Revista CFMV 53

Page 36

suplemento científico INTRODUÇÃO A citologia foi introduzida na rotina veterinária brasileira, apresentando maior destaque a partir da década de 1990 (Guedes, 2000). O exame consiste no estudo morfológico de células livres ou isoladas de múltiplos tecidos, órgãos e fluidos e possui grande valor diagnóstico, pois as alterações das células naturalmente descamadas ou retiradas artificialmente, podem representar modificações estruturais e celulares do tecido subjacente (Bracarense & Reis, 1997; Raskin & Meyer, 2003). O emprego dessa técnica mostra-se eficiente para diagnóstico de desordens neoplásicas, hiperplásicas, inflamatórias e degenerativas, além de auxiliar na identificação de agentes infecciosos (Guedes, 2000 ; Rocha, 2008). O exame citológico é de grande importância dentre os métodos de diagnóstico de neoplasias em animais de companhia, pois é relativamente não invasivo, seguro, simples, de baixo custo, apresenta rapidez na determinação do resultado e pode ser realizado em diversas situações clínicas, tornando-se uma extensão do exame físico (Lever et al., 1985; Wellman, 1996). Os clínicos estão de frente com a responsabilidade de não apenas coletar uma amostra adequada e representativa, mas devem também preparar as lâminas que serão examinadas. Como as células a serem examinadas não são visíveis a olho nu durante a coleta da amostra e no preparo da lâmina, geralmente é difícil dizer se foi obtida uma amostra adequada no momento da coleta (Cowell et al., 2009). A coloração da lâmina ou a técnica de coloração da lâmina também contribui para o diagnóstico.

A coleta e o preparo de amostra citológica são habilidades alcançadas com experiência e refinamento da técnica. Muitos clínicos ficam compreensivelmente frustrados quando uma amostra enviada para a análise não é diagnóstica. Felizmente, com o entendimento de alguns princípios básicos de coleta de amostra e familiaridade com algumas das falhas mais comuns relacionadas à preparação de amostras citológicas, podem-se eliminar muitos resultados não diagnósticos (Meyer, 2001; Cowell et al., 2009). A aspiração citológica bem-sucedida depende de vários procedimentos inter-relacionados, como: obtenção de uma amostra representativa, aplicação adequada à lâmina, coloração apropriada e utilização de um microscópio de qualidade. A deficiência em um ou mais desses procedimentos influencia negativamente nas muitas informações diagnósticas (Raskin e Meyer, 2003). O objetivo deste trabalho foi detalhar as técnicas de coleta e os métodos de coloração das amostras citopatológicas, com a finalidade de obter maior sucesso no diagnóstico citológico.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados exames citológicos realizados pelo serviço de Patologia Animal do Hospital Veterinário de Uberaba, no período de 2006 a 2009, provenientes de cães e gatos atendidos pelo serviço de Clínicas e Cirurgia de Pequenos Animais do HVU. As informações foram classificadas quanto a sua origem em neoplasias cutâneas epiteliais, mesenquimais e arredondadas. Um grupo à parte foi clasTatiane Furtado de Carvalho sificado como “Outros”, incluindo neste os processos inflamatórios, não neoplásicos e diagnósticos inconclusivos. As amostras foram coletadas pelo método que mais se adaptava ao tecido lesado, utilizando a punção aspirativa com agulha fina (PAAF), raspados, “imprints” de lesões, esmagamento de tecidos, análise de lavados traqueobrônquicos e líquidos cavitários. O material então era corado utilizando “Qiff-quik”ou panótico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 1. Esfregaço de um tumor venéreo transmissível. As células do TVT são caracterizadas pela presença de vários vacúolos claros citoplasmáticos. Coloração Panótica. Aumento 100x.

36

Foram realizados 250 exames citológicos, e em 2006, 2007, 2008 e 2009 foram realizados respectivamente 50, 94, 71 e 35 exames citológicos. Em 2006 tiveram Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVII - nº 53 - 2011


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.