APÊNDICE 1

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GUAIANASES: JÊ OU TUPI?

A origem de São Paulo está entrelaçada com a população indígena que habitava o planalto de Piratininga na época do descobrimento do Brasil. Em São Paulo, os índios não habitavam o litoral e sim o planalto, descendo ao litoral apenas no inverno e para a pesca. Diversas tribos habitavam o planalto e durante algum tempo muitos estudiosos acreditam que todas essas tribos seriam Tupi. Seguindo os passos indígenas o colonizador ocupou espaços muito próximos a tribos, e até mesmo lugares onde havia tribos. Foram criados diversos aldeamentos nos quais os índios passariam a viver. A colônia criou diversas leis que mediavam as relações entre o colono e os índios. Durante o período em que existiu os aldeamentos e os índios foram escravizados, as bandeiras paulistas traziam índios do “sertão” para São Paulo, que eram alojados em aldeamentos. Pasquale Petrone discute a questão dos aldeamentos abrindo com um panorama sobre os índios que existiam no planalto e aqueles que foram trazidos.

Diversos outros autores entre o século XVI e XVII acreditavam piamente que toda essa população indígena antes dos descimentos das bandeiras, era composta de tribos Tupi, porém Capristano de Abreu, no século XVII, lança sua tese de que havia uma etnia que não era tupi. Esses eram os Guaianases.

Os Guaianases, foram defendidos como amáveis, dóceis, incapazes de antropofagia e não dados a fugas por autores como Afonso Freitas, por exemplo. Os Guaianases ficaram conhecidos como facilmente domesticáveis pelo colono português, o que conferia ao colono proteção contra índios que não eram amistosos,

como por exemplo os índios Kaingang. É justamente do povo Kaingang que Capristano afirma fazerem parte os Guaianases. A tese de Capristano gerou polêmica no século XVII e dividiu a opinião da elite intelectual da época. De um lado autores que acreditavam piamente que na formação da cidade de São Paulo havia apenas tupis-guaranis envolvidos, o que formava um ideal romantizado das origens paulistanas. De outro lado, autores que defendiam a origem Jê dos Guaianases, posicionamento esse que feria o ideal Tupi, justamente por se tratar do povo Kaingang, um povo menos amistoso. É em Sergio Buarque de Holanda que é dada uma explicação sobre o motivo da polêmica. J. C. Gomes Ribeiro indica que foi Gabriel Souza Soares que iniciou a confusão no século XVI, levando a crer que os Guaianases seriam Tupi. Com Teodoro Sampaio se confirma que os Guaianases realmente não são Tupi e sim mais possivelmente Kaingang do tronco Jê.

Outro nome para os Guaianases é Guaianá, que é um nome tupi, o que pode ter contribuído para a confusão que se verificou. Os índios tupiniquins de Piratininga chamavam os índios de aldeias amigas de Guaianã que em tupi quer dizer “verdadeiramente manso”.