Aurora Rego
Santiago de Compostela
In B.P.N. Viaje de Cosme de Médicis por España y Portugal (1668-1669), Cota ea-326-a.
Gráfico 1 Entrada de peregrinos no Hospital Real de Santiago (1803 - 1845) 800 700 600 500 400 300 200 100
In Rodriguez, 1991, 405.
51
1845
1841
1843
1837
1839
1835
1831
1833
1827
1829
1825
1821
1823
1817
1819
1815
1811
1813
1807
1809
1805
1803
0
Pelo Caminho da Costa: peregrinos anónimos, contextos e reconfigurações na Idade Moderna
Na Idade Moderna, apesar da existência de fraturas religiosas e suas consequências, estamos em crer que estas vontades e movimentações se mantiveram. Porém, a mobilidade das populações em território ibérico, durante os períodos de hostilidades, diminuiu consideravelmente. Assim aconteceu no século XVII, desde a ocupação filipina até à Restauração e ao Armistício. Assim aconteceu no início do século XVIII, com a Guerra da Sucessão de Espanha até 1713. Assim também sucedeu desde os alvores do século XIX, com a Guerra das Laranjas, seguida pelas Invasões Francesas e, na década de Vinte, com o início das Guerras Liberais. As pestilências ocasionaram pontualmente a imposição de cordões sanitários fronteiriços que impediram a mobilidade das populações (Rego, 2017, 224-234). Estas condicionantes não constituíram exceção nos fluxos de deslocação dos caminhos da peregrinação na cidade de Santiago de Compostela. Guerras e pestes alteraram a cadência de visitas ao Santuário, como ficou provado na intermitência de entrada de irmãos na Confraria de Santiago de Moissac, entre 1523 e 1671, circunstâncias que ocasionaram tanto ciclos de decadência como de prosperidade da peregrinação compostelana (Lopo, 2016, 255-267). Igualmente, as invasões francesas da Península Ibérica produziram o mesmo efeito, como é possível verificar no Gráfico 1, onde o número de peregrinos baixou para níveis residuais. Os picos observados posteriormente associam-se a Anos Santos (1819, 1824, 1830) (Rodriguez, 1991, 405).