lo. Há tantos assuntos que não podem ser discutidos, tantas barreiras que dificultam a criação de intimidade e tantas vontades distintas. Por isso é raro ver um adulto conversar com uma criança de igual para igual, sem o ar de superioridade característico de quem viveu mais e, portanto, “sabe mais”. Entretanto, muito pode existir de comum entre duas pessoas das mais díspares fases da vida. A relação entre as personagens do filme “Mary e Max” é prova de que não há barreiras que não possam ser transpostas pela amizade. Mary Daisy Dinkle é uma criança solitária. Seus únicos amigos


vale a pena ver

Mary e Max (Austrália, 2009) Título original: Mary and Max Direção: Adam Elliot Gênero: Animação, Drama

são bonecos dos personagens de seu desenho favorito – Os Noblets –, que ela mesma fez. Ela vive na Austrália e aprendeu que, em seu país, os bebês são encontrados em copos de cerveja. Do outro lado do mundo, em um apartamento na cidade de Nova York, vive Max Jerry Horowitz, um homem obeso e ateu de 44 anos que tem somente um amigo imaginário: o Sr. Ravioli. Perguntando-se de onde vem os bebês nos Estados Unidos, Mary decide mandar uma carta para um desconhecido que encontra em uma lista de endereços – o Sr. M. Horowitz. A partir daí os dois passam a trocar correspondências e tornam-se amigos. Em suas cartas eles compartilham suas histórias, os detalhes de suas vidas e, principalmente, suas dúvidas. Muito há em comum entre Mary e Max: a inocência, a curiosidade, a tristeza, a solidão... Ambos não sabem o que é amor, nem têm pessoas com quem realmente possam conversar. Mary cresce, Max envelhece. Na faculdade, ela decide estudar distúrbios da mente, para conhecer melhor seu amigo – portador da Síndrome de Asperger – e, mais tarde, escreve uma tese sobre sua doença, usando-o

como caso de estudo. Max fica furioso com Mary – jamais aceitara possuir um distúrbio mental . Ao descobrir a reação do amigo, ela, que estava pronta para finalmente ir a Nova York conhecê-lo, entra em uma profunda depressão e começa a beber. Ela perdera o pai ausente, a mãe alcoólatra e agora o único amigo. Mas essa amizade ainda tem muito mais história. Além do enredo paradoxalmente simples e profundo, há diversos outros motivos para ver “Mary e Max”. O filme surpreende por fazer pensar. Embora seja uma animação, é claramente voltado para o público adulto. Cenas fortes são responsáveis pela classificação indicativa para maiores de 12 anos. Entretanto, a delicadeza da trilha sonora, da narração e das formas mantém o filme no plano infantil, tradicional a esse gênero. Mesmo com todas as dificuldades inerentes a qualquer relação entre pessoas com tamanhas distâncias física e de idade, a simplicidade e a ingenuidade dessas duas personagens permite a criação de um laço afetivo incrivelmente forte, que encanta os espectadores e faz pensar na infinidade da verdadeira amizade.


TOP 10

Os melhores

personagens...

SECUNDÁRIOS?! Mayara Teixeira

Está certo, todo mundo torce pelo personagem principal, queremos que ele fique com a mocinha e alcance logo seu “felizes para sempre”. Mas, alguns personagens definitivamente roubam a cena e apesar de secundários, quando na tela, ficam com toda nossa atenção. Aí estão eles:


Top io

10

Sr. Cabeça de Batata (Toy Story) Ele é rabugento e sarcástico, tenta ser engraçado, mas nem sempre consegue. Sua mulher, surpreendentemente, é chamada de Sra. Cabeça de Batata. Ele é o único brinquedo capaz de manter controle sobre suas partes, mesmo que estejam a vários centímetros de distância de seu corpo principal. Já acusou Woody de ser um ciumento “brinquedo-assassino”, provocou um motim com os outros brinquedos, salvou três bonecos alienígenas de voarem pela janela e os adotou como filhos, e teve suas peças quase engolidas e aspiradas por uma criança. Ugh!

8

Tom Mate (Carros)

Ele é caipira e um verdadeiro palhaço. Adora derrubar as caixas de correio e os tratores dos outros, vive dizendo coisas inaquedas na hora errada, e é muito medroso. Mate é aquele menino, quer dizer, aquele carro com um coração gigante e que é amigo de todos. Apesar de um pouco enferrujado, ele é o corredor de ré mais rápido no município de Carburetor. Mate vê o lado bom de qualquer situação. Ele é o coração e a alma de Radiator Springs.

9

Timão e Pumba (O Rei Leão) Problemas? Você deve esquecer, porque isso é viver, é aprender, é Hakuna Matata! Timão é um suricata egoísta que foi expulso de sua colônia. Sim, suricata, um mamífero típico do deserto do Kalahari. Pumba é uma espécie de javali que não tem muitos amigos, só por causa do seu “cheiro natural”. Para esquecer o passado, os amigos inseparáveis inventaram a filosofia Hakuna Matata e vivem sós na floresta, sem preocupações. Ah, é claro, sempre estão atrás dos deliciosos insetos que se escondem nos troncos das árvores. Está aí uma sugestão para o próximo Deu Fome.

7 Pinguins

(Madagascar)

Eles ficaram tão famosos que depois do filme Madagascar ganharam uma série só para eles! Capitão, Kowalski, Rico e Recruta são a tropa de elite do zoológico do Central Park. Quando não estão entretendo os humanos, os irmãos pinguins partem para missões perigosas. O Capitão é o líder do grupo: cria táticas e dá ordens. Calmo e calculista é o Capitão Nascimento do Pólo Norte. Kowalski é o estrategista. Recruta é o mais sensível e, apesar de ser o menos experiente, é o mais realista. Já Rico é o especialista em armas e explosivos e se comunica principalmente através de grunhidos e guinchos.


6

Dug

Top io

(Up! Altas Aventuras)

Como diria Russel, “ele é um cachorro que fala!”. O que mais poderíamos querer? Dug é o cão ideal, extremamente carinhoso e talvez um pouco ingênuo. Seu maior desejo é agradar seu novo Mestre, embora o senhor Fredricksen não se considere seu Mestre coisa nenhuma. As únicas coisas que não gosta são esquilos e o “cone da vergonha”, e fica muito triste quando chamado de “cachorro mau”. Apesar disso, com certeza o cãozinho fofo das frases “eu nem te conheço, mas já te adoro” e “eu estava escondido embaixo da sua varanda porque eu te amo” é uma peça fundamental para a animação Up! Altas Aventuras.

4

Mushu (Mulan)

Ele já foi um poderoso espírito guardião da família de Mulan, mas foi rebaixado para a humilhante posição de queimador de incenso. Mushu é enviado para despertar a grande Pedra do Dragão, que ajudará Mulan a voltar para casa. Mas, acidentalmente, destrói o dragão e, então, ele mesmo parte para ajudar a guerreira na luta contra os hunos. Ele até pode ser pequeno, mas tem tanta personalidade e bravura quanto os grandes dragões. Porém, infelizmente, quando se é do tamanho de uma lagartixa é difícil conseguir respeito. O que ele mais quer é voltar a ser um guardião, e enquanto não consegue, está feliz em ajudar Mulan. Mushu prova que pequenos dragões podem ter grandes corações. Ele não fala, mas deve estar com muita fome. O simpático esquilo pré-histórico está sempre correndo atrás de uma noz que não consegue alcançar. Por ela, já mergulhou na água, voou em bolhas de ar, subiu em árvores, provocou uma imensa rachadura numa geleira... e até chegou a disputá-la com uma charmosa esquila. Ele não tem relação direta com os principais personagens do filme, mas é parte essencial: quando menos esperamos, ele surge com aqueles olhos imensos, esfomeado, atrás de uma simples noz, uma das únicas que sobreviveram à Era Glacial.

5

Baloo

(Mogli - O Menino Lobo) “Eu digo o necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais”. O urso Baloo de Mogli é um malandro. Ele ensina ao meninolobo a arte da vida mansa, na base da “sombra e água fresca”, cantando a alegre “Somente o Necessário”. Ele é o extremo oposto da seriedade da pantera Baghera. Quando Mogli é seqüestrado pelos macacos, esse grande vadio – no bom sentido – mostra seu valor e sua afeição pelo garoto ao vestir-se de macaca para resgatá-lo, em uma seqüência hilariante. O “Papai Urso” é a companhia ideal para qualquer aventura.

3

Scrat (A Era do Gelo)


2

Top io

Dory (Procurando Nemo)

“Dory? Que nome legal!” Essa peixinha com perda de memória recente é, sem dúvida, a personagem mais popular de Procurando Nemo. Ela se dá bem com tubarões e cardumes, fala baleiês, sabe ler e está sem comer peixe desde... sempre! Dory encontra por acaso o peixe-palhaço Marlin e ajudao a procurar seu filho capturado, Nemo. Ela é falante, adora cantar, e seu único problema é lembrar-se de sua missão. Dory é aquela típica amiga descabeçada que só não perde a barbatana porque ela está grudada no corpo.

1

Burro

(Shrek)

“Por que você não fica quieto Burro?!” Realmente, isso é algo que ele não consegue fazer, além de ficar sem cantar. O Burro é aquele amigo que sempre está feliz da vida, mas de tão feliz acaba nos deixando de mal humor. Com personalidade típica de tio de acampamento, numa viagem não pára quieto, mas é a diversão garantida! Durante muito tempo, sofreu com uma vida de abusos. Era constantemente ridicularizado pelas pessoas, até que Shrek o defendeu de um grupo de guardas armados. Imensamente grato, Burro acredita ter encontrado um amigo verdadeiro e passou a segui-lo entusiasmado. E essa será uma longa amizade, juntos passarão por diversas situações. Burro encontra seu amor (uma dragão fêmea), troca de corpo com um gato, transformase por pouco tempo em um cavalo branco, e acaba tendo cinco filhotes meio dragão e meio burro.


cine trash

Marina Jankauskas

1.

As continuações de desenhos de sucesso são sempre vistas com certa desconfiança, principalmente se forem lançadas direto em VHS/DVD. Isso porque, geralmente, são apenas uma tentativa dos grandes estúdios de lucrar “embarcando” no sucesso das primeiras animações. Algumas continuações, realmente, nos fazem pensar que deveria existir uma lei contra esse tipo de seqüência. O que dizer, então, de um filme que teve nada menos do que 13 versões? Em Busca do Vale Encantado é a história de uma turma de dinossauros com nomes estranhos - Littlefoot, Saura, Espora, Patassaura e Petrúcio - que vão à procura do Vale Encantado (quem diria!). Eles passam por diversos desafios e aventuras, cantam músicas e provam o verdadeiro valor da amizade. Até aí, tudo bem. Mas o por quê da Universal ter decidido fazer 12 continuações dessa história será sempre um grande mistério do mundo do cinema. A pergunta mais freqüente sobre os 13 Em Busca do Vale Encantado é: “eles nunca vão encontrar a porcaria do Vale?”. Essa é justamente a questão: eles encontram o Vale Encantado no final do primeiro filme! O resto das continuações mostra problemas e catástrofes que acontecem no lugar e precisam ser solucionados, sempre pelos mesmos dinossauros. O que eles não percebem, porém, é que a maior catástrofe é a insistência nessas seqüências sem sentido.


cine trash 2. A Bela e a Fera: O Natal Encantado (1997)

Todos conhecem o final da história de A Bela e a Fera: a Fera, com o amor verdadeiro, vira um lindo príncipe. Esse fim praticamente inviabilizava a tentativa de uma seqüência do filme, já que não existia mais uma fera. Mas os estúdios Disney conseguiram! Fizeram uma história sobre um Natal de enquanto a Fera ainda era um monstro e a Bela morava no castelo. Além de forçar a barra, em uma clara tentativa de aproveitamento do sucesso do primeiro filme, o longa possui aquele ar de “o espírito natalino salva o mundo” que deveria ser banido do cinema.

4. Mulan 2: A Lenda Continua (2004)

Mulan foi, sem dúvida, um filme fenomenal. Com uma protagonista forte, personagens secundários engraçados e uma história muito boa, não tinha como não ser um sucesso. O problema foi, justamente, esse sucesso, pois fez surgir a tentativa de continuação do longa. A Disney lançou Mulan 2: uma história fraca e sem motivo de existir, já que a trama inicial (ela se vestir de homem para salvar o pai da guerra) já havia terminado.

3. Pocahontas 2: Uma Jornada Para o Novo Mundo (1998)

O primeiro filme já é bem polêmico: tem pessoas que o amam, enquanto outras o consideram uma das animações mais chatas da Disney. O que todos concordam, porém, é que o centro da trama é o amor entre Pocahontas e John Smith. Mesmo com a diferença cultural e a possível guerra entre seus povos, o casal fica junto, no melhor estilo Disney de “o amor supera tudo”. O que dizer, então, de uma continuação lançada em DVD na qual Pocahontas se separa de John Smith para ficar com outro? Simplesmente inverteu toda a lógica de “felizes para sempre” que esperamos! Agora, imagina se a moda pega? A Cinderela se separa do príncipe por que descobre que, na verdade, ele é um chato. A Branca de Neve decide fugir com um dos sete anões. A Bela tem uma crise porque prefere uma fera a um homem. A Bela Adormecida chega à conclusão que melhor mesmo era ficar dormindo. E por aí vai, para a decepção do público e seu coração partido.

5. O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes (2009)

“Errar é humano, persistir no erro é burrice.” O Grilo Feliz já foi aquele filme que deixou aquele “Por quê, meu Deus?” na cabeça de muita gente. Ninguém entendeu bem se aquilo era uma tentativa de desenho, uma produção muito tosca, uma piada de mau gosto ou uma mistura de tudo isso. Acho que nem as crianças sabem explicar. Agora, me responda, por que raios fazer uma continuação desse filme, e nos deixar com a mesma sensação?


cine trash 6. Cinderela 2: Os Sonhos se Realizam (2002) / Cinderela 3: Uma Volta no Tempo (2007)

Para quem não lembra, a história da Cinderela é sobre uma pobre menina, maltratada pela madrasta, que se apaixona pelo príncipe e, com a ajuda de sua Fada Madrinha, consegue conquistá-lo. Eles foram, então, felizes para sempre. FIM. Certo? Não! Pela versão da Disney, a história ganha não somente uma, mas duas seqüências. Em Cinderela 2, retrata-se a vida após o casamento, tendo que organizar banquetes, se enquadrar na sociedade e ajudar sua meia-irmã antes-malvada-agora-boazinha a conquistar o padeiro. Em Cinderela 3, a madrasta, não contente em já ter se ferrado no primeiro filme, rouba a varinha da Fada Madrinha e volta no tempo, para que Anastácia se case com o príncipe. De nada adianta , a Cinderela vence e fica com o príncipe e eles são “felizes para sempre”... de novo. Podia ter parado no primeiro, não?

9. Tarzan 2 (2005)

Muitas vezes, pior do que fazer a continuação de uma história é tentar contar o começo dela. É o que acontece com Tarzan 2, que conta um pouco da infância do Rei da Selva. O menino se sente expulso do bando e foge, encontrando consolo em uma amizade com um gorila velho. Seus velhos amigos vêm buscá-lo, mas ele não quer voltar. Até que percebe que possui responsabilidades e precisa se tornar um Tarzan para ajudar sua família. Qualquer semelhança com a história de Simba em O Rei Leão é mera coincidência.

7. Aladdin e os 40 Ladrões (1995)

Terceira continuação de Aladdin, depois de O Retorno de Jafar – bem tosco, por sinal – Aladdin e os 40 Ladrões faz uma mistura com o conto “Ali Baba e os 40 ladrões”. Só que o detalhe é que o chefe dos ladrões é nada menos que o pai do Aladdin, que abandonou a família quando o filho era pequeno. Pela qualidade do filme, deseja-se que o pai nunca tivesse voltado.

8. Lilo e Stitch 2: Stitch Deu Defeito (2005)

Só o título do filme já mostra que não podemos esperar muito dessa continuação. O extraterrestre volta ao seu estado destrutivo anterior por conta de um “defeito de fabricação” e ameaça estragar a competição de hula de Lilo. Triste, decide ir embora. Quando Lilo chega, ele está inclusive morto, devido a esse defeito, mas com o amor de Lilo e sua família, Stitch volta à vida e tudo acaba bem. Preciso dizer mais alguma coisa?

10. A Dama e o Vagabundo 2: As Aventuras de Banzé (2001)

Às vezes, a saída pra forçar uma continuação é apelar para os filhos dos protagonistas do primeiro filme. Rei Leão 2 e A Pequena Sereia 2, por exemplo, utilizaram esse recurso. Em A Dama e o Vagabundo 2, conta-se a história de Banzé, filho do casal de cachorrinhos, rebelde e desobediente como todo “filho de continuação”. Um tanto mal agradecido, o cachorrinho decide fugir para virar um cão de rua, até que percebe que sente falta da família e volta correndo para a vida boa que tinha.


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uma trilh

Shayene Metri

No caso das animações, a função da música se acentua. Afinal, é mais difícil, para qualquer cinéfilo, desde os mais chorões até os ditos insensíveis, envolver-se emocionalmente em um filme de desenhos. Por essas e outras que quando uma animação acerta na sua trilha sonora, ela costuma ser próxima do genial.

Além

de serem maravilhosas animações, o que Alladin, Pocahontas, A Bela e a Fera, O Rei Leão, A Pequena Sereia e Up- Altas Aventuras têm em comum? Todos ganharam o Oscar pela categoria “Melhor Trilha Sonora Original”. Para todo bom fã de cinema e, especialmente, de animações, a trilha sonora é elemento crucial de um filme. A música, quando usada nas telonas, colabora para expressar as emoções dos personagens e, principalmente, para intensificar as emoções dos espectadores. Quem nunca ficou arrepiado só de escutar Jaws Theme (do famoso terror Tubarão), de John Williams, por exemplo?

Os sons das animações Dentre as premiadas, a trilha de O Rei Leão deve receber atenção especial. Elaborada por músicos de peso, dentre eles o aclamado britânico Elton John e o compositor alemão Hans Zimmer, o álbum não só recebeu o Oscar em 1994, mas também está entre os mais vendidos do gênero. Dele, saíram sucessos como Can You Feel The Love Tonight (Esta Noite O Amor Chegou),cujo romantismo ainda faz a cabeça de muitos caisais, e Hakuna Matata, música aparentemente obrigatória em momentos de descontração. Up – Altas Aventuras também apresenta uma trilha sonora merecedora de comentários. Composta inteiramente por Michael Giacchino (músico já renomado


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a i r ó t s i h a u s a r a p ha Top 10: A Derrocada

por outros trabalhos, como as trilhas de Ratatouille e Os Incríveis), a trilha possui 26 lindas músicas, sendo todas instrumentais. Apesar de soar antiquado e, até mesmo, monótono (uma animação sem canções), a trilha não deixa a desejar. Muito pelo contrário, as músicas de Up reforçam a sutileza do filme, repleto de críticas maduras e momentos que fazem muitos adultos se emocionarem. Premiadas oficialmente ou não, as músicas das animações parecem estar sempre na boca do povo, seja pela beleza, pela inovação ou até mesmo por serem facilmente decoradas. Singulares, tornam-se recorrentes em ocasiões cotidianas, como é o caso da poética Beauty and Best (Sentimentos), de A Bela e a Fera, constantemente tocadas em casamentos. Outras vezes divertidas, são eternamente lembradas em rodas de amigos, como o hino dos sossegados Only The Necessaire (Somente O Necessário), de Mogli.

1. 2. 3. 4. 5. 6.

Hakuna Matata, O Rei Leão Route 66, Carros Sentimentos, A Bela e a Fera Amigo Estou Aqui, Toy Story Live and Let Die, Shrek 3 Essa Noite o Amor Chegou, O Rei Leão 7. Um Mundo Ideal, Aladdin 8. Livin La Vida Loca, Shrek 2 9. Aqui no Mar, A Pequena Sereia 10. Não Vou Desistir de Nenhum, Mulan



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