Revista CFMV 53

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isso proibiram sua exportação. Esse exemplo serve para ilustrar o potencial de impacto econômico da nanotecnologia. Quanto às implicações ambientais, é preciso ficar atento, pois alguns tipos de nanomateriais podem virar contaminantes. Por outro lado, inúmeras pesquisas já demonstraram que o uso de nanomateriais, em sistemas de despoluição de água, solo e ar são viáveis. A primeira revolução industrial não considerava as limitações dos recursos naturais nem seu melhor aproveitamento. A revolução industrial atual não pode ser desvinculada dos aspectos ambientais, sociais, culturais, trabalhistas, políticos e econômicos. 6. O que se tratava na Rede Nacional de pesquisa em nanobiotecnologia? Essa foi uma Rede de Pesquisa criada em 2001 e que durou até 2004, com foco de aplicação da nanotecnologia para a área biológica. Talvez tenha sido um dos gatilhos da nanotecnologia no Brasil, e a partir de seu fim, por afinidades, surgiram várias derivações, como a Rede de Nanotecnologia para o Agronegócio (Rede Agronano). Certamente, hoje, a Rede Agronano é uma iniciativa altamente organizada, e uma das mais importantes no binômio nanotecnologia/agropecuária. Posteriormente, em 2008, a Capes lançou o edital intitulado Rede Nanobiotec Brasil, para apoiar pesquisas científicas e, principalmente, a formação de recursos humanos na área. Nesse edital, foram criados 38 grupos de pesquisa no tema nanotecnologia. Além dessas redes, também existem redes de pesquisa mantidas por agências de fomento regionais como a Fapesp e a Fapemig. 7. Na área de nanotecnologia, em que patamar está o Brasil? A nanotecnologia, como um todo, no Brasil, se encontra atrás de países como Estados Unidos,

Japão, China, Alemanha e França. Contudo, quando o tema é agropecuária, iniciativas como a da Rede Agronano fazem com que o Brasil tenha destaque internacional, chegando ao ponto de chamar a atenção de entidades como a FAO. 8. Como a indústria brasileira está lidando com a nanotecnologia? Existem investimentos privados e incentivos governamentais para a área? Existem muitas iniciativas públicas e privadas, principalmente nas indústrias de química fina, têxtil e farmacêutica humana. Quanto aos incentivos governamentais, eles vêm crescendo ano a ano, podendo-se citar, por exemplo, que no edital Rede Nanobiotec Brasil foram aportados mais de R$ 70.000.000,00. 9. É plausível o uso de nanossistemas para veiculação de drogas e tratamento de inúmeras doenças? Como é essa situação na Medicina Veterinária? Em humanos, sistemas nanoestruturados já estão sendo utilizados para o diagnóstico e tratamento de várias enfermidades, principalmente o câncer. Em medicina veterinária, existem medicamentos nano-estruturados desenvolvidos pela Embrapa Gado de Leite /Ufop e que já estão em teste de fase clínica. 10. O seu grupo de pesquisas tem utilizado a nanotecnologia em projetos envolvendo a reprodução animal. Que resultados tem alcançado e quais as perspectivas? Nosso grupo está envolvido no desenvolvimento da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), no Brasil, desde 1990. No início, os tratamentos ainda não eram tão eficientes quanto nos dias atuais. Hoje, a IATF vem sendo utilizada de maneira

“Quanto às implicações ambientais, é preciso ficar atento, pois alguns tipos de nanomateriais podem virar contaminantes. Por outro lado, inúmeras pesquisas já demonstraram que o uso de nanomateriais, em sistemas de despoluição de água, solo e ar são viáveis”

Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVII - nº 53 - 2011

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