A PRAÇA DO JOGO DE PODERES
redemoinho . ano 08 . número 12
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omo a palma da mão que se abrisse além do braço estendido da esplanada onde se alinham os ministérios, porque assim sobrelevados e tratados com dignidade e apuro arquitetônicos em contraste com a natureza agreste circunvizinha, eles se oferecem simbolicamente ao povo; votai que o poder é vosso”. Assim, Lúcio Costa imaginou a Praça dos Três Poderes, sede dos poderes da República Federativa do
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Brasil – Executivo, Legislativo e Judiciário. Cheia de simbolismos, a praça é impossível de ser ignorada. Quem visita Brasília se impressiona com a beleza e a imponência das obras de Oscar Niemeyer. O céu de Brasília é riscado pelo Congresso Nacional, que emerge no centro da Esplanada dos Ministérios com seus 28 andares e as duas cúpulas invertidas. A sede do Poder Legislativo é um dos três vértices do triângulo equilátero desenhado por Lúcio Costa para representar o ideal de uma república igualitária e democrática.
No século 18, momento de declínio do absolutismo europeu, surge a Teoria da Separação dos Poderes, imortalizada na obra “O espírito das leis”, escrita em 1748 pelo filósofo francês Charles Montesquieu. Consagrada nas ciências políticas como mecanismo de freios e contrapesos, a teoria foi pensada para que os três poderes da República fossem harmônicos e independentes, sem que um deles pudesse impor a sua vontade sobre os demais e, assim, evitar que os regimes autoritários ou ditatoriais germinassem na República.