Gamefy Mag

Edição #1 Junho 2019

GAMEFICAÇÃO

Como os games otimizam o processo de aprendizado em sala de aula O mercado de games

Participação feminina

E muito mais!

Os lançamentos, novidades e a lista dos jogos com maiores orçamentos.

A história das mulheres na indústria e um panorama histórico.

A história da Nintendo, um mergulho nos E-sports e games para melhorar a saúde.

Bem-vindo à primeira edição da Gamefy Mag! Jogar é muito mais do que passar tempo interagindo com uma tela. A diversão pode ser uma boa desculpa para relembrar do passado, servir de ferramenta para o aprendizado e até mesmo nos conectar com aqueles que amamos.

A Gamefy Mag nasce como o objetivo de mostrar para o mundo que os jogos também podem ser utilizados como uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas. Queremos que, a cada página, o leitor enxergue uma faceta diferente do vasto universo dos jogos.

Cada página está cheia de informações que foram apuradas com muito carinho e dedicação. Esperamos que você aprecie a leitura.

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Jogos à serviço da sua saúde

Descubra quando os games vão além da competição e se transformam em uma ferramenta para uma vida melhor.

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Jogando e aprendendendo

GAMEFY MAG ORIENTAÇÃO: Carla Teixeira REDAÇÃO: Ângela Valpôrto, Elton Henrique, Dayane Gomes, Tainá Milena e Welli Galindo DIREÇÃO DE ARTE: Ângela Valpôrto e Dayane Gomes

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Já pensou em aprender jogando? O processo de “gamificação” é o casamento perfeito entre aprendizado e diversão.

Foto: JESHOOTS.com via Pexels

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Um giro pelo mercado de games

Os lançamentos mais esperados de 2019 e um tour pelos jogos com os maiores orçamentos da história.

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Mulheres & games

O público feminino está cada vez mais representado na comunidade gamer.

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Nintendo: gostinho de nostalgia

A empresa japonesa de jogos se mantém presente no coração dos jogadores há decadas.

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Um mergulho nos E-sports

Os jogos digitais conquistaram o status de esporte e contam até com times!

O USO DOS JOGOS PARA BENEFICIAR A SAÚDE

A habilidade com as regras e com o controle do videogame vão além da diversão TEXTO: JULIANE MARINHO

Foto: Arquivo Pessoal

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Ananda Araújo, fisioterapeuta.

A habilidade com as regras e com o controle do videogame vão além da brincadeira, da diversão, e se transformam em estímulos e na busca pela saúde física e mental.

Atualmente, games e softwares são desenvolvidos com a finalidade de ativar e trabalhar a percepção humana. Essas práticas possibilitam a seus jogadores a chance de aprimorar ações sensoriais e motoras.

Como é o caso da professora Higina Siqueira, de 47 anos, que teve o diagnóstico de artrose, doença responsável por causar desgaste entre os ossos resultando em dor e desconforto. Após receber a notícia passou a utilizar jogos eletrônicos para realizar movimentos e reabilitar os membros danificados. “Quando fui orientada a procurar uma atividade para estimular meus movimentos, fiquei surpresa com a opção de usar o videogame. Hoje vejo como a escolha foi certa, já que

INOVAR noto evolução no meu tratamento. Além dos remédios que tomo, jogo em média de 45 minutos à 1 hora, três vezes por semana”, afirmou Higina.

Para a fisioterapeuta Ananda Araújo, a gameterapia tem sido um passo importante para o tratamento de algumas patologias. “Na prática clínica a gameterapia tem sido uma opção muito crescente, por ser um tratamento que ajuda desde a cognição, até a parte motora. O histórico do paciente aliado ao caso clínico indica o benefício em alguma etapa do tratamento. A opção é totalmente bem-vinda e os estudos científicos comprovam sua eficácia”, acentua Ananda.

“Na prática clínica, a gameterapia tem sido uma opção muito crescente, por ser um tratamento que ajuda desde a cognição até a parte motora.”

Ananda Araújo, fisioterapeuta.

Foto: Anton Porsche via Pexels

Gameterapia É a prática de sessões com videogames utilizados para o tratamento de limitações causadas por patologias ortopédicas, fisioterapeutas e neurológicas. Esse tipo de tratamento surgiu no Canadá em meados de 2006. A parte lúdica e o feedback visual, bem como o aumento dos níveis do jogo conforme o objetivo for alcançado, estimula o paciente durante o tratamento. O terapeuta auxilia durante a consulta e através de sensores, seja com biofeedback ou através de controles, o paciente realiza os movimentos exigidos durante o game. O terapeuta direciona a gameterapia conforme o paciente evolui clinicamente.

Os jogos possuem o poder de

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agregar a seus jogadores a chance de vencerem desafios, o que os levam ao desenvolvimento tanto mental quanto corporal. A intimidade com o universo dos games e jogos de tabuleiros sempre fizeram parte da vida do estudante de jornalismo, Inácio Lins, de 22 anos. Entre o xadrez, o pega-vareta e o videogame, o garoto cresceu interagindo e aprimorando a aptidão pelo meio das competições. “Desde pequeno eu gostava de jogar xadrez com a minha família, na escola também tive incentivo para usar os jogos manuais, como quebra-cabeça, pega-vareta e baralho”.

O estudante mudou de hábitos e saiu do sedentarismo a partir da prática de jogos como Pump It Up e Just Dance. Nes-

ses games os participantes fazem coreografias e dançam conforme os comandos gerados. “Nunca tive muita afinidade com atividades físicas, mas com esses jogos consegui ter mais disposição, e já perdi três quilos, isso foi uma meta alcançada, não paro mais com essa prática”, afirmou o estudante.

De acordo com pesquisa realizada pelo site norte-americano Science Daily, os jogos virtuais podem trazer vantagens, como melhora no armazenamento da memória, na atenção e percepção, pois as funções cognitivas são exercitadas. Além, de prevenir doenças como o Mal de Alzheimer, transtorno que atinge parte da população idosa.

Foto: Ylanite Koppens via Pexels

GAMIFICAÇÃO APLICADA AOS PROCESSOS DE APRENDIZADO

Entenda como funciona o processo de gamificação dentro da sala de aula TEXTO: TAINÁ MILENA

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APRENDER

Foto: Anton Porsche via Pexels

A maioria dos jovens do século XXI, já jogou ou joga algum tipo de game. O que muitos não sabem é que existe um processo chamado “gamificação”, que faz o jogo ser incorporado a uma rotina, a um trabalho ou, ainda, na educação.

Este conceito está ligado ao uso de técnicas de jogos não só virtuais. Desafios, recompensas, regras existem também em jogos de tabuleiro, por exemplo. Para engajar as pessoas por meio de desafios e recompensas. As estratégias da gamificação vêm ocupando espaços na educação, com professores utilizam esse método para despertar o interesse dos estudantes, podendo tornar as aulas mais divertidas. A prática traz benefícios como auxiliar no desenvolvimento da criatividade, utilização de estratégias, competição saudável e, o mais importante, torna o conteúdo mais atraente.

A pedagoga Anadija Dias leciona na Escola Municipal Eduardo Batista Ribeiro, em Abreu e Lima, e começou a utilizar o processo de gamificação durante as aulas de matemática para alunos do 4º ano. Nesse processo, percebeu que o interesse aumentou e resolveu aplicar em outras disciplinas.”A sala de aula é um ambiente ótimo para apresentação e execução de games. Dá ao professor a oportunidade de deixar suas aulas muito mais práticas e utilizando de teorias para dar vida aos jogos”, conta a professora.

Durante as aulas, Anadija prende atenção das crianças principalmente quando as atividades são realizadas em grupo, fazendo-os trabalhar em equipe com algumas dinâmicas, além de recompensar com bonificações os estudantes que fazem as atividades de casa, ela também faz aplicação de jogos educativos relacionados a algum assunto didático com tempo limite para cada fase.

“Pesquiso muito, estudo sobre o conteúdo a ser abordado em cada game e o mais importante é jogar antes, para conhecer melhor e poder adaptar os jogos em sala de aula. Ou seja, também sinto prazer em jogar e na elaboração dos jogos” finaliza.

Com a pedagoga Mayara Costa, o interesse de levar o processo de gamificação para a sala de aula iniciou-se após fazer uma especialização em ludicidade. Ela conta que a variedade de jogos virtuais para o desenvolvimento das crianças é imenso, mas como nas escolas em que trabalha não existe equipamento para isso, ela transformou suas aulas em games.

“Eu acho que a sala de aula é um espaço privilegiado para para aplicação e realização desses games. Mas para mim a realidade de aplicação é complicada, trabalho em duas escolas da rede municipal de ensino e em uma não tenho equipamentos eletrônicos e em outra não tem acesso a internet”, diz Mayara.

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Ela leciona em duas escolas a Municipal Cecília Brandão, 4º ano, e Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves, 2º ano, nas cidades de Jaboatão e Paulista A professora conta que as técnicas variam acordo com as turmas, cada grupo reage de forma diferente, com os menores coisas mais simples prendem a atenção e já os maiores a necessidade de realizar atividades mais trabalhadas. Apostando em dinâmicas com missões e desafios, Mayara consegue aulas muito mais lúdicas como ela sempre sonhou. Atualmente a professora está passando por algumas formações voltadas para a introdução de programação de games nas aulas, ela está aprendendo a programar para transmitir em sala. A plataforma utilizada para a instrução dos jogos é a Microkids,

“Pesquiso muito, estudo sobre o conteúdo a ser abordado em cada game e o mais importante é jogar antes, para conhecer melhor e poder adaptar os jogos em sala de aula” Anadija Dias, pedagoga.

que oferece ferramentas que permitem alunos e professores operarem com facilidade softwares para a criação dos games que auxiliam nos trabalhos pedagógicos Alguns professores universitários também fazem uso desse processo, um deles é o professor Filipe Falcão, docente da Universidade Católica de Pernambuco, leciona nos curso

de Jornalismo, Jogos Digitais e fotografia. As aulas de Filipe segundo os estudantes são repletas de desafios como um verdadeiro game de ação. O estudante do curso de jornalismo Alexandre Ricardo afirma que as aulas são cheias de desafios e prazos que determinam a avaliação.

“Você se sente desafiado a conseguir o melhor e ser reconhecido por isso. É uma busca constante pelo sucesso e pelo preenchimento de detalhes previamente estipulados”, conta Alexandre.

Na disciplina de Técnicas de Captura e Edição de Vídeo o professor orienta os alunos e lança desafios que se cumpridos no prazo recebem a pontuação justa, se entregar após o prazo perde a pontuação da atividade e soma -1 na pontuação atual. Durante as aulas de redação de Edição em Impresso o professor faz das aulas um verdadeiro game, enquanto os alunos escrevem as matérias ele bota sol alto e conversa, por exemplo. Tendo o objetivo de preparar os alunos para as realidades das redações de jornais, onde tem que se trabalha no barulho e mesmo assim ter concentração para escrever.

Foto: Arquivo Pessoal Filipe Falcão, docente da Universidade Católica de Pernambuco, e seus alunos.

O DESENVOLVIMENTO NO MERCADO DOS GAMES

Um tour pelo mercado de games ao redor do mundo TEXTO: ELTON HENRIQUE. FOTOS: DIVULGAÇÃO

O mercado de jogos está em plena expansão no Brasil.

A movimentação financeira também aumentou bastante, agora está na casa dos bilhões.

Tudo isso coloca o país na liderança da América Latina e em 13º lugar no ranking global na atividade. Segundo o Censo da indústria Brasileira de jogos Digitais. A expansão se deve por vários motivos, como o principal a chegada de novas tecnologias. Quando a indústria se movimenta dessa maneira, todo o cenário é impactado.

O desenvolvimento do mercado não tem acontecido apenas em números. É um setor que expande suas fronteiras independentemente das condições da economia do país.

Dados divulgados recentemente pela Newzoo mostram que o país contava em 2017 com cerca de 66,3 milhões de jogadores. Para este ano, segundo a pesquisa, serão 75,7

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milhões de gamers que devem gerar US$ 1,5 bilhão em negócios.

Os jogos virtuais não são só uma diversão para adolescentes ou um passatempo sem compromisso. Os campeonatos profissionais movimentam muito dinheiro e devem crescer bastante nos próximos anos. Em 2022, as competições devem ter um crescimento de 30% no faturamento. Os brasileiros gostam de games e também de assistir aos embates virtuais dos profissionais.

Canais de esportes de TV fechada dedicaram uma parte da programação para a cobertura de partidas ao vivo.

Mercado do futuro Os EUA ainda são o maior mercado de games do mundo, concentrando grandes empresas de tecnologia e uma parcela considerável de consumidores.

Porém, essa hegemonia pode estar prestes a ser quebrada.

Os chineses devem dominar o mundo dos jogos online em dois anos. O consumo de games por celular e as compras em plataformas online devem levar os chineses ao topo desse ranking.

Lançamentos 2019 O ano passado foi bem agitado para o console da Sony e trouxe grandes lançamentos exclusivos, como God of War e Spider-Man, por exemplo. Em 2019, as expectativas de jogos para PS4 são ainda maiores, especialmente com as possíveis chegadas de The Last of Us – Part II, Final Fantasy VII Remake e Days Gone.

Os fãs brasileiros são um dos que mais passam tempo na frente das telas.

DESCOBRIR The Last of Us: Part II Days Gone

Anunciado ao mundo pela Sony em dezembro de 2016, durante a PlayStation Experience, The Last of Us – Part II talvez seja o exclusivo mais esperado para o PS4, em 2019. O jogo tem a responsabilidade de dar continuidade ao sucesso que o título antecessor foi. Os desenvolvedores já revelaram que, ao contrário do primeiro jogo, agora você irá controlar a jovem Ellie, não Joel.

Final Fantasy VII

Anunciado na E3 de 2015, ainda há poucos detalhes sobre o remake deste RPG da Square Enix, mas o game está cercado por muitas expectativas entre os fãs da franquia. O jogo original foi lançado em 1997 e mostra a saga do mercenário Cloud Strife para evitar que a mega corporação Shinra use toda a essência vital do planeta, como fonte de energia.

Days Gone é mais um daqueles jogos que te levam, novamente, a um mundo aberto pós apocalíptico. O game é uma mistura de ação e aventura com terror de sobrevivência e se passa numa região a noroeste do Pacífico. Você controla Deacon St. John, um ex-criminoso que, assim como todos os que estão ainda vivos, tentam sobreviver nesta nova realidade. Enquanto explora o ambiente, Deacon terá que enfrentar outros sobreviventes por recursos, além de (é claro) zumbis, que podem ser tanto humanos quanto animais. O interessante deste título é que ele lembra um pouco o filme World War Z, estrelado por Brad Pitt, com hordas de mortos-vivos atacando em grande número, ao mesmo tempo, e numa velocidade incrível – para alguém que já está morto.

ORÇAMENTOS DE DAR

Os jogos eletrônicos ocupam um lugar de d com orçamentos de dar inveja a muitos film famosos como GTA5, Crisis, The Elder Scrolls

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Call of Duty: Modern Warfare 2 (2009)

Na terceira posição da lista temos Call of Duty.

Memorável entre os fãs de FPS, Call of Duty: Modern Warfare 2 é um dos melhores jogos de tiro da geração. O título teve um orçamento de produção de US$ 50 milhões, mas o custo com marketing superou fácil essa marca, alcançando o valor de US$ 200 milhões.

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Grand The (2013)

Em segundo, temos GT ceira pessoa mais aguard de ação explosiva, que voc foi um dos maiores suces dos videogames. Em apen GTA V já contabilizavam U ramento.

R INVEJA A HOLLYWOD

destaque na indústria do entretenimento, mes de Hollywood. Na lista, há mais títulos ls V: Skyrim, Call of Duty e Tomb Raider.

eft Auto V

TA V. Um dos jogos em terdados da época. O pacote cê podia fazer quase tudo, ssos comerciais da história nas 24 horas, as vendas de US$ 800 milhões em fatu-

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Destiny (2014)

É em primeiro lugar vem Destiny, um jogo de tiro em primeira pessoa. O game recebeu um orçamento milionário e a Activision, publicadora do game, gastou mais de US$ 500 milhões, distribuídos entre desenvolvimento e anúncio.

MULHERES NO VIDEOGAME: MAIORIA CONTRA REPRESSÃO

Apesar de, no Brasil, superarem o número de homens nos jogos, as mulheres ainda sofrem preconceito e discriminação FOTOS E TEXTOS: WELLI GALINDO

A presença feminina no mundo dos games não é novidade. Desde quando o mercado de videogames estava se estabelecendo, entre as décadas de 70 e 80, as mulheres estavam presentes. Entretanto, sempre foi necessário lutar para ganhar espaço em um ambiente que já nasceu predominantemente masculino.

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No decorrer dos anos a participação feminina continuou tímida e opaca devido ao estereótipo ligado às jogadoras.

Elas sempre sofreram abusos online, chegando a receber ameaças de estupro. Segundo um levantamento realizado em 2012 pelo blog PriceCharting, 63% das jogadoras já sofreram algum tipo de assédio em meio

aos jogos.

Os comentários ouvidos por essas meninas giram em torno de “Volta para cozinha, volta!”, “Já terminou de lavar a louça?”, ou “Pega uma cerveja para mim”. Outras mulheres também relatam o tratamento desrespeitoso, em tom de paquera, como se todas que estivessem em um game fosse para encontrar um parceiro e não para simplesmente jogar.

Juliana Carvalho, estudante de 20 anos, foi incentivada pelo irmão mais velho a conhecer mais desse mundo.

Joga desde criança e apesar ver o número de mulheres ‘gamers’ aumentando, enxerga a predominância masculina.

“O preconceito existe dentro e fora das competições, algo que acontece muito devido ao machismo, os rapazes tentam

RESISTIR se impor e julgam as meninas menos capazes de realizar tarefas propostas nos games”, lembra.Esse estranhamento por parte dos rapazes, quando uma moça aparece para jogar, é bastante perceptível. Segundo a jogadora Nathália Macêdo, de 22 anos, o que acontece no videogame é apenas um reflexo de vários outros esportes.

“Eu vejo isso como no futebol, os times masculinos sempre têm um espaço maior na mídia, mas há sempre mulheres jogando muito bem pelo mundo todo. Então acaba que há um bom número de meninas nos games, mas isso não muda a

hegemonia masculina”, afirma.

Até na hora de competir essa “batalha” se faz presente.

“Quando existem meninos no jogo, a disputa é acirrada até se formos do mesmo time por essa questão [eles se acharem melhores]. Quando há meninas, a disputa também é muito grande, porém há um clima de parceria, além de tudo. A “briga” fica só na partida”, diz Juliana.

Esse cenário é mundial, porém sinais de mudanças já estão surgindo. No Brasil, o espaço predominante masculino se faz, desde 2016, apenas na quantidade de preconceitos.

Isso porque, segundo dados, os homens são minoria nos jogos eletrônicos.

A edição mais recente da Pesquisa Game Brasil, de 2018, mostrou que as mulheres representam 58,9% do total de jogadores no país. Em 2017, o número era de 53,6% e o aumento é significativo.

Iniciativas como a Women in Gaming e a MyGameMyName criam campanhas para unirem e fortalecerem as mulheres que fazem parte desse universo. É fornecido auxílio contra o preconceito para que continuem jogando e mais meninas possam jogar sem sofrimentos.

CONHEÇA TRÊS MULHERES IMPOR HISTÓRIA DO VÍDEO GAME Carol Shaw: primeira programadora e desenhista de jogo

1978

Amy Briggs: do primeiro aventura pa

1983 A pioneira a trabalhar na indústria de games e precursora na luta a favor da igualdade de gênero nesse universo.

Seu primeiro projeto foi em Polo (jogo da grife Ralph Lauren), mas logo em seguida cravou seu nome na história por ser a primeira mulher a criar e programar o primeiro game em vídeo.

Esse era o 3-D Tic-Tac-Toe, de 1979, baseado no tradicional jogo da velha, para o Atari 2600.

Seu jogo mais famoso é o River Raid, lançado em 1983.

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O jogo Plundered Hearts texto direcionado e se torn blico feminino.

Amy escolheu, claro, um zar a história e conduzir tod Mais tarde ela também cipar da escrita e edição do Gamma Force: Pit of a T Zork Zero.w

RTANTES PARA A

criadora jogo de ara meninas

s foi desenvolvido com um nou uma febre entre o pú-

ma mulher para protagonido o desafio. m foi responsável por partios jogos (ambos em 1988): Thousand Screams;

Doris Self: primeira competidora feminina

1983 Enquanto umas programavam, outras precisavam representar a classe nas competições.

Doris foi a primeira mulher a participar de torneios de games e no início dos anos 80 quebrou o recorde mundial de alta pontuação na Video Game Masters Tournament. A sua marca de 1.112.300 pontos rendeu sua entrada no Guinness, o livro de recordes.

Segundo a família, a jogadora usava das máquinas como uma terapia. Jogava duas horas de árcade, cinco madrugadas por semana e, com isso, não precisava de remédio para dormir. wDoris faleceu em 2006, aos 81 anos, após um acidente de carro. Até aquele ano ela viajava pelo mundo participando de eventos, mostrando suas habilidades.

NINTENDO ALÉM DA COMPETIÇÃO: MEMÓRIAS AFETIVAS

A diversão é a proposta central da companhia que atravessa décadas FOTOS E TEXTO : ÂNGELA VALPÔRTO

A geração dos anos 90 foi marcada pela popularização dos videogames. Mesmo sendo algo caro e relativamente novo, muitas famílias investiram no equipamento como uma ferramenta para manter os filhos entretidos dentro de casa. Quem não tinha dinheiro para ter o seu próprio console, conseguia ter contato com a tecnologia na casa de primos, colegas de classe ou amigos.

Esse era o caso de Natália Souza, 23 anos, que lembra com carinho das tardes em que jogava Super Mario Bros e Donkey Kong na casa de Pedro Henrique, seu primo. O que antes, era uma paixão, se tornou um hobby reservado para o pouco tempo livre que a ana-

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lista de sistemas tem.

“Quando eu era novinha, costumava passar muitas horas jogando. Agora, virou uma diversão para quando eu estou em casa, com o meu irmão, três anos mais novo do que eu”, revela.

A Nintendo, empresa japonesa, reinou absoluta como maior referência em games na última década do século XX. Só no final dos anos 90 que a empresa começou a perder espaço para o PlayStation, lançamento da Sony que apostou no CD como mídia para abrigar os jogos, assim, trazendo gráficos de qualidade superior. A ironia fica por conta do fato de que a Sony, antes de lançar o PlayStation de forma independente,

propôs à Nintendo para que o lançamento do novo console fosse uma parceria entre as duas marcas. A companhia de Mario, Yoshi & Cia recusou a proposta porque acreditava que o formato seria rejeitado pelo público. Ledo engano.

O resultado, todos já sabemos: os cartuchos, mídia adotada pela Nintendo na ocasião, se tornou uma peça de museu.

Os CDs e DVDs foram amplamente utilizados no mercado para a comercialização de jogos e só começaram a perder espaço com o surgimento da nuvem, que transformou os jogos em artefatos digitais.

RECORDAR

“Quando eu era novinha, costumava passar muitas horas jogando. Agora, virou uma diversão para quando eu estou em casa, com o meu irmão, três anos mais novo do que eu” Natália Souza, analista de sistemas.

Natália Souza (à direita) e sua amiga Alice.

Nostalgia O avanço da tecnologia permitiu que os jogos se tornassem cada vez mais complexos e realistas. Títulos como “The Elder Scrolls V: Skyrim” permitem que o jogador se aventure em um mundo aberto, desenvolva um personagem com características únicas e interaja com um mundo virtual com gráficos que se aproximam muito do mundo real.

Apesar de poderem contar com jogos cada vez mais imersivos, os saudosistas sentiam falta de títulos que focassem mais na diversão e menos em desafios complexos. E foi aí que a Nintendo voltou a conquistar o seu espaço no coração dos gamers old school. O Nintendo Switch não se compromete a entregar os melhores gráficos ou desempenho computacional mais avançado do mercado. A sua proposta é prover diversão aos jogadores que cresceram jogando Super Mario, Donkey Kong e Pokémon. Além disso, foi o primeiro console do mundo a oferecer uma proposta híbrida, permitindo que o jogador conecte o equipamento na televisão e, também, o utilize como um videogame portátil.

“Mario Kart é um dos meus jogos preferidos. Com ele, eu consigo me distrair dos problemas do dia a dia e me conectar com as pessoas que são mais próximas de mim, como meu irmão, meu namorado e amigos que vão lá em casa me visitar. É sempre uma experiência

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massa”, explica Natália sobre o seu Nintendo Switch.

A jogada deu certo. No Japão, o Nintendo Switch ultrapassou o número de unidades vendidas do PlayStation 4, um feito inédito. Desde 2013, foram vendidas oito milhões e 72 mil unidades do PS4 na terra do sol nascente. O Switch alcançou recentemente a marca de oito milhões e 125 mil unidades vendidas, se tornando o 15º console mais vendido na história.

Nintendo: um pouco de história Uma das precursoras do desenvolvimento de videogames, a Nintendo nasceu na cidade de Kyoto, no Japão. Apesar de, atualmente, ser conhecida pelos seus jogos digitais, a empresa iniciou as suas atividades em 1889 com um jogo de cartas.

Foi só em 1983 que a empresa lançou o NES, também conhecido pelos fãs como “Nintendinho”, o Nintendo Entertainment System. Desde então, a companhia vendeu mais de 4,7 milhões de unidades de mais de 740 milhões de jogos ao redor do mundo, colocando no imaginário dos aficionados por jogos personagens como Link, Mario, Kirby e Pikachu, relevantes até os dias de hoje.

E-SPORTS É ESPORTE? A modalidade profissional com vídeo games que vem ganhando destaque mundialmente TEXTO: DAYANE GOMES

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Reprodução: Blizzard

COMPETIR “Não vejo atletas suando, ao contrário, observo um foco total em movimentos treinados e uma habilidade extremamente específica” Ao falar de esportes, o senso comum logo relaciona como uma atividade que requer esforço físico, como futebol ou vôlei. Contudo, nem todo esporte necessariamente exige dos jogadores esse requisito. O xadrez é um exemplo claro, onde esforço mental é o mais importante. Esporte, essencialmente, requer uma série de características, na qual regras e um objetivo são necessários, fazendo com que a sua diferenciação de um jogo seja o alto grau de institucionalização.

Houve uma época em que pessoas sonhavam em ganhar dinheiro apenas jogando vídeo game, entretanto podemos dizer que hoje isso já é real.

O Esporte Eletrônico, ou como é mais conhecido “ESports”, é uma modalidade de competição profissional com vídeo games, que vem ganhando maior credibilidade e reconhecimento no mundo.

Por ser um fenômeno recente, ainda há pessoas que não levam a sério e não consideram o eSports um esporte.

A visão de que esportes exige esforço físico faz com que muitos tenham esse tipo de pensamento, porém de acordo com a Psicóloga e Mestre em Ciências, Luciana Nunes, no artigo “Treinamento mental para ESport”, essa concepção deve ser superada. “Tive que ouvir que o esporte eletrônico não apresenta um esforço físico ao ponto de ser considerado um esporte. Respirei fundo e imaginei uma competição olímpica de Tiro ao Arco, comumente conhecido como Arco e Flecha. Não vejo atletas suando, ao contrário, observo um foco total em movimentos treinados e uma habilidade extremamente específica para o tiro no alvo vermelho”.

Luciana destaca que os principais componentes do esporte são: desenvolvimento físico e mental, regras definidas e competição. Além de que não podemos esquecer o fator de entretenimento, tendo em vista que sem audiência, não há credibilidade no esporte e, em relação aos jogos eletrônicos, audiência nunca é um problema.

Reprodução: Blizzard

Os jogadores profissionais de ESports, ou como são conhecidos “Pró-players”, anseiam por reconhecimento profissional, tendo seu trabalho visto como esporte. Pois como qualquer outro mais popular, os pró-players devem seguir vários aspectos como dedicação, treinamento, disciplina, entre outros.

O estudante em ciências da computação, Victor Hugo, acredita que não faz sentido a discriminação referente ao ESport. “Treino para ser pró-player em um jogo chamado Rainbow Six Siege e, da mesma forma que almeja ser jogador de futebol, passo por horas de treino intenso, me dedico ao estudo do jogo, sintonizo minhas habilidades com meu time, de forma que nosso reflexos e agilidade melhorem. Por isso penso que não faz sentido discriminarem os jogos online só por serem vídeo game. Mas vejo que isso mudou bastante e muitas pessoas respeitam o ESport como uma profissão”.

O mundo de jogos eletrônicos está cada vez mais popular, com isso algumas características dão mais crédito à modalidade. Uma delas são as estruturas onde os campeonatos são realizados. Transmitidos para todas as plataformas em diversos países, os jogos atraem tantas pessoas quanto em uma partida de futebol. Os telespectadores torcem, comemoram e lotam estádios. Os jogos geralmente possuem times e a dedicação é um dos fatores mais relevantes. Horas de treinos e estudo do jogo são características que dão aos jogadores um maior entendimento e sincronia com a sua equipe.

Os investimentos e patrocínios que cada time recebe por campeonato podem fazer com que os jogadores arrecadem grandes quantidades de dinheiro, um exemplo disso é o player alemão de Dota 2, Kuro Takhasomi, mais conhecido como KuroKy, que atualmente é o jogador mais bem pago dos eSports, faturando cerca de 4 milhões de dólares. As divulgações de empresas multinacionais dão uma maior visibilidade aos times a cada liga. Com isso, vai ficando mais claro que, para ser considerado esporte, uma atividade não requer apenas esforço físico, e há algumas que demandam majoritariamente esforço mental, desenvolvendo capacidades motoras, reflexos e criação de estratégias como jogos eletrônicos.

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Reprodução: ESL/Bart Oerbekke

Foto: Jaroslav NymburskĂ˝ via Pexels

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