Vivadouro fevereiro 2018

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João Ferreira: “É necessária uma união de esforços para exportar mais e melhor”

Qual a importância deste evento para a Coopenela e os seus associados? Este evento vem ao encontro daquilo que a Coopenela representa e que tem sido o seu trabalho ao longo destes 20 anos, no fundo é a ideia de que nós sozinhos pouco fazemos, se nos unirmos num âmbito mais corporativo podemos chegar mais longe. Estes eventos são importantes na prespetiva em que são um momento em que podemos debater ideias e apresentar projetos, em especial com os nossos associados. Sente uma preocupação do produtor em acompanhar a evolução do setor participando neste tipo de eventos? Sim, o produtor sente essa necessidade. Claro que a maioria dos produtores da nossa região são de idade avançada e para que participem

nestes eventos é necessário estarem muito motivados, o que nem sempre acontece. Aí entra também o nosso papel de lhes transmitir o que vai acontecendo no setor para que estejam atualizados. Deste evento que ideias saíram que considera serem aplicáveis num futuro próximo nos frutos secos? Bem, nestes encontros temos sempre várias ideias muito interessantes. Este evento em concreto teve um cariz mais técnico e essa não é a minha especialidade, no entanto debateram-se questões interessantes no âmbito do combate fitossanitário das árvores, etc. Nós, na castanha temos já formas muito eficazes de combate a determinadas doenças do castanheiro, que muitas vezes os produtores desconhecem mas que diariamente lhes tentamos dar conhecimento, bem como participando em eventos deste género. Depois há também as questões ligadas ao mercado que são debatidas nestas ocasiões, novos mercados a explorar, como chegar lá, portanto, questões sempre bastante pertinentes. Tudo isto é possível trabalhando em cooperação como fazemos no Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, podendo assim apresentar um produto de excelência, reconhecido lá fora e que traz maiores margens de ganho financeiro para os nossos produtores. Este é o caminho que temos de seguir e não a comercialização que traz um retorno imediato mas baixo, comparativamente. No caso da castanha, por exemplo, nós conseguíamos, caso quiséssemos exportar 100% da nossa produção, ou mesmo 3 ou 4 vezes mais, no entanto apenas exportamos 80% porque também nos queremos manter no mercado nacional. Esta procura é uma van-

tagem para nós porque o mercado quer o nosso fruto e o retorno financeiro que conseguimos obter é substancial. Tendo em conta a idade avançada da maioria dos produtores, como vê o futuro do setor? Essa questão é bastante pertinente e que discutimos várias vezes sem uma resposta concreta. No caso da Coopenela, e pelo facto também de a castanha ser um produto altamente valorizado, já começam a aparecer alguns jovens produtores e isso para nós é muito importante até porque nos trazem ideias diferentes. Obviamente que este sangue fresco é necessário, ainda por cima hoje em dia com a internet e todas as ferramentas disponíveis, os jovens estão mais disponíveis para essas inovações. A proximidade do Douro pode ajudar na promoção dos frutos secos? Sim, claro que sim, em especial a amêndoa. A castanha já está mais nas montanhas, já é diferente. Neste evento também se debateu esse tema e o CNCFS está a fazer um trabalho exemplar nesse sentido criando algumas marcas sob uma marca guarda-chuva para que essa promoção seja mais eficiente. Qual é o caminho que deve ser seguido? Caminhos há muitos, o mais importante já foi feito, a castanha abriu as portas aos frutos secos nacionais pela sua qualidade, por isso agora é necessário que os esforços se congreguem para que consigamos levar os restantes frutos secos lá para fora de uma forma sustentada, sempre apostando na qualidade. Mas repito, o importante é estarmos juntos neste esforço, senão não vamos conseguir lá chegar.

> João Ferreira, Presidente da Coopenela

tanto 15 mil toneladas circulavam o mercado paralelo, isto é um peso muito grande. Olhando à seca que se viveu este ano, que soluções poderiam ser encontradas? Essa é outra questão que leva a longos debates. No meu entender deve ser feita uma melhor gestão dos recursos hídricos, concretamente apostando em mini albufeiras. Na zona onde está a Coopenela existe bastante água mas se estivesse espalhada por mini albufeiras o acesso seria muito mais fácil e democrático. A rega é uma solução? Sim, claro que sim. O castanheiro é uma árvore que não quer muita água, em especial na raiz mas precisa sempre e em longos períodos como o que temos vivido a rega é uma solução que existe e que deve ser utilizada. ■ FOTO: DR

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E quais os principais concorrentes? Olhando à qualidade do nosso produto considero que não temos concorrente. Os nossos principais obstáculos estão cá dentro, primeiro pela idade dos nossos produtores que é um travão a um crescimento tecnológico mais rápido, e depois porque muitas das nossas produções são de pequena dimensão e isso dificulta muito o trabalho. Depois, não nos podemos esquecer do mercado paralelo, facilitado pela falta de condições das autoridades em fiscalizar. É muito fácil transportar frutos secos e essa economia tem sido um forte travão a um crescimento mais acentuado. Para ter uma ideia posso dar-lhe números, há 6, 7 anos nós produzíamos 40 mil toneladas mas os números oficiais apontavam para apenas 25 mil, por-

FOTO: DR

O Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS), em parceria com a Coopenela, organizou, no passado dia 12 de fevereiro, um Open Day no âmbito do projeto Portugal Nuts, aproveitando o evento, o VivaDouro falou em exclusivo com João Ferreira, presidente da Coopenela sobre o evento, a sua importância para a cooperativa e ainda o presente e o futuro deste setor em Portugal.

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