Diagnóstico Urbanístico

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Beatriz Dantas Catarina Tai Evellin Morais Ma Eduarda Cordeiro

1 CI

APRESENTAÇÃO

Essa atividade teve como objetivo analisar, através da ótica urbanística, aspectos importantes e indicadores da vivacidade dos bairros da cidade do Recife. A área de estudo que nos permeou em fase analítica foi deli mitada nos bairros do Derby, do Espinheiro, da Jaquei ra e das Graças, que por sua vez, fez-se um estudo mi nucioso da sua Avenida Rui Barbosa, importante via de impacto social e urbanístico na cidade. Tais aspectos importantes se valeram como diretrizes no processo inicial da análise, sendo eles a identidade, proporcio nalidade, diversidade, densidade, conectividade, mul timodalidade, colaboração, além de outros elementos de estudo. A construção dessa atividade foi realizada pelas universitárias Beatriz Dantas, Catarina Tai, Evellin Morais e Maria Eduarda Cordeiro, do curso de Arquite tura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernam buco, sob a orientação das professoras Clarissa Duarte e Lea Cavalcanti, na disciplia de Urbanismo I. A análise de cada termo estudado, resutou em diagnósticos que, em sua maioria, foram classificadas como: ruim, regu lar ou bom; revelando a realidade do cenário urbanísti co e percebendo assim, as necessidades existentes de cada bairro.

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INTRODUÇÃO 5988141722 5552494645344239373524312927257 6160 13

4 5 1 2 3 4 5 SUMÁRIO

Introdução Cidade Para Pessoas 2.2 Espaço Urbano Cidadão 2.3 Rua Cidadã 3.1 Aspectos Históricos 3.2 Aspectos Legislativos 3.3 Elementos de Paisagem 4.1 Por uma Cidade Preservada e Produtiva4.1.1 Identidade 4.1.2 Proporcionalidade 4.1.3 Diversidade 4.1.4 Densidade 4.2 Por uma Cidade Integrada e Inclusiva4.2.1 Conectividade 4.2.2 Multimodalidade 4.2.3 Acessibilidade 4.2.4 Colaboração 4.3 Por uma Cidade Humanizada, Segura e 4.3.44.3.34.3.24.3.1ConfortávelCaminhabilidadePermeabilidadeIluminaçãoVegetalização

2.1

Leitura ReferênciasIntegrada Conceituação Caracterização da Área de Estudo Leitura Urbana Local O presente trabalho tem como objetivo analisar e investigar a dinâmica urbana de um fragmento expressivo da cidade do Recife, onde se destacam os bairros: Derby; Graças; Espinheiro e Jaqueira, estabelecendo como ênfase, a Avenida Rui Barbosa, a Rua Jener de Souza e mais precisa mente nos arredores da Praça do Derby, da Sede do IAB Recife, da Praça do Entroncamento, do Clu be Português do Recife, do Parque da Jaqueira e conferindo destaque à rota Educacional que se estende por todo o mapa analisado. Sendo possí vel identificar, assim , aspectos históricos, legisla tivos e ainda, compreendendo o contexto em que fomos inseridos, os elementos de paisagens que mais se Adestacam.partirde um diagnóstico incisivo sobre a área urbana local, mais precisamente da Área C, na qual se estende pelos bairros das Graças e Espinheiro e, ainda, onde atravessa a eminente Avenida Rui Barbosa, identificamos os aspectos de identidade, proporcionalidade, diversidade, densidade, conectividade, multimodalidade, aces sibilidade, colaboração, caminhabilidade, permea bilidade, iluminação e vegetalização de toda a sua extensão.

Por meio de estudos bibliográficos do livro Cidades para Pessoas, de Jan Gehl, e do livro Cidade Caminhá vel, de Je Speck, e de intensas experiências sensoriais vividas em campo, reunimos as metodologias apre sentadas para o diagnóstico do território, tendo como base os conceitos do Plano Centro Cidadão o qual nos forneceu a reunião de conhecimentos a respeito de estudos urbanos, planos, diretrizes e estratégias de desenho urbano.

CONCEITU AÇ ÃO 2.1 Cidade Pa ra P essoas 2.2 Espaço Urbano Cidadã o 2.3 Rua Cidadã

Sendo assim, para ordenar com mais clareza e objetividade os dados coletados, decidimos setorizar as informações de modo que, logo após a introdução, ao conceituar o que entendemos como Cidade Para Pessoas, Espaço Urbano Cidadão e Rua Cidadã, carac terizamos a área geral, seguindo com as análises de leitura urbana local, onde fomos progressivamente minuciosas, coletando informações precisas da reali dade apresentada. Por fim, com a leitura integrada dos fatos, procuramos reunir os resultados adquiridos através das margaridas obtidas ao fim de cada tópico.

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Espaço Urbano Cidadão _ Croqui: Catarina Tai

6 7 E S P A Ç O U R B A N O CIDADÃO ECONÔMICO SOCIAL AMBIENTAL PRESERVADO E PRODUTIVO DIDENTIDADEDENSIDADEVERSIDADE

PROPORCIONAL DADE HUMANO SEGURO E CCONFORTÁVELAMINHABILIDADEPERMEABILDADELUMNAÇÃOVEGETALIZAÇÃO

MCONECTIVIDADEULTIMODALIDADEACESSBILIDADECOLABORAÇÃO

INTEGRADO E INCLUSIVO

escala desproporcional em que são erguidos os altos muros na nossa cidade. (Imagem 03): Print Screen Google Street View Olhando para essa realidade, vê-se a necessi dade de transformação das nossas cidades, para que possam promover uma espaço urbano devidamente cidadão, na qual ofereça um planejamento integrado dos espaços públicos (rua cidadã) e privados (arqui tetura urbana), buscando um ambiente que priorize os deslocamentos sustentáveis, a segurança dos seus usuários e suas satisfações. Não incluindo apenas as experiências sociais dos habitantes da cidade, mas também dos turistas que, em sua maioria, procuram conhecer fielmente a cultura local. Isto é, visitando os museus, os mercados, as praças e, por fim, mas não menos importante, as ruas, “mas se a verdade que temos a oferecer-lhe é a rejeição ao uso de nossos espaços públicos”2, isso só mostra a realidade de uma sociedade que não apenas tem, mas também não vive em um espaço urbano de qualidade.

(Imagem 02): MOBilize! São Sebastião - Coletivo MOB. Brasília/ DF . Imagem Cortesia de COURB Brasil Uma cidade que se preocupa com a escala humana, suas necessidades sociais e a infraestrutura urbana - isso é, espaços públicos atrativos, variedade de usos e caminhabilidade - torna-se segura ao atrair mais pessoas, olhares e movimento para as ruas, pro movendo a vigilância social. Essa compreensão a res peito da cidade foi entendida e aplicada na cidade de Copenhague em que, a partir da metade do século XX, se transformou por completo, quando começou a planejar a cidade com um olhar humano para as pro blemáticas dos espaços urbanos, trazendo mudanças e requalificações para a cidade como um todo. Esse exemplo, portanto, nos devolve a esperança e legiti ma um potencial para a melhoria das nossas cidades, quando os olhares do planejamento se voltarem para as pessoas, trazendo, por fim, qualidade de vida. Na atualidade, os espaços urbanos refletem a falta de humanidade e uma completa negligência com quem habita a cidade. Praças inóspitas, calçadas degradadas, prédios autônomos e altos muros são o retrato fiel do dia a dia nas cidades. Ao voltar o olhar para o passado, quando os sobrados se abriam para a rua, percebemos uma realidade em que havia a in teração dos espaços público e privado e hoje, quando nos deparamos com o presente, vemos uma socieda de como um todo individualista, que propõe edifícios que se fecham para si e que geram muralhas no con texto urbano, como no exemplo da Imagem 03, loca lizada na Rua Afonso Pena, em que fica perceptível a Urbano Cidadão

Para isso, é importante compreender a função social das construções privadas na paisagem cultural da cidade e suas conexões com as ruas, tendo em vis ta que as interfaces podem gerar sensações de con forto ou desconforto, inclusão ou exclusão, seguran ça ou insegurança. Assim, para alcançar um espaço de transição, torna-se importante existir um estudo incisivo das interfaces e de como o térreo e os pri meiros pavimentos conversam com a rua e o entorno. Possibilitar a permeabilidade física e visual através de grandes portas e janelas, além de garantir conforto no espaço para os transeuntes, a partir de marquises e vãos que se projetam sobre a calçada, são algumas medidas que favorecem o espaço urbano cidadão. Na arquitetura modernista, vê-se edifícios de uso mis to que promovem diferentes atividades nos térreos, desde comércios até grandes vãos sobre pilotis.

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Em edifícios como a Agência Central dos Cor reios e o Edf. Santo Albino, do arquiteto Heitor Maia Filho, na Avenida Guararapes, fica perceptível a diver

2.2 Espaço

2.1

Cidade Para Pessoas

(Imagem 04): Foto: Flickr Jonas de Carvalho Nas primeiras civilizações históricas, a rua ga rantia encontros e trocas sociais na cidade. Era nela que acontecia os principais eventos, as discussões políticas, trocas comerciais, negociações, e assim, o exercício pleno da democracia. Trazendo para uma vi são atual, percebe-se que regredimos no conceito de rua e de como nos apropriamos dela, no qual houve a inversão de valores que não mais prioriza a escala humana e o espaço urbano, mas sim, os automóveis particulares e os edifícios autônomos. A vida na cida de foi renegada, as trocas sociais esquecidas, a rua começou a ser vista como apenas um meio de passa gem e, como visto na Imagem 05, se tornou palco de congestionamentos e caos urbano.

2.2 Rua

(Imagem 05): Foto: Futura Press/Folhapress Cidadã

2DUARTE, Clarissa1 Gehl, Jan - Cidades Para Pessoas, 2010

A onda da modernidade, durante o século XX, trouxe consigo constantes inovações e permitiu mo dificar a estrutura física e espacial da cidade, onde o planejamento urbano se voltou ao protagonismo das novas tecnologias, como o advento dos automóveis, à autonomia dos edifícios e à setorização dos usos. Os anseios por essas rápidas mudanças, impediram um olhar aguçado para a realidade e as necessidades das pessoas que habitam a cidade e, como consequência, a escala humana foi negligenciada no contexto urba no. Hoje, ao caminhar pelas ruas do Recife e ex perienciar a vida na cidade, é visivel o descaso com a população que transita todos os dias pelos seus es paços públicos. Caminhar em pleno sol de meio dia pela Avenida Agamenon Magalhães, ou o simples ato de pegar um ônibus na parada mais próxima é um desafio para quem se desloca pela cidade. Frente a essa realidade em que a falta de infraestrutura e inte gração entre o espaço público e privado, refletem em ruas inóspitas e espaços públicos inutilizados e margi nalizados, como no exemplo da Imagem 01 é notável a necessidade de uma cidade feita e planejada para as pessoas e que traga a vida de volta às ruas e cal çadas, com uma “cidade viva, segura, sustentável e saudável”1 (Imagem 01) Foto: Vinícius Sobreira Percebe-se, portanto, que, correspondendo à natureza do homem de se relacionar, é essencial a criação de espaços sociais que ofereçam e convidem as pessoas para vivenciar a cidade. Essa percepção é afirmada desde Marx, quando expressa que “o ho mem é, por natureza, um ser social”, e exclarecida por Jan Gehl em seu livro “Cidades para Pessoas”, onde ex plica que “As pessoas vão aonde o povo está”, assim, buscamos por ambientes que deem oportunidade às trocas de experiências, relações e aos encontros, assim como ilustrado na Figura 2, onde, através do MoBilize!, que atua em espaços urbanos esquecidos em busca de lugares mais democráticos, por meio de pequenas, porém signicatavas iniciativas de transfor mação dos espaços públicos, é devolvida a população o local de encontro tão necessário.

sidade de usuários que ativa as calçadas e traz vida ao entorno.Sendo assim, entende-se a importância de resgatar essa herança tipológica e funcional, como no clássico exemplo de arquitetura modernista: Ministé rio de Educação e Saúde / Lucio Costa e equipe , visto da na Imagem 04, para acionar a vitalidade dos espa ços públicos da cidade e realizar um estudo prelimi nar do contexto social, urbano e tipológico do entor no, para que se desenvolva uma arquitetura urbana, sustentável, funcional e gentil com a escala humana, onde se priorize a diversidade de usos e usuários e resgate a qualidade de vida na cidade.

3 3Volume 3 - Diretrizes Urbano-Arquitetônicas para o Centro Expandido Continental do Recife

(Imagem 06): NACTO, Associação Nacional de Oficiais de Trans porte da Cidade. Entende-se a mobilidade urbana como a de mocratização dos modais, em que é possível transitar com liberdade de escolha nos espaços públicos. É im portante, ainda, priorizar os transportes sustentáveis, como o deslocar-se a pé, de bicicleta ou por trans porte público, garantindo um passeio e deslocamento de qualidade. Isso acontece porque, para quem pega um ônibus ou se desloca de bicicleta, é necessário experienciar a rua e o que ela tem a convidar. Como exemplo de mobilidade urbana de qualidade, tem-se o processo de requalificação em Copenhague, o qual deu enfoque em reduzir o uso dos automóveis indivi duais e potencializar os modais sustentáveis, como no exemplo da Imagem 07 (Imagem 7): Livro Cidade Para Pessoas Isso fica evidente ao observar as transforma ções diretas na dinâmica da cidade, uma vez que as bicicletas começaram a ter privilégios no planejamen to do trânsito com faixas e semáforos exclusivos, ga rantindo a segurança dos usuários. Essa mudança na capital da Dinamarca, demonstra a importância do estudo da mobilidade como objeto de transforma ção, bem como a implantação de forma estratégica e funcional como já vem sido feito, de pouco a pouco, na nossa cidade, como mostra a Imagem 08 a nova ciclovia Graça Araújo, com 2,8 km de extensão cobrin do toda a avenida Mário Melo e Rua dos Palmares.

(Imagem 09): Foto Autoral

4DUARTE, Clarissa

Para renovar a vitalidade dos espaços públicos, é essencial dar importância ao planejamento urbano de forma coerente e integrada, visando a qualidade e conforto socioespacial. Para isso, torna-se necessá rio compreender e exercer a mobilidade, o conforto ambiental, o mobiliário, a infraestrutura e a interface arquitetônica, ilustado na Imagem 06, onde tudo no contexto da rua se integra pensando, primeiramente, na escala humana.

(Imagem 08): Andréa Rêgo Barros/PCR Assim como garantir a mobilidade, é necessá rio dar importância à presença adequada da vegeta ção para garantir o conforto na cidade como um todo. Desse modo, é necessário que haja um planejamento que seja coerente na implantação e na distribuição, uma vez que a vegetação precisa estar de acordo com a região, clima e contexto que será implantada, de uma forma contínua e harmônica. Junto a isso, a qua lificação das calçadas e o uso de alegretes para garan tir o melhor aproveitamento da seus benefícios, som bras e diminuição dos efeitos poluentes, por exemplo.

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Do início ao fim, percebe-se a necessidade da adequação de todos os elementos que compõe a Rua Cidadã para a escala humana, uma vez que “entre Vitruvio, Pacioli e Le Corbusier atravessamos dois mil anos, e a escala humana, absoluta, conti nua a mesma. Enquanto esse “fenômeno” persistir, a consideração da escala local no planejamento será incontestavelmente válida e necessária, e o homem, eternamente, a divina proporção.”4

A interface urbana, por sua vez, é caracteri zada pela pele que intercede o espaço público e o privado e, sendo assim, deve receber a devida aten ção para que não haja desagregação e sensação de falta de pertencimento no contexto urbano, como no exemplo da Imagem 09, onde percebemos o cuidado com a interface no bairro das Graças.

É de entendimento geral que ninguém sen te o prazer ao caminhar por uma rua composta por muros cegos, sem permeabilidade visual e/ou física, porém quando o espaço público promove uma hete rogeinidade e continuidade de usos, a caminhada se torna mais atrativa, deixando de ser uma obrigação e passa a ser uma escolha. Ultimamente, em Recife, tem-se visto diversos edifícios com películas de vidro que não condizem com a nossa realidade climática, uma vez que esse exemplo acaba produzindo um mi croclima e um desconforto a quem habita a cidade, sendo importante a regionalização da arquitetura.

Tendo em vista que o passeio urbano é um constante convite às práticas de interação social, os espaços de permanência precisam condizer com a grande praça aberta que é a rua. Para isso, precisa -se da implantação de mobiliários urbanos feitos para as pessoas, com o objetivo da sua apropriação e per manência. Sentar em frente de casa para observar o movimento faz parte da nossa cultura e, quando nos é dado uma oportunidade de apropriação do espa ço, não pensamos duas vezes. O ser humano deseja um local que o transmita conforto e sensação de per tencimento. Sendo assim, entende-se que o mobili ário urbano são equipamentos que tanto suportam as atividades públicas, como oferecem o convite para quem passeia, são esses: postes de iluminação (ade quados para pedestres e automóveis), lixeiras, ban cos, fiteiros, paradas de ônibus, entre outros. É im portante que o mobiliáio obedeça uma “coerência na distribuição, na ergonomia e no clima.”

12 13 33CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1 Aspectos Históricos 3.2 Aspectos Legislativos 3.3 Elementos de Paisagem

Mais conhecida como Capelinha da Jaqueira, a Capela de Nossa Senhora da Conceição fazia parte do Sítio das Jaqueiras, hoje desaparecido, possui estilo barroco e está localizada no Parque da Jaqueira. Solar JaqueiraEstação Ponte D’ UchoaMansão Gibson 1741 1766

SÉCULO

SÉCULO XX Casarão do Colégio Damas Academia Pernambucana de Letras

O palácio de estilo neoclássico foi cons truído pelo engenheiro francês Pierre Victor Boulitreau para ser residência do Visconde de Loyo. No século 20, foi ad quirido pela Arquidiocese de Olinda e Recife e contribui para fazer o bairro das Graças ser palco de importantes arquite turas da cidade do Recife.

Além dos imponentes palecetes ao longo da avenida, apresen tam-se, também, importantes edificações ecléticas e modernistas.

Localizada no bairro das Graças e em frente do que antes foi o Hotel Delmiro Gouveia, a Praça do Entroncamento era a confluência de três vias férreas, as an tigas maxambombas: Arrial, Várzea e Dois Irmãos.

Palácio dos Manguinhos

Este Palacete era propriedade de Francis co Antônio de Oliveira, o Barão de Bebe ribe, o qual fazia parte da alta sociedade pernambucana. Sua residência era mais habitada durante o verão de Recife e co nhecida pelas grandes festas requintadas. Em 1935, o Estado adquiriu o casarão e em 1940 teve a sua primeira exposição.

Avenida Rui Barbosa, 1926 - Fonte: Blog Iba Mendes A Avenida Rui Barbosa, antes conhecida como Estrada dos Mangui nhos, teve origem no século XIX e era o endereço preferido dos co merciantes brasileiros e europeus que se instalavam na capital per nambucana. Um dos motivos decisivos para se instalarem naquela região foi a presença do Rio Capibaribe. Diferentemente dos dias de hoje, o rio se apresentava como um dos principais meios de trans porte e as casas se voltavam para as suas margens. A abundância de terrenos disponíveis, juntamente com o clima mais confortável e a presença da Estação Ponte d’Uchoa, esta, que ainda se encontra preservada, geraram um grande interesse por parte da alta socie dade. Desse modo, houve um considerável crescimento imobiliário e a paisagem da avenida ficou caracterizada por casarões, grandes sítios e edifícios religiosos. Dentre tais construções, destacam-se a Academia Pernambucana de Letras (1901), sendo o único tombado pelo IPHAN, o Museu do Estado de Pernambuco (1928), a Mansão Gibson (1847), a Igreja de São José dos Manguinhos (1711-1741) e o Palácio dos Manguinhos (1917).

José dos Manguinhos Capela de Nossa Senhora da Conceição1741 1766 Fundada pelo Padre Francisco de Sales e Silva, a Igreja tem ordenamento barroco. Após se apresentar como estado de ruína em 1913, passou por reformas e suas portas vol taram a se abrir 20 anos depois.

SÉCULO XIX

* ano referente à primeira documentação do edifício, sendo, portanto, não necessariamente o ano de construção.

14 15 3.1 Aspectos Históricos: Av. Rui Barbosa

IgrejaXVIIIdeSão

1901* 1901* 1917 O sobrado do Ponte D’ Uchoa foi ad quirido pelas madres belgas, Loyola e Alphonse, a fim de uma nova localidade para a instituição. Hoje, a construção contém objetos históricos tanto do ca sarão, quanto do colégio.

Um levantamento realizado pelo arquiteto José Luiz da Mota Menezes revela que apenas 14 dos 81 palacetes que existiam no século XIX permanecem em pé. Entretanto, apesar dessa enorme descaracterização da área, percebe-se ainda que a sensação de quem transita pela Avenida Rui Barbosa é de volta ao tempo dos casarões coloniais.

O Palacete de estilo neomanuelino foi construído por Henry Gibson, imigrante e rico comerciante inglês. Acredita-se que o casarão foi vendido para a família Batista da Silva, atual proprietária, após o filho de Henry perder em uma aposta. A mansão sobressai na paisagem devido à sua gran diosidade e história, sendo muito intrigan te à todos que passam pela Rui Barbosa. A estação da antiga maxambomba era de extrema importância para a locomoção dos habitantes da região até ser desativada em 1915. Após parcial destruição em 2013 por um automóvel desgovernado, a população se comoveu e a revitalização de sua estrutu ra foi completada no ano seguinte. O casarão foi construído pelo Barão Rodrigues Mendes para uma de suas netas e para isso, foi-se necessário desintegrar parte do sítio da família. Hoje, funciona uma clínica geriátrica e compõe a paisagem dos casarões da Rui Barbosa.

Praça do Entroncamento Museu do Estado de Pernam buco 1925 1928

Único casarão da Rui Barbosa tombado pelo Iphan, era propriedade do Barão João José Rodrigues Mendes, importan te comerciante português. Nos anos 60, durante o governo de Paulo Guerra, a edificação foi desapropriada e cedida à Academia.

As casas das quais hoje funciona a Pizzaria Atlântico (1958), pro jetada pelo arquiteto Acácio Borsoi e o Colégio Núcleo (1964), e, ademais, o edifício do Itaú Personalite (1988) são exemplos da ar quitetura moderna do Recife. Constituem, portanto, de alguns dos “Cinco Pontos da Nova Arquitetura”, sendo eles: uso de pilotis, teto jardim, estrutura independente, janela em fita e fachada livre. Des sa maneira, entende-se que a via se apresenta como significativo elemento de paisagem histórico-cultural da cidade do Recife.

Pizzaria Atlântico Colégio Núcleo Itaú Personalite1964 1958 Projetada pelo arquiteto modernista Acácio Borsoi, essa edificação faz parte das casas modernistas mais relevantes desse período histórico. Hoje, a casa abriga a Pizzaria Atlân tico desde o início do século XXI. Composta por pilotis, azulejos e brises de madeira em suas fachadas, essa casa modernista perten ce, atualmente, ao Colégio Núcleo no bairro Jaqueira.da

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O edifício de estilo moderno onde hoje funcio na o Itaú Personalite, possui brises horizontais em sua fachada e se impõe na Avenida Rui Barbosa devido à sua permeabilidade alta e sua construção marcante.

Restaurante Papa Capim Toyolex1940 1950 O Restaurante PapaCapim funciona hoje em um casarão de estilo eclético da déca da de 40 e, apesar de ter sofrido algumas modificações internas, sua fachada e jar dins continuam originais. O casarão de estilo colonial, hoje, abriga a Toyolex e o mercado Greenmix, e suas ca racterísticas originais da fachada continuam preservadas. O modernismo do Recife se apresenta na antiga moradia do engenheiro Isnard de Castro e Silva, construída em 1958 na Avenida Rui Barbosa, bairro da Jaqueira, hoje ocupado pelo consul tório médico A+. A+ Medicina Diagnóstica1958 1988

3.2 Aspectos Legislativos * Região pertencente à ARU - Área de Reestru turação Urbana

ZE ZEPH SPRSPA IE IEP IPAV ARU

ZAC

18 19 MAC ZAC

CONTROLADARESTRITAMODERADA ZAN CAPIBARIBEBEBERIBETEJIPIÓORLA

ARU Art. 1º Fica criada a Área de Reestruturação Urbana - ARU - composta pelos bairros Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, Mon teiro, Apipucos e parte do bairro Tamarineira -, cujas condições de uso e ocupação do solo obedecerão às normas estabelecidas nesta Lei, em consonância com as diretrizes con�das na Lei Orgânica do Município - LOMR e no Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife PDCR, e cujo perímetro está delimitado no Anexo 1 e descrito no Anexo 2-A desta Lei.

Art. 3º Integram esta Lei, complementando seu texto, os Anexos numerados de 1 a 8.Art.

4º A Área de Reestruturação Urbana tem como obje�vos: I - requalificar o espaço urbano cole�vo; II - permi�r a convivência de usos múl�plos no território da ARU, respeitados os limites que IIIestabelece;-condicionar o uso e a ocupação do solo à oferta de infra-estrutura instalada, à �pologia arquitetônica e à paisagem urbana existentes; IV - definir e proteger áreas que serão objeto de tratamento especial em função das condi ções ambientais, do valor paisagís�co, histórico e cultural e da condição sócio-econômica de seus habitantes; V - respeitar as configurações morfológicas, �pológicas e demais caracterís�cas específicas das diversas localidades da ARU.

MAN

Art. 2º As disposições desta Lei aplicam-se às obras de infra-estrutura, urbanização, reurbani zação, construção, reconstrução, reforma e ampliação de edificações, instalação de usos e a�vidades, inclusive aprovação de projetos, concessão de licenças de construção, de alvarás de localização e de funcionamento, habite-se, aceite-se e cer�dões.

Diagrama de Zoneamento na Área Geral de Estudo

Zonas de Ambiente Construídas – ZAC são agrupadas de acordo com as especificidades quanto aos padrões paisagís�cos e urbanís�cos de ocupação, as potencialidades urbanas de cada área e a intensidade de ocupação desejada.

Ficam definidas as seguintes diretrizes para as Zonas de Ambiente Natural:

Setor de Preservação Ambiental- SPA é um setor dentro da ZEPH que é cons�tuído por áreas de transição entre o SPR e as áreas circunvizinhas.

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- Implantar corredores ecológicos urbanos que conectem espaços vegetados, inseridos na malha urbana; - Garan�r padrões sustentáveis de ocupação, respeitando a paisagem peculiar existente;

- Integrar as Unidades de Conservação da Natureza - UCN e aquelas a serem criadas pelo Sistema Municipal de Unidades Protegidas – SMUP com os espaços verdes limítrofes aos outros municípios da Região Metropolitana;

ZE As Zonas Especiais - ZE são áreas urbanas que exigem tratamento específico na definição de parâmetros urbanís�cos e diretrizes específicas.

SPA

- Representa�vidade da memória arquitetônica, paisagís�ca e urbanís�ca dos séculos xvII, xvIII, xIx e xx; - Tombamento pelo Estado de Pernambuco;

ZAN As Zonas de Ambiente Natural – ZAN encontram-se definidas em função dos cursos e formas d’águas formadores das bacias hidrográficas desde a faixa de praias até as aguas com 10 metros de profundidade. O obje�vo geral das ZAN consiste em compa�bilizar os padrões de ocupação com a preservação dos elementos naturais da paisagem urbana, garan�ndo a preservação dos ecossistemas existentes.

tural - ZEPH, levando-se em consideração os seguintes aspectos: - Referêcia histórico-cultural; - Importância para a preservação da paisagem e da memória urbana - Importância para a manutenção para a iden�dade do bairro; - Valor esté�co formal ou de uso social, relacionado com a significação para a cole�vidade;

- Tombamento pela União. IEP Os Imóveis Especiais de Preservação - IEP são aqueles exemplares isolados de arquitetura significa�va para o patrimônio histórico, ar�s�co ou cultural da cidade do Recife, cuja prote ção é dever do Município e da comunidade, nos termos de Cons�tuição Federal e Lei Orgâni ca PoderãoMunicipal.serclassificados, através de legislação específica, novos imóveis como IEP, levando em consideração os seguintes aspectos: - Referência histórica cultural; - Importância para preservação da paisagem e da memória urbana; - Importância para manutenção da iden�dade do bairro; - Valor esté�co formal ou de uso social, relacionado com a significação para a cole�vidade; - Representa�vidade da memória arquitetônica, paisagís�ca e urbanís�ca dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX. SPR Setor de Preservação Rigorosa – SPR é um setor dentro da ZEPH que é cons�tuído por áreas de importante significado histórico e/ou cultural, que requerem sua manutenção, restaura ção e compa�bilização, com o sí�o integrante do conjunto. Atende à requisitos de parâme tros urbanís�cos especiais.

-Promover a sustentabilidade da produção eco-comunitária, de acordo com a capacidade se suporte dos ecossistemas.

- Valorizar e proteger os elementos construídos, reconhecidos como marcas de paisagem , inseridos nos ambientes naturais - Promover ações de educação ambiental sobre aspectos favoráveis à recuperação, proteção, conservação e preservação do ambiente natural; - Implantar programas de revitalização dos cursos e corpos d’água; e - Implantar ciclofaixas e ciclovias como infra-estrutura integrada dos patrimônios natural e construídos.

ZEPH As Zonas Específicas de Preservação do Patrimônico Histórico-Cultural - ZEPH são áreas formadas por sí�os, ruínas, conjuntos ou edi�cios isolados de expressão ar�s�ca, cultural, histórica, arqueológica ou paisagís�ca, considerados representa�vos da memória arquitetônica, paisagís�ca e urbanista da cidade. O Poder Execu�vo poderá ins�tuir, mediante lei específica, novas áreas como Zonas Específicas de Preservação do Patrimônico Histórico-Cul

- Recuperar áreas degradadas, livres ou ocupadas irregularmente, potencializando as suas qualidades materiais e imateriais;

CAPIBARIBE Zona de Ambiente Natural Capibaribe – ZAN Capibaribe, compostas pelos cursos e corpos d’água formadores de bacia hidrográfica do Rio Capibaribe, caracterizada pela concentração da Mata Atlân�ca e de seus ecossistemas associados e pelos parques públicos; Deverão ser observadas as seguintes diretrizes específicas rela�vas à ZAN Capibaribe;

- Manter as �pologias de ocupação com controle do processo de adensamento, onde houver -sí�os;Implantar parques naturais municipais, recuperar e requalificar praças.

3.3 Elementos de Paisagem Prc.Derby Prc.DerbyR. Jener de SouzaR.JoaquimNabuco Prc.DerbyAv.RuiBarbosa Av. Rui Barbosa Av. Cons Rosa e Silva Av.ConsRosaeSilva AméliaR.PaivaAlbertoR. R.doFuturo R.doFuturo Av.GovAgamenonMagalhães Av.GovAgamenonMagalhães

23 24 44LEITURA URBANA LOCAL 4.1 Por uma Cidade Preservada e Produtiva4.1.1 Identidade 4.1.2 Proporcionalidade 4.1.3 Diversidade 4.1.4 Densidade

“É importante ressaltar que a definição dos diversos atributos ora analisados, e suas respecti vas “aferições” não pretende reduzir a amplitude do conceito de cada atributo, o objetivo é apenas o de fazer um recorte metodológico que permita fornecer uma caracterização preliminar em escala local, de maneira integrada”.1

Tomando como referência o Plano Cen tro Cidadão, analisamos 12 qualidades, para um garantir um Espaço Urbano Cidadão, que serão analisadas a seguir, são elas: identidade, propor cionalidade, densidade, diversidade, permeabili dade, caminhabilidade, vegetalização, iluminação, acessibilidade, conectividade, multimodalidade e colaboração.

1 Plano Centro Cidadão IDENTIDADEPROPORCIONALIDADECIDADÃOURBANOESPAÇODENSIDADEDIVERSIDADEPRODUTIVOPRESERVADO HUMANIZADOSEGUROCONFORTAVEL INTEGRADO INCLUSIVO ILUMINAÇÃOVEGETALIZAÇÃOCAMINHABILIDADEPERMEABILIDADECONECTIVIDADEMULTIMODALIDADEACESSIBILIDADECOLABORAÇÃO

25 Escala: 1/5000

Os edifícios singulares são destaques na pai sagem dessa área por serem expressivos em suas quadras, porém marcam apenas 3,78%, por mais que apresentem um grande potencial econômico, social e cultural, além de um acentuado ponto de referên cia. São exemplos o colégio Agnes, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, o Hospital dos Servidores do Estado e o Clube Português.

Através dos estudos na área escolhida, a aná lise da tipologia das edificações foi definida afim de expor o grau de identidade da região: quanto maior for a sua quantidade, maior será a sua identidade. No reconhecimento do espaço, foram nota dos doze tipos arquitetônicos diferentes. O mais evi dente é a casa sem recuo lateral, com predominância de 30%, no qual, a maioria hoje em dia, não segue mais a sua função original de residência, sendo des caracterizadas principalmente com a substituição, em sua maioria, das portas e janelas de madeira, para es quadrias de vidro, tazendo uma nova identidade ao edifício. Os seus usos, atualmente, se referem à loca ção de escritórios de advocacia, clínicas, associaçoões e entre Poroutros.mais que Recife seja conhecido pelos seus sobrados e casas de porta e janela, no bairro das Gra ças, território dessa análise, a sua predominância é de, em média, para os dois tipos, 7%, por ser uma área, históricamente, de campo, onde se destacavam muitos casarões afastadas da cidade.

A identidade de um local é definida pela união de vários aspectos, entre eles, o de uma boa arqui tetura, que, por sua vez, revela a história de uma ci dade, do seu povo e da sua cultura, tornando, para quem habita e visita aquele lugar, uma experiência inigulável. Ela é a característica particular, que atri bui originalidade, qualidade e reconhecimento a um determinado local, onde não se define pelo simples espelho de uma cidade em outra, muito pelo contrá rio, é revelar, por meio da arquitetura, uma expressão criativa que reflete e abraça a individualidade de um povo, dando valor a quem ali mora.

4.1.1 Identidade (Imagem 10): Casas sem recuo lateral _ Foto autoral BarbosaRuiAv. Av.RuiBarbosa Av.Av.ConsRosaeSilvaGovAgamenon Magalhães

Proporcionalidade, na arquitetura, é um termo em que confere o equilíbrio da altura dos edifícios de uma determinada região e a expressiva relação com seu entorno, além de que as edificicações implanta das possam harmonizar primordialmente com a es cala humana. Tal conceito apresenta uma relevante importância na paisagem cultural do bairro/cidade e em aspectos que envolvem o bem-estar e a seguran ça das pessoas, que a partir disso, foi estabelecida a ARU, Lei de Restruturação Urbana que permite a fi calização das desordenadas construções em bairros de classe média de interesse do mercado imobiliario.

Sancionada em 30 de novembro de 2001, a lei 16.719 , conhecida como a Lei dos 12 Bairros, regula a verticalização dos imóvies, adapatando a altura da edifidicação à rua, impondo padrões de verticalização para cada bairro¹. As Graças está inserida no Setor de Restruturação Urbana 3 que permite 8 pavimento ( 24 metros de altura ) independente da largura das ruas e 4 pavimentos ( 12 metros de altura ) se houver junção de terrenos para a construção².

(Imagem 11): Vista geral da área _ Google Earth

27 4.1.2

Proporcionalidade

Na análise de proporcionalidade do local, foi concluído que a partir da identidade tipológica da re gião, a predominância de casas sem recuo lateral e a lei estabelecida para o bairro impulsionou em um resultado satisfatório de 42% de casas térreo e 28% com 2 pavimentos ( especifico das casas sem recuo lateral) , refletindo uma proporção na altura das edi ficações.Portanto, vê-se uma maior simetria entre as edificações , sendo diagnósticado uma proporciona lidade regular, somados a existência de 30% de edi fícios que variam de 3 à 20 pavimentos, não influen ciando na harmonia do local.

Av.RuiBarbosa Av.ConsRosaeSilvaAv.Gov Agamenon Magalhães

BarbosaRuiAv.

29 4.1.3

Na área analisada, portanto, estabelecemos, através da reunião de dados e elaboração de gráficos, um conceito médio na questão da diversidade, isso porque, por mais que no contexto próximo ao Clube Português do Recife, junto à Rua da Hora, se esten dendo pelo bairro do Espinheiro, haja uma notável diversidade entre comércios, residências e, principal mente serviços, que reúnem quase 25% do total de usos, quando prolongamos nosso olhar, a partir do Hospital dos Servidores Públicos até o Colégio Presbi teriano Agnes Erskine, percebemos, destacando por exemplo a Rua João Ramos, um padrão de maioria ha bitações formais multifamiliares, que por sua vez reú nem quase 30% do total de usos da região analisada, onde a verticalização torna-se ainda mais presente. É importante destacar ainda, que o conceito médio escolhido, se aplica apenas para a realidade lo cal, não refletindo os parâmetros de diversidade de cidades onde é comum a presença de usos de ocu pação mistos, que nesse contexto apresenta apenas 3,14%, em que é notável a preocupação com a rua e os impactos das interfaces privadas refletidas nos espaços públicos.

Diversidade Os usos, influenciam em tudo na conjuntura da cidade, é assim que promovemos olhos para rua, quando queremos atrair os que transitam, e é as sim que também estagnamos os passeios urbanos, quando murando as edificações de moradias que, no equívoco, se importam em gerar segurança, devido a preocupação com a violência. Para que tenhamos vigilância e movimento nas ruas, por todo o período do dia e independentemente do período do ano, por tanto, é necessário unir todos os interesses, integran do esses usos, e, assim, diversificando as atividades. Quando Jane Jacobs, pioneira em observação das ci dades nos seus contextos pós modernistas, fala sobre as ruas, destaca a importância da variedade de usos e de como esse elemento é importante para termos um contexto urbano mais agregador e convidativo, sendo possível redigir com razão que “Uma cidade diversa é uma cidade segura”.

(Imagens 12 e 13): Residências multifamiliar e unifamiliar, servi ços e comércios predominam na região estudada _ Foto autoral SERVIÇO EDUCACIONALUNIFAMILIARFORMALHAB. INSTITUCIONALUSOSEM/VAZIOCOMERCIALMULTIFAMILIARFORMALHAB. SERVIÇO)/(COMÉRCIOMISTOUSO CULTURALRESIDENCIAL)/(COMÉRCIOMISTOUSO RESIDENCIAL)/(SERVIÇOMISTOUSO RES)/COM/(SERVMISTOUSO29,59% 24,71% 15,80% 12,64% 9,77% 2,58% 1,43% 1,43% 1,15% 0,28% 0,28% 0,28% Unidade de Medida: Variação de usos. Grau de Diversidade: Relação equilibrada do percentual do uso residencial e demais usos. N Escala: 1/5000 BarbosaRuiAv. Av.RuiBarbosa Av.ConsRosaeSilvaAv.GovAgamenon Magalhães

LEGENDA DENSIDADE POPULACIONAL

Unidade de medida: Número de habitantes por hectare (densidade populacio nal) Grau de densidade: Valor maior ou menor da relação hab/ha (ref: maior ou igual a 400hab/ha é alta densi dade; menor ou igual a 100 hab/ha é baixa densidade).

SEM

unifamiliar e multifamiliar _ Foto autoral Área

31 32 4.1.4

(Imagem

300>400

Densidade É comum que a maioria das pessoas ao serem questionadas sobre o que é uma cidade viva, assu mam que uma cidade viva é uma cidade cheia, com muitas pessoas, vivendo, morando e utilizando. Mas, analisando as realidades ao nosso redor, é perceptí vel que essa análise não é tão pragmática ou objetiva, muito pelo contrário, é específica, pois já dizia Jan Gehl, “A densidade sozinha não produz, necessaria mente, vida nas ruas”. Define-se, portanto, que uma a cidade viva se dá pela combinação de espaços pú blicos convidativos e de qualidade, juntamente com um público de quantidade razoável, porém relevante, que não utiliza os espaços apenas para se deslocar ra pidamente de um ponto a outro, mas que se apropria e celebra os encontros, além de poucos pavimentos nas edificações, para, assim, oferecer o palco à cidade em suasAnalisando,esquadrias.assim, cada lote delimitado em nossa área, observando a quantidade de moradias e estipulando quantas pessoas vivem, em média, em cada uma delas, que, segundo o IBGE, sendo nas Gra ças e no Espinheiro, ambos bairros com média de 3 por pessoas moradia e, dessa forma, reunindo esses dados, calculamos a quantidade de pessoas por hec tare.

Área

1>100

>400 HABITANTE/HECTARE

Fazendo essa análise da área, portanto, é possível observar que quando se trata de habitações formais unifamiliares, em sua grande maioria, são ha bitações bastante verticalizadas que não conversam com a rua e menos permitem olhares vigilantes para o espaço público. Porém, analisando o mapa e os da dos como um todo, fica claro que o resultado de con ceito médio equivalente a 47,6% dos lotes, por mais que os espaços públicos não convidem à permanên cia de maneira geral, a quantidade de pessoas é ex pressivamente positiva, segundo o que entendemos como cidade saudável e viva. 14): pelas residências com Média Densidade Populacional 9,52%Área com Baixa Densidade Populacional 23,80% com Alta Densidade Populacional 19,04% HABITAÇÃO 4,76% HABITANTE/HECTARE 23,80% Baixa 100>300 HABITANTE/HECTARE 38,09% HABITANTE/HECTARE 9,52% 19,04% AltaMédia

Densidade sendo representada

33 34 44LEITURA URBANA LOCAL 4.2 Por uma Cidade Integrada e Inclusiva4.2.1 Conectividade 4.2.2 Multimodalidade 4.2.3 Acessibilidade 4.2.4 Colaboração

A produtividade da região é classi cada como regular devido à densidade e diversi dade, sendo satisfatórias para a realidade recifense, e, mesmo apresentando uma admissível proporcionalida de, ainda carece na identida de tipológica de suas edi ca ções.

35 36 4.2.1

Conectividade A análise de conectividade se dá por meio de um estudo que avalia eixos conectores de uma de terminada área, sejam através de ruas, bairros e até cidades, do seu nível de integração, do número de co nexões das vias interceptoras e de como as pessoas podem se deslocar com facilidade e rapidez. Essas vias de acesso são caracterizadas como vias hierarquicas e se classificam como vias de eixo metropolitano, eixo urbano, vias locais e vias microlo cais, cada uma com sua função de interligar pessoas a diferentes lugares. As vias locais e microlocais pos suem um baixo nivel de conexão, pois só permitem interligar ruas do mesmo bairro. Se um bairro possuir ao menos uma via urbana, o nível de ligação poderá ser classificado como médio, refletindo uma melhor conectividade. Já as vias de eixos metropolitanos são consideradas de alta conectividade, sendo capaz de interligar bairros e até cidades. Transportando esse conceito e utilizando para análise da área estudada, conclui-se que mesmo ha vendo uma larga extensão de vias locais e microlo cais, a conectividade é considerada média devido a três vias urbanas que unem o bairro das Graças e Espinheiro através da Avenida Rui Barbosa, Avenida Rosa e Silva e Rua Amélia, além de uma via de eixo metropolitano a Agamenom Magalhães fazendo a li gação entre as cidades Recife e Olinda. (Imagem 15): A conexão entre a Av. Rui Barbosa, Rua das Creou las e a Praça do Entroncamento Foto autoral

CONECTIVIDADEURB1ESC.: ÁREA1:5000C N IDENTIDADEPROPORCIONALIDADECIDADÃOURBANOESPAÇODENSIDADEDIVERSIDADEPRODUTIVOPRESERVADO HUMANIZADOSEGUROCONFORTAVEL INTEGRADO INCLUSIVO ILUMINAÇÃOVEGETALIZAÇÃOCAMINHABILIDADEPERMEABILIDADECONECTIVIDADEMULTIMODALIDADEACESSIBILIDADECOLABORAÇÃO 57% 31% 12% VIAS MICROLOCAIS VIAS LOCAIS VIAS DE EIXO URBANO VIAS DE EIXO METROPOLITANO VIAS DE EIXO METROPOLITANO VIAS DE EIXO URBANO VIAS LOCAIS VIAS MICROLOCAIS

Percentual de calçadas com conservação, con�nuidade e largura simultaneamente adequadas. Metros lineares de calçadas com conservação, con�nuidade e largura simultaneamente adequadas. Unidade de Medida: Grau de Conec�vidade:

_

VIAS -MULTIMODALIDADECOM10% Escala: 1/5000

IDENTIDADEPROPORCIONALIDADECIDADÃOURBANOESPAÇODENSIDADEDIVERSIDADEPRODUTIVOPRESERVADO HUMANIZADOSEGUROCONFORTAVEL ILUMINAÇÃOVEGETALIZAÇÃOCAMINHABILIDADEPERMEABILIDADECONECTIVIDADEMULTIMODALIDADEACESSIBILIDADECOLABORAÇÃO

37 38 4.2.2

Presença de pedestres, mas com vias que valo rizam apenas transportes privados e públicos que excluem os ciclistas _ Foto autoral N DE EIXO METROPOLITANO DE EIXO URBANO LOCAIS

VIAS

INTEGRADO INCLUSIVO

VIAS ESPAÇOMICROLOCAISPÚBLICOSPOLARES

VIAS -MULTIMODALIDADESEM90%

A diversidade de modais é a qualidade que de fine uma rua democrática, agregadora e imperativa, na qual acolhe vários meios de transporte de forma segura e confortável, convidando os usuários a uti lizá-la para se locomover de maneira mais prática e igualitária, para um sistema público viário “cidadão”. Integrar várias funções nas ruas garante sus tentabilidade, segurança social, versatilidade e dife rentes experiências que garantem a máxima utiliza ção do espaço público. Assim, fica clara a importância de projetar com o olhar para os pedestres e modais sustentáveis, na qual a atenção não se restringe ape nas à automóveis particulares, como muito tem sido feito em nossos dias. Na área analizada é perceptível a ausência de ciclofaixas ou ciclovias (Imagem 16), sendo predomi nante vias que comportam transporte coletivo, carros e pedestres, ocupando 65% da área total. Nela rece be um número importante de veículos particulares e transporte público, por abrigar duas importantes vias de ligação, a Rui Barbosa e um trecho da Av Rosa e Silva. Porém, nem mesmo nessas duas vias, dispõe de faixas exclusiva para ciclistas e transporte público, impossibilitando a consideração de sua multimodali dade. É evidente que esse tipo de implantação des valoriza esses meios de transporte, ocasionando uma falta de interesse por parte dos usuários e interferin do na sustentabilidade e segurança local. (Imagem 16):

Percentual de metros lineares de ruas com mul�modalidade (que abrigram o máximo de modais em coerência com sua hierarquiaMetrosviária). lineares de ruas com mul�modalidade. Unidade de Medida: Grau de Mul�modalidade:

VIAS

VIAS

Multimodalidade

Acessibilidade A análise da acessibilidade do local se deu através do estudo da suas calçadas, sendo levado em consideração o seu estado físico de preservação e qualidade, bem como a importância desse elemento urbano para os passeios e as respectivas trocas so ciais, os quais se apresentam como essenciais para a vitalidade da cidade. É importante salientar que, para se alcançar a democratização total do uso das calça das, e consequentemente, dos espaços públicos, é imprescindível uma acessibilidade de qualidade para incluir, também, pessoas com mobilidade reduzida (PMR). Nesta pesquisa, considerou-se a) o estado de conservação da paviementação da calçada; b) a con tinuidade do passeio dos pedestres (presença de obs táculos); c) sua largura: estreita (0 a 1.20m), média (1.20m a 2.30m) e larga (a partir de 2.30). O parâme tro determinado para as análises das calçadas largas se deu a partir dos parâmetros locais, não seguindo o padrão de cidades onde se é comum ter calçadas com mais de 2.5 metros de largura. Apesar de entender que não apenas o estado físico das calçadas é impor tante para garantir a acessibilidade, não se foi posto em questão a presença de elementos de sinalização, como o piso tátil, ou rampas de acesso aos cadeiran tes. Sendo assim, chegou-se a conclusão que, ape sar de 88% das calçadas serem contínuas e 43% largas, o grau de acessibilidade é ruim, uma vez que apenas 961,56m (29%) dos 3.283,15m de calçadas analisadas são acessíveis: largas, contínuas e conservadas. (Imagem 17): Dificuldade dos pedestres em transitar pelas calçadas de forma contínua e segura. _ Foto autoral (Imagem 18): A largura da calçada se torna inexistente devido à dimensão da árvore _ Foto autoral

39 4.2.3

Unidade de Medida: Metros lineares de calçadas com conservação, con�nuidade e largura simultaneamente adequadas.

Grau de Acessibilidade: Percentual de calçadas com conservação, con� nuidade e largura simultaneamente adequadas. 29% Calçadas Acessíveis:não71%

Acessíveis:Calçadas

QUANTO

AO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO DA CALÇADA: QUANTO À CONTINUIDADE DO PASSEIO DOS PEDESTRES (PRESENÇA DE OBSTÁCULOS: QUANTO À LARGURA²: ESTREITADESCONTÍNUOCONTÍNUOREGULARBOMRUIM (DE 0 A 1.20m) MÉDIA (DE 1.20m A 2.30m) LARGA (A PARTIR DE 2.30m)

41

METROS LINEARES DE CALÇADAS ANALISADAS: 3.283,15m METROS LINEARES DE CALÇADAS ACESSÍVEIS: 961,56 m

ACESSIBILIDADEDEMAPA Descon�nua: 22% Con�nua: 88% Estreita: 1% Média: 56% Larga: 43% N Escala: 1/2500 Av.RuiBarbosa

Unidade de medida: Entidades ou grupos colaborativos. Grau de colaboração: Quantidade de entidades ou grupos colaborativos.

O termo colaboração reporta-se a ideia de uma ação realizada de forma conjunta e cooperativa entre indivíduos. Em uma comunidade, essa atividade permite a comunhão entre pessoas que com o mes mo pensamento lutam por avanços na sociedade, tra zendo soluções e melhorias para um bairro ou cidade que consequentemente beneficiam aqueles que ali vivem. Desta forma, é considerável incentivar a cola boração nas comunidades, pois o envolvimento entre a população possibilita conhecer melhor a necessi dade do outro e as experiências positivas e negativas vivenciadas na cidade, buscando solucionar as desa gradáveis. Além disso, uma comunidade colaborativa e unida tem voz em aspectos políticos, levando a ne cessidade do povo para órgãos de interesse social. Para análise da região, foram feitas buscas re ferente a quatro tipos de comunidade de colaboração.

N Escala: 1/5000 COMUNIDADE EDUCACIONAL COMUNIDADE DE MORADORES COMUNIDADE DE SERVIÇOS COMUNIDADE DE COMERCIAL COMUNIDADES EXISTENTES CENTROS/PROJETOS ENGAJADOS NA COLABORAÇÃO SOCIO-COMUNITÁRIA 01 Colégio Presbiteriano Agnes Erskine 02 Santa Casa e ONG Casa Rosa Juntas na Luta contra o Câncer de Mama 03 Clube Potuguês do Recife BarbosaRuiAv. Av.RuiBarbosa Av.ConsRosaeSilvaAv.GovAgamenon Magalhães

_ Foto por Fernanda Carolina Costa via Facebook

(Imagem

àsPorAssociaçãoAmorGraças

tro órgão envolvido é a Associação de assistência às mulheres com câncer de mama, Casa Rosa, que tem como papel social desenvolver soluções referentes à carência da saúde da mulher, trazendo esperança e uma nova perspectiva de vida. A comunidade colaborativa de serviço , o Clu be Português, é vista como uma comunidade de no vos encontros agregando pessoas de vários lugares e esferas sociais, oferecendo muitas opções de entre tenimento, como esporte e lazer, além de receber o público promovendo shows, que consequentemente reverbera em seus arredores, com maior fluxo de pes soas. Além disso, é importante destacar a Associação Por Amor Às Graças, que não possue uma sede fixa, mas faz reuniões cotidianas exporadicamente, além de se comunicar através da plataforma digital, face book, para assim compartilhar em grupo experiên cias do cotidiano, pontuando formas de melhorias e buscando soluções de desenvolvimento para o bairro como umComtodo.base na quantidade de entidades e gru pos colaborativos, a análise da área resultou em nível regular no que se refere a uma comunidade de cola boração. Vale reafirmar a importância de incentivar colaboradores para assim, juntos, trazer melhorias para o bairro, tanto na forma de pensar, na identifi cação interpessoal, quanto nos aspectos palpáveis de benfeitorias para o bairro. 19): Reunião da Associação Por Amor às Graças

Colaboração

São elas a educacional, dos moradores, comercial e de serviço, entre essas, não foi identificada uma comuni dade representativa comercial. Dos centros ou pro jetos engajados na colaboração sócio-comunitária o Colégio Agnes, como representante educacional que por sua vez, possui destaque no bairro das Graças por se tratar de uma instituição de ensino histórica, fundada em 1904 e instalada na Avenida Rui Barbosa em 1920, tendo um papel importante na construção da cidadania, com ações que ultrapassaram a salas de aula atingindo positivamente o bairro como um todo, tornando-se um diferencial na comunidade . Ou

42 43 4.2.4

44 45 44LEITURA URBANA LOCAL 4.2 Por uma Cidade Integrada e Inclusiva4.2.1 Conectividade 4.2.2 Multimodalidade 4.2.3 Acessibilidade 4.2.4 Colaboração

Ainda que a área apresente conectividade e colaboração razoáveis, a análise nal se apresenta como negativa por causa do peso in uente que a acessbilidade e a mul timodalidade carregam para gerar uma cidade integrada e inclusiva.

A caminhabilidade é uma qualidade aplicá vel aos espaços públicos de uma cidade. Ela revela o quanto pode ser convidativo e agradável transitar nesses lugares tanto a pé, ou de cadeira de rodas, no caso de pessoas com mobilidade reduzida, atenden do assim, a necessidade de todos tornando-a mais humana e Parademocrática.umaanálise de qualidade da caminha bilidade, é necessário como premissa a verificação da conservação, continuidade e largura das calça das, além do grau de integração da arquitetura com o espaço público obtendo essa conexão através da permeabilidade visual. Através dos critérios de análi se como bom, regular e ruim, a Avenida Rui Barbosa possui um bom estado de conservação da pavimen tação das calçadas, chegando a 70%. De acordo com a continuidade do passeio dos pedestres, 88% é de calçada Quantocontínua.a largura, tratando-se de estreita (0 à 1,20 m), média (1,20 à 2,0 m) e larga (a partir de 2,30m), o estudo resultou em média, com 56%, dos resultados. De acordo com a permeabilidade, 64,88% são de calçadas integradas, 70,1% conservadas e 88% contínuas.Apesar dos resultados se apresentarem apa rentemete consideráveis, o diagnóstico final revelou que apenas 22,5% de calçadas caminháveis, no que diz respeito a uma má caminhabilidade, tornando-se inapropriada para quem transita na região. Sendo essa análise a junção dos quatros pilares definidores desse termo.Porém, percebemos que os parâmetros ad quiridos para o termo de calçada caminhavél que foi assumido, não condiz essencialmente ao valor que esse conteúdo carrega, pois ainda que tenhamos uma calçada larga, de boa conservação, contínua e bem in tegrada, se não haver uma boa iluminação e arbori zação, por exemplo, ainda assim não conferimos uma calçada caminhável no sentido literal do termo. (Imagens 20 e 21): Descontinuidade das calçadas e a ausência de permeabilidade visual impedem que exista uma boa cami nhabilidade _ Fotos autorais

46 4.3.1

Caminhabilidade

48 Av.RuiBarbosa

Um exemplo particular desse trecho analisa do, é a Casa dos Frios que se apropriou dos sobra dos vizinhos, modificando-os internamente e, porém, mantendo suas fachadas, alterando o estado essen cial dos sobrados, incorporando verdaderias fachadas cegas que negam as ruas. (Imagem 22): Muro cego na Rua Doutor Bandeira Filho _ Foto autoral (Imagens 23 e 24): A existência de permeabilidade torna a cami nhada mais agradável e segura _ Foto autoral

49 4.3.2

Entende-se como permeabilidade a interação, nesse caso, visual, entre os espaços públicos e priva dos e, portanto, entre todos os usuários de ambos os meios. Garantir uma permeabilidade de qualidade é proporcionar uma cidade segura, viva e atrativa. Isso porque quando se tem um alto número de olhares para a rua tanto daqueles que se encontram dentro do lote, quanto dos que transitam pelo espaço públi co, a “vigilância social”, muito defendida por Jan Gehl em seu livro “Cidade Para Pessoas”, é proporcionada e constantemente posta em prática. Nesta análise, dividiu-se o grau de permea bilidade em três tipos: a) permeabilidade visual alta: quando se existe total visualização do lote; b) perme abilidade visual baixa: quando se conseque ter a inte ração, mas com uma certa dificuldade de visualizar; c) permeabilidade visual nula: quando não existe ne nhuma possibilidade de conexão. Além disso, tornou -se importante classificar o tipo de uso do lote em a) produtivo: serviços, comércios e instituições; b) não produtivo: residências unifamiliares e multifamiliares, para que seja possível destacar a possibilidade ou não de trocas de relações na face da edificação. A permeabilidade visual da área foi conside rada boa devido ao 67,23% de permeabilidade visual alta, juntamente com o 70,14% de edificações produ tivas, sendo este último, determinante para a análise final da margarida. Apesar do resultado positivo, com preende-se que a maioria das interfaces com perme abilidade visual baixa e nula são de origem residencial e/ou educacionais, tornando-se importante existir a dismistificação de que muros altos e cegos trazem se gurança (Imagem 22).

Permeabilidade

51 Av.RuiBarbosa

52 4.3.3 Iluminação Nas grandes cidades brasileiras, onde circulam um grande número de carros que intensificam o trá fego, em que pouco se dão valor a escala do pedestre e uma boa caminhada, é um desafio precisar transitar as ruas para se deslocar e, quem dera, permanecer e se apropriar delas, principalmente à noite, quando a violência se evidencia e a sensação de perigo se ins tala, período esse em que os postes de iluminação se mostram extremamente necessários e, quase sempre decisivos para a escolha do pedestre em transitar a rua.

No caso da área analisada, observando a si tuação presente, percebe-se uma grande quantida de de postes de iluminação ao todo, porém quando observamos os dados apresentados, demonstra-se evidente que a preocupação em iluminar a ruas, fica apenas no âmbito dos automóveis, enquanto os pe destres são negligenciados e esquecidos, tendo ape nas iluminação apropriada em 7% dos postes mapea dos, sendo esses apenas na Praça do Entroncamento e na Praça São José dos Manguinhos (Imagem 26). (Imagem 25): Iluminação voltada para os carros _ Foto autoral (Imagem 26): Praça São José dos Manguinhos _ Foto autoral

Av.RuiBarbosa

Escala 1/2500

55

4.3.4

Vegetalização

A presença da vegetação é imprescindível para garantir o conforto térmico e uma caminhada agradável e, além disso, ela reduz a poluição, aumen ta a permeabilidade do solo e absorve a indicência dos raios solares. Dessa maneira, considerando que habitamos em uma cidade tropical, tornou-se impor tante analisar não apenas a quantidade de árvores, mas também a porcentagem de sombreamento que suas copas proporcionam na calçada e, consequente mente, no pedestre. A partir da pesquisa, observa-se que 23% são ávores de pequeno porte; 42% são de médio a grande porte e os restantes 35% representam as árvores den tro de lotes.

Assim, pode-se entender que as árvores pre sentes no espaço privado são igualmente importantes para proporcionar o conforto ambiental dos espaços públicos e, deve-se ter a consicência do papel do ci dadão como parte da comunidade afim de assegurar tal sensação. As árvores do Colégio Agnes e a do Bote co Porto Ferreiro são alguns dos exemplos de árvores intralotes que amenizam o clima e a paisagem, ilus tradas na Imagem 27 O percentual de calçadas não sombreadas é de 74% (2.587,27 m), tornando a análise geral de ve getalização da área bastante negativa, uma vez que tal resultado afeta a caminhabilidade dos pedestres. (Imagem 27): Árvore intralote que sombreia satisfatoriamente a calçada _ Foto autoral (Imagem 28): Ausência de vegetalização em frente à Casa dos Frios _ Foto autoral

Av.RuiBarbosa Escala: 1/2500

Apesar da área estudada apresentar uma alta permea bilidade visual, foi possível observar que a caminhabili dade é extremamente precá ria devido à ausência de iluminação para pedestres durante a noite e à escassez de vegetação que não garante conforto térmico. REFERÊNCIASINTEGRADA

55LEITURA

58 59

60 61 REFERÊNCIAS

GEHL, Jean , Cidades Para Pessoas, 2010 SPECK, Jeff, Calçadas Caminháveis, 2012 Livro Lei dos 12 Bairros : Contribuição para o Debate sobre a produção do espaço urbano do https://familiagibson.org/p/mansao-henry-gibson.htmlhttp://www.ipatrimonio.org/?p=20390#!/map=38329&loc=-8.039448000000014,-34.903929000000005,17c87d25https://www.geocaching.com/geocache/GC6RVN8_ponte-duchoa?guid=42ea01a2-1f0e-47ae-a025-d7ff9fgas-14347733/photo-8936001https://www.wikiloc.com/walking-trails/1a-caminhada-gastroetilica-e-cultural-do-ndp-circuito-das-bodehttps://curiosamente.diariodepernambuco.com.br/project/casaroes-rui-barbosa/nos-apos-aprovacao-355049.phphttps://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/noticia/2018/09/18/lei-dos-12-bairros-e-analisada-17-aRecife.

A produtividade da região é classi cada como regular devido à densidade e diversi dade, sendo satisfatórias para a realidade recifense, e, mesmo apresentando uma admissível proporcionalida de, ainda carece na identida de tipológica de suas edi ca ções.

Apesar da área estudada

apresentarumaaltapermea-bilidadevisual,foipossívelobservarqueacaminhabili-dadeéextremamenteprecá-riadevidoàausênciadeiluminaçãoparapedestresduranteanoiteeàescassezdevegetaçãoquenãogaran-teconfortotérmico.

inclusiva.umadadesbilidadepesonegativanalraçãoteAindaqueaáreaapresen-conectividadeecolabo-razoáveis,aanáliseseapresentacomoporcausadoinuentequeaaces-eamultimodali-carregamparagerarcidadeintegradae

LEITURA INTEGRADA

Universidade Católica de Pernambuco: Prefeitura da Cidade do Recife, Plano Centro Cidadão - Produto 04: Estudo Preliminar de desenho urbano do setor de ensino e conhecimento. Recife, 2017 DUARTE, Clarissa, Artigo: A Cultura da Coexistência SOARES, Maria Eduarda; MAIA, Maria Esther; NÍNIVE, Manuella; CASTRO, Natália; DURÃO, Priscyla, Trabalho da cadeira de Urbanismo I da Universidade Católica de Pernambuco - 2019.1

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