CARLOS SILVA Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe
26 anos a afirmar Sernancelhe como a Terra da Castanha A Festa da Castanha de Sernancelhe cumpre este ano 26 edições. É o evento com maior longevidade do Concelho e uma manifestação cultural autêntica que começou em 1992. De então para cá conheceu muitos espaços diferentes, cresceu, mas soube manter sempre o propósito inicial: ajudar a promover a castanha, ser uma montra para produtores e empresas, impulsionar o artesanato, a cultura e as gentes, e projetar turisticamente Sernancelhe como território único, com história e com passado, onde a identidade se cultiva e se celebra. A Festa da Castanha é, aliás, um exemplo regional de evento que desde a sua origem alcançou todos os objetivos definidos e ainda logrou muito mais: registou, no país, a marca “Terra da Castanha” como um símbolo de Sernancelhe, que nos identifica, explica e diferencia. Este ano decorrerá nos dias 26, 27 e 28 de outubro, recebendo, no Expo Salão, expositores, empresas do setor, artesanato, gastronomia, restauração, animação, e passeios pedestres e BTT pelos soutos da Martaínha e pela Rota da Castanha e do Castanheiro. Tradição, dinamismo económico e futuro do setor agrícola são premissas que o Município garante com o evento Festa da Castanha. E o resultado tem sido claro na notoriedade alcançada pela castanha Martaínha, que nos posiciona com valor, nos distingue no mercado e junto do consumidor. Para tal fenómeno concorrem as centenas de produtores, os mais de mil hectares de soutos plantados no Concelho e as receitas de quase quatro milhões de euros que todos os anos entram na economia concelhia por via deste fruto sazonal e totalmente biológico. O sucesso deste fruto é partilhado pelas empresas do setor, fornecedoras das principais superfícies comerciais do nosso país, responsáveis pela recolha, preparação e distribuição da castanha produzida anualmente no Concelho, sendo-lhes reconhecido o mérito de terem profissionalizado os canais comerciais associados à castanha, trazendo inegáveis mais-valias para o produto e para quem o produz. A par deste fenómeno, a Festa da Castanha é encarada como uma “bênção” da natureza para com estas terras que o escritor sernancelhense Aquilino Ribeiro descreveu como “Terras do Demo”. Terras onde o alimento de eleição que chegava às mesas era a castanha, servida como sopa, cozida em potes de ferro como se fosse batata, e até utilizada como pão. Longe vão esses tempos, mas permanece a memória do povo. Memória que garante hoje autenticidade à Festa da Castanha, permitindo que, com o saber do passado saibamos enaltecer o presente e desenhar o nosso futuro. A Festa da Castanha é, pois, um evento que coroa o trabalho de centenas de produtores do Concelho, gente que desbravou montes para plantar hectares de castanheiros da variedade Martaínha de Sernancelhe, conseguindo, com o seu suor, transformar este pedaço de território na “Terra da Castanha”. É uma “viagem” pela Terra da Castanha que lhe propomos no fim-de-semana de 26, 27 e 28 de outubro. Venha a Sernancelhe.
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Ano 3 - n.º 43 - outubro 2018
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Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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Um ano após eleições fomos ouvir os autarcas da CIM-Douro
CIM Douro
Assinatura do contrato PROVERE garante milhões > Pág. 6
Peso da Régua
Decisão sobre hospital está "para breve" > Pág. 7
Reportagem VivaDouro
Vindimas condicionadas por falta de pessoal
> Págs. 8 e 9
Especial "Mercado Magriço"
Penedono organiza 8ª edição do certame > Págs. 16 e 17
> Págs. 14 e 15 PUB
2 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Editorial
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário
Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-873) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Paginação: Rita Lopes Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte
desde1949. Esta barragem e o sistema de canais que seria construído teriam modificado a vida no interior Norte tal como Alqueiva alterou a paisagem Alentejana. Por falar em Alentejo, uma obra igualmente estruturante para o desenvolvimento do país seria a recuperação da linha do Alentejo e a ligação eficiente do Aeroporto de Beja quer a Lisboa quer ao Algarve. Este Aeroporto custou apenas 33 milhões de euros e foi construído há 7 anos, servindo basicamente para voos charter e estacionamento low cost de aviões. Recuperar a linha do Alentejo (ou mesmo fazer uma nova linha dupla de alta velocidade) e construir acessos rápidos ao algarve iria tornar atrativo o Aeroporto de Beja, provavelmente complementando os aeroportos de Faro e Lisboa de tal modo que poderia nem ser necessário o Novo Aeroporto de Lisboa. Só há um problema é que o Novo Aeroporto de Lisboa é investimento em território de alta densidade e nenhum politico com ambições governamentais vai agora promover uma obra de grande impacto no desenvolvimento de territórios de baixa densidade em vez de um novo aeroporto em Lisboa…. È que associado à baixa densidade estão poucos votos….
Breves Página 3 Armamar Página 4
Reportagem VivaDouro Páginas 8 e 9 Tabuaço | Vila Real Página 10 Vila Real Páginas 11 e 21
São João da Pesqueira Páginas 13 e 18
NIF: 507632923
Especial Mercado do Margriço Páginas 14 e 15
Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org
Próxima Edição 21 NOVEMBRO
Comunidades Intermunicipais"
Régua Página 7
Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro
Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes.
Na variante que liga Sabrosa a Vila Real, alguns cruzamentos tornam-se perigosos devido à falta de visibilidade provocada pela sinalização vertical
Vários Concelhos Páginas 6 e 24
Tabuaço Página 12
Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Fânzeres Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Sede do Editor: Travessa do Veloso - 87 4200-518 Porto Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia
NEGATIVO
Sumário:
Administrador: José Ângelo da Costa Pinto
Detentores com mais de 10% do capital social: Lógica & Ética, Lda. e Augusto Miguel Silva Almeida
A constituição, em Sabrosa, da Associação Mundial Magalhânica – REMAM para as comemorações dos 500 anos da primeira circum-navegação à Terra por Fernão de Magalhães.
FOTO: VD
Caros leitores, Sempre que por esta altura se discute o orçamento de estado e se vão anunciando medidas, que este ou aquele partido conseguiu arrancar do governo, sinto uma enorme frustração pela falta de orientação estratégica e de visão que os partidos que apoiam o orçamento de estado (e falo destes como poderia falar de anteriores) têm ao apoiar e anunciar coisas que muito pouco impacto têm quer no orçamento quer na vida das pessoas, em vez de se preocuparem em criar um orçamento que tenha visão estratégica e que procure concretizar medidas efetivas de desenvolvimento do território, do país e das pessoas. Há investimentos, permanentemente adiados, que são estruturantes para o desenvolvimento e que não se vê os partidos que apoiam o governo a procurar que sejam previstos. Da lista dos mais importantes (sim, tudo está estudado, falta é fazer), há dois que a nossa região não consegue ver a serem feitos e que são essenciais: A total recuperação da linha do Douro que já abordamos aqui muitas vezes e a construção do sistema de barragens que se iniciaria na malograda barragem do Coa, que pode parecer hoje muito estranha a existência de planos para a construção
FOTO: VD
POSITIVO
Destaque Vivadouro Páginas 16, 17 Tarouca Página 20 Mesão Frio Página 22 Lamego Página 23 Nacional Página 25 Opinião Páginas 26 Lazer Página 27
Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
1986 foi um ano especial para Portugal, por ter feito a sua adesão às Comunidades Europeias e por ter tido acesso ao fundo europeu de apoio ao desenvolvimento regional (FEDER). Isto teve um significado especial, por ser o início de um ciclo de investimento público em infraestruturas básicas, o que não acontecia há algumas dezenas de anos. Também se comemorou nesse ano os 10.º aniversário do Poder Local, aproveitando para fazer um primeiro balanço da experiên-
cia, bem sucedida, de descentralização de soberania para o nível municipal. Porém, cedo se reconheceu a necessidade de criar novos espaços onde se fizesse a concertação de interesses locais de maior escala. As CCR dispunham de uma rede de Gabinetes de Apoio Técnico (GAT), que reuniam os municípios por agrupamentos com afinidades territoriais. Foram as primeiras plataformas, a nível intermunicipal, para tentar alguma racionalidade na selecção dos investimentos apoiados pelo FEDER. Depois, na década de 90, começam a constituir-se as Associações de Municípios de base territorial, seguindo-se a lógica daqueles agrupamentos. Revelou-se ser uma boa iniciativa para estruturar intervenções conjuntas entre municípios em matérias de natureza intermunicipal, em especial por a Regionalização ter falhado, em 1998. Entretanto, a lei 75/2013 (da descentralização) consagrou o novo modelo das Comunidades Intermunicipais (CIM) que, apesar da sua natureza associativa e não autárquica, têm feito o seu caminho.
Participei hoje numa conferência sobre os 10 anos da CIM do Alto Minho, para pensar no futuro daquele território. Foi um louvável exercício de prospectiva onde se avaliou o passado e onde se discutiram possíveis cenários para reduzir a incerteza do Futuro. Esta CIM é considerada um bom exemplo de exploração de concertação intermunicipal. Tem uma equipe técnica muito qualificada e dinâmica e um bom entendimento entre autarcas, valorizando o planeamento estratégico e a cooperação entre agentes públicos desconcentrados e privados, na atração de investimento. Procura e tem conseguido combater a tentação da actuação individualista de cada município, revelando sentido de responsabilidade colectivo. Mas o mais importante, que pode ser matéria de reflexão para a CIM do Douro, é terem feito do Alto Minho um território mais competitivo, como um todo, baseado na inovação e na atração de empresas qualificadas. Os resultados são sensíveis: gera riqueza e bem-estar, aproveita os jovens qualificados e melhorou a auto estima nos seus habitantes.
VIVADOURO OUTUBRO 2018
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Breves Dia das Bruxas assinalado na Régua
Caminhada em Sever no próximo domingo
Armamar recebe “Viver Saúde” no dia 20 de outubro FOTO: DR
No próximo dia 20 de outubro, Armamar recebe o evento Viver Saúde, uma iniciativa que junta dezenas de profissionais da área da Saúde, que neste dia oferecem o seu tempo e as suas competências em prol da população num acontecimento inédito na região.
FOTO: DR
Será numa “Noite de Lua Cheia” que a Biblioteca Municipal do Peso da Régua irá assinalar o Dia das Bruxas. A noite, destinada a crianças entre os 6 e os 12 anos, promete ser misteriosa com várias atividades lúdicas a serem preparadas de modo a assombrar o tema desta iniciativa. A inscrição é limitada a 15 corajosos participantes, devendo ser efetuada na Biblioteca Municipal.
O Centro de Bem-Estar e Repouso da Paróquia de Sever organiza no próximo domingo, 21 de outubro, a sua 3ª Caminhada, com percursos de distâncias diferentes: o mais curto de dois quilómetros, e o mais longo de sete. A meta de partida é na Junta de Freguesia e de chegada na instituição. As inscrições podem ser feitas pelos telefones 254 588 272 e 960 320 196 ou pelo e-mail: geral@cberpsever.pt
Fundação da Caixa Agrícola lança Programa de Apoio às IPSS No dia 1 de Novembro, terão início as candidaturas ao Programa de Apoio às IPSS, lançado este mês pela Fundação da Caixa Agrícola, e que tem como objectivo principal apoiar as instituições da região na execução e implementação dos seus projectos, através da atribuição de uma comparticipação financeira. Este programa irá desafiar as instituições da região a apresentar projectos e ideias que sejam criativas e inovadoras e que contribuam para melhorar a qualidade de vida e bem-estar dos seus utentes, sendo que ao primeiro lugar será atribuído um prémio no valor de 15.000,00€, ao segundo 10.000,00€ e ao terceiro 5.000,00€.
Alfandega da Fé debate sexualidade Em novembro Alfândega da Fé acolha a realização de um Congresso de dois dias cujo tema central será a sexualidade, juntando especialistas da área numa partilha de informação sobre os afetos e a sexualidade humana. Nos dias 8 e 9 de novembro o Auditório da Casa da Cultura Mestre José Rodrigues abre portas a esta iniciativa ímpar, que conta com o apoio do Município de Alfândega da Fé.
Mira Mobile Prize até 31 de outubro A exposição que reúne as 50 melhores fotos, entre milhares, captadas e editadas, apenas e só, num dispositivo móvel pode agora ser visitada até 31 de outubro no Museu de Lamego. “Mira Mobile Prize”, uma iniciativa da Galeria Mira Fórum (Porto, Campanhã), deixou as máquinas profissionais de fora e premiou a qualidade e criatividade de quem usa o smartphone ou tablet para registar em imagem os seus melhores momentos.
Alunos de Resende distinguidos com Prémio Rebelo Moniz
Murça abre concurso para ampliação da Zona Industrial A câmara municipal de Murça abriu concurso para a execução de obras de expansão da Zona Industrial, situada junto ao nó de Palheiros, em terreno que são propriedade do município. Esta fase de ampliação, já há muito esperada, pretende finalmente criar condições para a instalação de mais empresas no concelho de Murça.
Ministro do Ambiente no 1º encontro JUNTAr em Tabuaço Sob o tema Compostagem e Reciclagem Circular, este 1.º Encontro é promovido no âmbito do projecto “JUNTAr” resultante das candidaturas efectuadas pelas juntas de freguesia do concelho de Tabuaço, em articulação com próprio município, e decorrerá no próximo dia 19 de Outubro com a presença do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
Foi num ambiente de festa que 45 jovens do concelho de Resende receberam o prémio “Quadro de Excelência do Concelho de Resende – Prémio Rebelo Moniz”, numa cerimónia realizada no Auditório Municipal, no dia 5 de Outubro. Trata-se de uma distinção atribuída todos os anos aos alunos matriculados nas Escolas de Ensino do 2.º e 3.º Ciclose do Ensino Secundário e que se destacaram por terem obtido os melhores resultados escolares. Assim, foram atribuídos aos alunos do 2.º e 3.º ciclos um diploma e um cheque no valor de 124,79 euros. No ensino secundário o aluno com melhor média final obtida recebeu 149,94 euros, o segundo melhor 124,79 euros e o terceiro melhor 99,76 euros, perfazendo um total de 5.714,95 euros em prémios.
Sopas e Merendas à prova em Freixo de Espada à Cinta De 2 a 4 de Novembro, Freixo de Espada à Cinta junta a gastronomia mais tradicional e genuína nas Sopas e Merendas. Entre restaurantes aderentes e o espaço de restauração poderá degustar o melhor da cozinha local.
Oficina de música em Mesão Frio A Biblioteca Municipal de Mesão Frio está a dinamizar uma oficina de música, onde cada participante poderá aprender a tocar um instrumento musical distinto. A iniciativa é dirigida pelo Professor de música, Névio Silva e destinada ao público de todas as idades. Para mais informações e pré-inscrição deve dirigir-se às instalações da biblioteca municipal. Nunca é tarde para aprender!
Trofa Saúde já trata em Vila Real
FOTO: DR
Abriu no passado dia 15 de outubro o Trofa Saúde Hospital, em Vila Real. Com uma área de 20.000m2, representou um investimento total de 50 milhões de euros e permitiu a criação de 500 postos de trabalho, dos quais 300 são profissionais médicos e enfermeiros.
Serviço de Atendimento ao Agricultor reativado na Pesqueira O Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, através da DRAP-N, na sequência de diligências realizadas nesse sentido pelo executivo camarário, reativou neste concelho o serviço de atendimento aos agricultores, disponibilizando os seus técnicos às segundas e quintas feiras, durante as horas de expediente.
4 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Armamar
João Paulo Fonseca: “Esta feira pretende mostrar o que de melhor temos em Armamar” FOTO: VD
A maçã de montanha é um dos produtos mais importantes no concelho de Armamar e será celebrada entre os dias 19 e 21 de outubro, num certame que espera atrair milhares de visitantes à vila duriense. A Festa da Maçã é importante para atrair visitantes a Armamar? O grande objetivo de certame é exatamente esse, promover não só a maçã e os outros produtos do nosso território mas o concelho como um todo, como destino turístico incluído naquilo que é o turismo do Douro.
"Em 3 anos triplicamos o número de quartos no concelho" Olhando a esse objetivo, Armamar tem capacidade hoteleira para receber toda essa gente? Efetivamente não podemos assumir que temos essa capacidade até porque de ano para ano o evento tem vindo a crescer e envolve já alguns milhares de pessoas, não só os visitantes como também os expositores de fora do concelho. Em três anos passamos de cerca de 60 quartos para 180, contudo este aumento ainda não é suficiente. Há um envolvimento de todo o concelho na organização e promoção deste evento? Sim, há um envolvimento grande em especial através das associações de cada freguesia. Esse envolvimento é feito através da participação ativa na feira com a ocupação dos stands mas também na animação do evento em si, em suma, todo o concelho participa de uma forma muito ativa na festa da maçã. Este ano regista-se uma quebra na produção. Esse quebra também se verifica na qualidade? Este ano há efetivamente uma quebra na
> João Paulo Fonseca
quantidade devido à queda de granizo no final de junho que danificou grande parte da maçã, contudo o fruto que se vai colher continua a ser de altíssima qualidade, muito graças ao trabalho que os nossos produtores fizeram. Não será aquele fruto bonito em termos de aspeto como estamos habituados mas a qualidade mantém-se. Numa situação como a vivida este ano, os seguros garantem o apoio necessário aos produtores? As seguradoras têm cumprido com o que está estipulado nos contratos, mesmo que às vezes esse apoio demore um pouco mais do que seria expectável. O que se passa é que, com as regras que estão estabelecidas os produtores não conseguem segurar toda a sua produção porque essas regras estão desadequadas à realidade que hoje vivemos. No total cada hectare, segundo as regras, deverá produzir cerca de 35 toneladas, contudo, com as novas técnicas de plantação essa produção pode ascender às 50 toneladas e esse diferencial fica fora do total segurado. Depois com os cálculos que são feitos, podemos estar a falar de um apoio na casa dos 30% daquilo que se perde, que é manifestamente pouco. Qual a principal característica desta maçã de montanha? A principal característica desta maçã é a
sua textura, a sua dureza e o teor de açúcar do próprio fruto que é muito superior a outras maçãs produzidas no nosso país. É uma maçã que se aguenta muito tempo o que é uma mais-valia para o consumidor. Para além do fruto em si, há outras formas de apresentar a maçã? Sim, e isso poderá ser visto nesta feira. Há hoje em dia uma indústria transformadora que nos permite usar a maçã nos mais diversos contextos. Por exemplo, temos vindo a notar um aumento significativo da produção de sidra de maçã. Depois há também a maçã desidratada, a doçaria, as compotas, etc.
"Quem quiser pode ainda participar na tradicional apanha da maçã" Para quem vem de fora, o que pode esperar encontrar nesta Festa da Maçã?
Para além da maçã, quem nos visita pode apreciar outros produtos que aqui produzimos como os vinhos, por exemplo. Armamar está no Douro Vinhateiro e isso é sinónimo de vinhos de excelente qualidade. Temos também o fumeiro e o nosso ex-líbris gastronómico que é o cabrito de Armamar. Depois temos todo o nosso tecido empresarial que está representado em grande número neste certame e o artesanato, dando assim a quem nos visita um leque muito alargado de ofertas. Para aqueles que assim quiserem podem ainda participar nos diferentes momentos que estão pensados para este evento como a participação na apanha da maçã, por exemplo. Expectativa para esta edição? A expectativa é elevada, temos crescido muito de ano para ano e o interesse dos expositores em estarem presentes tem também ele vindo a crescer. Este ano reforçamos o protocolo com a CP para o transporte dos nossos visitantes de forma a dar resposta à crescente procura. Uma mensagem para quem pensa visitar Armamar durante estes dias. Diria essencialmente que visitem Armamar por tudo aquilo que temos para oferecer em termos de produtos, pela beleza natural que temos para oferecer e pelas gentes desta terra que sabem receber bem quem vem de fora. ■
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6 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Vários Concelhos
Douro com 60 milhões para valorização turística O ex-Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, assinaram no início deste mês, na Régua, um conjunto de protocolos ligados ao enoturismo e à valorização turística do Douro.
Projeto de sinalização turística vai avançar A Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro) vai avançar com um projecto de sinalização turística e um plano de marketing para projectar o território, num investimento de cerca de três milhões de euros incluído no programa PROVERE. A sinalização turística do Douro tem como objectivo a actualização do plano de sinalização existente e a instalação de sinalização rodoviária de orientação, representando um investimento de cerca de 1,9 milhões de euros. Nuno Gonçalves, vice-presidente da CIM Douro e presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, destacou o projecto que vai permitir colocar uma “sinalética congruente e igual nos 19 municípios” que fazem parte desta comunidade intermunicipal. “Uma sinalética uniforme que permita sabermos quando entramos ou saímos do Douro e não tratarmos o Douro como sub-regiões”, frisou. O projecto de marketing territorial mobiliza um investimento de 988 mil euros. Para Nuno Gonçalves, este plano visa “promover a marca Douro, dar a conhecer o que de melhor esta região tem e uniformizar essa promoção dentro e fora de Portugal”, sustentou o autarca. O PROVERE para o Douro foi muito criticado a nível local, com os autarcas a queixarem-se que o valor “ficou muito aquém das expectativas”. “Foi o PROVERE possível, não aquele que os municípios defendiam, mas que agora que vão aproveitar em prol da região”, salientou Nuno Gonçalves. Autarcas não deixam cair Linha do Douro Os autarcas do Douro aproveitaram a presença do ministro da Economia, na Régua, para reivindicarem o prolongamento da Linha do Douro até Espanha, um projecto reclamado localmente e sobre o qual, dizem, o Governo tem "mantido o silêncio". "Este projecto é um desígnio nacional, é um projecto que do ponto de vista técnico e económico é justificado. Não podemos deixar cair este tema. Não consigo
entender o silêncio que tem havido por parte do Governo português", afirmou o presidente da Câmara Municipal de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves. E, para não deixar cair o tema, o autarca aproveitou a presença do ex-ministro Manuel Caldeira Cabral, no Douro, para insistir na reivindicação que une a região. Também Nuno Gonçalves, vice-presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro) e presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, aproveitou o discurso na cerimónia de assinatura de protocolos, onde o ex-ministro da Economia participou, para falar sobre a importância económica desta ligação a Espanha. "Nós entendemos que a Linha do Douro é essencial. Algo que promove o desenvolvimento, dá lucro e pode ser fundamental para o escoamento de produtos, como o minério de Torre de Moncorvo. Temos algo que é nosso, que reivindicamos e que não podemos esquecer", afirmou. Aos jornalistas, Nuno Gonçalves disse que fez questão de alertar o ex-ministro, "porque efectivamente no Plano Nacional de Investimentos não está qualquer abordagem à Linha do Douro". Esta é uma área da competência do ministro das Infra-estruturas, Pedro Marques, mas os autarcas fizeram questão de aproveitar a presença do colega de Governo para reivindicarem que a Linha do Douro "seja uma realidade até Salamanca".
Desclassificação do IC5 preocupa autarcas Nuno Gonçalves aproveitou ainda para lamentar a "desclassificação" do Itinerário Complementar 5 (IC5), que diz estar em "cima da mesa", passando para as mãos da Infra-estruturas de Portugal (IP) em detrimento da actual concessionária. "É dar muitos passos atrás nestas regiões. Esta via foi lançada como um factor de desencravamento do interior e não podemos relegar para segundo plano. Acredito nas capacidades da IP, não acredito é que a IP tenha os meios necessários para garantir a segurança que aquele traçado obriga", sublinhou. Questionado pelos jornalistas, Manuel Caldeira Cabral afirmou que "os investimentos em infra-estruturas são importantes e têm de ser considerados, estudados e é isso que o Governo está a fazer". "Mas é muito importante que enquanto se fazem e não se fazem esses investimentos, que poderão ser muitos anos, se faça aquilo que estamos a fazer que é a promover melhor a região", salientou. E continuou: "obviamente temos que continuar a melhorar a oferta da região e isso faz-se com infra-estruturas, mas faz-se também com este trabalho em rede entre escolas, unidades hoteleiras, municípios, todos a trabalharem em conjunto. E faz-se também com uma melhor promoção, uma promoção mais focada no turismo em todo o território". ■ FOTO: VD
O ex-Ministro da Economia presidiu ainda à sessão de assinatura do contrato PROVERE Douro 2020, entre a Autoridade de Gestão do Norte 2020 e a CIM Douro, que, numa perspectiva de qualificação do território, “prevê um investimento total de 11,8 M€ em 24 projectos âncora, a executar entre 2018 e 2020”. Juntando este investimento do PROVERE ao que já foi aprovado no Douro, o montante total a aplicar nesta região atinge praticamente 60 milhões de euros. Além destes contratos, Caldeira Cabral presidiu também à assinatura do contrato de financiamento para a valorização turística da Estrada Nacional 2 e que visa “capacitar os territórios que são atravessados pela sua rota com base na sinalização, promoção e produção de conteúdos”, bem como à formalização dos protocolos entre o Turismo de Portugal e o IVDP para a criação de cursos específicos sobre Vinhos do Porto e do Douro, nas Escolas de Hotelaria e Turismo, e com a UTAD, para a disponibilização de um programa de formação em enoturismo. Para Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo, “o enoturismo é um produto estratégico pela capacidade que tem de atrair um público com elevado poder de compra, que valoriza o território e os produtos locais, e pela grande diversidade de oferta que temos em todo o país, que permite ter várias âncoras de atracção em todo o território. É esse o caso do Douro, e estes projectos vão permitir estruturar e capacitar ainda mais o destino Douro, o que nos permitirá posicionar-nos como um dos
destinos top de enoturismo no mundo”.
> Nuno Gonçalves, vice-presidente da CIM-Douro, assinou contrato PROVERE
VIVADOURO OUTUBRO 2018
Régua
Reabertura do hospital da Régua “é um compromisso” Quase três anos após o encerramento devido ao aparecimento de “legionella”, o hospital de Peso da Régua poderá estar próximo de reabrir, num formato que corresponda aos anseios e necessidades da população servida por esta unidade.
Eu, como Presidente de Câmara, tive obviamente que defender os interesses do nosso concelho e da nossa população”. Em resposta a esta solução, a autarquia reguense apresentou outros projetos, contudo, a ARS levantou a questão financeira, visto dispor de uma verba reduzida para aplicação nesta reabertura. “Foram propostas outras alternativas que levantaram a questão financeira porque a dotação disponível por parte da ARS, cerca de 300 mil euros, era inferior ao necessário, daí termos subido ao patamar da secretaria de estado para tentar chegar a uma articulação. Neste momento estamos já no patamar ministerial e fizemos já uma abordagem junto da Secretária de Estado da Saúde no passado dia 20 de setembro”. Dessa reunião, que teve lugar no Ministério da Saúde, em Lisboa, José Manuel Gonçalves trouxe boas prespetivas de que o projeto irá avançar em breve, recorrendo a uma solução inédita em Portugal mas que irá responder à vontade da população e às suas necessidades. “Neste momento a minha expectativa é que o projeto vai avançar, estamos numa fase negocial já bastante avançada com todos os interlocutores envolvidos no processo, o Ministério
da Saúde, o Centro Hospitalar, a ARS Norte e a Santa Casa da Misericórdia, que é a detentora do edifício, a articular o posicionamento de todos com vista a melhorar o nível e a quantidade de serviços que teremos no hospital. Não quero embandeirar em arco pois ainda nada está totalmente fechado, contudo, penso que estão criadas as condições para que tudo avance como pretendemos. Notamos uma grande abertura da Secretária de Estado que pode ser uma agente facilitadora em todo este processo. Este hospital terá uma organização funcional que pode ser única no país, com várias áreas distintas e valências diversas, como a unidade de convalescença do Centro Hospitalar e outras que serão discutidas entre a autarquia e a Santa Casa para ocupar o restante espaço disponível no edifício. Como disse, já podíamos estar em obra neste momento mas castrávamos o futuro do hospital, contudo achamos que era melhor esperar, reivindicar e negociar para chegar ao ponto onde hoje estamos. Queremos agora chegar ao acordo final para começarmos a trabalhar nos projetos e en-
trar em obra o mais rápido possível”. Financeiramente, e, como tinha já avançado em campanha, o projeto tem viabilização estando já cerca de dois milhões de euros destinados à sua execução. “Os dois milhões não são da autarquia, são de fundos aos quais já nos tínhamos candidatado, cerca de 1,6 milhões de euros, mais 300 mil da parte da ARS e poderá ainda entrar a Santa Casa como entidade ativa na comparticipação, ou seja, conseguimos ajustar os valores para que a questão financeira não fosse um handicap”. A confiança do autarca, reafirma, em muito se deve à postura da Secretária de Estado que mostrou total disponibilidade para trabalhar na melhor solução para o futuro do Hospital D. Luíz I. “Tenho de reconhecer, uma vez mais, que a forma como fui recebido pela senhora Secretária de Estado, com o respeito que a população que represento merece, e a sua disponibilidade para fazer com que este projeto chegue a bom porto, sendo sensível às necessidades da região, ao contrário do que aconteceu com a situação do Colégio de Poiares que ainda hoje aguardo uma resposta, quer do senhor ministro quer do senhor Primeiro Ministro”. ■ FOTO: DR
José Manuel Gonçalves, atual presidente da Câmara Municipal, assumiu durante a campanha das autárquicas que a reabertura da unidade de saúde era uma das suas bandeiras, passado um ano da sua eleição, o autarca assume este assunto como um compromisso, assumindo a demora na sua concretização. “Mais do que uma promessa, o hospital é para nós um compromisso porque o consideramos fundamental para a qualidade de vida dos reguenses e dos muitos que, nesta região, têm esta unidade como referência. Se olhássemos para este processo de uma forma simplista e como uma mera promessa, certamente já estaríamos em obra e teríamos aceitado aquela que foi a primeira proposta da Administração Regional de Saúde (ARS) e do Centro Hospitalar”. A primeira proposta, a que o autarca se refere, previa apenas a abertura de uma unidade de convalescença, situação que a autarquia rejeita pois, no seu entender, poderia hipotecar um futuro projeto mais abrangente. “A proposta que nos foi apresentada, e que rejeitamos logo, era ter ali uma unidade de convalescença tutelada pelo Centro Hospitalar. Esta unidade iria ocupar o piso térreo
com uma enfermaria e o primeiro piso seria para serviços. Nós entendemos que o hospital não pode ser castrado daquilo que podem ser funcionalidades futuras e, aliás, nem existe nenhum outro exemplo em Portugal em que uma enfermaria de um hospital fique no rés-do-chão, portanto, não podemos estar de acordo com essa solução. Não sei se isto seria uma migalha ou uma tentativa de eliminar qualquer solução futura que tivesse outra ambição para o hospital.
Sopas e “Binho” à prova em Poiares A gastronomia e as tradições do Douro em época de vindimas são o mote para a primeira edição do “Festival das Sopas e do Binho”, que se realizará nos dias 27 e 28 de outubro, em Poiares, Peso da Régua. Organizado pela Associação Douro Inédito, este evento pretende “dar um abanão. Após o encerramento da escola Primária, do Centro de Saúde e, por último, o Colégio Salesiano, quisemos mostrar que Poiares está viva e que tem vida, que tem gente que quer levar este
barco para a frente, mesmo que o poder político nos continue a puxar para trás. Queremos mostrar que estas terras, com pouco, ainda conseguem fazer muito”, quem o afirma é Jorge Teixeira, presidente da associação. Quer visitar este festival pode preparar a barriga, no total estarão 12 sopas à prova, “todas elas típicas desta altura das vindimas e confecionadas nos potes tradicionais”, afirma o dirigente que explica ainda que, “quem vier só tem de comprar a tigela e pode provar todas as sopas que lhe apetecer. Para além disso teremos ainda barracas de artesanato, exposição de vinhos e animação”. Durante a tarde de sábado haverá um encontro de bombos e o dia termina com dois concertos, um da Banda Juvenil Salesiana e para terminar a fadista Cláudia Madeira. No domingo o dia começa com uma missa na ca-
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pela, junto ao recinto do evento, onde estará exposta a Santa Cruz de Poiares, uma peça do século XXIII, que os visitantes poderão apreciar. A tarde será novamente de música com o Rancho Folclórico de Godim e para fechar o evento, o Grupo de Cantares Rebelos do Douro. As sopas, que estarão a concurso, serão elaboradas por “pessoas particulares, pelo Centro Social, pela Associação de N. Sra. das Candeias de Canelas, uma outra associação de Galafura, e a Junta de Freguesia de Vilarinho”, explica Jorge Teixeira. Ao longo do evento o Centro Social “será ainda responsável pela confeção de outras comidas, para aqueles que queiram almoçar ou jantar por Poiares. Toda a receita obtida é para a própria instituição, assim garantimos também uma vertente de cariz social a este evento”. ■
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Reportagem VivaDouro
Falta de mão-de-obra prejudica vindimas FOTO: DR
Este ano o Douro, para lá do problema da quebra de produção viveu um outro problema, a falta de mão-de-obra para as vindimas, havendo mesmo quem aponte para uma quebra de 40% no pessoal disponível. Texto e Fotos: Carlos Almeida
É um facto que o interior está cada vez mais despovoado e quem fica são os mais idosos, que já não têm capacidade para dar resposta às necessidades que a região tem. Juntando a isto o início tardio da campanha deste ano levou a que muitos já tivessem saído para as campanhas da maçã no estrangeiro onde os rendimentos são maiores. Carlos Nogueira é empreiteiro agrícola, fomos encontrá-lo na Quinta de Avidagos, uma das propriedades onde tem pessoal a trabalhar. Os largos anos de experiência que tem fazem-no encarar este problema sem surpresa e considera mesmo que, no futuro, o problema será ainda maior. “Já no ano passado tivemos dificuldades, este ano está a ser pior e no futuro o problema será ainda maior”, afirma à nossa reportagem. Também Justina Teixeira, no mesmo ramo, confirma este cenário adiantando desde logo uma causa que tem vindo a identificar. “Nota-se realmente uma falta grande de pessoal para trabalhar. Um dos problemas que identificamos é a recuperação da construção civil que acabou por atrair de volta muitos trabalhadores. Começamos a notar isto ao longo do ano, quando a construção civil caiu o pessoal veio para a agricultura e agora com a recuperação estão a fazer o caminho inverso, porque ganham melhor e têm melhores condições”. Também nas adegas este problema é notório. João Monteiro é proprietário da Quinta do Beijo e este ano tem tido dificuldades em encontrar
> Natércia Veiga
funcionários, em especial para o trabalho da adega. “Aqui nós sentimos mais a falta de pessoal na adega. Normalmente, para o trabalho no terreno o caseiro vai arranjando gente, na adega o trabalho é mais pesado e este ano começamos a sentir esse problema. Aproveitamos a oportunidade para renovar o nosso pessoal e contratar pessoal mais jovem mas isso obriga-nos a dar-lhe formação o que implica investir algum do nosso tempo na sua formação. Contudo isto não é suficiente”. Na adega de Sabrosa somos recebidos por Natércia Veiga que nos confirma a existência deste problema. “Também aqui na adega notamos essa quebra. Todos os anos temos várias pessoas que vêm aqui candidatar-se a um lugar para trabalhar nas vindimas, este ano tivemos que procurar essas pessoas e tivemos muita dificuldade em preencher as vagas que tínhamos”. Apoios sociais e desertificação são as causas mais apontadas “São diversos os fatores a apontar que nos fizeram chegar aqui, um deles são os apoios do
Estado, conheço vários casos de pessoas que podiam estar a trabalhar mas preferem ficar em casa a receber o RSI. Outro fator é o êxodo a que a região tem vindo a assistir, a nossa população está envelhecida e não sei se daqui a 10 anos teremos gente aqui para viver e trabalhar”, afirma João Monteiro. Justina Teixeira subscreve esta ideia, contudo alerta que os apoios sociais são necessários para muita gente. “O RSI é um pau de dois bicos, é necessário para quem o recebe mas depois as pessoas acomodam-se e acabam por não querer trabalhar. Há um problema grave que é a subsídio-dependência. Nós colocamos anúncios em quatro centros de emprego e não recebemos nenhuma resposta”. Regressando à conversa com Carlos Nogueira, o empreiteiro encontra outras questões que acredita serem a causa deste problema. “Há uma diferença muito grande entre o pessoal que é da vinha e o pessoal que está nas adegas, eles têm direito a água, pequeno-almoço, almoço, etc. Nós andamos aqui de sol a sol, sem condições, muitas vezes não temos água se não trouxermos garrafas congeladas para aguentar
> Justina Teixeira
durante o dia, temos que trazer a nossa comida de casa. Há equipas que vêm de Resende, ou de outras localidades longe daqui, que saem de casa às 5 da manhã, para começarem a trabalhar às 7, descansamos uma hora para almoço e acabamos o dia às 5 da tarde, com este sol não é fácil, é um trabalho árduo. Temos que gratificar um pouco mais quem aqui trabalha. Não entendo porque é que acabaram com algumas tradições das vindimas, como a alimentação, por exemplo. É certo que é complicado para um empreiteiro ter logística para alimentar todo o seu pessoal nas diversas quintas onde as equipas estão colocadas mas, porque não contratar com os proprietários o fornecimento da alimentação? Assim o pessoal tinha uma refeição quente, seria mais um ponto para os atrair. Ainda no outro dia falava com o responsável desta quinta para organizarmos uma pequena festa no último dia de vindimas, com um pequeno lanche para os trabalhadores e a entrega do ramo, são este tipo de tradições que animavam o trabalho e que se foram perdendo e que ajudam a que as pessoas se sintam valorizadas.
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Reportagem VivaDouro
As pessoas esquecem-se que é daqui que nasce o vinho e, se as vinhas não forem bem tratas e a colheita não for bem efetuada o vinho não pode ser bom, mas para isso precisamos de ter pessoas motivadas”. Falta de pessoal poderá rondar os 40% “Neste momento temos cerca de 120 pessoas a trabalhar, o ideal para que tudo corresse sem problemas seriam umas 200”, afirma Justina Teixeira, acrescentando que o problema é ainda maior devido às faltas do pessoal contratado, “temos dias em que nos faltam 40 pessoas, isto é um problema, porque as equipas ficam definidas no dia anterior e quando chegamos para trabalhar no dia seguinte não temos gente, sem aviso prévio, o que nos obriga a reduzir o número de pessoas por equipa com todas as implicações que isso tem”. “Ao longo da vindima temos recebido diversos contactos de pessoas que tinham o serviço já contratado mas que o empreiteiro com quem iriam trabalhar não conseguiu pessoal para responder às necessidades. Há vindimas que viram o seu início adiado e outras que pararam a meio por falta de pessoal. Temos recusado inúmeros pedidos que temos vindo a receber”, continua a empresária. Para evitar estas faltas, Carlos Nogueira instituiu um prémio de assiduidade aos seus trabalhadores, “quem trabalha comigo recebe um prémio de assiduidade, as pessoas têm que se sentir gratificadas pelo trabalho e, se elas não faltam, eu tenho que agradecer. Na vindima o trabalho é muito apertado, temos pouco mais de um mês para o realizar e este ano o tempo até tem estado bom mas há anos em que chove e faz frio”. Centros de emprego e redes sociais são pontos de recrutamento Com o evoluir da tecnologia surgem novas plataformas para oferecer e procurar trabalho, no Douro muitos recorrem aos centros de emprego mas este ano também às redes sociais, contudo, os resultados esperados não foram os mais satisfatórios. “Usei as redes sociais para procurar pessoal e o resultado foi o que eu esperava, recebi inúmeros
> João Monteiro
câmaras municipais, às juntas de freguesia e à Segurança Social que deixem trabalhar as pessoas. Podem dar o Rendimento Social de Inserção (RSI) à vontade mas, nesta altura, aqueles que recebem e podem trabalhar, deviam ter a possibilidade de suspender esse apoio e retomar no fim do trabalho. Não diria que fosse algo obrigatório mas devia ser incentivado”. Já João Monteiro aponta outro caminho, “a solução passa por renovar o poder político, trazendo mais jovens para a liderança, que estejam mais atentos a esta problemática”.
contactos de gente de fora da região, mesmo da zona de Lisboa, por exemplo, mas levantava-se um problema, a logística. As pessoas não podem ir e vir todos os dias para casa, por isso precisamos de sítio para as alojar. Eu costumo dizer, em tom um pouco irónico, que os dormitórios de pessoal que hoje foram remodelados para o turismo, ainda vão servir para alojar imigrantes que teremos aqui para colmatar a falta de mão-de-obra que se verifica na região. Ou pensamos em remunerar e incentivar mais estas gentes ou vamos perder toda a gente”, afirma Carlos Nogueira. Por sua vez, Justina Teixeira recorreu às duas plataformas, sem que o resultado fosse diferente. “Este ano colocamos uma série de anúncios de emprego, contactamos diversos Centros de Emprego e procuramos casas para alojar os nossos trabalhadores deslocados mas mesmo assim as pessoas não querem, ou porque o trabalho é pesado, ou porque recebem algum apoio do Estado e não querem ter trabalho em cancelar esse apoio para depois o pedir novamente, se esse processo fosse mais
simples podíamos ter mais gente”. Mais novos podem não ser a solução “Há adolescentes que já abandonaram a escola, felizmente cada vez são menos, e que podiam vir trabalhar para a vindima mas também não querem fazer este trabalho”, afirma Justina. Já Natércia Veiga, da adega de Sabrosa diz-nos que “os trabalhadores antigos tinham um ritmo de trabalho que os jovens de hoje não têm. Depois há a questão dos apoios sociais aos quais as pessoas se acomodam”. Carlos Nogueira é ainda mais incisivo, “antigamente os jovens ainda vinham para a vindima mas hoje em dia, com a fiscalização tão apertada que existe isso já não acontece, já não vemos um miúdo de 15 anos vir trabalhar ao fim de semana para ganhar algum dinheiro, se somos apanhados as multas são elevadas. Porque é que esse miúdo com 14, 15 anos pode fazer uma novela ou jogar futebol mas não pode vir trabalhar uns dias aqui ajudando mesmo a família com um maior rendimento em casa?”. Contudo, o empreiteiro aponta algumas soluções para o problema. “Temos de pedir às
> Carlos Nogueira
Quebra na produção minimizou problema sem solução à vista A quebra de produção que este ano se verificou no Douro, cerca de 30%, acabou por ajudar a minimizar a falta da mão-de-obra, como nos indica Natércia Veiga. “A quebra que se verificou este ano na produção ajudou a que este problema não tivesse outras proporções, num ano normal de Douro este seria um problema muito grave, nem consigo imaginar como o poderíamos resolver”. Ninguém arrisca apontar uma solução única mas as ideias são várias para quem diariamente enfrenta esta questão. “No futuro vamos ter que repensar a forma como fazemos a vindima, não sei qual será a solução porque a mecanização aqui é difícil mas vamos ter que encontrar outras soluções. Uma solução podia passar por transferir o dinheiro que a região paga em taxas para o IVDP e este por sua vez investir na região, apoiando os agricultores de forma a conseguirem atrair mais mão-de-obra”, afirma ainda Natércia. Na conversa com a nossa reportagem Justina Teixeira fala ainda da experiência do passado com a contratação de emigrantes de leste, concluindo que não será esta a melhor solução. “Há uns anos tivemos diversos imigrantes de leste a trabalhar connosco mas a experiência não foi muito positiva, o trabalho na agricultura é duro e no Douro ainda mais, por isso à primeira oportunidade que tinham iam para outros setores, e depois há a questão da língua e dos costumes que também dificultava a sua integração”. ■
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Tabuaço | Vila Real
Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES
Finalmente a Confederação Portuguesa de Economia Social (CPES)
A Câmara Municipal de Tabuaço criou recentemente o Conselho Municipal de Turismo. Com o regulamento já aprovado, este órgão reuniu pela primeira vez no final de setembro. Esta primeira sessão, que teve lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho contou com a maioria dos agentes turísticos do concelho de Tabuaço, representantes de empreendimentos turísticos, Unidades Hoteleiras e Alojamento Local, Restauração, Artesãos, Produtores Vinícolas, Associações e Presidentes de Junta. O CMTT será um órgão de natureza consultiva, de articulação e cooperação nos vários sectores e segmentos do Turismo, com o objectivo de qualificar o Concelho de Tabuaço como destino turístico de excelência na Região do Douro. A este Conselho, que passará ainda por uma fase de eleição dos elementos representantes, caberá favorecer
a capacidade turística intrínseca de Tabuaço, promover a participação e o envolvimento dos agentes turísticos no desenvolvimento integrado e sustentável do Concelho, contribuindo, assim, para a valorização da oferta turística e a consequente promoção do território. Numa Região onde a oferta é grande, ao CMTT caberá ainda consolidar estratégias para a inovação, competitividade e crescimento do sector no concelho de Tabuaço. “A ideia é termos aqui um órgão que permita, em primeiro lugar, perceber onde estamos, qual é o nosso lugar, seja na perspetiva local ou, mais alargada, a nível regional. Perceber o que vai sendo feito, quer pelo setor público, quer pelo privado e estabelecer estratégias evitando assim que seja o próprio município a delinear essas mesmas estratégias”, afirma Carlos Carvalho, o autarca tabuacense em declarações ao VivaDouro. Para o autarca “a ideia é ouvir, conversar e delinear caminhos em conjunto. Quem está no terreno diariamente tem uma perspetiva muito mais acertada do que nós, apesar de conhecermos bem o território as visões são diferentes. Se conseguirmos trabalhar em rede as coisas correrão, sem dúvida, melhor”. ■ FOTO: CMT
Na semana passada com a eleição em Assembleia Geral, por unanimidade, dos membros dos órgãos sociais a Confederação Portuguesa de Economia Social (CPES) foi, finalmente, concluída uma etapa decisiva na concretização de um projeto da maior importância para o setor da economia social. A partir de finais de 2016 começou a desenhar-se o princípio de um compromisso para a criação de uma Confederação que congregasse a maioria das entidades da Economia Social portuguesa. No decurso de 2017, com a realização do Congresso Nacional, organizado a partir de uma decisão do CNES, foi assumida a ideia da importância estratégica da criação dessa Confederação. Nove entidades confederais que congregam entidades das diversas “famílias” da economia social pela via do debate, uniram-se em torno dos princípios e interesses comuns, sem tentar apagar as diferenças, viabilizando a criação da Confederação. Foi um caminho difícil, e exigente, para todos os intervenientes na justa medida em que, nos tempos modernos, a tradição do setor não valorizava a confluência ao contrário, por exemplo, de Espanha, que dispõe de uma Confederação (CEPES) faz mais de vinte anos. O que pode acrescentar à Economia Social a existência de uma Confederação? Além de subir um patamar no desenvolvimento das ações necessárias à promoção e defesa da Economia Social e das entidades que a integram, o que acrescenta de mais relevante é a capacidade para se assumir como interlocutor do Estado e participar, como parceiro social, na concertação, na definição das políticas públicas e das orientações estratégicas destinadas à economia social. Mais uma vez um objetivo ousado e que para alguns era considerado inatingível foi alcançado. Direi que se enganam os timoratos e o tempo se encarregará de mostrar que é viável e realista ao setor alcançar o lugar que merece, e a Constituição lhe confere, ao mais alto nível na concertação social. Alguns perguntam como se compagina a existência da Confederação com a CASES? Deve, desde logo, esclarecer-se que a Confederação é uma entidade do movimento associativo e a CASES uma entidade que assume, em áreas específicas, funções de autoridade de Estado. A CASES dispõe de atribuições, que lhe foram delegadas pelo Estado, na sua configuração atual, nas áreas do cooperativismo, do voluntariado, da estatística e da base de dados das entidades da economia social. Entre a Confederação e a CASES a distância institucional terá que ser preservada na justa medida da sua natureza distinta, salvaguardando um campo de colaboração no que concerne, em particular, ao apoio institucional, à promoção dos princípios, valores, conhecimento e reconhecimento do setor. Assim se faz o caminho da confluência em diálogo e cooperação contrariando os ventos do isolacionismo, da intolerância e do medo.
Conselho Municipal de Turismo para desenvolver setor
Criada bolsa para estudantes de engenharia florestal na UTAD Nádia Piazza, presidente da Associação das Vítimas de Pedrógão Grande criou uma bolsa de estudo que será atribuída a jovens das regiões atingidas pelos incêndios que queiram estudar Engenharia Florestal. A bolsa de estudo agora criada responde ao mote “olhar em frente” e destina-se a jovens estudantes que frequentem, ou pretendam frequentar o curso de Engenharia Florestal na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e que sejam provenientes das regiões atingidas pelos incêndios do Verão de 2017. Para financiar esta bolsa, a presidente da Associação das Vítimas de Pedrógão Grande, usa o valor do prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira, que a distinguiu pelo “percurso de vida consolidado e
merecedor de inequívoco reconhecimento público”. Desta forma, Nádia Piazza espera assim apoiar, "directa e indirectamente, as pessoas dos municípios abrangidos que carregam o legado imaterial da tragédia, ajudando-as a redescobrir razões de esperança”, explica em resposta ao nosso jornal. Os concorrentes devem ser residentes nos municípios abrangidos (Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra, Sertã e Penela, ou, em alternativa, filhos, netos ou bisnetos de moradores daqueles territórios, devendo nestes casos as candidaturas ser acompanhadas por uma declaração do familiar. Será dada prioridade a estudantes em situação de carência económica que tenham aproveitamento escolar. A bolsa tem a duração de nove meses e o valor mensal não poderá ultrapassar o indexante dos apoios sociais, que em 2017 foi de 421 euros por mês. Enquanto não for estabelecido um prazo, as candidaturas podem ser apresentadas a qualquer momento. ■
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Vila Real
Falta de alojamento faz soar o alarme em Vila Real A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), registou este ano o maior número de matrículas de sempre, contudo, a chegada dos novos alunos revelou um problema, a falta de alojamento, situação que preocupa tanto alunos como a instituição.
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Quando eu entrei na UTAD pagava 130€ pelo meu quarto e já na altura muita gente me dizia que era um valor demasiado alto, neste momento conheço pelo menos um caso de um aluno estrangeiro que paga 190€ mais 50€ fixos para as despesas da casa, é muito dinheiro, e foi ainda obrigado a pagar 3 meses em avanço. Outros alunos estão a viver em residenciais, onde pagam 30€ por noite, isto não é comportável para uma família. Não é esta a imagem que demos dar da nossa universidade. Cada vez vemos mais senhorias que mais parecem imobiliárias, têm 10 ou 15 casas porque também perceberam a potencialidade do mercado e muitas vezes acabam por nem sequer contribuir para o bem comum não passando recibos, por exemplo”. Para Elsa Justino, apesar de preocupante, esta questão não será ainda um travão à atração de estudantes deslocados para a universidade. “Não obstante ter existido uma subida de preços devido a uma maior procura de imóveis para arrendamento (não só pelos estudantes), para já, nada aponta nesse sentido. A cidade de Vila Real ainda tem oferta privada, com preços de alojamento muito inferiores aos praticados em Lisboa, Porto e Coimbra”. Contudo, o presidente da AAUTAD olha
para o futuro e afirma-se ainda mais preocupado com a perspetiva. “A grande preocupação que tenho agora é, como será no próximo ano? Os senhorios este ano perceberam que a oferta é inferior à procura e podemos assim a um boom especulativo”. Por essa razão, António Vasconcelos diz que a associação, em conjunto com os núcleos de curso “ vão escrever uma carta aberta onde apresentamos as nossas reivindicações e algumas recomendações, à reitoria mas também à autarquia. À reitoria como forma de pressão ao próprio Governo, ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, que algo tem de ser feito, terá de haver uma verba adicional ao orçamento para a construção de novas residências. Tem de haver medidas que acompanhem o crescimento que temos vindo a registar. À autarquia porque, apesar de não ter um papel ativo na criação de habitação para os estudantes, deve ser um agente de atração de investimento externo que ajude a colmatar esta lacuna. Não podemos pedir às pessoas para virem para o interior, para que estudem na UTAD, se depois não temos condições para os receber, isto é contraproducente”, conclui o representante dos estudantes. ■ FOTO: VD
O alarme soou nos primeiros dias após a divulgação das listas dos alunos colocados no ensino superior, a falta de alojamento seria o grande problema no arranque do novo ano. Em declarações ao nosso jornal, António Vasconcelos, presidente da Associação Académica da UTAD (AAUTAD), afirma que não foi surpresa para si este problema, já antes o tinha identificado e alertado a reitoria para essa possibilidade. “Na AAUTAD começamos a perceber que isto ia acontecer já há uns meses, em agosto comecei a procurar casa para mim e tive dificuldades, logo nessa altura tive algumas conversas com o reitor e a senhora administradora, até porque agosto é um mês em que tradicionalmente ainda se arranja casa com facilidade porque ainda não saíram as colocações. Quem já cá está aproveita para escolher as melhores casas, libertando outras para os novos alunos”. Também Elsa Justino, Administradora dos Serviços de Ação Social da UTAD (SASUTAD) nos revela alguma preocupação, contudo, a responsável afirma que a instituição está “a monitorizar e a acompanhar o problema do alojamento, junto dos estudantes”. Para o representante dos alunos, o problema
tem causas fáceis de identificar, o crescimento da cidade com novas empresas a chegar, criando emprego e atraindo população mas sem que o setor imobiliário acompanhe esse crescimento. “Houve um crescimento exponencial da cidade com várias empresas a virem para cá e isso levou a um aumento da oferta de emprego, que por sua vez trouxe mais gente para Vila Real. Ao mesmo tempo o crescimento da universidade com números históricos. Por outro lado não houve aumento de espaços disponíveis, quer ao nível SASUTAD que não tinha fundos para a construção de novas residências, quer por parte dos privados. Pegando num exemplo de um T4, um apartamento destes alojava normalmente 4 ou 5 estudantes. Hoje, ele serve para uma família que se deslocou para cá porque ocupou um posto de trabalho na cidade”. Questionada sobre a construção de novas residenciais, Elsa Justino afirmou que “a universidade está neste momento a trabalhar numa alternativa com o Governo que passa por um acordo com a FUNDIESTAMO”. António Vasconcelos aponta ainda um outro fator de relevância, o elevado número de alunos deslocados a estudar na UTAD, no total são cerca de 3000. “Temos cerca de 3000 estudantes deslocados e apenas 525 camas disponíveis pelo SASUTAD, quer dizer que há aqui uma discrepância enorme. Cerca de 70% dos estudantes que temos aqui são do Minho e de concelhos limítrofes a Vila Real, todos eles são considerados como deslocados. Aquilo que notamos é que alguns destes estudantes, que antes alugavam aqui um quarto, agora, devido ao aumento dos preços, estão a comprar passes e a fazer diariamente viagens de mais de 1 hora para casa, há quem vá e venha para Amarante todos os dias. Isto é algo que vemos com alguma tristeza.
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12 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Tabuaço
Barcos celebra tradição das vindimas Vindimas prende-se com a possibilidade das gentes locais mostrarem o que de melhor ali se faz, seja aos visitantes nacionais, seja aos estrangeiros que cada vez mais se encontram por ali. “Continuamos a perceber que a questão turística é um pilar fundamental da nossa economia, suportado pela vinha e pelo vinho. O valor acrescentado que o turismo gera é cada vez maior, até por isso cada vez vemos mais projetos e mais iniciativas que se desenvolvem a pensar neste setor”. A encerrar mais esta edição foi cumprida a tradição e os ramos foram entregues aos “patrões”, representados pelo autarca e pelo presidente da Junta de Freguesia local. ■ FOTO: CMT
Para o presidente da Câmara Municipal, Carlos Carvalho, esta “é uma festa que existe desde a classificação de Barcos como aldeia vinhateira, ainda na década passada. É uma mostra daquilo que são as nossas tradições e produtos. Uma festa para celebrar as vindimas, para que as pessoas da nossa terra mostrem o que fazem, não só a quem cá está mas a todos os turistas que nos visitam, sejam eles portugueses ou estrangeiros”. Ao longo dos dois dias foram várias as iniciativas levadas a cabo, logo a começar, uma caminhada solidária, cuja receita reverteu a favor de uma instituição oncológica e ainda a exibição do Filme “Tábuas com História” rodado parcialmente em Tabuaço, de cujo elenco fazem parte os atores do Grupo de Teatro – TEATRAÇO. Projetado
ao ar livre com casa cheia, a realização do filme teve a comparticipação da Câmara Municipal de Tabuaço. Do programa fizeram ainda parte o habitual passeio equestre com itinerário pelas vinhas durienses, a entrada ao lagar e a tradicional mostra de produtos regionais e artesanato. A música também não faltou e, a Associação dos Amigos dos Bombos de Barcos, os Grupos de Concertinas de Távora e Alto Douro Vinhateiro de Sendim, o Grupo Pajarito, o Fredi Circanelo e o Concerto de Ana Laíns, foram os responsáveis pelos sons que se foram ouvindo nas ruas da aldeia durante esta celebração. Para o autarca, a importância da Festa das
FOTO: VD
Classificada como Aldeia Vinhateira, a freguesia de Barcos foi palco de mais uma edição da Festa das Vindimas nos passados dias 22 e 23 de setembro, com um programa elaborado através da parceria entre Junta de Freguesia de Barcos e Câmara Municipal de Tabuaço.
Tânia Santos – Tabuaço
FOTO: CMT
É importante para promover os produtos da região, a aldeia e o património histórico e cultural que aqui existe, bem como a interação entre as pessoas. Todas as pessoas são bem vindas, o facto de muita gente estar em vindimas limita um pouco o numero de visitantes que passam aqui. A presença aqui é uma forma de conseguirmos mostrar lá fora o que aqui fazemos (através dos turistas que vêm e compram produtos).
Manuela Adrega - S. J. pesqueira
> Autarca tabuacense marcou presença nas ruas da aldeia de Barcos
Venho aqui por amizade e pelo convívio com os outros colegas. Como o presidente da câmara nos convida nós temos todo o gosto em estar presentes. Os nossos produtos são todos artesanais, tudo aqui é feito à mão, por isso é importante estar aqui, para os dar a conhecer a quem visita esta festa.
VIVADOURO OUTUBRO 2018 13
São João da Pesqueira
Pesqueira reforça serviços de saúde e justiça À imagem do que prometeu no decorrer da campanha eleitoral, o autarca pesqueirense, Manuel Cordeiro, tem reunido com os ministérios da Saúde e da Justiça com vista ao alargamento dos serviços prestados nestas áreas no seu concelho. A sucessiva perda de serviços nos concelhos do interior é uma preocupação para os autarcas desta região, muito porque consideram que a sua não existência é um fator que potencia o êxodo para os grandes centros e dificulta a atração e fixação de população, em especial entre as gerações mais novas. Durante a campanha eleitoral Manuel Cordeiro foi sublinhando essa preocupação e desde a sua eleição têm sido várias as reuniões com diversos ministérios com o objetivo de abrir ou reabrir alguns desses serviços em São João da Pesqueira. No que diz respeito à saúde, a intenção do autarca era de ter “um Serviço de Urgência Básica, mas isso é praticamente impossível”, confessa. “Solicitamos também uma ambulância SIV porque a mais próxima que temos está em Moimenta da Beira e assim seria possível ter este serviço mais disperso pelo território, contudo, o argumento utilizado é que o serviço de urgência básica é lá que está, daí a presença dessa ambulância”.
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Outro dos temas debatidos com o ministério foi o alargamento do horário do serviço de urgência do Centro de Saúde, em especial em algumas épocas do ano, situação para a qual registou “alguma abertura” por parte da Secretária de Estado, Rosa Valente de Matos. Unidade de cuidados continuados já tem luz verde Garantida ficou a implementação da Unidade de Cuidados Continuados que “ficará no edifício do Centro de Saúde”. O projeto “recebeu já luz verde estando em falta toda a burocracia junto de entidades como a ARS ou a Segurança Social, por exemplo”. Também na justiça Manuel Cordeiro conseguiu aquilo que considera ser “uma primeira vitória”. “Todos os julgamentos de processos até 50 mil euros e crimes com moldura penal até 5 anos, serão obrigatoriamente feitos na Pesqueira”. Contudo, estes julgamentos serão feitos por um juiz de Moimenta da Beira que se deslocará a São João da Pesqueira quando necessário. “Continuarei a exigir mais, inclusivamente ter um juiz partilhado com Tabuaço. Moimenta tem dois juízes e, em vez de terem de vir cá quando necessário passaríamos a ter um juiz atribuído a este concelho. De todos os processos que existem em Moimenta, 33% são oriundos daqui e 19% de Tabuaço, o que dá um total de 52%, assim passaríamos a ter um juiz partilhado mas tal não irá avançar por agora, é um processo que requer muita burocracia”. ■ FOTO: VD
14 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Especial "Mercado Magriço" - Penedono
Cristina Ferreira: “O ‘Mercado Magriço’ é um espaço de divulgaçã
Aproxima-se a 8ª edição do certame “Mercado Magriço” que irá decorrer entre os dias 9 e 11 de novembro, em Penedono. O VivaDouro este Para quem nunca teve o privilégio de presenciar ao vivo, como apresenta o “Mercado Magriço”? Podemos afirmar que O “Mercado Magriço” é a montra das capacidades do concelho de Penedono, representadas por diversos expositores. Os expositores/empresários participam nesta iniciativa com o objetivo de promover os seus bens e serviços, de realizar contactos e concretizar negócios. Este certame tem como propósito a promoção e fomento das atividades económicas, agrícolas, os produtos endógenos locais, o artesanato, a pecuária e o turismo de natureza. É um espaço de divulgação das empresas e dos produtos do concelho. Quem visita o certame o que pode esperar encontrar? No “Mercado Magriço” os visitantes podem apreciar/adquirir produtos hortícolas, enchidos, queijos, mel, cogumelos shiitake, doçaria, azeite, castanhas, artesanato e, este ano, outras novidades. Para além destes produtos, está presente o setor do comércio automóvel e
máquinas de utilização agrícola, como tratores e alfaias. O artesanato é a expressão mais representativa da cultura e arte popular e cuja preservação deve ser mantida e divulgada. A Junça de Beselga é a produção artesanal mais característica do concelho de Penedono, destacando-se pelo facto de ser uma planta espontânea e que ao longo dos séculos tem sido trabalhada habilmente. Sendo a Junça de Beselga uma das marcas identitárias do concelho, o Município de Penedono tem promovido a sua divulgação e preservação. Este artesanato foi objeto de certificação. Os frutos secos e a pecuária são tradicionalmente setores com forte presença no “Mercado Magriço”. Essa continua a ser uma aposta da autarquia? A autarquia, em colaboração com a Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, aposta na promoção da castanha e frutos de casca rija como forma de dar a conhecer e provar produtos que cada vez mais se afirmam como alimentos de excelência. Neste sentido, como forma de incentivar os
> Cristina Ferreira, vereadora da Câmara Municipal de Penedono
> Vereadora e presidente do município
produtores de castanha das variedades Martaínha e Longal o Município promove, em colaboração com a Cooperativa Agrícola de Penela da Beira e da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, o concurso de castanha. A presença do setor pecuário é, e continua a ser, uma aposta do Município. Por isso o evento conta no dia 11, com uma exposição de Ovinos e Caprinos de vários produtores locais e a sua participação no respetivo concurso, em colaboração com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária. Penedono, sendo um concelho do interior, predominantemente rural, a autarquia, aposta há longos anos, na defesa da qualidade dos seus produtos e na sua promoção. Quem vive e tem negócios instalados em concelhos do interior conhece de perto, infelizmente, as dificuldades em continuar a resistir às adversidades, decorrentes da falta de políticas de investimento por parte do Estado. Somos um concelho marcado por uma paisagem exuberante de soutos de castanheiros, amendoais, olivais, vinhas e pomares. A castanha, a amêndoa, o azeite e a maçã assumem uma importância relevante na economia local. Do programa deste ano do “Mercado Magriço”, que pontos destacaria? O programa do evento inclui no dia 10, pelas 8h30, a caminhada “Na Rota do Azeite”. Esta caminhada visa proporcionar ao caminhante a oportunidade de
> Junça de Bezelga em exposição
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Especial "Mercado Magriço" - Penedono
ão das empresas e dos produtos do concelho”
eve à conversa com a vereadora Cristina Ferreira sobre o evento. assistir às primeiras movimentações outonais, um autêntico prazer de passear por olivais, sentir o privilégio de desfrutar do cheiro da azeitona em maturação, usufruir da liberdade de parar quando quiser para apreciar uma das paisagens mais magníficas do concelho. Terminada a caminhada na Freguesia de Souto, nas instalações da Cooperativa de Olivicultores do Vale do Torto, o caminhante fica a conhecer o processo de transformação da azeitona em Azeite. A caminhada é gratuita mas de inscrição obrigatória. Na música destaque para a atuação do artista Paulo Gonzo, dia 9. O artista do concelho Márcio Pereira, dia 10, durante a tarde, seguido da banda os ANJOS pelas 22h00. Dia 11, atuação da escola de música do “Espaço de Artes o Magriço”, seguido da banda Os RED. Ao longo dos três dias os visitantes vão ter a oportunidade de degustar a gastronomia local nos restaurantes e tasquinhas presentes no certame. A animação do evento (provas de cogumelos shiitake, licores, Ouriço de Castanha – doce premiado pelo conceituado Chef Hernâni Ermida…) e os espetáculos continuam a ser uma aposta como forma de proporcionar momentos de degustação e convívio. Na edição do ano passado a autarquia, no decorrer do certame, levou a cabo uma campanha de promoção de bons hábitos no consumo de água. Está preparada alguma campanha em especial para este ano?
Este ano, como forma de prevenção e combate aos incêndios florestais, a Autarquia integrou no certame “Mercado Magriço” o concurso “Penedono Valoriza a Floresta” tendo por objetivo distinguir/premiar as melhores práticas florestais e reconhecer a importância da floresta para um equilíbrio ambiental sustentável. No âmbito do concurso serão atribuídos prémios na categoria de Gestão e Economia de Floresta. Os prémios pretendem distinguir projetos florestais ou parcelas que se apresentem bem geridos e apli-
quem boas práticas nas operações florestais, mas também que sejam inovadores e com importância ambiental. Por último, uma mensagem para quem é de fora do concelho visitar o “Mercado Magriço” em Penedono. Uma bela Vila Medieval, um Castelo Encantado, paisagens deslumbrantes, produtos endógenos de excelência. Motivos mais que suficientes para vir visitar o evento “Mercado Magriço” em Penedono. ■
16 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Destaque VivaDouro
Balanço dos autarcas da CIM-Douro Um ano após as eleições autárquicas o VivaDouro foi conversar com os 19 autarcas da CIM Douro fazendo um pequeno balanço do que tem sido este mandato. Texto: Carlos Almeida
A noite eleitoral de 1 de outubro de 2017 confirmou a superioridade de autarquias ganhas pelo PSD, um total de 9, mais três conseguidas em coligação com o CDS-PP. Nessa noite foram duas as surpresas registadas. Pela primeira vez uma candidatura independente subiu ao poder, aconteceu em São João da Pesqueira onde o PNT de Manuel Cordeiro veio a conseguir 54.09% dos votos. Em Murça, contra todas as expectativas a Câmara Municipal mudou de mãos, José Maria Costa era o autarca que se recandidatava mas o socialista perdeu para Mário Artur Lopes, candidato laranja. Em Lamego a noite foi longa e só com os votos todos contados é que Ângelo Moura, candidato do PS,
pode festejar a vitória que marcou o fim de um longo legado da direita à frente da autarquia. Situação contrária viveu-se em Vila Real onde Rui Santos conseguiu a reeleição com quase 68% dos votos, garantindo 7 dos 9 vereadores. No que diz respeito aos dados da abstenção, a nível global da região atingiu os 34,19%, resultado melhor do que em 2013 onde foram ultrapassados os 36%. O resultado mais alto de abstenção registou-se em Moimenta da Beira onde este valor chegou aos 43,8%, seguido por Tabuaço e Tarouca com 40,6% e 40%, respetivamente. No prato oposto da balança encontramos Freixo de Espada à Cinta onde a abstenção se ficou pelos 25,5%, crescendo mesmo assim em comparação com 2013 onde se registou apenas o valor de 23,22%. A completar o pódio dos concelhos com menor abstenção temos Mesão Frio com 29,6% e S. João da Pesqueira que ficou pelos 31,3%. *Até ao fecho desta edição não foi possível recolher os testemunhos dos autarcas de Sernancelhe e Carrazeda de Ansiães ■
Alijó - José Paredes O balanço deste primeiro ano de mandato é bastante positivo. Foi um ano de intensa atividade nas várias áreas de atuação da autarquia, destacando a grande promoção do Concelho de Alijó com a Candidatura às 7 Maravilhas à Mesa. Em relação a grandes obras, já estão em curso vários procedimentos para o arranque de obras fundamentais no Município. Menos positivo são os limitados fundos comunitários e o desinvestimento do Governo em vias estruturantes na promoção da economia dos Territórios de baixa densidade.
Promoção do concelho nas 7 Maravilhas à Mesa Desinvestimento do Governo em vias estruturantes como por exemplo a Linha do Douro.
Armamar - João Paulo Fonseca Este primeiro ano tem corrido dentro daquilo que consideramos expectável. Foi um ano em que implementamos alguns serviços muito importantes para a população como o Sistema Integrado de Mobilidade (SIM). Neste momento todo o concelho tem transporte assegurado para aceder à sede do concelho, a um custo muito reduzido. Estamos agora na fase dos programas comunitários serem lançados e aí temos diversos projetos já aprovados e que estão a arrancar.
Freixo de Espada à Cinta - Maria do Céu Quintas Este primeiro ano vem no seguimento do mandato anterior, temos vindo a trabalhar da mesma forma, sem dinheiro, o que implica andar sempre com muita contenção no mais que posso. Ajudar as pessoas, tal como tinha feito no primeiro mandato. Temos também estado a negociar o empréstimo de substituição de dívida para conseguirmos resolver algumas situações existentes e podermos ficar com uma margem para o futuro. Não prometi nada, prometi fazer o melhor que posso e é isso que tenho feito.
Ver o sorriso da pessoas reconhecendo o que fazemos, esse lado humano O constrangimento financeiro continua a ser o grande problema
Lamego - Ângelo Moura Cumpridos 365 da eleição, entendo que os principais objetivos definidos em campanha eleitoral estão a ser cumpridos. Desde logo a moralização da vida pública, transparência na ação e isso julgo que é inequívoco para todos os lamecenses. É uma forma diferente de gerir a coisa pública. Outro compromisso era tratar todas as freguesias por igual e isso está a acontecer. O equilíbrio orçamental começa também a ser uma realidade apesar do espaço temporal ser ainda curto.
A transparência e o rigor das finanças públicas Não conseguir satisfazer as necessidades diárias dos munícipes
Mesão Frio – Alberto Pereira É um balanço extremamente positivo, na linha do que tem sido feito ao longo dos últimos oito anos. Portanto quando uma pessoa dá o máximo e o melhor não podem haver grandes alterações. Estamos a tentar fazer um trabalho à imagem do que fizemos anteriormente, claro está que inovando aqui ou ali, indo além sempre que a situação financeira nos deixa. Felizmente a nossa autarquia está melhor a cada dia que passa e vamos tentando implementar novas medidas sem nunca estragar o que já foi feito.
A forma como temos aplicado os fundos comunitários, somos o município da CIM Douro com maior taxa de execução Os constrangimentos financeiros que continuamos a viver
Moimenta da Beira – José Eduardo Ferreira Ao longo deste primeiro ano destaco a grande intensidade de trabalho com todos os agentes do desenvolvimento do concelho. Intensidade essa que tem mantido uma grande capacidade de investimento por parte dos agentes económicos e uma ligação permanente do município aos interesses que são de todos nós. A forma como as diversas organizações sociais olham umas para as outras e para aqueles a quem nos dedicamos é também um fator de destacar ao longo destes 365 dias.
A intensidade de trabalho que temos mantido no município Os atrasos e a falta de investimento que continuamos a verificar na nossa região
Murça – Mário Artur Lopes Ao longo deste primeiro ano aquilo que fizemos foi sobretudo o diagnóstico e, no fundo, uma preparação e organização dos serviços para que consigamos ter um resto de mandato tranquilo, acima de tudo penso que seja este o fator mais importante. Destaco ainda o lançamento do concurso para o alargamento da zona industrial que forçosamente será uma mais-valia económica para o nosso concelho.
A implementação do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM)
A abertura do concurso para duplicar o número de lotes da zona industrial
O atraso na construção da ligação entre Fontelo e a A24
A herança que encontramos, infelizmente é pior do que estávamos à espera
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Destaque VivaDouro
um ano após as eleições Penedono – Carlos Esteves de Carvalho Estou no primeiro ano do meu último mandato e a preocupação com as pessoas continua a ser a minha prioridade, aquilo que mais me motiva. Porque continuo com a preocupação da melhoria ambiental no meu concelho toda a questão que diz respeito a resíduos e saneamento básico é para mim uma prioridade conseguir concluir neste mandato a rede de ETAR’s que tinha na minha cabeça. É evidente que tem havido algumas pedras no caminho mas elas têm sido afastadas. Continuamos também a apostar fortemente na criação de emprego.
A preocupação ambiental e a atenção às pessoas O recém encerramento da estação de CTT de Penedono
Peso da Régua – José Manuel Gonçalves Este tem sido um ano onde temos vindo a realizar um trabalho de continuação e a concretizar um conjunto de projetos que consideramos importantes para o concelho, alguns que se estão a materializar em projetos e outros que já estão em candidatura. Essencialmente foi um ano de projetos e candidaturas que irão no próximo ano resultar no arranque de uma série de projetos que elencamos durante a candidatura e que consideramos essenciais.
Tabuaço – Carlos Carvalho Este ano tem sido essencialmente de continuidade. No primeiro mandato ficamos com muitas candidaturas aprovadas mas o atraso do próprio quadro comunitário deixou-as por efetivar. Agora estamos a dar andamento nos projetos que já estavam aprovados e que são essencialmente ao nível da mobilidade urbana, regeneração urbana, ambiente, economia e outros. Temos ainda algumas dificuldades financeiras, contudo continuamos empenhados e com vontade de fazer mais e melhor.
O desenvolvimento do quadro comunitário A falta de uma política séria para o interior do país
Tarouca – Valdemar Pereira Este mandato temos continuado o trabalho que nos caracteriza, ouvir as pessoas, estar com elas. Uma situação que conseguimos resolver foi a nossa dívida acima do limite legal. Quando chegamos à câmara há 5 anos estávamos com 5 milhões de euros a mais do limite legal de endividamento, no primeiro semestre deste ano conseguimos sair dessa situação. Esse foi, para nós, o aspeto de maior relevo neste primeiro ano.
A coesão que existe na região em áreas estratégicas para o nosso território
A proximidade do executivo com as pessoas
A demora no entendimento final do futuro para o hospital D. Luiz I
Dificuldade em fixar população no concelho
Sabrosa – Domingos Carvas O balanço é francamente positivo. Estamos a cumprir com aquilo a que nos propusemos, sobretudo as obras de vulto, que mais significam para as pessoas. Estamos com uma taxa de execução orçamental que ronda os 80%, que de alguma forma reafirma o nosso compromisso. Temos tido algumas dificuldades, em especial pelo Ministério das Obras Públicas que não nos tem atendido como nós gostaríamos, sobretudo na requalificação da via panorâmica que liga Sabrosa ao Pinhão.
Torre de Moncorvo – Nuno Gonçalves Estes 365 dias após as eleições podemos dizer que estamos a ganhar a aposta que fizemos, em especial nas candidaturas com cerca de 10 milhões de euros aprovados e portanto é um ano muito profícuo. No que diz respeito à taxa de execução ela tem sido bastante alta, por isso os moncorvenses estão agora a usufruir de um trabalho que foi feito durante o mandato anterior. Na minha tomada de posse assumi que este mandato era de investimento e é isso que se está a verificar.
A abertura do concurso para a via panorâmica Sabrosa-Pinhão
A requalificação das ETAR’s e PITAR’s que estamos a fazer no concelho
A morosidade que este processo tem
O atraso na replantação da Serra do Reboredo
Santa Marta de Penaguião – Luís Machado Foi uma ano em que conseguimos alavancar os projetos comunitários e que de facto nos permite preparar e estruturar o nosso município para que nos anos futuros Santa Marta de Penaguião seja um concelho atrativo e que tenha pessoas. Temos feito um forte investimento nas questões sociais e na educação acreditando que iremos colher os frutos desta aposta mais tarde.
Consolidação das políticas sociais e a aposta na educação As dificuldades financeiras que continuamos a enfrentar
São João da Pesqueira – Manuel Cordeiro O balanço deste primeiro ano é feito com um duplo sentimento. Por um lado foi um ano difícil, muito exigente, quer pelo esforço pessoal que cada um de nós deu à causa, quer pelos constrangimentos financeiros que vivemos, em especial com pagamentos em atraso que tivemos que fazer e que atrasaram alguns dos nossos projetos. Ainda hoje continuam a aparecer faturas das quais não fazíamos ideia. De qualquer forma conseguimos ainda fazer coisas bastante positivas como por exemplo a Vindouro.
Vila Nova de Foz Côa – Gustavo Duarte Este é o primeiro ano em que fundos comunitários estão verdadeiramente a ser aplicados. No concelho de Foz Côa é incontornável a questão do Parque Arqueológico e do Museu do Côa. Até ao final do ano vamos colocar mais 5 milhões de euros a concurso e teremos o arranque da Foz Côa Story House e os passadiços que dentro de poucas semanas estarão em concurso com o objetivo de os ter a funcionar já no próximo verão.
O crescimento do turismo e do investimento no concelho Nem sempre as coisas correm à velocidade que nós gostaríamos.
Vila Real – Rui Santos Ao longo deste ano temos vindo a cumprir aquilo que foram as nossas promessas eleitorais, estamos a cumpri-las na íntegra. Prometemos, cumprimos. Fizemos isso entre2013e 2017 e estamos a fazê-lo agora entre 2017 e 2021. Deste ano há ainda a destacar a solução encontrada para o edifício do que seria o Hotel do Parque que acreditamos que entre em obra já no próximo ano.
A organização da Vindouro, o reflexo que teve na imagem do concelho e no orgulho dos pesqueirenses
O princípio do fim do Hotel do Parque
Os constrangimentos financeiros com que nos deparamos
Alguns atrasos na aplicação de fundos comunitários
18 VIVADOURO OUTUBRO 2018
São João da Pesqueira
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
O autor retrata e descreve, em mais de duzentas páginas, sítios, momentos e factos da vida da Aldeia, na segunda metade do século passado, alguns dos quais chegaram aos nossos dias. A apresentação do livro esteve a cargo do historiador e arqueólogo, Dr. J. Gonçalves Guimarães e teve a presença do Presidente da Câmara e do representante da União de Freguesias de Vilarouco e Pereiros. A cerimónia registou um elevado número de presenças de residentes na Aldeia e de muitos "amigos" de Pereiros que se deslocaram propositadamente para assistir ao lançamento desta obra. ■
> Alberto Silva Fernandes
FOTO: DR FOTO: DR
Há incompetência que vai por cá passando e, iludida com a ideia de que queimar em brando lume os problemas, eles se resolveriam sozinhos. Incompetência muda, porque se cala numa indiferença assustadora. Surda, porque não ouve o sofrimento silencioso! Há por cá, também, opções estranhas, fazendo deste território um lugar de experimentalismos ridículos, vazios e sem rumo. Nesta região de rostos lindos dos velhos que tratam de velhos, de seres humanos cansados de não terem ajuda e que não têm voz. Neste território de cidadãos há tantos anos sem respostas em saúde minimamente adequadas, porque são adiadas as soluções que tanto precisam. É por aqui que os anos vão passando e onde os que mais sofrem vão morrendo sem os cuidados que lhe permitiriam um maior conforto. E, os que deles cuidam, vão morrendo um pouco todos os dias também, sozinhos na árdua tarefa de cuidar de quem amam. Esperam-se soluções para o que tenho vindo a referir a título de exemplo, como a falta de equipas de cuidados em casa, a inconsistência das respostas no Hospital de Lamego, a inquietante realidade, nem sempre visível, dos cuidados primários, em crescente desestruturação. Vai-nos valendo o profissionalismo dos médicos, enfermeiros e outros técnicos que se vão dedicando de alma e coração. Que se passa com o Douro Sul? É a hora da tomada de posições fortes das nossas lideranças, dos políticos que nos representam! Os políticos da região são humanamente excelentes, com visões estruturadas e boas! Mas há áreas para as quais não tem conseguido uma visão global que os leve a juntarem-se para tomarem posições firmes e informadas. Atitudes conjuntas e politicamente desconfortáveis. Opções que vão ao encontro das reais necessidades das pessoas. A saúde é a área frágil por estes lados! E, como algumas vezes disse: a fatura do sofrimento evitável, um dia, vai ser, certamente, passada a alguém! Vamos continuar assim? A minha região não me vai desiludir..! Há lideranças em ação genuína para mudar o cenário da saúde neste território. Acredito que vamos todos despertar para o problema e, juntos, vamos conseguir! O Douro Sul tem futuro.
No passado dia 7 de Outubro, foi apresentado o livro "Singularidades e Curiosidades da Aldeia" de A. Silva Fernandes, editado pela Associação dos Amigos de Pereiros.
FOTO: DR
No Douro Sul há lutas inadiáveis!
Silva Fernandes apresenta "Singularidades e Curiosidades da Aldeia"
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20 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Tarouca
Animação, tradição e desporto marcam S. Miguel em Tarouca
“O balanço é muito positivo. As festas de S. Miguel são festas que dizem muito às nossas gentes por isso as pessoas convivem bastante durante estes dias”, foram estas as palavras do autarca Valdemar Pereira à reportagem do VivaDouro rematando que “o ponto alto das festas foi o cortejo que aqui chamamos de “Associações Com Vida”, um desfile que conta com cerca de 24 associações, composto por centenas de participantes, as ruas ficam repletas de gente que vem até Tarouca assistir a este desfile. O associativismo é, sem dúvida, uma das “imagens de marca” do concelho dirigido por Valdemar Pereira, algo que, no decorrer das festividades foi bem visível.
“O município por si próprio não faz nada, quem organiza os eventos são as diversas associações que aqui temos, nós temos que ser um bom parceiro dessas associações. São elas que promovem as suas ações culturais e desportivas, de forma livre, quando precisam do município então cá estamos para os ajudar”. “Ao longo destes dias assistimos a várias iniciativas, muitas delas desportivas como é o caso do II Torneio Internacional de Andebol, o V Torneio de Ténis AJCT ou o Bombi Challenge que se realizou pela primeira vez, entre muitos outros. A música também esteve em destaque com diversos espetáculos e depois claro, a gastronomia tarouquense que não podia faltar”, afirmou o autarca. Em paralelo com o desfile das associações, outro ponto alto destas festividade é a véspera do dia de São Miguel, nesta noite, abrilhantada pelo espetáculo piromusical, os tarouquenses deliciam-se com uma iguaria especial, o bazulaque, um prato que leva mais de 6 horas a confecionar. ■
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A cidade de Tarouca festejou o São Miguel com um cartaz marcado pelas iniciativas culturais e desportivas, passando pela vertente gastronómica e muita animação musical.
> Valdemar Pereira durante a visita aos stands
FOTO: CMT
O bazulaque Este prato, típico da véspera de São Miguel é confecionado com carne de vitela e muito vinho branco, ao longo de mais de 6 horas. O VivaDouro foi ao encontro de Carlos Mendes da Associação de Moradores da Ardegueira, conhecer este prato e assistir à sua confeção. “Este prato surge porque os patrões comiam os bifes e davam estas carnes aos caseiros que as temperavam e cozinhavam. É um prato festivo que se come tipicamente na véspera de S. Miguel. Hoje em dia já há alguns restaurantes que o confecionam ao longo do ano mas não é muito fácil porque é composto por ingredientes que não encontramos sempre que queremos, são os chamados “miúdos”, ou carnes ensanguentadas como dizemos aqui: coração, rins, pulmões, fígado, etc., carnes que só se arranjam por encomenda, depois é deixá-lo cozinhar, lentamente em vinho branco para ganhar paladar”. FOTO: VD
FOTO: CMT
VIVADOURO OUTUBRO 2018 21
Vila Real
Brincar é palavra de ordem Em funcionamento há um ano, a Casa do Brincar é um espaço dedicado às crianças onde a brincadeira é a sua única ocupação, dando asas à imaginação.
uma forma que encontramos de nos darmos a conhecer”. A funcionar em diversos horários, “as crianças podem vir uma hora, uma manhã, uma tarde ou o dia todo”, Joana diz que este projeto não é um substituto da escola mas um complemento, tentando colmatar as falhas do ensino regular. “Vemo-nos como um complemento à escola mas também podemos ser uma alternativa. Infelizmente, mesmo inseridos num meio rural, nem todas as escolas daqui têm atividades ligadas ao contacto com a natureza, as escolas saem muto pouco do seu espaço. Quando a criança chega aqui os pais são logo avisados que vão sujos para casa, com terra e tinta. No início alguns pais estranhavam e torciam o nariz mas depois de verem a felicidade com que os seus filhos saiam daqui perceberam que até podia ser uma coisa boa. Através do brincar as crianças aprendem tudo e mais alguma coisa, podemos passar qualquer ensinamento no meio de um jogo, de uma brincadeira. Infelizmente até aos seis anos eles têm tudo muito programado, “vamos todos ouvir uma história, vamos todos fazer uma pintura…” e a criança, mesmo que naquele momento não tenha vontade tem que ir atrás do comboio. Isto não é errado mas tendo em conta que cada criança é um ser individual, nós aqui apresentamos um método alternativo.
Eu própria tenho os meus filhos na escola mas a verdade é que sinto que têm esta lacuna. O meu filho mais novo está na creche, passa a manhã na sala, depois almoça, dorme e eu vou buscá-lo, não brinca em liberdade, não vai para o espaço exterior. Apesar de terem um espaço ao ar-livre é raro ser usado pelas crianças, é raro vê-los a brincar com a terra ou a correr descalços, e eu sinto que isso lhes faz falta. Não é que não acreditemos no método tradicional, é mais o complementar esse método tradicional com um espaço de maior liberdade”. ■ FOTO: DR
A ideia nasceu pelas mãos das amigas e educadoras de infância Joana Gomes e Ana Noga, às quais mais recentemente se juntou a psicomotricista, Flávia Pereira. “Tínhamos esta vontade de fazer algo mais pelo brincar livre, criar um espaço onde as crianças pudessem ir e brincar durante o tempo que lhe apetecesse, como lhes apetecesse, sem haver uma “formatização” do que fazem, libertar a imaginação e a criatividade”, afirma Joana à nossa reportagem. A ideia é simples, um espaço onde as crianças são livres, não há regras pré estabelecidas nem limites à imaginação seja dentro da sala ou no jardim e o objetivo é claro: a felicidade da pequenada. “Ao longo do dia temos momentos de alguma atividade orientada, contudo nunca naquele formato de “vá, vamos agora todos fazer isto…”, é mais “agora vamos fazer isto, alguém quer participar?”. A maior parte das vezes temos estas atividades previstas, contudo nem sempre as fazemos porque as crianças chegam e começam a brincar
e acabamos por deixar passar esse momento para o dia seguinte. É muito esse o nosso princípio, eles vão para onde querem ir, se quiserem ir lá para fora montar tendas, é isso que vão fazer”. Enquanto fazemos uma visita guiada pelo espaço, algo chama à nossa atenção, a ausência de luzes e sons vindos normalmente dos brinquedos infantis, a resposta é simples, aqui eles não existem. “Uma outra coisa que nos diferencia é que nós não usamos brinquedos. Aqui os brinquedos são feitos pelas crianças usando diversos materiais, caixas, copos, etc. Temos objetos que eles usam nas brincadeiras, não há aqui brincadeiras prontas nem brinquedos aos quais basta puxar um fio ou carregar num botão para que funcionem. Gostamos que elas usem a imaginação, hoje em dia falta-lhes estimular um pouco este lado”, afirma Joana. Depois de um período onde não tinham “casa” própria, a Casa do Brincar estabeleceu um protocolo com os Serviços de Ação Social da UTAD para a criação de um espaço físico, nas instalações do ex-CIFOP. ”Quando começamos não tínhamos um espaço permanente, este espaço existe há relativamente pouco tempo, começamos com os campos de férias nas férias escolares e com atividades aos sábados para as crianças e para as famílias, foi a forma de começarmos, apesar do nosso objetivo ser este, ter o nosso espaço. Foi
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22 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Mesão Frio
Barco Rabelo vai ter museu em Mesão Frio Endógenos) para o Douro. Alberto Pereira afirmou ainda que espera que o espaço possa abrir ainda durante o ano 2019 e referiu que, com
a concretização deste projecto, “todas as antigas escolas primárias do concelho passam a ter uma nova vida", tendo as restantes sido reaproveitadas para
unidades de alojamento turístico, um pólo das associações do concelho, para habitação e ainda um lar da terceira idade. ■ FOTO: VD
A típica embarcação do Rio Douro, usada para transportar as barricas de vinho desde a região até Vila Nova de Gaia terá um espaço dedicado à sua história em Mesão Frio O anúncio da criação deste espaço museológico, na antiga escola primária da Rede, foi feito pela autarquia com o objetivo de ser “mais um pólo de atracção turística para este município”, afirmou o autarca Alberto Pereira à nossa redação. Neste museu, segundo o autarca, “haverá uma recriação de um barco onde será possível subir a bordo e ainda uma sala de projecção de filmes sobre a história e as viagens de Rabelo”, assim como um espaço para exposição do artesanato da região. O projecto representa um investimento de cerca de 220 mil euros e está incluído no programa PROVERE (Programa de Valorização Económica dos Recursos
Jornal VivaDouro 17/10/2018 Cartório Notarial – Sátão Tânia Sofia Gonçalves Ribeiro – Notária
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Extrato para publicação
CERTIFICO, para efeitos de publicação, que por escritura de justificação, outorgada hoje e iniciada a folhas 126 do Livro de Notas para Escrituras Diversas numero DEZASSETE-A, deste cartório Notarial, JOÃO LUÍS COELHO, natural da freguesia de Penela da Beira, concelho de Penedono e mulher, MARIA HELENA LOPES FLOR COELHO, natural da freguesia de Póvoa de Penela, concelho de Penedono, residentes na Rua do Vediodo, nº 2, 3630-275 Penela da Beira, casados no regime da comunhão de adquiridos, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores, dos seguintes bens: UM – Metade indivisa do prédio RÚSTICO sito no Lugar de Eiras do Quinteiro, na freguesia de Penela da Beira, concelho de Penedono, composto por terra de sequeiro, lameiro, mato e fruteiras, com a área total de onze mil metros quadrados, que confronta do NORTE e Nascente com caminho, do SUL com José da Ascensão Sequeira e do POENTE com Celeste Alegria Neto e outro. Descrito na Conservatória do Registo Predial de Penedono com o número novecentos e noventa e seis/PENELA DA BEIRA, sem registo de aquisição em vigor quanto a esta quota parte, inscrito na matriz respetiva sob o artigo 261, com o valor patrimonial tributável correspondente de €307,37. DOIS – Metade indivisa do prédio RÚSTICO sito no Lugar de Eiras de Quinteiro, na freguesia de Penedono, concelho de Sernancelhe, composto por terra de sequeiro, pastagem e castanheiros, com área total de dois mil e oitocentos metros quadrados, que confronta do NORTE com caminho, do SUL com Sérgio de Almeida, do NASCENTE com José de Assunção Sequeira e do POENTE com Herdeiros de Joaquim Maria Gomes. Descrito na Conservatória do Registo Predial de Penedono com o número novecentos e noventa e sete/PENELA DA BEIRA, sem registo de aquisição em vigor quanto a esta quota parte, inscrito na matriz respetiva sob o artigo 270, com o valor patrimonial tributável correspondente de €95,65. São atualmente comproprietários das restantes metades indivisas em ambos os prédios: Vera Lúcia Machado Coelho, viúva; Paula Regina Machado Coelho, solteira, maior; Laura Cristina Machado Coelho, casada com Ney Marcelo Borges Pellegrini; João Augusto Machado Coelho, solteiro, maior, todos residentes em Brasília, Brasil, com registo de aquisição a seu favor da referida quota parte pela apresentação “mil novecentos e quinze” do dia vinte e três de setembro de dois mil e treze. E ACRESCENTARAM: Que os bens atrás identificados vieram à sua posse no ano de mil novecentos e noventa e cinco, já na constância do matrimónio, por entrega material em cumprimento de acordo verbal de compra e venda em que foi vendedores Manuel de Jesus Coelho, casado com Maria Luísa Antunes Domingues Coelho, residentes em França. Não lhes sendo, por isso, possível a exibição de título formal que legitime o seu direito. Que, não obstante a falta de título, sempre têm possuído os ditos bens, desde aquela data, exercendo todos os direitos e deveres correspondentes ao direito de propriedade, usufruindo dos imóveis, gozando de todas as utilidades por eles proporcionadas, participando nas suas vantagens e encargos, praticando todos os atos materiais de uso e aproveitamento agrícola, nomeadamente, tratando das árvores, limpando o mato, cultivando-os ou mandando cultivar, sempre com ânimo de quem exercita direito próprio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, fazendo-o de boa fé, por ignorar lesar direito alheio, pacificamente, porque sem violência, contínua, porque nunca interrompida, e pública, porque à vista e com conhecimento de toda a gente, sem oposição de ninguém e tudo isto por um lapso de tempo superior a VINTE ANOS. Que, dadas as enunciadas características de tal posse, adquiriram os ditos bens imóveis por USUCAPIÃO, título esse que, por sua natureza não é suscetível de ser comprovado pelos meios normais. Está conforme o original. Sátão, 3 de outubro de 2018.
A Notária, Tânia Sofia Gonçalves Ribeiro
VIVADOURO OUTUBRO 2018 23
INEX Revestimentos aposta nos revestimentos com produtos sustentáveis A INEX Revestimentos é uma empresa que surgiu em 2014 com o propósito de agarrar um nicho de mercado, até então, pouco ou mal explorado, nos revestimentos com produtos sustentáveis, produtos que não provoquem escassez de recursos e que permitam atender tanto as necessidades das futuras gerações como também das nossas. Nascidos e criados na pequena aldeia de Felgueiras, concelho de Resende, os irmãos Jorge e Márcio Barreto são os criadores da empresa. Desde então tem-se dedicado quase em
exclusivo à promoção, comercialização e aplicação de soluções com produtos de cortiça ou que incorporam cortiça. A empresa trabalha com revestimento de pavimentos, fachadas exteriores e decoração de paredes e tectos, tudo isto com recurso à cortiça. A personalização de trabalhos não tem limites, porque afinal "nem só de rolhas vive a cortiça". Jorge Barreto refere que representam o grupo Amorim e que é este forte apoio o maior motivo de sucesso da empresa. “A INEX Revestimentos não foi criada para ser apenas mais uma empresa, mas sim para que seja procurada pelo profissionalismo, por apresentar soluções com produtos de valor acrescentado, de qualidade e felizmente, assim tem acontecido”, refere Márcio Barreto. Apesar da sede da empresa ser em Felgueiras - Resende, a exposição localiza-se na Estrada Nacional 2, em Penude, a 5Km de Lamego. ■ FOTO: DR PUB
Lamego PUB
24 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Vários Concelhos
Tiago Nogueira Jornalista / licenciado em psicologia
A ilha quer abraçar o continente A ilha de São Miguel, localizada no arquipélago dos Açores, já merecia uma equipa na mais alta roda do futebol português. E, por enquanto, o Santa Clara vai surpreendendo, com 11 pontos em sete jogos, algo que lhe vale um honroso sexto lugar. A equipa insular conta com alguns jogadores (e fica o meu conselho!) que valem o bilhete. Osama Rashid, Bruno Lamas, Dennis Pineda e, claro, Fernando Andrade. Muito rápido e sempre capaz de encontrar espaços nas costas das defesas adversárias, o avançado brasileiro é um autêntico quebra cabeças para os defensores e foi decisivo no último jogo para o Campeonato, diante da turma orientada por Daniel Ramos. Em São Miguel, o futebol encontra o mar com um sotaque diferente e veremos se João Henriques conseguirá transformar a sua equipa na sensação da prova, mantendo este fantástico lugar até maio. No oitavo lugar, a apenas um ponto do Santa Clara, está o Marítimo, orientado por Cláudio Braga. A Madeira, para além do Nacional de Costinha, conta, como já é habitual, com a sua equipa "maritimista" a defender as cores insulares na Primeira Liga. Os verde-rubros, à boleia do experiente Danny, querem superar o sétimo lugar alcançado na temporada passada. O patrão da defesa continua ao mais alto nível, é ele o moçambicano Zainadine. Todavia, o matador Rodrigo Pinho está, ainda, com a mira desafinada. E, com isso, Jean Cléber e a sua magia carioca saem a perder, pois este brasileiro tem muito futebol no seu pé direito e coloca a bola sempre "redondinha". Uma última nota para o facto de a nova época da NBA ter arrancado durante esta madrugada. Depois do draft, da offseason e das tradicionais "novelas" do basquetebol americano, a NBA está de regresso. E o olhar de LeBron Raymone James não tem enganado. O grande reforço dos Lakers, que se mudou de Ohio para a Califórnia, quer implementar a sua fome de vencer na mítica equipa da maior liga de basquetebol do mundo. O icónico Zlatan Ibrahimović nos LA Galaxy, agora LeBron James nos LA Lakers. Bem, a cidade de Los Angeles jamais será a mesma, nunca mais irá dormir tranquilamente. Contudo, a questão é inevitável: alguém parará os Golden State Warriors na sua caminhada rumo a um terceiro título consecutivo?
CIM Douro repudia fecho ou redução de serviços nos CTT A Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro) manifestou-se, no início deste mês, contra o fecho ou a redução de serviços nas estações dos Correios, tendo já apresentado uma contestação judicial de eventuais decisões de encerramento.
FOTO: DR
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Os 19 municípios da CIM Douro tomaram uma posição unânime relativamente ao processo de reestruturação dos Correios, considerando que esta não pode passar pela "eliminação lapidar de estações que apresentem resultados menos positivos". Num documento, enviado à comunicação social, a CIM Douro defende, pelo contrário, a "manutenção e melhoria das infraestruturas e serviços já existentes, devendo contribuir para a coesão do território, para combate ao isolamento e ao despovoamento". De acordo com a CIM, alguns municípios da região do Douro têm vindo a ser confrontados com a intenção da administração dos CTT de reduzir as estações de Correios próprias, transformando-as em meros postos, com serviços contratualizados com terceiros. E isto, acrescentou, "implicará a redução de serviços prestados à população impossibilitando-os de usufruir de um serviço postal de qualidade conforme é estabelecido pela lei e pelo contrato de concessão". No mesmo documento, a CIM Douro repudia a intenção dos CTT e considera que qualquer redução injustificada do número de estações de correio existentes "poderá pôr irremediavelmente em risco a obrigação dos CTT em assegurar o serviço postal universal". A comunidade intermunicipal quer ser ouvida no processo e, nesse sentido, solicitou, com caráter de urgência uma reunião com a administração dos Correios, "de forma a negociar de forma global e estruturada a implantação dos CTT no território da região do Douro". Contactado pelo nosso jornal, o presidente da Câmara de Tabuaço, Carlos Carvalho, confirmou ter sido informado pelos CTT da vontade de encerrar a loja na sede do concelho e de concessionar o serviço a privados ou, eventualmente, a alguma entidade pública. O autarca disse ter manifestado logo "repúdio por esta medida", considerando ainda que é "também uma consequência da política de esvaziamento dos territórios de baixa densidade a que se assiste desde há uma década". O autarca referiu que a justificação que lhe foi apresentada estava relacionada com os movimentos efetuados na loja, lamentando, por isso, que se continuem a tratar estas questões apenas pelos "números". Também o autarca de Murça, Mário Artur Lopes, referiu ter sido abordado pelos CTT com vista a uma alteração do modo de funcionamento da loja. "Trata-se de um serviço que nós consideramos de
importância maior para as populações e que, por isso, não deve ser tomada nenhuma decisão de forma precipitada", referiu. Outra estação da qual surgiram notícias de um possível encerramento foi a de Alijó, contudo, quando indagado pelos deputados do CDS-PP na Assembleia da República, foi negada essa intenção afirmando que esta estação “tem um elevado volume de correspondência”. Em Penedono o encerramento da estação dos CTT já foi consumado, algo que, no entender do autarca Carlos Esteves de Carvalho mostra o verdadeiro desinteresse do poder central pelo interior. “Por decisão da empresa os correios foram encerrados no nosso concelho. Esta não é uma atitude que vá de encontro às preocupações que têm sido manifestadas pelos nossos governantes. É uma atitude contrária aquilo que efetivamente tem sido dito. Este interesse sazonal pelo interior é algo que nos deve realmente preocupar a todos. O olhar para os territórios do interior deve ser feito com verdade, com seriedade e com respeito às pessoas que teimosamente, e de forma corajosa, ainda habitam estes territórios”. Entretanto a CIM Douro apresentou, no passado dia 10 de outubro, perante o Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela, uma providência cautelar de Intimação aos CTT para que “se abstenha de adoptar qualquer conduta, activa ou omissiva, que tenha por efeito prático a redução do horário de funcionamento das Estações de Correio e Postos de Correios e/ou a extinção de Estações de Correio, ou a transformação ou substituição destas por Postos de Correio” e ainda que se “abstenha de conduzir qualquer reorganização dos serviços que presta à comunidade” sem que a CIMDOURO seja previamente consultada. Esta providência cautelar surge da ausência de resposta dos CTT ao pedido de reunião urgente formulado pela CIMDOURO, e à continuada intenção de proceder à extinção de Estações de Correio, transformando-as em meros Postos de Correio (com serviços contratualizados com terceiros), implicando a redução de serviços prestados à população, e impossibilitando-a de usufruir de um serviço postal de qualidade, constituindo uma violação clara e manifesta da Lei, das Bases da Concessão, do Contrato de Concessão e das deliberações do Regulador. ■
VIVADOURO OUTUBRO 2018 25
Nacional
Prazo de entrega do IRS alargado até junho A partir do próximo ano os contribuintes poderão entregar a sua declaração de IRS até ao dia 30 de Junho, mais um mês do que agora acontece. Há também novos prazos para reclamar das facturas das despesas gerais familiares e passam a ser aceites pagamento parciais do IRS desde que dentro do prazo de pagamento voluntário. O período de entrega da declaração anual de rendimentos passa a ser de 1 de Abril até 30 de Junho e não até ao final de Maio, como agora acontece. A medida deverá constar da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2019 que o Governo entrega esta segunda-feira no Parlamento e estipula logo que o último dia do prazo se manterá independentemente de ser ou não um dia útil. Não há alterações relativamente aos prazos de reembolso, mas, naturalmente, quem entregar mais tarde a declaração de rendimentos, também demorará mais a receber os eventuais reembolsos a que tenha direito. De acordo com a versão preliminar da proposta, a que o Negócios teve acesso, há também pequenas alterações nos prazos para verificação e reclamação nas facturas das despesas gerais familiares. Assim, as entidades emissoras poderão enviar as facturas para a Autoridade Tributária e Aduaneira até ao dia 25 de Fevereiro
(actualmente o limite é o dia 15 do mesmo mês) e o Fisco colocará os valores finais no site, à disposição de cada contribuinte, até 15 de Março, duas semanas depois do prazo actual, no fim de Fevereiro. Ao empurrar estes prazos para a frente, também a reclamação por parte dos contribuintes poderá ir até mais tarde: 31 de Março, enquanto hoje em dia o limite é 15 do mesmo mês. Despesas podem continuar a ser preenchidas manualmente No que toca às declarações de IRS, refira-se que os contribuintes que assim o entendam poderão continuar a rejeitar os valor das despesas com saúde, educação e casa pré-preenchidos pelo Fisco sempre que considerem que os mesmos não correspondem aos valores das facturas que têm na sua posse. Nestes casos, deverão guardar os documentos comprovativos, para o caso de serem alvo de uma inspecção. Fisco admite pagamentos parciais No que toca ao pagamento do imposto, há uma novidade, na medida em que o Fisco admite que, estando o contribuinte dentro do prazo de pagamento voluntário, até 31 de Agosto. As novas regras, inscritas na proposta de OE para 2019, estipulam que os pagamentos não poderão, contudo, ficar abaixo de metade do valor de uma unidade de conta – 51 euros – a não ser quando esteja em causa o pagamento de valores remanescentes em dívida. No final do prazo do pagamento voluntário, se não estiver tudo pago, então serão extraídas certidões de dívida e o Fisco avança com a o respectivo processo de execução. ■
Propinas ficam 212 euros mais baratas no próximo ano A medida deverá constar na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano e resulta das negociações já fechadas com o Bloco de Esquerda. Universidades serão compensadas com transferência do Orçamento do Estado. No próximo ano lectivo o tecto máximo das propinas do Ensino Superior vai recuar em 212 euros. Esta é uma das medidas negociadas entre o Governo e o Bloco de Esquerda que ficaram fechadas esta segunda feira.
A ideia, explicou ao Negócios fonte do Bloco, é que o máximo fique limitado ao valor equivalente a dois IAS (indexante dos apoios sociais). Na prática, o limiar máximo das propinas ficará, assim, nos 856 euros. Do acordo resulta ainda que, por forma a compensar as universidades pela perda de receita, serão aumentadas as transferências do Orçamento do Estado. No ano passado, o valor da propina máxima tinha ficado congelado nos 1.068 euros anuais. Já no ano lectivo de 2016/2017 a decisão fora também a de manter congelado o valor das propinas, tanto no limite máximo, como no mínimo, que está actualmente nos 689 euros, o equivalente a 1,3 do salário mínimo nacional. ■
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26 VIVADOURO OUTUBRO 2018
Opinião
Repensar Ibéria
António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
No fim de semana passado, a Fundação Casa de Mateus em articulação com a Fundação Calouste Gulbenkian e com a marca
do Conselho da Cultura Galega, promoveram um debate sobre o tema “Repensar Ibéria”. Ao longo do tempo, o Palácio de Mateus tem sido um espaço de reflexão sobre temas estruturantes da sociedade. São conhecidos os seminários “Repensar Portugal” que versaram temas como a educação, a regionalização e, mais recentemente, as diversas edições dos “Encontros Mateus Doc”, a par de uma longa tradição em encontros de natureza cultural. Passados os tempos marcados por uma forte crise económica, ambos os países podem delinear cenários de cooperação e de aproximação mutua, quer de natureza transfronteiriça, quer ao nível europeu e à escala global. Desde
logo, a língua e as fortes afinidades culturais permitem desenvolver novos contextos de aproximação à escala global, quer na Bacia do Mediterrâneo alargados a África, quer no espaço ibero-americano. Entre os diversos temas debatidos, destaco as questões da ciência e da cultura. O conhecimento pode ser vital na definição de estratégias comuns entre os dois países, envolvendo dinâmicas à escala mundial. Foi nesta linha de posicionamento que em 2017 as universidades portuguesas e espanholas celebraram uma agenda comum, aquando da Cimeira Ibérica realizada em Vila Real. Este memorando de entendimento teve em atenção a crescente centralidade do conhecimento e
da formação superior na estratégia de desenvolvimento dos dois países, a crescente abertura do tecido económico-produtivo e de outros setores da sociedade para interações em projetos de investigação e desenvolvimento, o potencial de aumento do nível de internacionalização e ainda a crescente concorrência institucional nos contextos nacionais, europeu e global. A agenda Ibérica prevê a criação de um espaço ibérico de ensino superior, a afirmação dos países ibéricos no Espaço Europeu de Investigação, a valorização do conhecimento e promoção do desenvolvimento, bem como potenciar a utilização e o estudo das línguas ibéricas, entre muitos ou-
tros pontos. Até ao momento é conhecido o impacto de diversos programas transfronteiriços entre instituições dos dois países. Mas, esta dinâmica de aproximação pode e deve ganhar ambição e ser alargada a novos contextos e espaços geográficos. É o caso da ligação do Douro ao Duero, que pode criar novas oportunidades e programas com impacto no desenvolvimento das regiões. Inspiro-me nas palavras de Ramon Villares, antigo Presidente do Conselho da Cultura Galega, para terminar: Mateus não é um local qualquer; é um local que criou cultura durante décadas. E a cultura é um fator de união entre países e povos.
Douro e Porto na Cité du Vin, em Bordéus
Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)
“Porto: Douro, l'air de la terre au bord des eaux” é o título (poético) da grande exposição que está patente desde o passado dia 5 de outubro e até ao dia 6 de janeiro de 2019 na Cité du Vin, em Bordéus A apresentação dos vinhos do Porto e do Douro, da Região Demarcada do Douro e da cidade do Porto, com o entreposto de Vila Nova de Gaia é feita, de acordo com os comissários Nuno Faria e Eglantina Monteiro, através de “uma experiência sensorial e física”, com uma apresentação pouco tradicional e contemporânea. “é uma exposição sobre o Douro,
que utiliza diferentes linguagens: científica, cartográfica, poética, espiritual...” Pretende-se revelar a realidade social, cultural e política que une o Douro vitícola e rural e a cidade que dá o nome ao Vinho do Porto. Uma abordagem multidisciplinar que provoca uma experiência multissensorial pelo apelo à criatividade para a descoberta de duas paisagens reconhecidas pela UNESCO como património da humanidade. A exposição é acompanhada por um vasto programa paralelo, que inclui visitas guiadas, provas comentadas e conferências e debates.
A Cité du Vin é um centro de exposições, dirigido pela Fundação para a Cultura e as Civilizações do Vinho, que se constitui como um espaço de nova geração, que tem desafiado anualmente uma área vitícola, região ou país, a apresentar uma exposição temporária nas suas instalações. Depois da Geórgia, em 2017, o convidado é o Porto e a Região Demarcada do Douro, sendo a organização da responsabilidade da Câmara Municipal do Porto. O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto apoia a iniciativa, tendo assumido um papel ativo na sua concretização. Através da disponi-
bilização de uma série de elementos, textos e imagens e da coordenação de ações de formação para os ateliers e provas, o Instituto participa na realização da exposição e da programação que terá lugar na maior e mais recente infraestrutura do mundo dedicada ao setor do vinho. Os presidentes das Câmaras do Porto, Rui Moreira, e de Bordéus, Alain Juppé, com o Embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Pereira, inauguraram a exposição que chama a atenção para a herança cultural de um território enraizado na relação entre o homem e a natureza.
ção e do conhecimento científico e tecnológico. Também em várias das conferências e eventos foram referidos resultados de projetos com incidência na região do Norte, designadamente nos domínios da cooperação transnacional (Programa Espaço Atlântico), e transfronteiriça (e.g., Eurocidade Chaves-Verin). É também um fórum onde se reflete sobre os entraves e dificuldades ao desenvolvimento das regiões e sobre os possíveis caminhos que poderão ser trilhados para a sua resolução. Desta vez foram abordadas temáticas transversais como as alterações climáticas, a digitalização da economia, a eficiência energética ou a agenda urbana. Foi também sublinhada a necessidade de suprimir entraves à mobilidade de cidadãos e negócios no espaço europeu. As lacunas no campo dos transportes e logística foram
objeto de tratamento específico, abordando-se o problema da falta de ligações de fronteira, tendo sido abordada especificamente a situação da linha do Douro. Foi também o momento para refletir sobre o estado atual da Europa, sobre os desafios que se colocam no futuro próximo e sobre a intervenção das regiões neste âmbito. O cenário económico e político de relativa instabilidade deu o mote para o encerramento dos trabalhos. Nesta sessão, o Presidente do Comité das Regiões, Karl-Heinz Lambertz, reiterou a importância de envolver mais ativamente as regiões e cidades “aliados naturais da União Europeia” no processo político. Sabendo que a Europa necessita com urgência de mais crescimento e mais coesão e que isso pressupõe uma política regional mais eficaz, não poderia estar mais de acordo.
Uma Semana com as Regiões peia das Regiões e Cidades), anteriormente conhecida como Open Days. Ponto de encontro de mais de 6000 participantes de cerca de 140 cidades e regiões da Europa. Tratou-se de uma iniciativa relevante que pôs em contacto direto elementos das instituições europeias, representantes regionais e locais de várias proveniências e peritos em matérias de desenvolvimento social e económico. A importância do evento reside, em primeiro lugar, no facto de consagrar uma ideia-chave da construção europeia, a de uma “Europa das regiões”, em que a reEster Silva gião emerge como nível de goverVice-Presidente da CCDR-N nação 'ideal' para a constituição de uma Europa unida e próxima das populações. Toda a política é, em certo sentido, local, e a existência Decorreu na passada semana a de um evento desta natureza, ao 16ª edição da European Week of mostrar os resultados concretos Regions and Cities (Semana Euro- dos fundos europeus na vida dos
cidadãos, vem aproximá-los do Projeto Europeu. Não é coisa pouca, no ambiente geral de relativa desconfiança dos cidadãos nas instituições democráticas e na ideia de construção europeia. A “Semana Europeia” consiste, assim, numa espécie de “montra” de casos de sucesso na aplicação dos fundos comunitários, que poderão vir a ser mimetizados por outras regiões. Nesta última edição, a Região Norte foi por várias vezes referenciada, desde logo através dos candidatos aos prémios Regiostars – projetos Kastelo e I3S –,apoiados no âmbito do seu Programa Regional. Em ambos os casos, trata-se de projetos desenvolvidos no domínio da saúde, setor de especialização inteligente da região ¬, embora as áreas de intervenção sejam muito distintas: num caso o apoio familiar e comunitário, no outro a promoção da inova-
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Lazer
B OA S FE ST AS
Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
No manicómio um maluco passeia uma escova de dentes. Médico: - Com que então a passear o cãozinho, hein? - Cão? Sua besta! Nao se vê mesmo que isto é uma escova de dentes?? O médico afasta-se, embaraçado. E o maluco sussura: - Anda daí Bobi, que já enganámos mais um!!
Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego
CARRÉ DE BORREGO COM ERVAS AROMÁTICAS Ingredientes
● 250 Gr de carré de borrego ● 4 Maçãs vermelhas ● 2dl de azeite ● 4 Tomates cherry ● Q.b. sal ● Q.b. de pimenta de moinho ● 3 Dentes de alho ● 130 Gr de manteiga clarificada ● Q.b. de ervas de Provence ● Q.b. Mostarda “Em nome da Câmara Municipal de Tabuaço desejo um Natal Feliz e ● Q.b. tomilho um ano de 2018 pleno de realizações pessoais e profissionais” ● Folhas de Manjericão ● ½ molho de salsa pequeno O Presidente da Câmara
HORÓSCOPO
Foto: DR
Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora
(Carlos André Teles Paulo de Carvalho)
Preparação
1- Arranjar o carré e temperar com sal, alho, azeite, tomilho. 2- Leva-se a corar numa frigideira com azeite, só para que crie uma crosta na carne. 3- Numa tijela deita-se a mostarda, as ervas (aromáticas) um fio de azeite, e a manteiga clarificada, passa se com a varinha ate formar uma pasta. 4- Coloca-se o carré num tabuleiro com o forno pré-aquecido a 180ºc,cobre-se o carré com a pasta e leva-se ao forno cerca de 10 minutos. 5- Saltear os tomates cherry em azeite, alho e sal. 6- Descascar maçãs, cortar aos cubos e colocar a cozer num pouco de água. Deixar evaporar a agua e de seguida reduzir a puré. Temperar com um pouco de sal. 7- Dispões-se no prato em forma decorativa, servir com o puré maçã e tomates salteados.
210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor Poderão surgir mudanças no seu comportamento no que diz respeito às relações afetivas. Saúde Este período é muito favorável, mas necessita de ter muita reflexão para evitar os excessos. Dinheiro Seja mais equilibrado nos seus gastos.
Um polícia vai a perseguir um homem que conduzia muito bêbado. Quando finalmente o consegue fazer encostar à berma, pergunta: - Então o senhor não viu as setas? O bêbado responde: - Setas, que setas?! Eu nem sequer vi os índios!
Desafio VivaDouro QUANTOS TRIÂNGULOS CONSEGUE VER?
SOLUÇÕES:
RESPOSTA: 13
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Armando Mateus, vereador da Câmara Municipal de Sernancelhe: “De ano para ano há cada vez um maior envolvimento das pessoas” Sernancelhe organiza este ano a 26ª edição da Festa da Castanha, um evento que atrai cerca de 20 mil pessoas e que este ano terá o seu espaço aumentado com vista à comodidade de todos os participantes. Em que consiste a Festa da Castanha? Este evento é exclusivamente dedicado à castanha, é a rainha desta festa. Mas não falamos de uma castanha qualquer, falamos da variedade martaínha e isto é importante porque, ao nível da quantidade produzida Sernancelhe não é o maior produtor, contudo, juntamente com os restantes municípios que representam a região DOP dos Soutos da Lapa, somos o maior produtor desta variedade. A Martaínha é superior pelas suas caraterísticas, daí a importância que tem para nós e que motiva que lhe dediquemos todo este evento.
E quais são essas características que a tornam tão especial? A martaínha é uma castanha que se distingue pelo calibre, pelo lustre, pelo paladar, pela simetria do fruto e pela sua consistência. Estas características tornam-na a preferida para a indústria alimentar, de transformação e para exportação pela maior durabilidade que apresenta.
FOTO: VD
Ou seja, a castanha hoje é muito mais que apenas o fruto em si? A castanha faz parte da nossa gastronomia e está presente nas nossas tradições e costumes. Ao longo de muitos anos foi perdendo importância na alimentação, em especial nesta região, sendo substituída pela batata, passando a castanha a ser mais usada na alimentação dos animais. Depois foi feito um grande trabalho de valorização da castanha, em especial ligada a algumas tradições como os magustos, a matança do porco, à caça, etc. Aí o objetivo foi conseguido, por isso foi dado um outro passo, a valorização da castanha para além do fruto em si que se comia assado ou cozido, por exemplo, e foram surgindo outras formas de a consumir como doçaria, licores e muitos outros produtos. Daí que, de há quatro anos para cá, criamos no espaço do evento uma tenda gastronómica onde os restaurantes participantes são obrigados a produzir algo com este fruto, seja um prato doce ou salgado. Voltando à Festa da Castanha, o que terá de especial esta edição? Esta é já a 26ª edição desta festa e, quem nos procura, já sabe que para ter passaporte para participar neste evento tem que a sua presença estar relacionada com a castanha, seja como produtor, como vendedor do fruto em si ou deste já transformado. Daí que nós, de entre todos os expositores demos mais importância aos produtores e nesta edição vamos dar um destaque maior ao trabalho que temos feito conjuntamente entre a UTAD e os produtores desta região para vários campos de ensaio e vários estudos. Esta ligação será evidenciada logo na abertura do evento com o lançamento do livro "Sernancelhe o castanheiro e a castanha", que é uma obra que compila os resultados deste trabalho. Outros elementos importantes aqui são as Juntas de Freguesia porque são um canal direto de contacto com as suas populações e com aqueles que estão emigrados ou que se mudaram para os grandes centros nacionais. Portanto, é uma festa que traz milhares de pessoas. É claro que algumas freguesias estão mais ligadas à castanha do que outras que se dedicam mais à produção de uva, maçã e azeite e esta festa abriu uma porta para que se possam também
comercializar estes produtos. As nossas cooperativas e as empresas da indústria agro-alimentar têm também uma importância grande neste evento, seja através do fruto em si, seja de produtos que derivam da sua transformação. Depois temos a vertente mais ligada ao artesanato e aos produtos locais que assumem aqui também um importante papel ao mostrar as nossas tradições. No exterior do exposalão teremos ainda o espaço expo máquinas, isto porque as máquinas fazem também parte deste negócio, quer na apanha e cultivo do produto, quer na sua transformação. Por último temos a parte da animação, sendo uma festa a animação não podia faltar, seja através dos grupos de concertinas que contratamos e outros que aparecem por sua iniciativa, seja através do fado à desgarrada, também muito típico nesta região. Depois temos alguns grupos de música tradicional portuguesa que contratamos e que dão ainda mais cor e alegria a esta festa. Entrada no evento é gratuita A entrada no evento é gratuita, cada participante pode comprar uma caneca, pelo preço simbólico de 1 euro que lhe permite beber vinho e jeropiga nos diferentes pipos que temos espalhados pelo certame, para acompanhar a castanha assada que temos para oferecer a toda a gente. Podemos então assumir que quem visita este certame terá uma experiência única? Aquilo que notamos é que de ano para ano há cada vez um maior envolvimento das pessoas com este evento, dando-lhe um ambiente ainda mais festivo. As pessoas vêm para provar a castanha e os nossos produtos mas acabam por se envolver em todo o ambiente festivo que aqui existe, juntando-se aos cantadores de fado à desgarrada ou aos tocadores de concertina. Quanto aos expositores, notam que há uma procura superior ao espaço que existe de oferta? A procura é sem dúvida muito superior à capacidade de espaço que temos, o que nos obriga a fazer alguma triagem. Temos espaço para 100 expositores mais a tenda gastronómica, daí a prioridade ser dada a todos aqueles que trabalham com o fruto e todos os seus derivados. Uma festa que envolve tanta gente, entre expositores e visitantes, obriga a uma gestão mais cuidada, quais são os principais
desafios que encontram? Ao longo dos três dias do evento passam por aqui cerca de 20 mil pessoas e isso sem dúvida que nos obriga a uma organização que tem de ser muito bem pensada. O maior desafio que aqui temos é a resposta ao nível da restauração e da hotelaria. Sabemos que não é apenas em Sernancelhe que a hotelaria esgota, o mesmo acontece nos concelhos vizinhos e já vemos pessoas a fazerem reservas de um ano para o outro e já há vários meses que não há quartos disponíveis. Grande parte dos visitantes que recebemos são do norte de Portugal mas notamos cada vez mais gente a vir de mais longe, isto porque fazemos uma promoção do evento muito forte junto dos promotores turísticos que depois organizam várias excursões para nos visitarem. Este modo de funcionamento cria-nos outro problema que é o estacionamento, por isso temos espaços criados especificamente para esse efeito, temos mesmo um espaço destinado apenas para os autocarros. Esta festa, até pelo que nos diz, continua a crescer ano após ano. Qual é o limite? Não sei qual será esse limite. Já temos a tenda gastronómica que, pela sua dimensão aumentou também a capacidade de resposta dos restaurantes que ali estão presentes. Também criamos uma tenda com cerca de 1000 metros quadrados só para as refeições dos participantes dos eventos desportivos ligados a este evento. Mas a novidade deste ano, ao nível de espaço é uma tenda de recetividade, um espaço de 500 m2 onde estarão presentes os parceiros mais diretos do evento e que serve para dar as boas vindas aos nossos visitantes. Para nós a importância deste evento deve-se sobretudo à importância da promoção da Terra da Castanha, que é uma designação com mais força do que o próprio nome do concelho. É uma marca que cresceu imenso e que é muito importante. Há também alguns eventos desportivos associados a esta festa, quais são eles? A Festa da Castanha, desde 2007 associou à sua organização uma série de eventos desportivos: o passeio de BTT, que é conhecido como o mais louco de Portugal, pela sua animação e pelos momentos lúdicos que proporciona. Uma prova que é limitada a 1000 participantes para que todos possam ter a melhor experiência, é uma prova que esgota as inscrições bastante cedo. Depois temos ainda o trail e a caminhada da Rota da Castanha e do Castanheiro, tudo eventos onde não existe classificação, apenas o convívio entre os participantes que é o mais importante. Por fim o passeio equestre que se organizou pela primeira vez no ano passado e que este ano repetimos pelo sucesso que foi. ■