Jornal360_ed.196_mai2022

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finanças_Saiba como evitar a compra por impulso num cenário onde o que mais existe é o estímulo ao consumo. •p5

cidadania_No Dia Mundial da Família, apresentamos uma das mais incríveis famílias que se tem notícia. Leia! •p8 Circulação Mensal: 3 mil exemplares Distribuição: • Águas de Santa Bárbara • Areiópolis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Manduri • Óleo • Ourinhos

• Santa Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo •Timburi Rodovias: • Graal Estação Kafé • RodoServ • RodoStar Versão On line: issuu.com/caderno360

facebook/jornal360

foto: Conrado Zanotto

• Palmital • Piraju

Jornal 360

nº196 ANO 17

Maio22

Grátis!

Arte ao ar livre de Ourinhos eleva seu potencial turístico

• Assis

• Pardinho

foto: Cristiano Miranda

agronegócio_ O comércio de produtos orgânicos está se expandindo gradativamente na região. Saiba como. •p10

Além das esculturas em vários endereços da cidade, já apresentadas neste 360, trabalhos do artista plástico Conrado Zanotto podem ser observados em vários pontos da cidade


2 • editorial

Família

Grupo de pessoas que compartilham os mesmos antepassados; estirpe, linhagem, geração. Quando tudo dá errado, quando tudo dá certo, é para a família que corremos na tristeza, no problema, é com a família que dividimos nossas vitórias e conquistas. Por mais atritos tenhamos, dada a falta de cerimônia com que somos habituados, nossos familiares sempre serão pessoas importantes na nossa vida e para a nossa plenitude e felicidade.

A base da doutrina cristã, que rege a vida espiritual da maioria das pessoas neste país, sabemos, é a família. A Sagrada Família, como costumamos chamar. E como ela convive? Com amor e respeito. O que significa aceitar que cada um seja como bem entender sem deixar de amparar quando um ou outro comete erros. O maior ensinamento do ser que dividiu a história da humanidade, Jesus Cristo, é que nos amemos como irmãos. E isso explica a misteriosa tolerância e o reincidente perdão que dedicados a nossos pais e irmãos. Há um vínculo que torna-se mais forte a ponto de nos levar a relevar erros e ofensas, num exercício saudável de perdão. Esta edição traz em cidadania, uma família que tive a sorte de conhecer e da qual nunca irei me esquecer. Um casal jovem, com três filhos ainda na tenra idade, que provam que é sim possível viver em har-

foto: Flavia Rocha | 360 • 2019

Esta edição celebra o Dia Mundial da Família, esse conjunto de pessoas que tem um vínculo existencial, físico, emocional e espiritual também. Um grupo de pessoas que muitas vezes tem dificuldade de se manter unido, chegando a romper-se, mas não sem que isso gere frustração e sofrimento. Isso é fato. Ninguém sente alegria ou orgulho por não conseguir relecionar-se com seus familiares.

Romanos 12 vs 17

Ora ação!

“A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.”

* A família Noronha de Miranda pratica a caridade todas as semanas sem nenhum problema. Também são especialistas em se divertir juntos, com muita alegria* monia, com respeito, alegria e muito amor. Ela também nos ensina que mais importante que nossas conquistas materiais é nossa disposição em agir juntos em benefício de toda a comunidade. A edição também traz uma reportagem sobre um local em Ourinhos onde pessoas de diferentes origens e atividades convivem regularmente, promovando que é possível e engrandecedor quando conseguimos colocar o coletivo em primeiro plano. Veja em GIro 360. Para completar, trazemos o sistema de compra diretamente do produtor, sem desperdício e com a qualidade de quem já entendeu que comer alimentos sem agrotóxicos é algo que faz muita diferença. Veja em agronegócio. Para completar, as aventuras do Pingo, a reedição de receitas da minha família, dicas de finanças para você não gastar o que não tem em tempos de inflação e desemprego e nossos colunistas nos ensinando a olhar com mais clareza para nossos semelhantes, em Ponto de Vista. Boa leitura! Flávia Rocha Manfrin | editora c/w: 1499846-0732 • 360@jornal360.com

e xpediente O jornal 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 3 mil exemplares. Distribuição gratuita. RedaçãoColaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diagrmadora e jornalista responsável | Mtb 21563›, André Andrade Santos e Paola Pegorer Manfrim ‹colaboradores›, José Mário Rocha de Andrade, Fernanda Lira e Angela Nunes ‹colunistas›, Sabato Visconti ‹ilustrador›, Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação›, Camila Jovanolli ‹transcrições e comercial›. Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 - 18900-007 - Santa Cruz do Rio Pardo/SP• 360@jornal360.com • cel/whats: +551499846-0732 • 360_nº196/maio2022


3 • ponto

de vista

Rala que Rola

*José Mário Rocha de Andrade Esse foi o lema de uma propaganda da Nike em 2.008 envolvendo vários jogadores de futebol famosos e nos remete à frase de Thomas Edson, o inventor da lâmpada: “um gênio se faz com 99% de transpiração e 1% de inspiração, ou como se ensina em Santa Cruz, “vamos trabalhar, moçada, que dinheiro não cai do céu”!

Hoje ela tem 28 anos de idade, 1,48m de altura, tem o transtorno do espectro autista, é uma pessoa com deficiência, trabalhou em várias empresas, sofreu bullying inúmeras vezes desde a pré-escola e, quando nasceu, depois de muitos exames, os médicos avisaram: “ela não irá andar, nem falar.”

foto: canva.com

Julie levou dois anos trabalhando no livro que escrevia: “I MPER FEITOS” que, finalmente, está publicado. Li o livro de 178 páginas em “duas sentadas”, em um dia e, emocionado enviei essa mensagem: “Julie, aprendi muito, muito mesmo, com o seu livro”.

cia e Julie nos ensina que é assim que devemos nos referir: “pessoa com deficiência” e nunca um deficiente físico, ou mental. Na dedicatória a sua mãe: “às vezes eu me sinto diferente das pessoas e você sempre me lembra quem sou eu. Isso faz com que eu me sinta mais segura em ser eu mesma”. Julie é hoje Assistente de Marketing de uma grande empresa.

Esse aviso entrou por um ouvido e saiu por outro de seu pai e da sua mãe. O que a Julie é hoje é fruto do amor, da luta incansável de seus pais, mas também da enorme força de vontade e determinação da Julie para ser alguém, para sentir-se verdadeiramente incluída na sociedade, assim como do

Ler I MPER FEITOS engrandece-nos como seres humanos, é um encontro com pessoas que são exemplos do bom e do melhor, que ralam porque acreditam com amor, que podem conseguir, mesmo que pareça impossível, algo imprescindível sempre. I MPER FEITOS. Julie Goldchmit

encontro de pessoas que, como diz a Julie, não olharam para a sua deficiência, olharam para a sua competência. O nome do livro é outra pérola, Imperfeitos, afinal, é assim que somos todos nós. Aprendi que a pessoa está sempre acima da deficiên-

*médico santa-cruzense radicado em Campinas

O Buraco é Mais Embaixo e você ajuda a cavar

Uma comunidade que não dá abrigo, não dá alimento, não dá agasalho, não acolhe as pessoas que não conseguem viver por conta própria, que não conseguem dar conta da sua própria vida, é responsável por toda a violência que venha da pobreza e da exclusão. Portanto, a responsabilidade por essa violência que atinge todas cidade e cantos do país, é de quem pode, é nossa, de quem estudou, de quem se estabeleceu, de quem trabalha, de quem conquista, de quem alcança, de quem tem. Cabe a nós darmos conta de garantir a essas pessoas a mínima dignidade de ter um lugar para dormir, para tomar um banho, onde possam se alimentar, onde possam se aquecer, onde possam ter aquilo que não conseguem por conta própria. Que nem sabem mais como agir, que acabam se entregando aos pequenos crimes, ao consumo das drogas porque não têm perspectivas. Porque a vida, a realidade deles é medonha, é cruel, é dolorosa.

Num país que paga 240 mil reais em carros para ministros com altos salários e muitos benefícios, alguém passar fome e frio é imoral Se você consegue ler um jornal, impresso ou no celular, no computador, é porque você já tem uma condição que essa pessoa não tem. Então, por mais que a gente deva se colocar no lugar do outro – por isso se fala tanto em empatia – entenda que se você tem casa, comida, estudos, trabalho, roupas e saúde, você nunca vai poder entender o que é não ter nada. Você nunca vai saber como é a dor dessa pessoa. Você pode ser solidário a essa dor. Não se trata de passar a mão na cabeça de ninguém.Trata-se de dar um abraço. De acolher quem não consegue viver por conta própria, seja por qual motivo for. De dar condições mínimas de uma vida cotidiana digna, onde haja alimento, teto, cama, banho, roupas. Só assim elas terão paz interior. Só assim elas poderão ou se reintegrarem e conseguirem sair da exclusão o

foto: canva.com

*Fernanda Lira Não, o cara que rouba algumas moedas ou uma camiseta, um moletom, ou as cadeiras da varanda da sua casa, não é necessariamente uma pessoa má. Até mesmo o cara que embriagado aparece na sua casa atirando em você por ter se sentido ofendido por você, é uma má pessoa. Na maioria das vezes o mal que essas praticam é resultado do tanto que elas são humilhadas, do tanto que elas são excluídas. Do quanto elas nada podem, do quanto elas tanto precisam e nada têm. Do quanto a necessidade cotidiana deles é um mistério, não tem a menor garantia.

simplesmente conviverem sem serem impelidos aos maus hábitos e à violência.

Num país majoritariamente pobre, onde a concentração de renda é uma das mais injustas do planeta e a economia vive como uma montanha russa, sem qualquer estabilidade, cabe a quem consegue dar conta da própria vida ajudar os que não conseguem. Sem exigir nada em troca, sem querer doutrinar ninguém, mas respeitando a privacidade e a dignidade dos desfavorecidos. Temos uma grande dívida com essas pessoas e por isso, não nos cabe pedir nada em troca. Nem um sorriso, nem um bom dia, nem uma oração.

* jornalista paulistana que adora o interior


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• gastronomia

Delícias para comer à tarde

Flávia Rocha Manfrin

Ingredientes naturais são o tema da nossa seção deste mês. Milho verde (não uso em lata não, aqui é na base da espiga, escolhida a dedo no caminhão da rua), nata (original e fresca) e maracujá. Tudo tirado do caderno de receitas da dona Odette Rocha Manfrin, a mãe que me inspira na cozinha com suas receitas simples e repletas de

sabor. Para acompanhar essas delícias, café de torra forte ou chá, feito com folhas de hortelã ou alecrim colhidas no quintal, misturados a cascas de limão ou laranja ou tiras de maçãs, levando ainda um pauzinho de canela e outro de cravo. Uma folha de louro também vai bem para fazer uma infusão deliciosa, adoçada ou não com mel silvestre.

Rosquinha de Nata da Zaia

Bolo de Milho Verde

fonte: caderno de receitas da Odette

receita: Flávia Rocha Manfrin

Bolo de Maracujá receita: Inês Giglio/ caderno Odette _Ingredientes do bolo: • 2 xícaras de farinha de trigo • 2 xícaras (ou menos) de açúcar • 1 xícara de óleo faltando 1 dedo pra encher • 4 ovos • 2 colheres de manteiga • 1 xícara de polpa de maracuja sem sementes (ou com, se preferir) • 1 colher de fermento em pó _Preparo do bolo: Coloque a polpa do maracuja numa panela e leve ao fogo até ferver. Retire, coe e reserve. bata as claras em neve e reserve. Numa tigeja, junte as gemas, o açúcar, o óleo, a manteiga e a farinha previamente peinerada. Bata essa mistura com a batedeira. Desligue a batedeira, acrescente a polpa de maracujá e o fermento. Misture bem com uma colher ou fuet. Acrescene por último as claras em neve incorporando bem à massa com delicadeza para manter o volume das claras. Coloque numa forma de buraco untada com manteiga e farinha. Asse em forno preaquecido a 180º.

Ingredientes da calda: • 1 xícara de água • 1 xícara de açúcar • 1 xícara de polpa de maracuja (se quiser pode deixar as semesnte inteiras) • 1 colher de maisena _Preparo da calda: Misture tudo e leve ao fogo para engrossar um pouco. Despeje sobre o bolo assado e ainda quente. _Ingredientes: • 500g de nata • 3 ovos • 7 colheres de açúcar • 2 xícaras de açúcar • 1 pitada de sal • 2 colheres de fermento em pó bem cheias • farinha até dar ponto (a massa fica pegajosa)

_Preparo: Misture bem os ingredientes até ficar uma massa homogênea e pegajosa. Deixe desncasar , pode até ser da noite para a manhã seguinte. Enrole feito trancinha torcida e asse em forno preaquecido a 180º.

_Ingredientes: • 500g de milho verde • 200ml de leite coco • 1/2 copo de açúcar • 50g de manteiga sem sal • 2 ovos • 2 colheres de queijo ralado • 1 colhe sobremesa fermento em pó _Preparo: Retire o milho das espigas e reserve. Coloque os demais ingredientes, menos o fermento, no liquidificador. Para aproveitar todo o leite de coco da garrafinha, use um pouco de água e inclua na receita. Bata bem e então acrescente o milho. Se você quiser o bolo mais firme, use milho mais graúdo e maduro. Também pode aumentar a quantidade de milho, mas nesse caso, prove a massa para ajustar o açúcar. Eu uso o milho bem novinho na maior parte e um pouco de milho mais graúdo e amarelo. Asse em forno pré aquecido a 180º. Ele fica bem fininho e quando quente, bem molinho. Para deixar mais duro, só colocando milho mais amarelo.


5 • finanças

o Mapa da

MINa

Por uma vida financeira mais tranquila! Olá, Pessoal! Escolhi para a coluna de hoje um tema que merece muita atenção no caminhar no Mapa da Mina para o TESOURO do BEM ESTAR FINANCEIRO. O tema é sobre uma pergunta que muita gente se faz: “por que muitas vezes a gente compra, consome mais do que precisa?” Angela Nunes

Maria Angela de Azevedo Nunes, CFP®, Planejadora Financeira Certificada pela Planejar Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Graduada em Ciências Econômicas pela UERJ, com Especialização em Psicologia Econômica. É Consultora e Administradora de Valores Mobiliários autorizada pela CVM e sócia da Moneyplan - Consultoria em Planejamento Financeiro e Educação Financeira. Membro do Conselho de Administração e do Comitê Executivo da Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros, foi diretora do Banco Itamarati, da BCN Alliance Capital Management e do Banco BCN - Grupo Bradesco - e docente do Curso de Planejamento Financeiro do INSPER – Instituto de Ensino e Pesquisa. É também co-autora do livro “Planejamento Financeiro Pessoal e Gestão do Patrimônio – Fundamentos e Práticas”

Aí está o tesouro: Evitando COMPRAS por IMPULSO Nos tempos complexos como os que estamos vivendo – com maior desemprego, dificuldade de gerar renda, inflação alta, taxa de juros subindo, endividamento – fazer esta reflexão pode ser muito útil para nosso dia a dia.

Não faça contas mentais. Seu dinheiro não é elástico. Use o orçamento! Veja se tem condições de comprar.

Começo com um alerta: temos alguns inimigos poderosos que afetam o nosso comportamento em relação ao uso do dinheiro e à forma como consumimos!

Valorize menos o imediato. Tire o foco do curto prazo...

Somado a isso, tem as ofertas de crédito, seja o cartão de crédito, o consignado e as outras modalidades que, muitas vezes, são apresentados como a “resposta mágica” pra gente consumir em muitos momentos em que a nossa grana, o nosso orçamento, está mostrando que a gente não pode consumir naquele momento. Uma outra coisa que pode nos levar a consumir sem refletir com cuidado é o próprio grupo com o qual convivemos – família, amigos e colegas de trabalho. É natural que a gente queira ter o mesmo padrão de consumo que a nossa “turma”, porque nos ajuda a sentir que fazemos parte do grupo. Muitas vezes, “a aceitação social” melhora a nossa autoestima e fica difícil dizer que não vamos ao bar ou ao churrasco na casa de um amigo, por exemplo. A sociedade atual, em geral, dá mais importância ao Ter do que ao Ser.

A vida é longa!

E vamos seguindo o nosso Mapa da Mina, lembrando que: • Ser um consumidor consciente é muito importante para você e sua família terem uma vida financeira sustentável! • Uma vida mais simples é mais fácil de carregar!

ilustração: 360 c/ fotos Canva

Podemos começar falando sobre o inimigo que está nas chamadas mídias: pode ser na televisão, nas redes sociais e até nos influenciadores digitais. Você já reparou na quantidade de anúncios que aparecem no seu celular ou quando você entra no seu Facebook, por exemplo? Basta você pesquisar algum produto para começar a receber propagandas sobre ele. Podemos chamar isso de “marketing agressivo”, porque está tentando influenciar na nossa decisão de consumo e prejudicar a análise se a gente precisa, ou, mais importante ainda, se a gente pode consumir aquele produto ou serviço naquele momento.

Aja por você mesmo. Só você sabe da sua situação financeira, não siga o padrão de consumo dos outros!

Um outro inimigo pode ser a gente mesmo. Reflita sobre dois pontos sobre nosso comportamento: • Nós detestamos o sentimento de frustração. Então é difícil dizer não a algo que queremos. É da natureza humana querer satisfação imediata! • Muitas vezes descarregamos o estresse, o cansaço, a tristeza... consumindo. Seja um lanche, uma roupa... e acabamos comprando por impulso! Bom, tem muitos outros pontos para a gente falar, mas acho que já tem bastante coisa para refletir. Para ajudar, ficam aqui algumas dicas:

Pare e reflita: antes de comprar, responda: é necessi-

dade ou desejo? Preciso comprar agora ou posso pesquisar e ponderar um pouco mais?

Evite as compras por impulso! Não tenha a crença, a ilusão de que a gente tem autocontrole futuro! Sabe aquela frase? “É só hoje, amanhã farei diferente ...”?


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• cidadania

A verdadeira Família Cristã existe e mora por aqui Formada por pai, mãe e três filhos, a família Noronha de Miranda emociona com seu modelo de vida Quando eu era criança, chegava em minha casa a cada mês o exemplar de uma revista chamada “Família Cristã”. Ali havia muitas reportagens, sempre com tudo girando em torno do que deve ser um modelo de vida cristã. Ou seja, que ama ao próximo como a si mesmo, que é unida e mantém o respeito uns aos outros, acata a autoridade de pai e mãe, assim como os direitos dos filhos, é feita de gente honesta e que pratica boas ações, inclusive a caridade.

Criação própria – De uma realidade muito simples, onde a dificuldade do dia-a-dia era constante e sem a presença paterna quando crianças e adolescentes, Cristiano e Ana se conheceram muito jovens, quando ela tinha apenas 14 anos e ele 18. O determinado rapaz que já trabalhava no melhor hotel da cidade, onde era muito querido e requisitado por seus empregadores e pelos hóspedes, bateu os olhos na menina-moça e logo propôs namoro. Não demorou muito para morarem juntos. Trabalhador e focado em ter uma casa própria, ele passou a morar vizinho à sogra, o que foi um pulo para decidirem viver juntos.

foto: Marcia Baroni | acervo Família Noronha de Miranda

Com a chegada do 15 de Maio, quando se celebra o Dia Mundial da Família, apresento aos leitores, a família formada por Cristiano de Miranda e Ana Claudia Noronha de Miranda, com a qual tenho o privilégio de conviver há mais de 3 anos. Pais de Henrique, um adolescente de 14 anos, de Guilherme, 10 anos, e do bebê Leonardo, que completou um ano, Cristiano e Ana constituíram o que chamamos de modelo familiar como poucos conseguem. Uma família cristã de fato.

de vida dos menos favorecidos é notória.

Cristiano tem o mesmo tom da esposa. Tranquilo, extremamente bem educado, fala baixo, mas se posiciona. Tanto que é hoje um respeitável político da cidade, aplicando na vida pública a mesma condura exemplar da vida familiar.

Além da ajuda no café semanal, a família Noronha de Miranda também comparece religiosamente à cada evento da Vaquinha do Alimento, o Programa de Inclusão Alimentar que tem atendido mais de 500 crianças e jovens da cidade. Seja pegando itens, montando kits, distribuindo ou também colocando tudo em ordem, sempre estão todos presentes, inclusive o pequeno Leonardo, que participa brincando com as frutas e caixas que se espalham pelo local.

Cumprindo seu segundo mandato de vereador, desta vez como presidente da Câmara Municipal, ele se dedica integralmente à atividade, fazendo jus ao salário que recebe. Muito atuante, se engaja em todos os setores que carecem de melhorias, sempre tendo a generosidade de levar junto os novos companheiros do edil. De todas as ações das quais se ocupa, a busca por melhoria nas condições

Diversão e arte – Nem só de caridade e trabalho (ou estudos, no caso dos meninos) vive a família Noronha de Miranda. Seja em eventos culturais, shows de rock, samba ou sertanejo, campeonatos esportivos ou festas de amigos, eles estão sempre presentes. Sempre juntos. Sempre esbanjando alegria, simpatia e amizade. Sempre bem entrosados e de bem com a vida.

* Ana Claudia, Guilherme, Cristiano, Henrique o bebê Leonardo. Família feliz e atuante * Presença de Deus – Apesar da união informal, naquela época (eles se casaram no civil anos depois), Cristiano e Ana sempre mantiveram a fé e a prática cristã. “Quando ele quis me conhecer, falei que poderia ir comigo à missa. Achei que ele nem ia aparecer, mas lá estava ele”, conta Ana. De uma tranquilidade admirável, principalmente no trato aos filhos, Ana é uma mulher centrada, muito educada e delicada no jeito de falar e agir, mas que sabe dar o recado a respeito da conduta que todos devem ter. “Ela educa muito bem os filhos e sem gritar!”, costuma dizer minha mãe, quando mais uma vez se põe a falar da “família maravilhosa” que ela tanto admira.

Prática cristã – Foi através de uma ação de caridade que me aproximei dessa família, quando pela primeira vez compareci ao Café da Manhã da Vila Divineia, o bairro mais vulnerável e populoso da cidade. Lá estava o Cristiano com Ana e os dois filhos mais velhos. Eles já participavam do café, que acontece todos os domingos logo cedo. Lá, ajudam a montar a cesta de pães com manteiga, a colocar ordem no local, a fazer a oração, a servir as crianças e a limpar o salão. Sem preguiça, sem que ninguém precise pedir. Essa rotina é seguida pela família há quase 10 anos e só foi interrompida durante a pandemia.


fotos: acervo Família Noronha de Miranda

* Acima à esquerda, em sentido horário: Ajuda semanal no café e eventos da Vila Divineia; comboia com o time do coração; presença mensal e imprescindível nos eventos da Vaquinha do Alimento; reconhecimento público por ação voluntária e descanso no sítio, onde plantam alimentos *

Também frequentam a igreja, assim como se dispõem e ajudar em campanhas sociais e trabalhos em eventos. Para eles, fazer algo pelo outro é natural. Não é um favor. Faz parte da sua rotina. Henrique me conta que na escola, sempre é requisitado por uma professora quando é preciso resovler alguma questão ou ajudar numa situação. Talvez ele nem se dê conta do quanto a

disponibilidade em ajudar as pessoas é visível nele, assim como em seus pais e irmão. Guilherme, com apenas 10 anos (o conheci aos 7, portanto), sempre toma a iniciativa de ajudar. Eles faz com alegria, como se estivesse brincando, mas completa a tarefa qual um adulto. Servir mesas, suprir cada estação de alimentos de produtos, zelar para que todo o lixo seja recolhido... são atividades que ele faz por iniciativa própria. É você falar que algo precisa ser feito e ele logo se oferece. Para esses garotos, favor não causa preguiça, ajuda não dá trabalho. E é óbvio que o exemplo vem de casa. Num mundo onde cada vez mais temos notícias de atrocidades cometidas dentro do ambiente familiar, onde o poder e o consumo parecem ter mais importância do que o olhar feliz entre pais e filhos, casais e ir-

mãos, ter a sorte de conhecer uma família como essa nos faz ter uma ponta de esperança num mundo realmente melhor. Onde pessoas como Cristiano, Ana e seus filhos sejam mais e mais e muito mais presentes e fáceis de encontrar. Pessoas que honram o título de ser realmente uma família.


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• giro 360

A arte encontra seu espaço em Ourinhos Além de esculturas e murais em diversos pontos da cidade e do museu da UNIFIO, Ourinhos se destaca nas artes plásticas com iniciativas como a Galeria P70 e a Casa Pangea Talento para criar e empreender – Assumindo uma nova fase em sua trajetória, o inquieto e notadamente pragmático artista está muito feliz com o retorno a Ourinhos. E não é para menos. A cidade tem uma bem organizada estrutura de apoio à cultura e ele tem uma bem organizada agenda de trabalho, onde entram produção de artes, de arte educação, participação em salões de arte, com suas obras mais recentes, realização de eventos ou locação do espaço, entre uma série de outras atividades que ele vai elencando com calma, clareza e entusiasmo. Fotos: Flavia Rocha | 360

A pauta era atualizar os leitores das atividades do artista plástico Conrado Zanotto, conhecido por seus grafites espalhados por diversos pontos de Ourinhos e que retornou à cidade depois de anos em São Paulo, onde se estabeleceu no meio das artes plásticas com seu espaçogaleria, a Ponder 70. Porém, basta chegar à cidade para observar as obras que ele continua a criar em vários locais e ouvir um pouco a respeito do que acontece no grande sobrado onde ele instalou a P70, para entender que há muito o que falar. Ou mostrar. Daí a opção por mais fotos do que texto nesta cobertura.

* Conrado Zanotto nos recebe na P70, onde apresenta seu acervo, como a obra que reconecta a natureza ao velho dicionário (acima) e reliza eventos de arte e música *

Entre tantas realizações, quem sai ganhando é a cidade, que passa a contar com um local absolutamente cosmopolita, onde há arte contemporânea credenciada, opções de compra e, ainda, entretenimento e lazer, pois só de circular por ali, já valeu a viagem. Amadurecimento – Da primeira reportagem sobre seu trabalho até os dias atuais (considere mais de cinco anos), Zanotto conta que por não concordar com a arte que via em exposições como bienais de arte contemporânea o levou a estudar. Ou seja, ele não se fechou em sua opinião. Quis saber se todos estavam

errados ou ele estava. O resultado desse mergulho no conhecimento a respeito da arte contemporânea se traduz fortemente nas novas criações do artista. Valendo-se dos mais inusitados elementos, ele cria peças não apenas curiosas, mas emocionantes, que dão vontade de levar para casa. Sem demonstrar essa intenção comercial, ele apresenta obras como a série de tênis usados (seus preferidos, com os quais rodou por muitos lugares do mundo) vestindo madeiras, numa referência ao retorno dos materiais à natureza. Assim como essa série, outras pelas do


artistas têm percorrido o país em mostras de arte atual, que referenciam os artistas e os credenciam no mercado nada fácil que é o das artes plásticas.

O local, conta Zanotto, tem o estúdio de Yoga de Ana Carolina Camargo, uma pizzaria artesanal, a Wilma’s Pizza, e toda semanal abriga também um CSA

de produtos orgânicos (leia a respeito na próxima página). Surpresa em série – Atravessar o quintal repleto de plantas e mesas, onde dá vontade de passar um tempo, e subir para a Casa Pangea trouxe a certeza de estar num dos locais mais descolados de Ourinhos e possivelmente da região. Acompanhada de pelo menos cinco mulheres, Cristiane recebe com uma leveza que intriga e deixa à vontade. Dividida Fotos: Flavia Rocha | 360

A Casa Pangea – Em conversa sobre a P70, Zanotto explica que no prédio funciona um coletivo, incluindo a Casa Pangea, dirigida por Cristiana Matachana Thomé, um vasto ateliê que ocupa o andar superior, onde há aulas produção regular de arte em cerâmica, arte social, como um muro de azulejos que”As Venuzianas”, está prestes a ser finalizado, e cursos com artistas de fora que são abertos ao público.

* Ao lado e abaixo, a Casa Pangea, de Cristiane Matachana. àbaixo à esquerda, obra de Conrado Zanotto *

entre contar sobre o que ali acontece e atender as alunas, ela mostra que mesmo numa pequena cidade é possível se desprender de um padrão de vida tipicamente convencional (ou provinciano) e mergulhar numa das mais interessantes atividades humanas: a criação com as próprias mãos. Além dos cursos e da galeria, vale a pena anotar o endereço para provar as pizzas que eu já tinha visto nas redes sociais, e ficar atenta aos eventos que acontecem

no local, onde além das artes plásticas você pode encontrar boa música e intervenções artísticas. Info: Casa Pangea . pintura em cerâmica baixo esmalte modelagem em argila . pizzaria artesanal Wilma’s Pizza . galeria de arte P70, . yoga Ana Carolina Camargo . CSA Demétrica . círculo de mulheres (grupo de estudos) Fone: 14 99886-5448 Avenida Horácio Soares, 829 Jardim Paulista – Ourinhos


10 • agronegócio

Produtos orgânicos e sustentáveis estão mais acessíveis na região

Fotos: Flavia Rocha | 360

A Casa Pangea também abriga um estúdio de yoga, uma pizzaria tipicamente napolitada e uma feira de organicos baseada no siste CSA (Consumidor Sustenta a Agricultura)

fotos: Empório Caipira

O consumo de alimentos orgânicos, ainda tímido na região, segue conquistando adeptos. A proximidade de um dos mais renomados centros de produção de alimentos livres de uso de agrotóxicos, o bairro Demétria, em Botucatu, está permitindo que pessoas interessadas em consumir alimentos mais saudáveis – e duráveis – tenham acesso a verduras, legumes, frutas e muitos outros itens de consumo consciente, onde o sistema

produtivo respeita o planeta e a saúde humana, seja de quem produz, seja de quem consome.

do aos clientes levarem sacolas ou caixas para embalagem. Tudo seguindo o conceito de sustentabilidade.

Com uma lista bastante diversificada de produtos, que inclui grãos e produtos já preparados, além de hortifrutis da estação (o respeito à sazonalidade é um dos pressupostos da alimentação orgânica), o Empório Caipira, do casal Paulo Souza e Fátima Botelho, garante o suprimento semanal por encomenda. Na sexta-feira ela divulga a lista de produtos para quem se interessa em participar de um grupo no whatsapp, onde apenas ela publica mensagens, e os clientes têm até o domingo à tarde para mandar seu pedido. Além dos itens disponíveis, os preços são anotados por peso ou quantidade, garantindo que o consumidor controle quanto quer gastar. Na segundafeira, final do dia, os produtos ficam à disposição para serem retirados, caben-

Na segunda-feira também chegam os produtos do CSA (Consumidor Sustenta a Agricultura) que funciona da Casa Pangea, em Ourinhos. O sistema de compra direta funciona na garagem da casa Pangea há nove anos, com um grupo de clientes que decide qual cota quer comprar e assim garante o abastecimento semanal de itens saudáveis. “Faz muita diferença. É uma alimentação saudável, pagamos 182 reais por mês e

* No alto, inscritos no CSA de Ourinhos chegam para pegar suas compras semanais. Ao lado, Produtos sob encomenda chegam toda semana no Empório Caipira, na garagem da loja de produtos naturais do casal Paulo e Fatima *

tenho direito a seis itens por semana para levar para casa em quantidade suficiente para meu consumo”, conta Nilza Obata. No CSA da Casa Pangea, o consumidor tem duas opções de cota e ainda há adicionais de frutas como opção. Também tem venda de produtos panificados produzidos por uma das clientes, a Lucia Nunes, tudo mais natural e feito artesanalmente. Info: CASA Casa Pangea/OUR – 14 99886-5446 Empório Caipira/SCRP –14 99695-5045 Prod. Demétria/Botucatu: 14 99629-4367


11 • meninada

Um Menino Diferente

arte: Sabato Visconti

Julinho é o aluno novo da classe do Alvinho. Ele quase não fala e, quando fala, diz poucas palavras, não brinca com os outros meninos, não joga bola porque tem um pé com defeito, usa óculos de lentes grossas e tem dificuldade para aprender. Ele é autista. Muitos alunos olham torto para ele porque ele é diferente e é uma criança com deficiências. Minha mãe me ensinou que todos nós temos deficiências, que ninguém é perfeito e eu comecei a olhar com bons olhos para ele. Ele tem uma memória fantástica, é muito bom com números e eu comecei a olhar para suas qualidades, não prestar atenção às suas deficiências e ganhei um amigo muito legal e gritei: Viva as diferenças que nos fazem enxergar melhor e do jeito certo Au! Au! Pingo latiu feliz concordando e bateria palmas, se pudesse, com o meu crescimento.

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P I C S E R O E B I E U A N L I A H

A O E U O Z O F O E R I D D H O M A

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P Z G Ç B D T C Ã B U G I H N A C O

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C O A L H A D A Ç U A G N I M O T E


Jornal 360 • Gostoso de Ler


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