jornal 360 _ ed. 174 _ julho2020

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nº174

coronavírus_ Nenhum medicamento é capaz de prevenir a Covid-19. Só o isolamento social é eficaz •p3

agronegócio_ O passo a passo da Orgânicos Avaré, que em oito anos mudou a vida de pequenos produtores •p12

JULHO 2020 imagem: Agroecologia Avaré

gastronomia_As dicas e receitas deliciosas do canal que Leo Zaia criou no Youtube. Sem nenhuma conversa •p5

ANO 15

! s i t Grá

A vida simples atrai quem valoriza a qualidade de vida

Jornal360

Gostoso de ler. Circulação Mensal: 2 mil exemplares Distribuição: • Águas de Santa Bárbara • Areiópolis • Assis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Piraju • Santa Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo

foto: Flavia Rocha | 360

• Pardinho

•Timburi Pontos Rodoviários: • Graal Estação Kafé • Orquidário Cyber Café • RodoServ • RodoStar • Varanda do Suco Versão On line: www.jornal360.com

Não é o dinheiro, as posses e tudo que ele pode comprar que garante qualidade de vida às pessoas. A vida simples, em

cidades diminutas tem atraído pessoas que conquistaram respeito e espaço na grande cidade, mas constataram que é

na simplicidade que reside o tão almejad0 bem viver. Veja o depoimento de quem fez essa escolha. •p8


2 • editorial

Desprendimento Comportamento ou característica de abnegado; qualidade da pessoa que não tem interesse por dinheiro; altruísmo, desapego. O desprendimento é um exercício que nos coloca à prova e diante da nossa própria essência. E por uma razão bastante simples: ele nos tira da zona de conforto. Ele modifica uma situação preestabelecida, à qual estamos acostumados e por meio da qual somos identificados e aceitos. Isso não quer dizer que devemos evitá-lo. Muito pelo contrário. Na maioria das vezes, a vontade, a necessidade e a oportunidade de evoluirmos em nossa passagem por este planeta e alcançarmos nossos desejos mais profundos e legítimos impõem altas doses de desprendimento. Exercitei o desprendimento algumas vezes em mais de 50 anos de vida. Às vezes, de maneira violenta e injusta, como quando tive que abrir mão do convívio com meu querido irmão, aos seis anos de idade. Foi um desprendimento imposto a mim e à minha família, que transformou profundamente o vínculo que tínhamos. A dor é sentida até hoje, quase 50 anos depois, e nos uniu com um amor da mesma intensidade. Jovem, fui obrigada a desprender-me de uma confortável vida burguesa, custeada por meu pai, que apostou toda a sua solidez financeira, conquistada com muito trabalho e ousadia empresarial, na roleta russa do mercado financeiro, no qual acreditou poder confiar e que levou tudo o que me proporcionava uma diferenciada condição de vida e a certeza de um patrimônio a ser herdado. Foi também um desprendimento imposto, que me ensinou algo inesquecível: mais importante que o dinheiro é a nossa saúde mental, pois meu pai sucumbiu ao desvario que o levou ao Alzheimer. Anos depois, na condição de mulher executiva que conseguiu conquistar notoriedade profissional e um salário capaz de tirar de cena qualquer problema financeiro, além de permitir retribuir o conforto que tanto recebi a meus pais, encarei um novo desprendimento. Desta vez, voluntário. E foi

assim que mudei toda a minha história profissional, retomando a essência do jornalismo, onde eu era quase uma novata e abandonando o universo corporativo, onde eu já era conhecida, respeitada e tinha portas abertas. Dessa vontade de fazer algo mais útil e com mais sentido na vida, apesar de ser uma pessoa muito realizada profissionalmente, nasceu este periódico, que mantenho a duras penas há 15 anos, longe da notícia fácil de vender jornal, apartado da politicagem e da maracutaia que macula muitos jornais e distribuído gratuitamente. Confesso que a segurança financeira faz falta. Mas não mudaria minha escolha por causa dela. A paz de depender de pouco para viver é impagável. Assim como a satisfação de não sucumbir à corrupção e poder olhar nos olhos de qualquer pessoa, tendo o mais tranquilo dos sonos. Esta edição boas histórias de desprendimento. A começar pela matéria de capa, que traz três amigos que, já muito bem estabelecidos, mudaram seus cenários adotando a vida simples do campo como realização de um sonho, veja em BEM VIVER. É também preciso desprender-se de hábitos da nossa rotina para se adaptar aos imprevistos, como vemos em aCONTECE, que traz profissionais de áreas distintas adotando novas meioa de contato com quem hoje precisa ficar à distância. Também foi preciso desprendimento das práticas convencionais de agricultura, ancoradas no plantio com uso de agrotóxicos, para os produtores de Avaré transformarem sua produção agrícola em alimentos orgânicos, que são ainda mais rentáveis, como vemos em AGRONEGÓCIO. Essas histórias, que permeiam a edição ao lado de nossas tradicionais colunas de opiniões, receitas e entretenimento, ressaltam ainda que desprendimento não significa necessariamente viver com menos dinheiro, pode até ocorrer o contrário. Mas significa, sem sombra de dúvidas, que ele não é o mais importante. Boa leitura! Flávia Rocha Manfrin editora c/w: 14 99846-0732 360@jornal360.com

1 Coríntios 3 Vs 8

Ora ação!

Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.

Código de Ética do Jornalismo

Artigo 9º

É dever do jornalista: Opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem;

e xpediente O jornal 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 2 mil exemplares. Distribuição gratuita. Redação-Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›, André Andrade Santos e Paola Pegorer Manfrim ‹colaboradores eventuais›, José Mário Rocha de Andrade e Fernanda Lira ‹colunistas›, Sabato Visconti ‹ilustrador› e Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação› Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 — centro — 18900-007 — Santa Cruz do Rio Pardo/SP • contato: 360@jornal360.com • cel/whats: +55 14 99846-0732 • 360_nº174/julho2020 _ www.jornal360.com


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cidadania_coronavírus

Nenhum medicamento previne você da Covid-19 Seria ótimo se todas as notícias a respeito de medicamentos já existentes, indicados para outros problemas de saúde, pudessem realmente nos prevenir do coronavírus. Não podem. Em todo o mundo, cientistas testam drogas já existentes, muitas delas usadas no tratamento da doença, já que não temos uma droga específica e eficaz contra a Covid-19. Porém, nenhuma delas mostrou-se capaz de evitar ou proteger alguém da doença. Apenas o isolamento social e as medidas de proteção podem evitar que uma pessoa seja contaminada. A especulação sobre vários medicamentos que tenham se mostrado eficazes no tratamento da Covid-19, transmitida pelo coronavírus, está levando as pessoas a quererem se automedicar ou obter apoio médico para se medicar de maneira preventiva. É importante saber que nenhum medicamento é comprovadamente capaz de combater o coronavírus. O que existe são os chamados “protocolos”, uma série de medidas adotadas nos hospitais, que incluem uso de medicamentos já disponíveis no mercado para tratar doentes da Covid-19. Ou seja, juntos, exames, medicamentos e isolamento estão conseguindo salvar vidas. Isso não significa que tomar algum desses medicamentos isoladamente ou em combinação possa prevenir que as pessoas peguem a Covid.19. Apenas as vacinas poderão garantir tal resultado e elas ainda não estão disponíveis. Estão em fase de teste em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Os medicamentos servem apenas para tratar a doença e também para isso estão sendo avaliados quanto à sua eficiência. Porém, nenhum deles é ainda comprovadamente suficiente para combater o coronavírus. Aproveitando o que tem – Todos os medicamentos que estão sendo usados nos hospitais que estão tratando pacientes de Covid-19 na verdade se destinam a tratar outras doenças. E como não há ainda uma droga específica comprovadamente eficaz para a cura da doença, eles são usadas conforme o quadro do paciente se desenvolve ou agrava. Por isso, não leve em consideração gravações de médicos na internet, muito menos do seu médico. Ele pode entender que não há mal em você tomar a medicação, mas não pode afirmar com segu-

rança que ela vai proteger você da doença. Isso é pura especulação. Se já houvesse essa comprovação o mundo estaria se curando neste exato momento. Não vamos entrar aqui nos interesses econômicos e até mesmo políticos que envolvem essas especulações. Importa saber é que nenhum medicamento deve ser tomado desnecessariamente. E muitos têm efeitos colaterais que podem comprometer sua saúde, além de serem contra-indicados para muitos grupos de risco, como o caso de idosos ou pessoas com doenças crônicas. O uso de qualquer um desses medicamentos também não garante que você possa abandonar os procedimentos que estão sendo exaustivamente informados como forma de evitar a doença, que são isolamento social e distanciamento, o uso de álcool em gel e uso de máscaras quando for necessário estar na presença de outras pessoas, além de todas as medidas já conhecidas: evitar tocar pessoas, a própria boca, nariz e olhos, desinfetar objetos, ambientes etc. Essa sim é forma mais segura e eficaz de se prevenir até haja vacinas. Informe-se antes de tomar qualquer medicamento: certifique-se de procurar FONTES seguras, procure sites de notícias de grande circulação, que não se expõem a factoides (notícias infundadas). Verifique a DATA de publicação da notícia e se, for antiga, veja se foi atualizada. Num cenário incerto, como uma epidemia de um vírus até então desconhecido, estudos podem evoluir mudando o resultado. O que pode parecer bom, pode acabar sendo descartado. Algumas leituras que selecionamos: medicamento: Ivermectina fonte: UOL _05/06/2020 https://noticias.uol.com.br/com-

prova/ultimasnoticias/2020/06/05/nao-ha-provade-que-ivermectina-cure-covid-ao-cont rario-do-que-diz-medica.htm fonte: Folha de S.Paulo_18/06/2020 https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/06/post-que-viralizouengana-ao-afirmar-que-combinacao-de -drogas-cura-a-covid-19.shtml medicamento: cloroquina fonte: UOL/Folha de S. Paulo_03/06/20 https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/06/hidroxicloroquinanao-previne-covid-19-em-pacientes-diznovo-estudo.shtml medicamento: rendesevir fonte: UOL/VivaBem_25/06/2020 https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/06/25/anvisa-autoriza-testes-com-remdesivir-o-que-sabem os-sobre-o-remedio.htm

medicamento: Dexametazona fonte: UOL _17/06/2020 https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/deutsche-welle/2020/06/17/omsdiz-que-dexametasona-e-avanco-contraa-covid-19.htm medicamento: Losmapimod fonte: REUTERS_24/06/2020 https://www.uol.com.br/vivabem/reute rs/2020/06/24/empresa-inicia-testespara-covid-19-com-remedio-contraproblema-muscular.htm medicamento: NITAZOXANIDA fonte: Veja/Saúde_13/05/2020 atualizado em 03/06/20 https://saude.abril.com.br/medicina/ve rmifugo-e-testado-contra-o-coronavirusno-brasil/veja


4 • ponto

de vista

*José Mário Rocha de Andrade

Ramalhete de Cheiros

Dra. Betina é uma médica anestesista muito observadora e criativa também, dessas pessoas que pensam com muito carinho quando há um problema, olha por um lado, outro, busca suas lembranças, até encontrar uma solução, afinal, ela lida com pessoas, pessoas que estão prestes a serem operadas em um centro cirúrgico. Foi mais ou menos assim que ela pensou e concluiu: “são cheiros que causam medo e ansiedade em algumas pessoas, como os de consultórios de dentista e de hospitais” e decidiu: “A partir de hoje, os centros cirúrgicos terão cheiro de lavanda, jasmim, dama da noite”. Foi uma mudança radical. Os pacientes que entravam no centro cirúrgico, ao invés de olharem desconfiados para aquele ambiente estranho, diziam com um sorriso nos lábios: “nossa, que cheiro delicioso”. Em um vilarejo na Noruega, duas irmãs viviam uma vida austera e religiosa, propositadamente sem prazeres, para não correrem o risco de pecar. A bondade e o carinho da empregada doméstica ao oferecer um jantar com pratos apetitosos vencem a rigidez das irmãs.

imagem: Pixabay

Tenho vários amigos que adoram cozinhar. Minha esposa, nesses tempos de quarentena, vive nos surpreendendo com pratos inusitados e deliciosos, verdadeiras obras de arte. Outro dia apareceu com um ramalhete de folhas, perguntando: “vocês sabem o que é isso?”. É um bouquet garni, disse sorrindo, feliz com a novidade! Meu filho e eu nos olhamos, ainda sem entender. “É um ramalhete de cheiros, sálvia, tomilho, louro, salsinha e alecrim, que irei colocar para dar gosto e aroma no Cock au Vin do almoço de domingo”. Resultado: magia pura. Uma refeição como deve ser, sem espaço para cara feia, nem fechada. Só alegria e festa.

A sensualidade e o prazer enrustidos nas irmãs afloram no ambiente mágico de cheiros, sabores e olhares que encontram-se deliciando à mesa quando os alimentos, magistralmente preparados, são experimentados e a co-

munhão entre os presentes desperta sentimentos desconhecidos de sociabilidade, amor à vida e às pessoas. Esse retrato está no filme “A Festa de Babette”.

É o que essa quarentena nos pede. Criatividade, inovação, magia salpicadas com um ramalhete de cheiros de bondade, compreensão, carinho em comunhão com os presentes, um brado de amor à vida e às pessoas, do jeito que for possível, com a arte que cada possa despertar. *médico santa-cruzense radicado em Campinas

Quarentena: o que há de bom?

O dia-a-dia repleto de pessoas e de atividades de consumo nos tira a atenção para nós mesmos. Então, esse momento está sendo bom para nos reconectarmos com quem somos. Além disso, é bom saber que se eu quiser, eu posso me proteger e proteger o outro. É bom saber que não preciso comprar tantas coisas. É bom saber que posso viver de maneira mais

tranquila, mais contemplativa e menos estressante e corrida. A quarentena também nos permite descobrir novos talentos. Seja para nos distrairmos no tempo que está sobrando, seja para buscarmos novas formas de ganharmos o pão nosso de cada dia. Por falar em pão, quantas receitas estamos podendo testar! Quanta coisa mais saudável e menos industrializada estamos comendo por ser mais prático produzir as coisas em casa do que comprar na primeira esquina? Esse fazer por si e pelos outros, com certeza faz muito bem à saúde, física e mental. A epidemia também nos traz algo que anda bastante afastado da nossa rotina moderna: o silêncio. Quanta bobagem falamos e escutamos em nossas idas ao cabelereiro, nas

imagem: Pixabay

Tudo tem seu lado bom. O isolamento social também. Na atual circunstância, ele significa a mais segura maneira de passar pela epidemia sem tanto medo. E, portanto, com a paz necessária para despertar para outras questões que muitas vezes passam batido na correria da vida moderna. Ter mais tempo para os filhos é uma delas. Acompanhar o que estão aprendendo na escola, é outra. Observar quanto os assuntos escolares os interessam ou entediam, é outra. Na mesma proporção, certamente para crianças e jovens ter mais atenção dos pais, certamente é uma boa.

* Fernanda Lira

academias, no trabalho, nas idas ao supermercado, nas festas e reuniões entre amigos? Quanto falamos mal de quem não está por perto quando nos reunimos com outras pessoas? Mesmo que não percebamos, fazemos isso. E muito. Mesmo que consideremos a fofoca um mal desnecessário, acabamos entrando na conversa, até mesmo como simples ouvintes. Sozinhos, isso tudo some de vista. O isolamento social também está nos mostrando o quanto deixamos de contemplar a natureza. O quanto deixamos de olhar pela janela. Está também nos levando a momentos de lazer mais bucólicos e repletos da energia vital que só a natureza pode nos proporcionar.

Com certeza, o uso de máscaras e as medidas de higiene que se tornaram obrigatórias não estão nos livrando só do coronavírus. Mas de muitas outras doenças. Assim como o acesso de poucas pessoas em lojas e locais de circulação permitida está evitando que estejamos muito menos propensos a nos contaminar com qualquer outro vírus. Não se trata de dizer que estamos vivendo melhor do que antes. Mas sim de lembrar que em tudo, mesmo numa pandemia, podemos viver algo bom. Depende apenas da gente. Não depende de governos, de decretos, nem de boletos. Depende só de como você decide viver. *jornalista paulistana que adora o interior


5 • gastronomia *Flávia Manfrin

Pratos imperdíveis do canal Receitas, de Leo Zaia Leo Zaia é um cara daqueles super boa gente que cresceu no interior e ganhou mundo como diretor de fotografia de filmes publicitários. Inquieto e criativo, adora comer bem e cozinhar. Pra sorte de todos, ele resolveu juntar as duas coisas e criou o canal Receitas, no Youtube, onde mostra como fazer vários pratos deliciosos. O interessante é que, ao contrário do tradicional falatório dos canais de receitas, Leo ensina o passo a passo de cada

Canal Receitas - de Leo Zaia

uma delas no mais completo silêncio. Um canto de passarinho, um barulho distante da rua, um raspar da colher na panela… é o máximo que você vai ouvir. As receitas aparecem em letras grandes, para não ter erro. E estão detalhadas na página, para quem quiser copiar. Foi o que fizemos com três das diversas delícias disponíveis no canal. Fáceis e deliciosas! Canal Receitas: www.youtube.com/channel/UCbCBlZX9DrT0EXwICljdbdA

Geleia de Casca de Mexerica

Bolo de Chocolate sem leite

Canal Receitas - de Leo Zaia

Canal Receitas - de Leo Zaia

_Ingredientes: • 5 a 6 cascas de mexericas • 2 xícaras de açúcar • 1 xícara de água _Preparo: Toda vez que descascar uma mexerica, coloque as cascas dentro de um pote com água na geladeira. Vá juntando até ter uma quantidade razoável. Após uns 3 dias na geladeira a casca fica muito mais hidratada e grande parte do amargo dela fica no líquido que sobra. Descarte esse líquido. Raspe a parte branca da casca e depois corte em pedacinhos. Ferva as cascas em água limpa por 30 minutos. Depois de ferver, descarte a água. Na panela acrescente as 02 xícaras de açúcar e a xícara de água. Deixe ferver até reduzir ao ponto de calda caso queira usar em doces e sobremesas.

_Ingredientes da massa: • 2 xícara de farinha de trigo • 1 xícara de açúcar • 2/3 de xícara de cacau em pó (ou chocolate em pó) • 2 ovos • 2/3 de xícara de óleo • 1 xícara de água morna • 1 colher de sopa de fermento em pó _Ingredientes da cobertura: • 1 xícara de açúcar • 1/2 xícara de cacau 100% em pó • 1 limão

Pode até colocar menos açúcar pra ficar mais pedaçuda como no vídeo ou reduza um pouco mais para chegar no ponto de geleia. Transfira para um pote esterilizado e guarde na geladeira. Veja como fazer em: https://www.youtube.com/watch?v=Zi33 Hwrub0s

Espaguete à carbonara Canal Receitas - de Leo Zaia _Ingredientes: • 80g de espaguete por pessoa • 1 ovo por pessoa • 50g de queijo parmesão ralado por pessoa • sal a gosto • pimenta do reino moída na hora a gosto • bacon picado emcubos _Preparo: Ferva a água com bastante sal. Coloque o espaguete para cozinhar. Enquanto o macarrão cozinha, coloque o bacon para fritar numa panela bem quente. Com tudo isso no fogo, separe os ovos e de uma boa mexida. Adicione o queijo ralado nos ovos mexidos. Acrescente também a pimenta do reino. Não precisa colocar sal, pois o queijo, o bacon e a água do macarrão já estão salgados. Retire o macarrão da água e passe direto para a panela onde o bacon já está frito e crocante. Mexa e então desligue o fogo. Com o fogo desligado, acrescente os ovos (com queijo e pimenta) e mexa rapidamente, para não cozinhar os ovos. Se quiser mais cremosidade no molho, adicione um pouco da água de cozimento do macarrão. Mexa até o queijo estar derretido. Veja como fazer em: https://www.youtube.com/watch?v=IVq1u7mLqsg

Imagens: canal Receitas por Leo Zaia

_Preparo: Comece untando uma forma com açúcar e óleo ligando o forno pra preaquecer a 180˚C. Esquente a água e deixe aquecer mas não chegue ao ponto de fervura e reserve. Ela deve estar apenas morna na hora de usar. Numa vasilha, peneire a farinha, o açúcar e o chocolate em pó. Misture tudo. Acrescente os ovos e mistures. Acrescente a água morna e mexa até ficar uma massa homogênea. Finalmente, acrescente o fermento, mexendo com calma. Coloque a massa na forma untada.

Leve ao forno por aproximadamente 50 minutos. Você vai ver que ele estará assado quando a casa cheirar à bolo. Pra finalizar, faça a cobertura, enquanto o bolo assa. Coloque os ingredientes numa panela e leve ao fogo até levantar fervura. Mexa por mais 2 minutos com o fogo ligado. Despeje a cobertura no bolo. Veja como fazer em: https://www.youtube.com/watch?v=1cYXync vvbw


6 • acontece

O desafio de atuar à distância Marcos Tavares é gerente comercial da Special Dog, uma das maiores empresas do mercado pet do país, com produtos em 38 mil pontos de vendas, distribuídos em 1679 cidades de sete Estados brasileiros. Como a epidemia não tirou de cena a produtividade da empresa, já que os alimentos para cães e gatos são considerados essenciais, Marcos vive o desafio de comandar à distância uma equipe de 285 profissionais de vendas, com os quais costumava se reunir regularmente em constantes viagens. Além disso, boa parte da equipe foi retirada das atividades de campo, quer por pertencerem a centros maiores, como a capital, que teve toda a sua equipe de vendas afastada das ruas, quer por terem mais de 50 anos ou apresentarem doenças crônicas que os tornam mais vulneráveis ao coronavírus. A saída para suprir a ausência física dos encontros que mantinha com sua equipe, tem sido a realização de lives no Instagram, onde pode trocar ideias, solucionar questões e aprimorar o trabalho de vendas que os representantes estão fazendo, em 30% dos casos, remotamente.

práticas de distanciamento e higienização”, diz. Sem poder viajar, como lhe é habitual, para se reunir com os grupos de representantes comerciais da empresa Marcos se vale cada vez mais das ferramentas on line para manter sua agenda de treinamento e diálogo com suas equipes. “Viajo muito para visitar clientes e conhecer de perto as dificuldades enfrentadas por nossos vendedores. Devido à epidemia foi preciso evitar essas viagens. Então criamos uma página no Instagram onde concentramos nossas forças de vendas e uma vez por semana faço uma live com eles, algo descontraído, com debates, eles trazem temas. É a maneira que temos hoje de estar próximos e certificá-los de que podem contar sempre com nosso apoio”, avalia o gerente comercial da Special Dog, que pretende manter esse hábito de encontros on line com sua equipe. Apesar do resultado da equipe que está trabalhando de casa não diferir das conquistas de quem ainda pode visitar clientes, o executivo não acredita que a quarentena esteja trazendo um novo modelo de atendimento aos pontos de venda. “Está funcionando porque nossos profissionais vinham sendo treinados e porque temos um relacionamento muito bom com nossos clientes, mas nada substitui a presença do representante na loja”, afirma o gerente comercial da Special Dog. “Grande parte de questões de vendas são resolvidas com a frequência de visitas. Então, para a atividade é primordial ir até o cliente. Em nossa rotina, temos que checar muitas coisas que tornam necessário que os vendedores permaneçam em campo. É muito difícil que uma ferramenta digital substitua a capacidade de soluções que a presença do vendedor representa nas lojas”, analisa.

“Assim que começou a epidemia, a Special Dog adotou uma série de medidas, seguindo as recomendações dos órgãos competentes. A área comercial, naturalmente, foi bastante atingida, pois fazemos um trabalho de campo intenso, visitando lojistas”, explica o executivo. Segundo ele, a solução para quem teve que ficar em casa foi o telefone e o whatsapp. “Felizmente, muitas cidades brasileiras têm uma população pequena, o que permitiu que 70% dos profissionais continuassem as visitas, mas adotando rigorosas

foto: acervo pessoal

Aulas on line – Flaviana Ferezin dos Santos tem um negócio bem diferente da realidade do gerente comercial da Special Dog. Professora de yoga, ela dirige o Stúdio Soham, em Santa Cruz do Rio Pardo, onde recebe dezenas de alunas. Com a epidemia, ela foi obrigada a interromper as aulas, mas isso não a afastou das alunas. Inclusive a está reaproximando de ex-alunas, que deixaram de frequentar

* Flaviana, professora de yoga, envia video-aulas e áudios para alunos enquanto não pode reabrir o Studio Soham *

foto: acervo pessoal

Profissionais que vivem em contato com alunos e equipes de trabalho contam como estão driblando o distanciamento social

* Marcos, da Special Dog, grava live para se reunir com equipe de vendas da empresa. Uma prática que não se iguala às viagens, mas será mantida *

suas aulas por terem se mudado da cidade. “Estou tentando passar a filosofia através de vídeos gravados. São aulas tranquilas, para serem praticadas em casa”, conta Flaviana. Segundo ela, apesar de haver alunas que não conseguiram se adaptar, seja por causa da disciplina necessária para fazer aulas à distância ou por temerem não serem capazes de fazer os exercícios corretamente, muitas estão praticando. “Tentei fazer as aulas ao vivo, mas não funcionou muito bem. Então gravo as aulas e envio para as alunas. Também faço áudios de relaxamento e meditação, para que elas não percam os benefícios adquiridos da prática de yoga”, conta Flaviana, que acredita que a yoga pode ajudar as pessoas a vivenciarem o momento com mais tranquilidade.

Apesar de não cobrar para enviar as vídeo-aulas, Flaviana acredita que esse novo meio de ensino à distância possa ampliar sua atuação, especialmente para atender antigas alunas que hoje vivem em outras cidades. Ela mesma aderiu ao aprendizado por meio do computador. “Estava programada para fazer um curso em Portugal. Com a epidemia, passei a fazer dois cursos on line, com os professores Anderson Allegro e Marco Rojo”, diz Flaviana, que acredita que de toda situação é possível tirar algo positivo. Para ilustrar, ela cita um ensinamento do mestre yoga, Hermógenes: “Fui aprendendo de mansinho a viver de forma suave e a aceitar de forma positiva as dificuldades que a vida me impõe, para poder transformá-las em aprendizado.”


7 • agenda

Nova agenda do 360 traz diversão e arte com toque de consciência Ela voltou. A nossa eterna mascote, que cresceu estampando as capas do 360 e na adolescência incorporou com desenvoltura a tarefa de jovem repórter agora é uma notável jovem universitária. Morando em São Paulo, onde estuda Direito, Paola Pegorer Manfrim sempre trouxe brilho a este periódico. Não é de se estranhar, portanto, que seja ela a comandar a AGENDA 360, nosso espaço de eventos de cultura, esportes, lazer e co-nhecimento disponíveis na região que precisou ser recriado, já que tudo foi cancelado em época de epidemia.

* Paola aproveita o isolamento

social para criar agendas temáticas para o Jornal 360 *

Inicialmente, pensamos em Paola para fazer o áudio de nossa nova agenda, que agora cconsta com links no site do jornal, inaugurado em abril, com a edição 171. Descolada e inteligente, ela foi além e remodelou toda a seção de lazer e cultura, com dicas imperdíveis e comentadas de um jeito só seu. “Vi quando a Flávia, editora do jornal, postou noFacebook que estava procurando algumas vozes para leitura dos textos para a nova plataforma que o 360 lançou. Quando vi aquilo já achei mega interessante, didático... e olha como as coisas dão certo: 10 minutos depois recebi o convite não só para ser uma dessas vozes, mas também para escrever a seção agenda e entretenimento do site. Eu, obviamente, topei. Afinal, já estava com saudade de integrar a “família 360”, revela Paola. Ela conta como chegou ao novo formato: “Comecei já no meio da pandemia, abordando as lives (que ainda eram novidade e geravam empolgação na época) e depois fui buscando outros temas que, justamente pelo atual cenário, divergem dos entretenimentos tradicionais que encontrávamos até o início do ano.”

foto: acervo pessoal

* Filmes, discos, livros e até mesmo perfis do Instagram aparecem a agenda mensal que Paola publica com exclusividade no site www.jornal360.com *

E contiua: “Apesar de exigir um pouco mais de criatividade, tem sido uma experiência fantástica onde eu busco relacionar diversas formas de lazer com outros temas atuais que merecem (muito) destaque. Espero que você, leitor, esteja aproveitando o conteúdo. Se ainda não viu, dê uma olhada no site, tem muita coisa bacana. ”

Está aí o recado da nossa nova editora, que depois de listar dicas para quem assina a Netflix (edição 172/mai20) e fazer uma bela agenda pautada na questão do racismo (edição 173/jun20), está preparando dicas que vão nos trazer outro tema importante: a empatia. Confira no site do 360, a partir de 20/07/20.


8 • bem

viver

*Flávia Manfrin

O melhor lugar do mu

Gonçalves é uma pequenina cidade turística do sul de Minas Gerais, de 4.350 habitantes segundo estimativa do IBGE (2019). É uma das atrações da Serra da Mantiqueira, onde o turismo já está bem estabelecido. São Francisco Xavier fica a 50km de lá. É um distrito de São José dos Campos, onde vivem menos de 4 mil pessoas. Está a apenas 155km de São Paulo e a 57 km de São Paulo. Do outro lado de São José dos Campos, a 151 km de São São Francisco e a apenas 90km de São Paulo, está Piracaia, onde vivem menos de 30 mil habitantes. É para essas cidades, com lindas paisagens de montanhas e paradisíacos lagos, cachoeiras e outras atrações turísticas, que nossos três entrevistados se destinaram quando decidiram mudar radicalmente de vida. Os três moravam em São Paulo, onde estavam bem estabelecidos profissionalmente. Nossa primeira pergunta para cada um deles foi: o que o fez mudar para um lugar tão pequeno? A resposta, foi a mesma: qualidade de vida. Essa visão de mundo que coloca a convivência com a natureza, o sabor de frutas colhidas no fundo do quintal, a disponibilidade de tempo para fazer o que se bem quer, num ritmo amenizado pela inexistência de trânsito e de muitas pessoas, onde o simples substitui o sofisticado e onde o menos, literalmente, é mais, tem ganhado cada vez mais adeptos. A história de nossos entrevistados têm outros pontos em comum. Nenhum deles estava insatisfeito com a profissão que exerciam na capital. Nem estavam em situação de dificuldade em atuar em seus respectivos mercados. O que reforça o va-

lor que a simplicidade pode representar na vida de pessoas que desfrutam da agitada e atribulada vida de uma metrópole. A primeira a aventurar-se pelo desconhecido e por um lugar estritamente pequeno foi Cecília Moraes Pereira. Dentista com clientes na capital, onde se estabeleceu depois de formada, ela viveu em várias cidades desde a infância em Santa Cruz do Rio Pardo, onde nasceu. Seu destino foi a paradisíaca Itacaré, no sul da Bahia, 1998, quando a cidade ainda era pouco conhecida e tinha menos de 18 mil habitantes. “Procurava um lugar pequeno e preferencialmente com praia”, nos conta. Instalada no litoral baiano, ela continuou a trabalhar como dentista até que, em 2006, achou que Itacaré estava “movi-

mentada demais” e procurou um novo cenário, ainda menor e desta vez mais perto de São Paulo, da família e dos amigos: a pequenina Gonçalves, famoso centro turístico mineiro, quase na divisa com São Paulo. “Queria um lugar ainda menor, mais calmo e sossegado”, revela. Depois de três anos seguindo com a mesma profissão, a santa-cruzense encarou mais uma mudança a aventurou-se pela gastronomia. Inaugurou o “Sabores da Mantiqueira”, um bistrô que faz muito sucesso e aparece nos principais guias de gastronomia que retratam aquela região. Cecília não viveu tudo isso sozinha. Assim como nossos outros entrevistados, a decisão de mudar radicalmente o estilo de vida e viver num pequeno centro, com

* Adolfo Bueno contempla a vista do alto

Xavier, em uma de suas caminhadas. Ac

muitas atividades rurais, como criar galinhas, cuidar da horta e cuidar da própria casa. com novos meios de subsistência, foi


ndo é aqui e agora. Gilberto Gil

* O novo endereço da produtora cultural e cosmetóloga Livia Salles: uma chácara em Piracaia, em meio à natureza e aproveitando as águas puras da região *

toda foi quando viemos de Itacaré para Gonçalves e a Denise passou um tempo trabalhando em São Paulo, vindo para cá só nos finais de semana”, conta Cecília.

o de montanha em São Francisco cima, vista da varanda de sua casa * tomada junto com sua companheira de mais de 25 anos, Denise Terranova. “O momento mais desafiante dessa jornada

Adolfo Bueno Junior, o Adolfinho, como é conhecido em Santa Cruz do Rio Pardo, onde nasceu, viveu em algumas cidades quando universitário até se estabelecer em São Paulo. É psicólogo, especializado na área de Recursos Humanos. Por 35 anos dedicou-se a essa profissão em grandes empresas, para as quais trabalhava

nos últimos tempos como consultor. Com os filhos criados e adultos, ele decidiu passar parte do seu tempo em um lugar muito mais pacato. “Estava cansado da muvuca de São Paulo, de me deslocar de um local para outro, em cliente, muito tempo no trânsito. Eu queria um local mais tranquilo que fosse mais agradável sossegado e também uma melhor qualidade de vida. Porque eu entendo que quem tem padrão de vida não necessariamente tem qualidade de vida. Mas quem tem qualidade, tem padrão”, filosofa.


A escolhida de Adolfo foi São Francisco Xavier, conhecida como São Xico. “Viajava sempre para Gonçalves e nunca tinha ido a São Francisco Xavier”, explica ele, que decidiu finalmente conhecer o pequeno distrito de São José dos Campos. Na época, em 2016, ele estava casado e, assim como a esposa, encantou-se pelo lugar. “A ideia era ficar cinco dias do mês em São Francisco Xavier e 25 em São Paulo, mas logo a paixão foi tão avassaladora que a decidimos nos mudar para São Francisco Xavier”, diz Adolfo. O casal se desligou das atividades na capital paulista e mudou-se para São Xico, que ele carinhosamente chama de “aldeia”. Alugaram uma chácara e logo compraram um grande terreno para construir uma casa própria, mas depois de um ano e meio, o casamento acabou. Ele permaneceu em São Xico, onde vive em meio à natureza e na companhia de seus animais de estimação. Apesar de ser convidado para atuar como palestrante e realizar treinamentos em sua área profissional, algo que ele fez voluntariamente quando se estabeleceu na aldeia, Adolfo hoje vive de uma renda própria e se dedica a atividades artísticas, como pintura e escultura. Seus trabalhos registram claramente o momento bucólico que está vivendo e têm lhe rendido elogios e ganhos. Suas telas de pontilhismo, por exemplo, mereceram uma exposição numa das belas pousadas da região, tendo lhe rendido boas vendas. “Aqui considero que eu tenho um ócio produtivo, pensando em Domenico Demasi, que fala muito sobre isso. Resgatei muitas coisas. Voltei a desenhar, a pintar, comecei a trabalhar com marcenaria e caminho pelos riachos em busca de uma de um galho de árvore chamado cajarana, das quais faço esculturas dando nova vida a esses galhos”, revela Adolfo.

Sem pressão financeira – Investir numa nova atividade num lugar pequeno, certamente tem como uma interessante vantagem o custo de vida muito menos oneroso em relação aos altos gastos da capital paulista, uma das mais caras do mundo para se viver. Nossa terceira entrevistada, Lívia Salles, está podendo se dedicar com muito mais tranquilidade às duas atividades bastante diversas de sua vida profissional: a produção cultural, alinhada com artistas do circuito paulistano, e criação cosmética, fundamentada na produção artesanal e mais natural possível. “Continuo minhas atividades de produtora cultural, porém, por conta da pandemia, com trabalhos bem reduzidos, estou com mais tempo para me dedicar à saboaria de cosméticos naturais que tenho desde o final do ano passado”, conta Lívia, referindo-se à a Porã Saboaria & Entreposto. A escolha de Lívia foi Piracaia, para onde se mudou com uma amiga motivada pelo fato de ser perto da capital, ter amigos

* Muitos dos ingredientes que a chef Cecília Moraes serve no bistrô Sabores

da Mantiqueira são produzidos na horta que ela mesma cuida, onde mora *

que já moram lá e pelas águas de lagos, rios e cachoeiras que o lugar oferece. Sobre o que a fez a sair de São Paulo, ela explica: “o ritmo, o ar, o verde, poder intercalar períodos de trabalho com um banho de represa ou cachoeira, as relações mais humanas com as pessoas…a lista aqui pode ser imensa” , garante. Uma decisão bem pensada – Seria um engano concluir que nossos entrevistados agiram por impulso. Cada a um a seu modo, todos agiram de modo consciente e com metas bastante estabelecidas. Além da qualidade de vida, cada se um deles se mantém ativo e assumiu novas tarefas cotidianas, muitas delas inesperadas. “Nunca me imaginei morando na zona rural. Também não pensei que iria resgatar minha veia artística, como a poesia e as artes plásticas, de uma forma tão intensa como agora. Tenho cami-

nhado muito mais do que caminhei em toda a minha vida e me tornei mais contemplativo, afinal, é impossível não ser com tanta exuberância”, avalia Adolfo que também se viu às voltas com uma Jurucuçu à porta da casa. “Era final de tarde, estava regando as minhas plantas e tinha uma cobra de aproximadamente um metro enrolada. Fiquei desesperado e fui pegar uma enxada. Quando voltei com a enxada, ela já não estava mais lá, o que me desesperou ainda mais porque eu não sabia para onde ela ido. Mas ela nunca mais voltou, graças a Deus”, conta. Para Cecília, além da produção de hortas e criação de galinhas, das quais ela só consome os ovos, pois são batizadas e descendentes da Turma da Mafalda, famosa até nas redes sociais, a maior novidade foi a gastronomia, que a levou inclusive a abandonar a odontologia,


* A chef Cecíla Moraes e Denise Terranova no Sabores da Mantiqueira. Ao lado, a casa onde vivem e criam a Turma da Mafalda (abaixo). Uma das telas de Adolfo Bueno, do acervo de obras inspiradas em São Xico , expostas com muito sucesso na Pousada do Equilibrium. À direita, produtos da Porâ Saboadia, de Lívia Salles *

profissão que escolheu desde a infância e sempre a deixou bastante realizada. “É preciso que se diga que isto só foi possível graças ao meu saudoso cunhado Zito Gibran, chef de cozinha e conterrâneo de Santa Cruz do Rio Pardo. Foi ele que nos ajudou a decidir o primeiro cardápio do Sabores da Mantiqueira e nos ensinou tudo que possibilitou mais esta aventura”, reconhece Cecília. “Olhando agora, parece inacreditável. Mas é bem real”, afirma a chef do bistrô que aparece com Certificado de Referência do TripAdvisor. Para Lívia, que acaba de se mudar, o que mais encanta na nova vida é a oportunidade de estar fazendo tantas coisas que gosta ao mesmo tempo e com tempo. Família e amigos – Quando pergunto do que nossos entrevistados mais sentem falta, a família e os amigos aparece em primeiro lugar, seguidos, claro, da programação cultural que São Paulo oferece. Porém, o que não falta é disposição para seus familiares e amigos os visitarem em seus novos e aconchegantes endereços, todos, é bom dizer, localizados nas áreas rurais dessas pequenas localidades, pois nenhum deles mora no centro urbano. Eles também ressaltam a importância do apoio familiar em suas novas escolhas. “Meus filhos adoraram minha mudança e acham que estou mais tranquilo. Eles vêm sempre me visitar”, conta Adolfo. “Todos acham mesmo que tomei a decisão certa, principalmente em relação ao aumento na qualidade de vida e redução de custos”, afirma Lívia, que tem um filho jovem morando na capital e os pais em Campinas. “Tudo isso só foi e continua sendo possível porque temos um imenso apoio de nossas famílias, que sempre se fizeram muito presentes e nos ajudaram demais nos momentos em que problemas mais sérios aconteceram. Digo isso sobre todos os pontos de vista, inclusive financeiro, num ou em outro momento mais caótico”, reconhece Cecília.

Distantes e conectados – O fato de estarem afastados da vida urbana e imersos na natureza não significa, no entanto que estão desconectados de tudo e de todos. Muito pelo contrário. A internet que os mantém em constante contato com tudo e todos que ficaram na grande cidade. E foi através, dela, inclusive, que toda essa conversa foi possível. Quem pensa em mudar radicalmente de vida, deve ler atentamente as dicas de Adolfo: “pesquise e faça um planejamento. Pontue os prós e os contras. Se você vive com alguém, converse bastante sobre esse desejo de mudança, sobre esse novo projeto de vida. Registre os objetivos que deseja conquistar e os recursos necessários para chegar lá. Visite o local, entre em contato com os moradores, pesquise detalhadamente sobre a cidade. Tem que se gostar de novidades, porque que muitas vezes será bem diferente de sua realidade atual”, diz Adolfo. Eles também avisam que há que se incluir nessa lista, uma boa dose de desprendimento, pois a vida simples implica abrir mão de muitos supérfluos. E os ganhos muitas vezes são bem modestos. Escolha convicta – Pergunto aos entrevistados se em algum momento se arrependeram ou pensam em voltar para São Paulo e a resposta, de diferentes formas, é a mesma: se depender deles, continuam vivendo esse novo estilo onde ser

comprovam que há muito a agradecer e a vivenciar quando se mora no interior. É mesmo muito bom viver aqui e agora.

é efetivamente mais importante do que ter e onde o ter é focado na simplicidade. Para quem vive em uma pequena cidade, como os leitores das cidades onde o 360 circula todos os meses, essas experiências

Info: conheça os empreendimentos de nossos entrevistados. Lívia Salles: dilettoproducoes.com.br porasaboaria.iluria.com Cecília Moraes: saboresdamantiqueira.com.br Adolfo Bueno: instagram.com/adolfobuenojr/


12 • agronegócio

por Fernando Franco Amorim biólogo e gestor de agronegócio

A construção da Agroecologia em Avaré fotos: Orgânicos Avaré

A trajetória dos “Orgânicos Avaré” teve início em 2009, quando, através dos técnicos de Extensão Rural da Casa da Agricultura de Avaré e da CATI (hoje denominada Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável – CDRS), houve o fortalecimento de um grupo informal de agricultores familiares visando a venda de alimentos para a Merenda Escolar de Avaré, dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Entre os anos de 2013/2014, dando início à construção da Rede Sociotécnica da Agroecologia em Avaré, foi firmada uma parceria entre a CATI e o Instituto Federal de Educação, Ensino e Tecnologia do Estado de São Paulo (IFSP Campus Avaré) com a criação do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA Avaré), através de apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com adesão da Prefeitura de Avaré. A partir deste marco referencial, uma série de cursos de capacitações e treinamentos, palestras, encontros, dia de campo, oficinas e eventos técnicos foram realizados, tendo como público alvo aos agricultores locais e consumidores, com ênfase nos sistemas orgânicos e agroecológicos de produção, promoção do alimento orgânico, consumo consciente e inovação tecnológica. Neste período, o NEA AVARÉ envolveu agricultores familiares, professores, estudantes, técnicos, pesquisadores, consumidores, poder público e instituições parceiras e colaboradoras, integrando atividades de ensino, pesquisa e extensão rural, construindo de um ambiente favorável ao desenvolvimento de uma rede de conhecimentos agroecológicos e práticas relacionadas aos sistemas sustentáveis de produção. Saúde e Sustentabilidade – A agroecologia, conhecida como agricultura alternativa, “vai além de uma simples técnica de produção que permite produzir ali-

* A produção de alimentos orgânicos hoje é uma realidade muito bem estabelecida entre produtores rurais de Avaré *

mentos sem agrotóxicos ou venenos e utilizando adubos naturais”, diz o agricultor André Albano, atual presidente dos Orgânicos Avaré. Os benefícios da Agroecologia incluem também a preocupação com a sustentabilidade dos recursos naturais e as questões socioeconômicas e de segurança alimentar e nutricional das comunidades, bem como o fortalecimento dos circuitos curtos de produção/consumo e aspectos da Economia Solidária, a chamada Ecosol. “No cultivo agroecológico, as plantas têm a tendência de ficar cada vez mais resistentes aos ataques de doenças e pragas, já que a fertilidade e a microvida do solo são restauradas e não são utilizados adubos químicos solúveis, inseticidas, pesticidas, defensivos e agrotóxicos (venenos em geral), que possam contaminar as águas, o solo, os animais e as pessoas”, explica a agricultora Cris Ferreira, entusiasta do cultivo de SAFs – Sistemas Agroflorestais. Sistema PMB® – O projeto teve início com 4 agricultores e, atualmente, 15 agricultores de Avaré e região integram a Associação Orgânicos Avaré (AOA), instituição criada a partir de uma Organização de Controle Social (OCS), registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que realiza a venda direta dos produtos agroecológicos e orgânicos aos consumidores desde o dia 13 de abril de 2016, data da inauguração da “Feira Orgânicos Avaré” e do Delivery Orgânicos Avaré. Através do trabalho de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) dos técnicos da Casa da Agricultura de Avaré com os agricultores familiares locais e o pesquisador independente Sérgio Pimenta (Ecologia Aplicada), o NEA AVARÉ desenvolveu Sistema PMB® (Palha, Muda Alta e Biofertilizante), inovação tecnológica de

baixo custo que é quase como que um “plantio de hortaliças direto na palha sem herbicida”. Essa inovação foi desenvolvida nas propriedades dos agricultores participantes do projeto, facilitando sua adaptação local e aplicação. Entre as vantagens desta tecnologia é a economia de até 70% da água utilizada na irrigação, a redução da mão-de-obra, a restauração da fertilidade do solo, a redução dos custos de produção, aliando agricultura e conservação ambiental e aumento da agrobiodiversidade.


Cronologia da Orgânicos Avaré 2010: Início do fortalecimento das compras governamentais da Merenda Escolar em Avaré e parceria com Prefeitura da Estância Turística de Avaré 2010: Ampliação da Extensão Rural em Agroecologia e Produção Orgânica e apoio às Organizações Rurais via Casa da Agricultura de Avaré

* Oferta de produtos da Orgnânicos Avaré no novo local de vendas, no Mercado

Municipal da cidade. Além de produtos frescos há molhos, pães e outros produtos *

Livro e Resultados – O impacto positivo da adoção do Sistema PMB® e das ações do projeto em Avaré, a inovação foi destaque em diversos eventos importantes, tais como o Seminário Paulista de Extensão Rural da APAER (Associação Paulista de Extensão Rural), edições de 2015/2017/2018 e VI Congresso LatinoAmericano de Agroecologia 2017 e na Feira da Agricultura Familiar (AGRIFAM) 2015. O projeto foi premiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) como uma das melhores técnicas de ATER do Estado de São Paulo, publicada no livro “Caderno de Boas Práticas de ATER” (2016) e destacou Avaré no Prêmio Prefeito Empreendedor do SEBRAE, edições de 2014, 2016 e 2019. No entanto, conquista ímpar foi a edição do livro “Plantando Sonhos: Experiências em Agroecologia no Estado de São Paulo” (2018), publicado pela Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia em parceria com a Unesp Botucatu. No capítulo 28, Formação do NEA Inovação – Os técnicos do projeto relatam com detalhes todo o trabalho realizado na Rede Sociotécnica em Agroeco-

logia de Avaré. Atualmente, os Orgânicos Avaré são objeto de um estudo de caso do pesquisador em agroecologia Armênio Katounian, da ESALQ/USP. Desafios e metas – Concebida de modo a evoluir com base em análise e planejaemnto, a Orgânicos Avaré já trabalha com objetivos a serem alcançados. A agenda da associação para 2021 inclui: • ampliar a produção e oferta de frutas; • aumentar a oferta de produtos especiais e diferenciados; • aprimorar sistema de rastreabilidade e planejamento de produção; • aperfeiçoar comercialização; • expandir estratégias de comunicação em Agroecologia; • buscar novas parcerias para aproximar consumidores dos agricultores nos circuitos curtos de produção e consumo; • favorecer o mercado local, a segurança alimentar e nutricional da comunidade; • estimular o consumo consciente de alimentos orgânicos e agroecológicos.

2011/2012: Sensibilização dos agricultores familiares locais e continuidade do trabalho de Extensão Rural em Agroecologia e Produção Orgânica 2013/2014: Criação da Rede Sociotécnica da Agroecologia em Avaré através de parceria entre a CATI/IFSP Campus Avaré/CNPq e criação do NEA AVARÉ 2014/2015: Realização de cursos e capacitações técnicas para agricultores e abertas ao público em geral 2015/2016: Pesquisas em inovação tecnológica com a criação do Sistema PMB® – Palha, Muda Alta e Biofertilizante 2016: Criação da OCS Orgânicos Avaré registrada no Ministério da Agricultura; criação da Feira Orgânicos Avaré e do serviço Delivery Orgânicos Avaré; criação da página Orgânicos Avaré e do NEA AVARÉ nas redes sociais 2017: Criação da Padaria Artesanal Agroecológica Quintal do Céu e da Cozinha Experimental Agroecológica Berelu Agrofloresta 2018: Publicação do Livro “Plantando Sonhos: Experiências em Agroecologia no Estado de São Paulo”, com o relato da experiência dos Orgânicos Avaré; Fundação da Associação Orgânicos Avaré (AOA) 2019: Lançamento do DOC “Orgânicos Avaré – Alimento para a vida”

Info: Associação Orgânicos Avaré (AOA) f/w: 14 99104-2500 • organicosavare@gmail.com

2020: Abertura do Box Orgânicos Avaré no Mercado Municipal


14 • meninada

Uma casa cheirosa A mãe do Alvinho descobriu-se uma Chef de Cozinha apaixonada. Vive na horta escolhendo folhas cheirosas de alecrim, louro, hortelã e todo dia a cozinha se perfuma de cheiros apetitosos, para alegria do Pingo. Todo o mundo sabe que o olfato dos cães é infinitamente superior ao dos humanos e, vira e mexe, Pingo corre para a cozinha cheirando, cheirando. Os cheiros são tão bons que Alvinho não resiste e corre para lá também. Quando o pai do Alvinho chega do trabalho, chega observando: “meu Deus, que cheiro delicioso”. Viver em uma casa cheirosa é muito bom. Muito bom, reflete Alvinho, mas... dá uma fome também... Uma fome de leão! Pingo não resistiu e concordou feliz: Au! Au! Au!

ADUBO - ÁRVORES - BOTA- CANTEIRO - CELEIRO CERCA - CHAPÉU - ENXADA -FLOR - GALINHEIRO HORTA - MUDA - PÁ - PAIOL - PÁSSAROS - POÇO POMAR - SEMENTE - TRATOR - VIVEIRO

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Respostas: 1- Sorriso do sol. 2- Haste do sol sobre a nuvem. 3- Altura da torre. 4- Porteira do silo. 5- Roda do trator. 6- Alface à esquerda. 7- Moita perto do sol à direita. 8- Madeira da cerca à esquerda. 9-Rabo da ovelha. 10- Bolso do macacão da mulher. 11- Mão do homem. 12- Espátula de jardim na mão da mulher. 13- Posição do espantalho. 14- Remendo da calça do espantalho. 15- Chapéu do espantalho. 16- Posição do touro no cercado. 17- Olhos do touro. 18. Barriga do touro. 19- Monte de feno. 20 Tamanho do saco de fertilizante. Maçã no pé à esquerda. 21- Placa da caixa de laranjas. 22- Flor vermelha do canteiro. 23- Cor das penas da galinha chocando. 24- Altura do ninho da galinha. 25- Pintinho a menos. 26- Cacho de uvas na caixa. 27- Altura da nuvem. 28Cor da fumaça do trator. 29- Bochechas do carneirinho. 30- Cabo da enxada.

Ache as 30 Diferenças no desenho em homenagem ao Dia do Agricultor. Abaixo, ache 20 itens comuns na roça:

arte: Sabato Visconti




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