Central Skate Mag - #ED 08

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EXPEDIENTE ::Editorial Diego Almeida | Alessandro Mcgregor :: Editor Fotografia Erick Bollmann :: Redação Renata Oliveira :: Colaboraram nessa edição: Foto: Erick Bollmann, Erick Ananias, Nelson Nascimento, Flávio Samelo, Fernando Menezes, Diego Almeida, Luiz Oliveira Julio Tio Verde, Rodrigo Kbça, Renan Agá, Victor Oliveira e Rafael Bassildo. Texto: Alessandro McGregor, Maurício Nava, Fernando Arata, Eduardo Marron e Diego Almeida :: Comercial centralskatemag@gmail.com :: Periodicidade Bimestral


OVER THE RAIL CAPA

Carlos Eduardo Dudu - Ss Heelflip Foto: Diego Almeida


JANELAS DO SKATE Texto: McGregor // Foto: Diego Almeida.

Desde as minhas primeiras memórias em que o skate se faz protagonista, escuto o termo “faça você mesmo”. Na época que comecei a andar de skate fazia muito sentido, visto que foi em tempos de presidência do Fernando Collor de Melo e após o confisco do dinheiro das contas dos brasileiros as empresas de skate foram quase em sua totalidade a falência. Com um mercado praticamente nulo, o que restavam eram as iniciativas de começar algo para suprir as necessidades pessoais de consumo. Pouco a pouco começaram a surgir idéias e marcas, midias, eventos foram surgindo, (entre tantas outras atividades necessárias para o crescimento do esporte), e de alguma forma essa palavra de ordem se tornou presente em minha vida e se faz até os dias de hoje. O mundo do skate começou a tomar forma e com o seu crescimento, outras adversidades iam surgindo e sempre a questão de fazer por si próprio, voltava à tona. Um exemplo foi a ideia de criar a crew Anhangabaú Family em que eu fazia parte, onde alguns skatistas se uniram para fazer seu próprio trabalho de divulgação, já que a dificuldade em configurar em uma midia do skate era evidente, então, já que não podemos ter acesso a algo melhor construí-lo. E assim resolvemos produzir nossas próprias tours seja no Brasil ou fora dele, seja nosso zine mesmo que local em preto e branco, video de skates e até mesmo nossa comunicação para apresentar o trabalho daqueles skatistas sem espaço nas grandes midias. A inovação nada mais é que fruto da exclusão que nos foi oferecida. E não é justamente por isso que outras midias de skate tem sido criado ao longo do tempo? Acho que esse é um dos principais fatores para o aparecimento de midias alternativas. A falta de oportunidade gerou a demanda.


Aquele ditado que Deus fecha uma porta mas abre uma janela. Justamente uma janela porque a possibilidade é de algo diferente daquilo que se tem como projeto modelo. Para que criar uma porta se a mesma já existe, melhor criar uma janela, no formato em que preferirmos, e é assim que tem surgido outras ideias para comunicar, para falar de skate ou simplesmente apresentar aqueles talentos escondidos sem nenhuma opção de mostrar para que veio. Para mim essa é a missão dessa publicação e de tantas outras que vieram, vêem e continuarão vindo para contestar o que é dado como certo.


PIPA AVOADA Texto: Maurício Nava // Foto: Diego Almeida

Pipa avoada é um jeito de ser, um estado de espirito, não é filme, mas o vento vai levando, muito menos pagodinho do Zeca, mas vai me levando! Pra mim vem significando todas as vontades que tenho de conhecer lugares novos com o que vem sendo a extensão das minhas pernas: skateboard! É ver coisas que nunca vi, conhecer pessoas que não imaginei, ter novas experiencias sempre. Andar nos picos conhecidos ou ainda naqueles que nem foram enxergados! Compartilhar os rolés, tombos, risadas, agua, comemorações seja com qual skatista for: seja ele ótimo, principiante, patrocinado ou não! Pipa avoada é viajar somente com a passagem de ida e no desenrolar da viagem e das vontades ir planejando os próximos destinos. É viver intenso cada momento e mesmo que ruim achar naquilo o melhor! Dormir em sofá, colchão, só o chão, aeroportos ou rodoviarias!


Onde muitos não enxergam nada, Nava coloca muito skateboard em ação. No Comply Wallride



Dalhe criatividade pra segurar Nose Grab por cima do pole jam.


Fs Boneless na classe em meio a calmaria do centro de Cuiabรก em um domingo a tarde.


Ao longo do tempo corpo e mente vem pedindo não só vivencias skatisticas, mas sim de belezas naturais, montanhas, cachoeiras e chapadas encontradas e no verde delas ver os olhos e corpo descansar! Além disso ir experimentando comidas típicas e novos paladares, mesmo com o desgosto, a estranheza faz parte do novo. Quando digo que sou skatista profissional e vou viajar ja me perguntam se é campeonato ou vou competir, que nada o mundo já esta muito competitivo, a competição tem sido comigo mesmo e poder levar a melhor imagem daquele sentimento gostoso de acertar uma manobra. Numa dessas trips, passei novamente pelo centro-oeste: Goiania, Anápolis, Brasília, Campo Grande e Cuiabá, onde em muitos dos lugares também fui muito bem recebido, nas praças, ruas e pistas. Pipa avoada começou como uma brincadeira de usar hashtags “instagranianas” nas fotos de viajens, mas hoje cada vez mais vem sendo meu estilo de vida de aproveitar cada momento, cada segundo na minha passagem por essa terra! E mesmo que levem ótimas fotos, vídeos e registros nenhuma camera HD ou de 4k vai conseguir transmitir o que os meus olhos viram, minha mente assimilou e meu corpo sentiu! Por isso Viajem e vivam! Era disso!


nenhuma camera HD ou de 4k

vai conseguir transmitir

o que os meus olhos viram,

minha mente assimilou

e meu corpo sentiu!


Com o comĂŠrcio fechado, um Wallride onde ninguĂŠm imaginaria uma manobra.




ARTE EM MOVIMENTO Por: Eduardo Marron

Nós estamos em constante re-evolução! Esse é o espaço para falar sobre som, arte, novidades, curiosidades e tudo o que envolve, engloba e enriquece o universo criativo do skateboard. Vamos falar sobre groove! O som que bate no peito e não deixa ninguém parado. Começando pelo Trio fusion americano, Medesky Martin Wood. Já conhecia o som dos cara a algum tempo, mas chapei mesmo quando os vi em um festival que toquei. Os caras dichavam literalmente as grooverias de funk70s, soul, blue, Hiphop e R&B. Uma baita mistura sonora, alucinante e psicodélica. Vale a pena conferir um pouco do que eles fazem.



FOTOS DE GAVETA Texto: Alessandro Mcgregor

“Congelar a imagem através do obturador no momento exato do àpice da manobra, escolher o ângulo e a composição que valorizem ainda mais a cena. Focar o skatista, enfim, transmitir a sensação de movimento em um único frame, estático, criando inconsciente de quem visualiza a fotografia toda a trajetória que o skatista percorreu desde o início até finalizar a manobra: Esse é o objetivo da fotografia de skate. Outra forma é a fotografia em sequência, onde durante a manobra são tiradas várias fotos acompanhando o movimento do skatista. Com isso, consegue-se mostrar todos os movimentos realizados durante a manobra, do skatista e do skate”. - Fernando Arata.


AndrĂŠ Hiena - Fs Noseslide | Foto: Bassildo


Biano - Noseblunt Drop | Foto: Rodrigo Kbรงa


Essa é a forma que o fotógrafo Fernando Arata, um dos protagonistas da exposição FDG e também um dos incentivadores de ações direcionadas à exposições fotográficas no Brasil, descreve ao tentar transmitir seu sentimento pela fotografia voltada à pratica do skate. Sua ótica e seu trabalho em um passado recente com a expo Skatógrafo, resume bem as duas frentes que queremos apresentar com o trabalho da exposição coletiva Fotos de Gaveta.


Seguindo esse raciocínio acrescentando o coletivo à exposição (já que o skatógrafo foi uma exposição individual), apresentamos a primeira exposição física Fotos de Gaveta, onde 15 fotógrafos de diversos cantos do país apresentam seus trabalhos em um mesmo local. O primeiro trabalho aconteceu em março cidade de Curitiba, com o objetivo de estimular a fotografia associada à prática do skate em todo o país, mostrando por meio de exposições, sejam elas, físicas ou virtuais, uma plataforma para novos ou profissionais já consagrados no cenário apresentarem seus trabalhos, alavancando a produção de conteúdo visual, e consecutivamente estimulando ainda mais a prática do skate. Com o avanço das tecnologias voltadas a fotografia digital, a facilidade do acesso, fez com que aumentasse o número de fotógrafos amadores, que com o passar do tempo se desenvolveram e tornaram atuantes por conta de seu trabalho, gerando conteúdo em quantidade maior que o número de mídias atuantes possam absorver em suas ferramentas, sejam elas revistas impressas, sites e etc. A exposição busca minimizar essa falta de oportunidades, criando uma linha paralela para apresentar esses trabalhos até então guardados na gaveta.


Ademar Luquinhas - 360 Flip | Foto: Julio Tio Verde




Tempo, espaรงo e movimento Texto/Foto: Diego Almeida


William Arrelaro provando na prĂĄtica a teoria do menos ĂŠ mais com um No Comply classudo no pico da bandeira.


A arquitetura de Brasília, mesmo cinquentenária, ainda impressiona pela modernidade e ousadia. Formas e picos que atraem skatistas de diversas partes do Brasil e até mesmo de outros países para a Capital do Distrito Federal. O meu primeiro contato com o skate brasiliense foi por um vídeo em meados de 1999, quando a És fez uma tour pelo Brasil e imortalizou o famoso pico da bandeira, com algumas imagens do Koston e cia. Melhor que em vídeo, foi a minha primeira visita a cidade, onde conheci vários desses destinos turísticos para skatistas.

Tive uma aula sobre o skate de Brasília com Dennes Ferreira, um dos skatistas locais com uma bagagem gigante de informações e picos da cidade. Esse já marretou da Asa Sul até a Asa Norte, com direito a registro no vídeo 411. Mas esse nosão de front fica registrado aqui.



D es d e o s o l o perfeito do Se tor B ancário S ul, a o s p i c o s da s cida des sá t e lite s, como o c o r r i m ão a m a relo do Gua rá, q ue muito já a p ar ec e u e m vídeo pa rtes e fotos. O s ka t e l o c a l de Bra sília , me smo q ue m o rn o , é muito rico po r ter uma grand e d iv e r s i d a d e de sk a tista s que and am tanto n a ru a q u an to em tra nsiçõ es. D e ce r t a f o r m a , a prendi a a p re ciar mais o s k a t e e m t r a nsiçõ es qua ndo v iv ê ncie i o sk a t e d a c a p ita l.


Durante a minha passagem pela cidade, Carlos Jr foi um dos meus guias pelos picos que ainda não conhecia. porém nossa missão foi na conhecida plataforma do Setor Bancário. com esse Flip Fifty de back.


Muito da cidade é mostrado através de vídeo partes de grandes marcas atualmente, o que acaba ofuscando tantas manobras que os skatistas locais já marretaram, ao meu ver. Por conta dessa ótica, sempre que passo pela cidade, procuro mesclar meu tempo entre o skate local e o “turismo” de várias pessoas que também estão de passagem. Com fotografias que contrastam o lado social da capital e dos skatistas. Minha útlima viagem a Brasília, retrata bastante em imagens o que as vezes não consigo pôr em textos.


Lenda viva do skate candango, Cristiano Nego Bala em ação com um flipão de back sem massagem.


No caminho para o BancĂĄrio avistei essa borda e intimei o Adilson para fazer umas imagens nela. O resultado ĂŠ esse Fs Crooked cravado com direito ao Banco Central de fundo. B$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$B




DOIS TEMPOS Lucas Marques - Bs Smith Grind Foto: Luiz Oliveira


Felipe Barbosa - Boneless Foto: Renan Santos


Bruno Dissenha - Bs Crooked Foto: Erick Bollmann


Pedro Dezzen - Ss Big Heelflip Foto: Victor Oliveira


Igor Calixto - 360 Flip Foto: Diego Almeida



Roberto Juninho - Ollie Foto: Flรกvio Samelo


Felipe Foguinho - Fs Tucknee Foto: Helge Tscharn



Pedro Ventura - Bs Boneless Foto: Fernando Menezes


Arroiz - Bs Boardslide Foto: Enrick Ananias


Arthur Guedes - Ollie Foto: Fernando Menezes


Matheus Kuki - Bs Heelflip Foto: Nelson Nascimento



Diego de Souza - Ss Varial Heelflip Foto: Erick Bollmann


JoĂŁo Gabriel Jobim - Fs Smith Grind Foto: Diego Almeida



SK8 ART NO BRASIL Texto: Fokinha Fotos: Arquivos

Tudo começou para mim, quando vi pela primeira vez o filme Bones Brigade Video Show da Powell Peralta em meados dos anos 80. Cada skatista tinha um modelo de shape próprio e um desenho para identificar o skatista que era responsável por ele. Tony Hawk, Lance Mountain, Mike Mc Gill, Steve Caballero, Tommy Guerrero, Rodney Mullen e Per Wellinder. Os desenhos em si me chamavam a atenção pela diversidade de estilos: Tony Hawk tinha um crânio de um Falcão centralizado numa cruz de malta. Lance Mountain tinha hieróglifos pré-históricos com uma skatista dando um Invert; Steve Caballero, um dragão chinês verde, bem no estilo de tattoo oriental. Mike Mc Gill, um crânio de caveira com uma serpente verde saindo de sua boca com raios vermelhos no lugar de uma coroa de louros na cabeça. Tommy Guerrero tinha uma adaga rodeada por fogo e com o logo da Powell Peralta encrustado no cabo. Per Wellinder, estampava uma caveira Nórdica com capacete Viking estilizado e escritas nórdicas em volta do gráfico. Rodney Mullen, tinha uma caveira fazendo uma manobra de Freestyle (Truckstand) rodando uma coroa no dedo em cima de um tabuleiro de xadrez derrubando todas as peças (indicando sua superioridade em cima dos adversários). Enfim, foram esses gráficos que me fizeram prestar mais atenção à arte feita nos skates. Todo o processo de identificação do skatista através de determinado gráfico e todo marketing por trás dessa respectiva arte. Desde esse dia meu mundo e minha visão para isso estava desperta, nunca mais eu veria a Skate Art como simples desenhos para estampar um shape de skate.


Nos anos 80, estávamos vivendo uma explosão de criatividade no Brasil devido ao fim da Ditadura Militar e sua censura. Muitas coisas estavam acontecendo no cenário Jovem: Bandas de Rock, Festivais (artísticos e esportivos), Graffiti nas ruas (protestos), etc... O Brasileiro ainda não tinha uma identidade formada à respeito de criação própria no setor do skate, muitas marcas copiavam os gráficos e logotipos de fora do país (mais precisamente dos USA), para lançar em território nacional. Rolavam muitos “remixes” de marcas, como por exemplo: pegavam a marca de uma e o logo de outra e juntavam fazendo uma por aqui. E isso, é claro que se espalhou para os shapes de skate, com algumas cópias bem toscas das originais.


primeiros shapes assinados por skatistas

Voltando aos anos 80, depois de assistir The Search for the Animal Chin, também da Powell Peralta, chegava por aqui o vídeo Wheels of Fire da Santa Cruz Skateboards, que trazia imagens de novos gráficos e atletas. Klaus Grabke, Natas Kaupas, Christian Hosoi, Rob Roskopp, Stev Alba, Jeff Kendall, etc… Nesta fase os gráficos da Santa Cruz Skateboards, foram desenvolvidos pelo mestre Jim Phillips. Ele criara a maioria dos decks mais famosos e expressivos do skate mundial e atual. Tendo criado quase todos os gráficos icônicos desta marca, criou também os famosos ícones: Screaming Hand (a famosa mão azul com boca gritando), os gráficos da rodas OJ´s e OJ´II´s, Slime Balls, Team Rider, Bullet 66mm, Big Balls, Hosoi Rockets, entre outros. Esses desenhos me encantaram mais, eles tinham traços BOLD com cores fluorescentes. Me identifiquei muito com aquele trabalho (que acabou sendo minha influência direta no meu trabalho no futuro).


No Brasil, as coisas ainda estavam engatinhando em termos de profissionalismo. Poucas marcas arriscavam fabricar seu próprios acessórios e ainda mais com boa qualidade. Uma Marca que me lembro muito bem em minha época de início era a H.Prol de Santos-SP, que tinha uma equipe de profissionais e que tinha um núcleo de criação de artes, e que por incrível que pareça, não copiava os gráficos que comercializava. Os Models dos skatistas Luciano KID, FRED e DINHO eram os gráficos mais conhecidos da marca, até porque o model de KID foi o primeiro PRO MODEL a ser lançado no Brasil (foram feitos pelo artista Santista Roberto Peixoto). Era uma teclado saindo de uma explosão com duas mãos de monstro tocando. O de Fred era decorado por morcegos estilizados em cima das letras de seu nome. Já o de Dinho era decorado por um Leão indo pro ataque.


Em seguida conhecemos os shapes das Marcas URGH! E Lifestyle Skates. Esses foram os primeiros decks a terem uma prensagem diferente com materiais como Bonite e Resina, fazendo com que acabassem mas não quebrassem. Da URGH! Me lembro de ter visto primeiro o Street Terrorist I e o II e o THE KILLER, depois o model do skater Léo Kakinho com vidros quebrados em cacos como gráfico. Depois o model do Junae, skatista vertical com um bobo da corte estampado dando risada. Mas, raro era ter os models de Jorge Kuge e do Por Quê? O do Jorge Kuge era um avião kamikaze explodindo e do Por Quê? Era uma letra Q formando a palavra Por Q e uns crânios em volta desse logo. A Lifestyle vinha com o model do Skatista de street Rui Muleke com seu primeiro model lançado com um desenho copiado (ou adaptado?) do model do skatista Norte Americano Mark Gonzales da marca Vision, eram bem procurados e desejados.


Junto veio Fernandinho Batman, Thronn, Beto Or Die... Fico tentando imaginar o que realmente se passava na minha cabeça nessa época, porque ao mesmo tempo eu já pirava muito em capas de discos punks (que eu já ouvia desde os 12 anos), capas de discos New Age, Heavy Metal... Neste mesmo período assisti aos filme estilo sessão da tarde: Beat Street que contava a história e força do Hip Hop de forma mais romantizada e através desse filme conheço o Graffiti Art, numa época que eu já tentava me mostrar pro mundo com minhas letras na pichação na Vila Caiçara-Praia Grande – Litoral Sul de SP. Tudo ia se fundindo por si só com tanta força que a cultura urbana ia me formando naturalmente. No skate conheci mais o punk rock, o HC, o estilo mais Califórnia. Como eu já surfava desde os 8 anos, não via “surpresas” apenas seguia o estilo que me enfiei. Sempre valorizei aquilo que não fazia, então, acabei por absorver muitas coisas e técnicas em pouco tempo.


Andava totalmente na contramão dos moleques do lugar onde eu vivia: eu com 13 anos (hoje com 41), já tinha moicano, escutava Cólera, R.D.P., Fogo Cruzado, onde os moleques escutavam sertanejo por causa dos pais, não que eu não escutasse por influência, mas já tinha me posicionado: Skate Punk. Em 1987 comecei à grafitar e desenhar estampas para camisetas e...BOOM, vi ali a oportunidade de unir a arte e o skate. Desde então meu amor à arte e ao skate se somaram quando eu comecei a desenhar profissionalmente para a marca Fórmula Séries no ano 2000, já tendo desenhado para várias marcas de amigos anteriormente. Hoje minha vida gira em torno de organizar a única exposição Internacional de skate arte em território Latino Americano, que já está na sua 4º edição (sendo a segunda Internacional), a Sk8Art4Life Show e ministrar workshops de skate arte e customizando shapes sob encomenda, tatuar no nosso estúdio o FamilyArt Br Tattoo, Grafitar e desenhar. Unir minhas maiores paixões foi uma das vitórias mais significativas de minha vida e continuará sendo por muito tempo.




Nada como fechar essa edição com um monstro em seu habitat natural. Ricardo Porva e seu rockão de front na cidade de Cuiabá - Mato Grosso. Nossa singela forma de agradecer tanta inspiração. Foto: Diego Almeida



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