Celuzlose 05

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BR.XXI

Literatura Brasileira Contemporânea

TRAMA deves tramar o poema enquanto há sereno e teu relógio líquido se derrama nas ramagens da campânula deves ouvir os passos saber a imagem da mulher te seguindo (seus braços de treva erguendo a foice minguante sobre tua cabeça) deves sentir o sangue derramado ao pé do cipreste deves tramar o poema & nadar (contracorrente) enquanto o coração não entende as rodas dágua atropelando peixes no marnoturno deves tomar de minhas mãos este cálice devastado e na fronteira entre o meu e o teu país deves erguer uma fogueira

CIO IN PELO tua voz muda enquanto falo (silên) cio in (do) pelo ralo

NA ASA DO MORCEGO BRANCO

ENIGMAX M ou essa noite me devora ou defloro a

a noite abriu-se feito ferida enegrecida na asa do morcego branco e do ombro da tempestade um rio escorre e a cachoeira desce por corredeiras de nuvens até às represas do crepúsculo sob subterrânea miragem (o rancoroso espantalho do amor a emplumar secos pássaros de trigo) planto em teu pátio um arvoredo retorcido para celebrar os desejos do vento

Celuzlose 05 - Junho 2010 33


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