

Georgina Quaresma Lustosa

2ª edição

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
Reitora
Nadir do Nascimento Nogueira
Vice-Reitor
Edmilson Miranda de Moura
Superintendente de Comunicação Social
Jacqueline Lima Dourado

CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA
Diretora
Lívia Fernanda Nery da Silva
Vice-Diretor
Ildemir Ferreira dos Santos
Coordenadora do Setor de Diagramação e Revisão de Material
Maria do Socorro de Andrade Oliveira
Supervisora do Setor de Diagramação e Revisão de Material
Rannyelle Andrade da Silva
Capa, Projeto Gráfico e Diagramação Ione Gonçalves dos Santos
Revisão
Elizabeth Gonçalves Lima Rocha
FICHA CATALOGRÁFICA
Ao meu pai, ele que soube ser um educador biocêntrico
À Aline e ao Bruno, meus queridos sobrinhos e filhos do coração, com a esperança de que sua geração saberá cuidar da criação de um mundo onde caibam todos.

Agradecimentos
A Deus, pela força e luz.
À minha família, meu primeiro encontro humano.
Aos colegas do Curso de Especialização em Educação Biocêntrica, pelo carinho, convivência e pelo muito que cresci com vocês.
À Viviane, pelo seu companheirismo e afeto, por tudo que dividimos e somamos.
À Ruth Cavalcante, por me fazer ver a importância da paciência pedagógica e da alegria no processo educativo e na vida.
À Fátima Diógenes, orientadora e amiga.
À Ismênia Reis, companheira de sonhos e minha orientadora nos caminhos da Biodança.
A vida é muito mais que a ciência.
Ciência é uma coisa entre outras, que empregamos na aventura de viver, que é a única coisa que importa.
É por isso que, além da ciência, é preciso a sapiência, ciência saborosa, sabedoria, que tem a ver com a arte de viver.
Porque toda a ciência seria inútil se, por detrás de tudo aquilo que faz os homens conhecer, eles não se tornassem mais sábios, mais tolerantes, mais mansos, mais felizes, mais bonitos...
Rubem Alves (2005)
Prefácio
... Aprendi, com liberdade, a deixar voar minha alma.
É com os olhos da alma que se lê o livro de Georgina. É a alma que percebe amor que envolve as palavras ditas explicitamente e as que ficam nas entrelinhas deste belo livro com que a autora nos brinda. É a alma que vai se enredando na malha do texto construído com liberdade. Liberdade de pensar, de questionar e, sobretudo, sentir. Liberdade de fugir das amarras dos códigos acadêmicos, sem abandonar a seriedade e rigor. Liberdade para penetrar na realidade, tendo como guia o coração do educador biocêntrico. Este livro se destina, portanto, ao coração do educador.
Desviamo-nos do caminho biocêntrico porque perdemos a conexão profunda com este centro mantenedor e gerador de vida: o coração.
A autora nos convida, então, a fazer o caminho de volta, de reencontro ao desvelar o coração de educadores que se dedicam a fazer gente.
E Georgina, ela mesma, é uma caminhante corajosa, é também uma fazedora de gente que se faz a si mesma na companhia de tantos outros que no Piauí vêm construindo esse caminho (ou caminhos) de retorno ao coração, através do grupo de Biodança, em Teresina.
biocêntrico: quem é este sujeito?
Fazer gente, portanto, passa pelo fazer a si mesmo; fazer a si mesmo requer o outro, no qual eu me encontro - com todos os riscos que isso implica. Requer, portanto, coragem, paixão, amor e a crença na vida: a crença de que somos um projeto de vida, que vai pulsando, modificando-se na caminhada.
Na busca de compreender os caminhos em que pulsam o coração humano, para fazer desses caminhos um fazer pedagógico, a autora vai desvelando o coração daqueles que trilham ou trilharam por essas estradas.
Viajemos, portanto, por essas estradas traçadas pelas palavras de Georgina. Viajemos com a alma, lendo o texto com os olhos do coração.
Maria Ismênia Reis Pereira
Apresentação
Este trabalho é resultado de minha caminhada no Curso de Especialização em Educação Biocêntrica, em Fortaleza. Não é apenas resultado de uma reflexão sobre um tema, mas é, principalmente, a elaboração de muitas vivências.
Num primeiro momento, pensei em produzir um trabalho dotado de rigor teórico e fundamentado em extensa bibliografia. Mas quando comecei a pensar o trabalho de forma sistemática, fui acometida de um intenso sentimento de liberdade, que me fez mudar de estilo, pensar diferente, contudo, com muita seriedade.
Não consegui manter o rigor que havia me proposto. Embora, tenha tido o cuidado de sistematizar minhas ideias e de apresentar com clareza as ideias dos autores com os quais trabalhei como referencial teórico.
Responsabilizo-me por minha falta de rigor metódico, momentos vivenciados tanto na Biodança, quanto no decorrer do Curso de Educação Biocêntrica, onde aprendi a trabalhar com rigor e seriedade, mas também aprendi, com liberdade, a deixar voar a minha alma.
No momento, me vem à mente as aulas do Curso de Educação Biocêntrica. A sala de aula colorida, alegre, a disposição das cadeiras, sempre em círculo mostrando igualdade e a beleza de estarmos de frente para os colegas, nos olhando
Educador biocêntrico: quem é este sujeito?
e nos vendo verdadeiramente. Os colegas sentados, uns nas cadeiras, outros no chão e o interesse era o mesmo. Eu, cansada, uma noite de viagem, sono, dor na coluna, aérea, dissociada, fora do eixo. Contudo, queria estar presente. Aos poucos, o movimento, a dinâmica da sala de aula iam me envolvendo, me integrando e fazendo viver tudo aquilo com liberdade, compromisso e prazer. Os professores sempre com o mesmo espírito de liberdade, humildade, compromisso, sapiência, rigor e muita seriedade com a formação biocêntrica.
Esta pesquisa que agora apresento para ser objeto de crítica, é resultado de tudo isso, vivência intensa, sofrida, suada, solitária, coletiva e também muito prazerosa.
Portanto, a direção tomada neste trabalho é muito em função de minhas próprias convicções e inquietações no exercício do meu fazer pedagógico como professora formadora. Tem a ver também com o meu desejo pessoal de enriquecer meus conhecimentos na área da Educação Biocêntrica e assim, poder viver com mais inteireza e contribuir de forma mais autônoma, competente, ética e amorosa com o processo educacional no qual estou inserida inteiramente.
Reflexões iniciais
Este estudo pauta-se em reflexões vivencial, epistemológica e metodológica sobre o que é ser educador(a) biocêntrico(a). Fiz o questionamento, logo a partir do título, porque penso que é preciso explicar bem o que se está trabalhando, do que se está falando.
Educação Biocêntrica é uma prática pedagógica nova. Não tem ainda um lugar na tradição do pensamento educacional brasileiro ou do mundo, por isso é necessário ter clareza do que significa este novo olhar sobre a educação, esta nova postura pedagógica.
A partir deste ponto, foi necessário mergulhar em reflexões sobre o Sistema Biodança, origem da proposta pedagógica da Educação Biocêntrica. O que é a Biodança? Em que consiste essa forma de ver a si mesmo, o mundo, as coisas e a vida? Quais métodos são utilizados?
De maneira simples e introdutória, faço uma caminhada pelos encantos teóricos e metodológicos da Biodança. Este momento de explicitar um pouco o sistema Biodança se faz necessário para caminharmos com mais segurança na segunda e terceira partes deste trabalho.
O segundo capítulo trabalha também de forma simples a Educação Biocêntrica. A intenção é provocar reflexões, embora de forma preliminar, de como pode ser concebida
biocêntrico: quem é este sujeito?
uma visão biocêntrica da educação. O que é Educação Biocêntrica? Que prática pedagógica é esta? Que métodos pedagógicos podem ser utilizados? Que dificuldades são postas na aplicação prática deste olhar amoroso sobre a educação?
Tento seguir por essa trilha reflexiva, chegando à terceira e última parte da pesquisa. Neste momento, a proposta é refletir um pouco sobre a formação do educador(a) biocêntrico(a). Quem é este sujeito? Que postura ele deve ter no processo de formação das pessoas e dele mesmo? Que postura ele deve ter no seu campo de trabalho e no seu cotidiano vivencial? Que caminho ele deve seguir para ser mais gente e ser fazedor de gente?
Não tenho o propósito de defender nenhuma tese neste estudo. Meu objetivo é definir um perfil deste ser, o educador biocêntrico, identificando alguns traços de educação e/ou formação que comunguem com as proposições da Educação Biocêntrica. Enfim, é refletir sobre o perfil deste ser, o educador biocêntrico, na sua inteireza.
Para pontuar estas questões, estou seguindo os passos, através de pesquisa bibliográfica de autores como Rolando Toro, Paulo Freire, Rubem Alves, Edgar Moran, Ruth Cavalcante, César Wagner e outros estudiosos que, nas suas práticas educativas e de vida, teorizam e vivenciam os princípios da Educação Biocêntrica ou, os princípios de uma educação que tem como referencial maior “a vida”.


Capítulo 1
Biodança:
a dança da vida
Dançar a vida não seria, antes de tudo, tomar consciência de que não apenas a vida, mas o universo, é uma dança, sentir-se penetrado e fecundado por esse fluxo do movimento, do ritmo, do todo?
Garaudy (1980)

Sou QuaresmaGeorginaLustosa,
professora de Filosofia do CEAD/UFPI.
Graduada em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí. Mestra em Educação pela Universidade Federal do Piauí.
Doutora em Educação com Especialidade em
Formação de Professores pela Universidade de Coimbra – Portugal. Facilitadora de Biodança e Especialista em Educação Biocêntrica. Venho me dedicando a pensar e a produzir textos voltados à reflexão pedagógica, à Educação Biocêntrica e à formação biocêntrica do Professor Formador.
