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António Paraíso
Luxury. Marketing. Innovation. Consulting & Talks.
Entrevistámos António Paraíso, um dos formadores que tem parceria com a CECOP e já fez formações personalizadas para alguns dos nossos associados do grupo.
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Consultor de empresas como Porsche, L’Oréal, Armani, Loewe e outras grandes empresas ele afirma ser contido por natureza e não tem grande desejo por itens de luxo.
Para ele, os grandes desafios de uma empresa são conseguir uma presença digital da marca com criatividade e beleza, emocionar, conseguir uma presença de marca que proteja o planeta e seja inspiradora com seu propósito e jeito de ser, e aposte num luxo mais experiencial que o faça sonhar.
Quando e como começou a ter interesse pelo mercado de luxo?
Muito obrigado por me convidar para esta conversa. Desde muito jovem, sou fascinado pela beleza, excelência e perfeição. Sou obsessivo com detalhes. Nos anos 80, na universidade, li “A Paixão pela Excelência” de Tom Peters e Nancy Austin, e esse livro teve um impacto enorme na minha forma de fazer as coisas a partir dessa altura.
Durante duas décadas, trabalhei como Diretor Comercial em grandes empresas. Mais tarde, quando decidi criar a minha empresa de consultoria de marketing, para mim foi uma decisão natural especializar-me no negócio da excelência. E decidi ir para Madrid estudar Gestão de Marcas de Luxo.
Diante do atual cenário mundial, como acredita que a inovação pode ajudar uma empresa a sair de uma crise?
Inovação significa fazer diferente, desenvolver produtos e serviços com valor diferenciado para conquistar os clientes.
Atualmente, o mercado é demasiado competitivo, há muitas empresas e marcas que estão em crise porque têm dificuldade em enfrentar os seus concorrentes e mamnter os seus clientes fidelizados. Se não oferecem produtos e serviços verdadeiramente diferentes, então só conseguirão vender, baixando preços. Mas é difícil ganhar dinheiro e ter sucesso, com preços baixos.
Por isso, eu acredito sinceramente, que a inovação é a resposta para uma empresa repensar o seu negócio, a sua presença no mercado e definir uma estratégia de inovação que lhe permita diferenciar-se dos concorrentes, lançar novos produtos e serviços, seduzir novos clientes e reconquistar alguns clientes antigos.
Qual a sua dica para óticas que queiram entrar no mercado de luxo? Quais são os primeiros passos?
Partindo do princípio que as óticas que desejarem trabalhar nesse nicho de mercado do luxo, já terão a coleção de produtos adequados, o passo seguinte será definir os processos para oferecer ao cliente um serviço de excelência e dar formação às equipas para saberem prestar esse serviço. Por fim, é preciso um plano de comunicação adequado ao perfil de clientes que deseja seduzir.
Onde acredita que começa o processo de inovação dentro de uma empresa?
O processo de inovação começa com a mudança de mentalidade das pessoas e com a vontade de mudar e fazer diferente. A resistência à mudança, sobretudo por parte dos empresários, mas também, muitas vezes, por parte das equipas, é o maior obstáculo à inovação.
Acredita que pequenas empresas conseguem estabelecer mais facilmente processos de inovação? Qual a diferença para as grandes?
Sim, as empresas pequenas têm estruturas hierárquicas mais planas, mais pequenas e mais flexíveis permitindo tomar decisões mais rápidas e implementar processos de mudança e de inovação também mais rapidamente. As empresas grandes têm estruturas pesadas, mais burocráticas, o processo de decisão envolve mais pessoas, é mais lento e, frequentemente, existe mais receio em mudar.
Como explica a importância da continuidade de formação e atualização para continuar a ser um bom profissional?
O mundo muda todos os dias a uma velocidade cada vez mais rápida, devido a fatores de natureza externa, que a empresa não controla, como fenómenos políticos, sociológicos e tecnológicos. As empresas e profissionais que não apostarem em atualizar o conhecimento e aprender novas formas de resolver problemas, novas soluções para a gestão do negócio, ficarão para trás e serão ultrapassadas pela concorrência que estiver melhor preparada.
Acredita que o mercado de luxo está preparado para este novo mundo da sustentabilidade?
Está bem preparado. Todas as marcas de luxo estão a fazer avanços impressionantes e publicam nos seus websites os planos de sustentabilidade. Tudo é feito com transparência. E o mais interessante é que as marcas obrigam os seus fornecedores a cumprir também essas medidas, impactando positivamente toda a cadeia de abastecimento.
Por exemplo, redefinir a estratégia de comunicação de um hotel de negócios ou trabalhar com uma marca de vinhos para se posicionar no segmento da restauração de luxo, mas talvez o mais surpreendente e desafiador tenha sido o convite que recebi de um empresário para eu ser o seu conselheiro pessoal, ajudando-o a pensar e tomar decisões sobre assuntos da sua vida profissional, nos seus diferentes negócios.
Como vê o mercado de luxo hoje em Portugal?
Bem, o luxo é um fenômeno global, sem fronteiras, e não é igual para todos. Existem diferentes níveis de luxo. Há luxo que só pode ser comprado pelas classes muito altas e há luxo acessível para as classes médias.
Portugal é um mercado muito pequeno com poder de compra limitado. O seu luxo vive sobretudo de turistas ricos. Tem poucas marcas de luxo, mas algumas verdadeiramente excecionais como a Vista Alegre, com quase 200 anos ou as grandes marcas de Vinho do Porto, com mais de 300 anos de história e qualidade requintada. Agora após a pandemia, acredito que a grande oportunidade, nesta década, é investir e desenvolver ainda mais o setor do luxo das experiências elegantes e com autenticidade, para mostrar aos portugueses e estrangeiros o que há de melhor no nosso país.
Como a sua consultoria ajuda empresas, principalmente no mercado ótico?
Qual foi o seu projecto de consultoria favorito até hoje?
É difícil para mim escolher um favorito. Tive e tenho muitos projetos de consultoria interessantes, em Portugal e Espanha.
O meu trabalho de consultoria de marketing estratégico ajuda as empresas a pensar o seu negócio, a procurar novas soluções para os problemas, a redefinir a forma da empresa se dar a conhecer ao mercado e, se esse trabalho de mudança for desenvolvido e implementado pela empresa, normalmente, produz os resultados desejados.
