Esses Tempos
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Virginia Braga dal Carobo
Q
uando olhamos para dentro de nós mesmos vemos esperanças que trafegam, silêncios que gritam enquanto vivemos. Esses tempos nunca são fáceis e não os são. Sobrevivemos
as agruras que expostos estamos, no entanto talvez não tenhamos aprendido quase nada. Amigos, parentes e amores partiram numa pandemia dizimadora. Mesmo que ela ainda esteja entre nós, minimizamos os cuidados e percebemos que a maioria se aglutina em eventos e espaços como se a vida não estivesse exposta a este vale tudo. Há uma pressa em viver mesmo que se exponham a um risco de minimizar este tempo. A vida exige cautela. Os sonhos postergados vivem e ganham a dimensão das esperas. Impera o movimento do cuidar-se e do cuidar do outro. O imediato chama pela sensatez., sempre há a possibilidade de ser: Ser melhor, ser mais bonita, mais feliz e tudo que nos leva a busca de uma felicidade, de uma plenitude. Como ser pleno nestes tempos? Onde o equilíbrio é o desafio constante. Há necessidade em descobrir pequenas felicidades, aquelas que nos visitam sob a forma de amizades, sóis que nos iluminam, flores que nos trazem aromas, canto dos pássaros e manhãs que se desenham na magia dos sentidos. Redescobrir-se é a palavra de ordem. Descobrir que a vida cintila no detalhe e é pelo detalhe que vivos estamos. A máscara é um entalhe que esconde parte do rosto, mas é um detalhe no universo