Veredas de lupi apr

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REVISTA Seminário Itinerários Culturais

VEREDAS DE LUPICÍNIO

RODRIGUES

Nos passos de Lupicínio


Apresentação

E

sta revista

foi desenvolvida por um grupo de alunos

do Mestrado em Memória Social e Bens Culturais do

Unilasalle. Ao longo das discussões proporcionadas e pelas temáticas abordadas na Disciplina Itinerários Culturais surgiu a oportunidade de elaborar uma revista temática com o intuito de homenagear, às vésperas do seu centenário, o artista Lupicínio Rodrigues. O Itinerário aqui proposto, além de proporcionar ao grupo aproximações com o universo e história deste grande compositor, permitirá ao leitor, conhecer os lugares que ele frequentou na antiga Ilhota (atualmente Bairros Cidade Baixa e Menino Deus). Os lugares visitados foram reconhecidos e identificados após uma entrevista realizada com o filho de Lupicínio Rodrigues - Lupicínio Rodrigues Filho - e indicam pontos da cidade que o compositor frequentava para bater um papo com os amigos, confraternizar, compor e cantar. Nas visitas nos deparamos com locais que não existem mais, pois agora abrigam outros tipos de comércios, locais que se mantêm ao longo do tempo com a mesma essência da época de Lupicínio e lugares que foram criados para homenageá-lo. As fotos que ilustram este trabalho são de extrema importância, pois nos remetem ao passado e contribuem para o processo de construção da memória da vida do artista. Em 2014 comemora-se o centenário do nascimento de Lupicínio Rodrigues e através deste Itinerário registramos nossa homenagem. 2


L

Minha História Lupicínio Rodrigues

upicínio Rodrigues

nasceu

em 1914 em Porto Alegre e fale-

ceu em 1974. Reconhecido por seu talento musical, compositor de centenas de músicas, foi um dos maiores nomes da música popular brasileira.

Eles dizem que eu bebo demais E que eu sou vagabundo Todos falam

Sua criação ficam eternizadas, gravadas nas lápides dos deuses no Panteon da Música e da Poesia, referendado como sendo o quinto lugar entre os Dez Maiores e Melhores Compositores do Século XX, título reconhecido na publicação da revista Veja, editora Abril, na virada do século. Ainda, no Panteon, gravou seu nome, a obra, entre os Dez Maiores Compositores do Século XX - Revista Isto É. Obteve outra consagração, que aprofundou ainda mais o polir de sua distinta obra e, consequentemente, seu nome, agora nas Organizações Globo, dentre os Dez Maiores Compositores do Brasil, no Século XX. (ROGRIGUES FILHO, 2000, f.1)

que eu sou um perdido Um perdido pro mundo Quando eu passo Os falsos amigos de mim acham graça "Ali, vai um ébrio cheirando a cachaça" Eles falam porque não conhecem meu drama real Esta vida que eu levo, bem sei, Não é vida normal

Seu personagem “Lupi” caracterizou-

Vou contar a vocês minha história,

se como um sambista, boêmio e amante.

Este drama que me destruiu,

Pessoa tranquila, de poucas palavras, en-

Tive alguém

cantou a todos com suas músicas, pois sa-

que eu amei com loucura,

bia retratar e representar em suas letras os

E este alguém me traiu!

sentimentos mais profundos do ser humano.

Disponível em:< http://letras.mus.br/lupcinio-rodrigues/407858/. > Acesso em 24.05.213

Segundo o depoimento de seu filho, Lupicínio Rodrigues Filho, “Sua inspiração vinha do sentimento real das pessoas. Não existe ninguém que não se identifique com suas letras, pois sabia tocar fundo no cora-

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ção das pessoas.”


E de

ntre os temas das criações musicais

Lupicínio

destacam-se

o

FOTO RETIRADA DE http://www.cella.com.br/blog/?p=18526

amor, as mulheres, os sofrimentos, as traições, as brigas, a vingança, a boemia, o casamento, o dinheiro, a cidade. O nosso cantor e compositor tinha um estilo

chamado

“dor-de-

cotovelo”.

A cidade, segundo Frydberg (2007), foi tema de muitas das composições de Lupicínio. Ele cantava o ambiente urbano e as práticas sociais da cidade. Para Pesavento (2007, p. 14), a cidade é um fenômeno que se revela pela percepção de emoções e sentimentos dados pelo viver urbano e também pela expressão de utopias, de esperanças, de desejos e medos, individuais e coletivos, que o habitar em proximidade propicia. Dessa forma, observa-se que as músicas de Lupicínio possibilitam a identificação de lugares de memória, uma vez que rememoraram locais que já não existem mais. Nesse sentido, oportunizam aos ouvintes imaginar a cidade de outrora.

Lupi, no seu jeito meigo, com seu caminhar calmo e sereno, cantarolava em cada esquina, em cada praça, pelos bares, e nos ambientes enfumaçados frenquentados, ou no frio, na serração das noites do inverno gaúcho, conquistou o Brasil, as Américas, os continentes e posou suavemente em sua Terra Natal. (ROGRIGUES FILHO, 2013)

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Minha Cidade Lupicinio Rodrigues

Não me censurem por estar chorando Por contar coisas de minha cidade É que eu agora estava recordando Quando essas ruas eram só paz, amor e tranquilidade

O Rio Guaíba nos deliciando Nos dando banho de felicidade E os seresteiros só nos acordando Quando das musas sentiam saudade E o cafezinho de cem réis nos bares Bancos nas ruas Pra se namorar FOTO http://aurbeurge.wordpress.com/tag/sociologia-do -territorio-lupicinio-rodrigues-identidade-territorial/

E o “rato branco” ao nos ver abraçados

L

Preocupados, os coitados,

upicínio

Rodrigues

passou a maior parte de

Tinha retrato na praça aos domingos

sua vida na capital gaúcha. Através de

Jogo de víspora

suas músicas retratou a cidade em que

Pro tempo passar

viveu, os relacionamentos, afetos e de-

Eu recordando,

sencontros, enfim, descreveu o con-

Cheio de saudade

texto social em que estava inserido. O cantor presenciou as transformações da cidade. Os lugares que vivia e frequentava já não eram os mesmos, e também não são como os de hoje, como podemos identificar na música “Minha Cidade”. 5

vinham logo nos cuidar

Como é que querem que eu não vá chorar.


T

endo em vista a relevância da temática “cidade” na produção de Lupicínio Rodrigues busca-se apresentar nessa revista a ci-

dade de Lupicínio. Resgatar alguns dos lugares pelos quais Lupicínio andou

RECANTOS DE LUPICÍNIO Lupicínio Rodrigues nasceu na Ilhota (1914) onde atualmente localizam-se os bairros Cidade Baixa e Menino Deus. Antes disso, Arraial da Baronesa, Emboscadas, Areal da Baronesa e Ilhota foram alguns dos nomes que nominaram a área “situada ao sul da

colina

da

Rua Duque de Caxias”. Inicialmente um território rural, permeado de chácaras e sítios, banhado por um riachinho (atualmente o arroio dilúvio), habitado por negros e pessoas pobres oriundas do campo. Baronesa e Ilhota.

6 FOTO DE JULIANE ZILIO FLORES

FOTO RETIRADA DE http://grupomeme.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html

e se inspirou, ou o que restam deles.


L

upicínio cantou a cidade em seus versos mostrando as contradições existentes entre o campo e a cidade e as difíceis condi-

ções de vida das pessoas que moravam no bairro pobre como pode ser observado na letras das músicas “Ilhota” e “Felicidade”.

FOTOS DISPONÍVEIS EM http:// wilmarx.blogspot.com.br

Ilhota

Felicidade

Ilhota, minha favela moderna Onde a vida na taberna É das melhores que há, Ilhota, arrabalde de enchente E que nem assim a gente Pensa em se mudar de lá Ilhota do casebre de madeira, Da mulata feiticeira Do caboclo cantador. Ilhota a tua simplicidade É quem dá felicidade Para o teu pobre morador Na tua rua Joga-se em plena esquina Filho teu não se amofina Em sair pro batedor Nem mesmo a “justa” Vai visitar seus banhados Pra não serem obrigados A intervir em questões do amor

Felicidade foi se embora E a saudade no meu peito ainda mora E é por isso que eu gosto lá de fora Porque sei que a falsidade não vigora Lá onde eu moro tem muita mulher bonita Que usa vestido sem cinta e tem na boca um coração Cá na cidade se vê tanta falsidade Que a mulher faz sacanagem até dentro de pensão Felicidade foi se embora E a saudade no meu peito ainda mora E é por isso que eu gosto lá de fora Porque sei que a falsidade não vigora A minha casa fica lá detrás do mundo Mas eu vou em um segundo quando começo a cantar E o pensamento parece uma coisa à toa Mas como é que a gente voa quando começa a pensar Felicidade foi se embora E a saudade no meu peito ainda mora E é por isso que eu gosto lá de fora Porque sei que a falsidade não vigora Na minha casa tem um cavalo tordilho que é irmão do que é filho daquele que o Juca tem Quando eu agarro seus arreios e lhe encilho Sou pior que limpa trilho e corro na frente do trem Felicidade foi se embora E a saudade no meu peito ainda mora E é por isso que eu gosto lá de fora Porque sei que a falsidade não vigora

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P

ercorrendo as ruas da cidade, entre os bairros Cidade Baixa, Me-

nino Deus e Centro, ainda é possível identificar lugares frequentados por Lupicínio.

RESTAURANTE COPACABANA

Nosso itinerário propõe uma passagem pelo

Localizado na Praça Gari-

Restaurante Copacabana, pelo bar Chão de

baldi, 02 (continuação da

Estrelas (atualmente uma vidraçaria), restau-

Av. Venâncio Aires, es-

rante Dona Maria (atualmente uma loja). Ou-

quina com a Av. Érico Ve-

tros lugares homenageiam Lupicínio tais co-

ríssimo), no bairro cidade

mo: o bar criado por Lupicínio Rodrigues Fi-

baixa em Porto Alegre.

lho em homenagem ao pai – Se Acaso você chegasse, o Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, a Praça Lupicínio Rodrigues e o complexo conjunto habitacional Lupicínio Rodrigues.

8 MAPA DE JULIANE ZILIO FLORES

O Restaurante Copacabana é especializado em pratos italianos. Aos 72 anos de existência mantem a excelência no atendimento .

FOTOS DE Lenise

Di Domenico Colpo


LUPICÍNIO RODRIGUES E O COPACABANA

A

inda hoje no restaurante é possível conversar com

pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer

Lupicínio

e

o

descrevem:

“Boêmio, alegre, extrovertido... tudo era motivo para escrever samba.” (Eloi, comunicação pessoal, maio 2013). Lupicínio Rodrigues frequentava o restaurante Copacabana na década de 50. Encontramos no restaurante a indicação de que a composição do hino do grêmio

FOTOS DE Lenise

Di Domenico Colpo

foi realizada neste local.

“Lupi foi mais um dos grandes amigos que por aqui passaram. Uma de suas grandes paixões era o Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense. E foi aqui, em uma tarde de 1959 que o bonde estava de greve e haveria uma partida de futebol no Estádio Olímpico, então Lupicínio escreveu em uma mesa do Copa o início do hino do seu time do coração. "Até a pé nós iremos / para o que der e vier / Mas o certo é que nós estaremos / Com o Grêmio onde o Grêmio estiver...". Disponível em: <http://www.restaurantecopacabana.com.br/plupicinio.asp> Acesso em 04 maio 2013.

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A

o final foi composto o hino que embala os corações de milhares de torcedores, que eufóricos, cantam a canção e motivam

os jogadores do time amado a fazer cada vez mais do futebol arte um dos maiores espetáculos da terra.

HINO DO GRÊMIO Lupicínio Rodrigues Até a pé nós iremos Para o que der e vier Mas o certo e que nós estaremos Com o Grêmio onde o Grêmio estiver Até a pé nós iremos Para o que der e vier Mas o certo e que nós estaremos Com o Grêmio onde o Grêmio estiver 50 anos de glória Tens imortal tricolor Os feitos da tua história Canta o Rio Grande com amor Até a pé nós iremos Para o que der e vier Mas o certo e que nós estaremos Com o Grêmio onde o Grêmio estiver

Nós como bons torcedores Sem hesitarmos sequer Aplaudiremos o Grêmio Aonde o Grêmio estiver Até a pé nós iremos Para o que der e vier Mas o certo e que nós estaremos Com o Grêmio onde o Grêmio estiver Lara o craque imortal Soube seu nome elevar Hoje com o mesmo ideal Nós saberemos te honrar Até a pé nós iremos Para o que der e vier Mas o certo e que nós estaremos Com o Grêmio onde o Grêmio estiver Disponível em:http://letras.mus.br/lupciniorodrigues/682873/. Acesso em 05 jun. 2013.

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FOTOS http://gremiomontagens.blogspot.com.br/2010/1 1/wallpaper-lupicinio-rodrigues.html


CHÃO DE ESTRELAS

O

Chão de Estrelas

localizava-se no endereço da Rua Jo-

sé do Patrocínio 904, hoje o local abriga uma vidraçaria.

Frequentado por Lupicínio nos anos 50, o Chão de Estrelas era um bar onde se encontravam amigos que na noite se reuniam para uma conversa amiga na companhia de música ao vivo. O local possibilitava que os frequentadores mostrassem seus talentos musicais de forma espontâ-

FOTOS DE Lenise

Di Domenico Colpo

nea, ali Lupicínio cantou e encantou muitas vezes.

http://tecnicolor.art.br

“Eu não sou músico, não sou compositor, não sou cantor, não sou nada. Eu sou é boêmio.”

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RESTAURANTE DONA MARIA

Local de encontro de muitos que saiam de seus trabalhos e tinham, no Dona Maria, um local apropriado para um momento de descontração. Além dos bares frequentados por Lupicínio Rodrigues existem locais que homenageiam o compositor gaúcho como é o caso do bar temático Lupicínio Rodrigues.

Tive muitas namoradas na minha vida. Umas me fizeram bem, outras me

fizeram mal. As que me fizeram mal foram as que mais dinheiro

FOTO DE JULIANE ZILIO FLORES

L

me deram, porque as que me fi-

ocalizado na Rua José

zeram bem eu esqueci.”

Montaury, nº 120. Hoje é

sede de um “lojão”. Era reconhecido pela comida e shop de excelente qualidade. Um dos locais de Porto Alegre mais bem vistos na época. A receptividade era um fator considerado pelos frequentadores,

dona

Maria fazia um atendimento 12

personalizado. http://esquizofia.com


SE ACASO VOCÊ CHEGASSE Lupicínio Rodrigues Filho, mais conhecido como Lupinho inaugurou o bar Se Acaso você Chegasse em 2000. “Mantenho esta casa para manter viva a memória do pai”, FOTO DE JULIANE ZILIO FLORES

confessou Lupinho.

S

itua-se na Avenida Venâncio Aires, nº 866, no bairro Cidade Baixa.

O bar, segundo o filho de Lupicínio, faz uma homenagem ao nosso compositor. O espaço atrai públicos de todas as idades, com o objetivo de apreciar a música ao vivo. A programação é eclética e inclui, às segundas-feiras, tangos e boleros. Na primeira terça-feira de cada mês acontece um sarau com poetas e músicos, e, na penúltima sexta-feira de cada mês, há o encontro dos médicos que cantam. Às segundas e quartasfeiras, entre 18h e 21h, o espaço oferece aulas de dança de salão. A banda da casa embala os frequentadores e coloca todo mundo para dançar. FOTO DE JULIANE ZILIO FLORES

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O

bar é aconchegante, no

Lupinho falou um pouco so-

embalo da música ao vivo,

bre seu pai: “Ele conseguia extrair

casais dançam na pista o amor

do ser humano o que existe de pior

eternizado nas músicas de Lupicí-

na alma - o sofrimento – ou ama-

nio, como por exemplo em nervos

mos demais, ou odiamos demais.”

de aço (letra ao lado). Em suas pa-

Para seu filho, a filosofia da obra de

redes encontram-se fotos e diver-

Lupicínio Rodrigues era o “toque

sas homenagens à Lupicínio. Su-

da alma”.

bindo as escadas, no mezanino, é possível visualizarmos um memorial com objetos pessoais, como sapatos, chapéu, relógio e diversos Di Domenico Colpo

troféus.

NERVOS DE AÇO Lupicinio Rodrigues Você sabe o que é ter um amor, meu senhor? Ter loucura por uma mulher E depois encontrar esse amor, meu senhor, Ao lado de um tipo qualquer?

FOTOS DE Lenise

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor E por ele quase morrer E depois encontrá-lo em um braço, Que nem um pedaço do seu pode ser?

Em 2014 será comemorado o ano do Centenário de Nascimento de Lupicínio Rodrigues. Seu filho, Lupinho, em homenagem ao cente-

Há pessoas de nervos de aço, Sem sangue nas veias e sem coração, Mas não sei se passando o que eu passo Talvez não lhes venha qualquer reação. Eu não sei se o que trago no peito É ciúme, é despeito, amizade ou horror. Eu só sei é que quando a vejo Me dá um desejo de morte ou de dor.

nário, escreveu uma peça de teatro que estreou em São Paulo, neste ano, chamada “Vingança”, seguirá em cartaz no Rio de Janeiro e mais tarde em Porto Alegre. 14

Disponível em http://letras.mus.br/lupciniorodrigues/127284/. Acesso em 13 jun 2013.


PRAÇA LUPICÍNIO RODRIGUES E O CENTRO MUNICIPAL DE CULTURA, ARTE E LAZER LUPICÍNIO RODRIGUES

S

ituados no Bairro Menino Deus a Praça e o Centro Municipal

FOTOS DE Lenise

Di Domenico Colpo

de Cultura, Arte e Lazer localizam-se próximos ao lugar onde Lupicínio Rodrigues nasceu, na Travessa Batista, nº 97. (RODRIGUES FILHO, comunicação oral, maio de 2013).

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O

Centro Municipal de Cultu-

ra, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues está localizado na Avenida Érico Veríssimo, 307. denominação

Essa

se

deu

através da Lei Municipal 5775, de 21/07/1986, homenageando o consagrado compositor, gravado por grandes nomes da MPB. Fazem parte do Centro Municipal de Cultura: o Atelier Livre da Prefeitura; o Teatro Renascença; o Auditório Álvaro Moreyra e a Biblioteca Pública Municipal

Josué

Guima-

rães.

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FOTOS DE Lenise

Di Domenico Colpo


N

o saguão do CMC há uma área de aproximadamente

57m² destinados a exposições dos projetos selecionados nos editais, sob a responsabilidade do setor de Mostras e Exposições. Também são realizados lançamentos de livros e eventos de várias áreas. Encontram -se, também neste saguão, a Livraria Ilhota (que tem como objeto principal a divulgação e venda das publicações da SMS, como CD´s, livros e outros”), o Bar do Lupi e a direção do Centro Municipal de Cultura e Assessoria de Programação

FOTO DE JULIANE ZILIO FLORES

de eventos.

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COMPLEXO HABITACIONAL LUPICÍNIO RODRIGUES

L

ocalizado no Bairro Menino Deus, antiga Ilhota, o núcleo homenageia Lupi-

cínio Rodrigues. Entregue à população em 2001 é constituído

por

FOTOS DE Lenise

Di Domenico Colpo

(NALIN, 2007).

18

82

unidades

habitacionais

Três décadas após s morte, de Lupi, a prefeitura de Porto Alegre resolveu dar o nome dele a um conjunto de casas populares construídas num bairro da cidade, o núcleo habitacional Lupicínio Rodrigues. Os moradores do núcleo ou pessoas contratadas pela Prefeitura providenciaram a confecção de um vistoso painel em mosaico com quebras de azulejo, homenageando o compositor gaúcho na empena cega de uma das casas do conjunto.


À

s vésperas do centenário de Lupicínio Rodrigues, um

Um curioso compositor popular que não

tocava nenhum instrumen-

to além de caixa de fósforo”. Lupicínio rodrigues filho

compositor que engrandece nossa cultura, percebe-se que ele ainda vive em Porto Alegre, tanto nos luga-

REFERÊNCIAS

res quanto no coração das pessoas.

AGUIAR, Douglas Vieira de. Felicidade foi-se embora: o painel que homenageia Lupicínio Rodrigues esconde um gueto urbano. 2010. Disponível em : < http:// mosaicosdobrasil.tripod.com/id165.html>. Acesso em 27 maio 2013.

O itinerário aqui proposto, elaborado a partir do depoimento de pessoas que tiveram o privilégio de conviver com este ilustre artista, como por exemplo, seu filho Lupinho, o garçom Eloi, um frequentador do bar Copacabana – Marco, registra nossa homenagem.

FRYDBERG, Marina Bay. Lupi, Se acaso você chegasse : um estudo antropológico das narrativas sobre Lupicínio Rodrigues [manuscrito]. 2007. 175 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Porto Alegre, 2007. HISTÓRIA do Bairro Cidade Baixa. Disponível em: < http://www2.portoalegre.rs.gov.br/observatorio/ default.php?p_bairro=116&hist=1&p_sistema=S>. Acesso em 27 maio 2013. MÖLLERKE, Simone. Poética da Maloca: a Ilhota pelos [uni]Versos de Lupicínio Rodrigues. Disponível em: <http://aurbeurge.wordpress.com/tag/ sociologia-do-territorio-lupicinio-rodriguesidentidade-territorial/>. Acesso em 28 maio 2013. NALIN, Nilene Maria. Os significados da moradia: um recorte a partir dos processos de reassentamento em porto alegre. 2007. 174 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. PESAVENTO, Sandra. Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 27, n. 53, p. 11-23, jan./jun. 2007.

Foto e frase: http://papelalmaco.wordpress.com

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RODRIGUES FILHO, Lupicínio. Lupicínio Rodrigues: do amor, da lágrima, da paixão e da dor-de-cotovelo. Disponível em: < http://www.sbacem.org.br/index.php? option=com_content&view=article&id=71%3Alupiciniorodrigues&catid=36%3Anoticias&Itemid=50&lang=pt> Acesso em 12 jun 2013.


Entrevista com garçom ELOI MARTINS O garçom trabalha há 44 anos no Restaurante Copacabana. Que lugares o compositor Lupicínio Rodrigues frequentava? Restaurante Copacabana, onde compôs a letra do hino do time do Grêmio, e Chão de Estrelas, que hoje não existe mais. Características de Lupicínio? Um boêmio, alegre, extrovertido, tudo era motivo para escrever samba.

Entrevista com o Filho de Lupicínio Rodrigues Filho de Lupicínio Rodrigues, Lupinho, advogado e administrador, foi entrevistado pelo grupo no dia 27 de maio no Bar Se acaso você chegasse.

Onde Lupicínio morou? 20

Bairro da Ilhota, onde hoje é bairro Cidade Baixa e Menino Deus. Existe um condomínio homenageando Lupicínio Rodrigues. Existem outros lugares homenageando Lupicínio? Centro Municipal de Cultura e Lazer Lupicínio Rodrigues, recebe hoje o nome dele e a Praça Lupicínio Rodrigues. Que lugares Lupicínio frequentavam? Restaurante Copacabana; Chão de Estrela; Restaurante Dona Maria Como surgiu a ideia de criar um lugar como Se acaso você chegasse em homenagem ao compositor? A ideia surgiu para manter viva a memória do pai. O bar ganhou o nome da letra de uma música e existem muitos pertences para que todos conheçam um pouco da história dele. Como era seu Lupicínio? Uma pessoa calma, nunca brigava com as pessoas, falava pouco, silencioso, foi um grande compositor que tinha o dom de transformar em versos de músicas o verdadeiro sentimento das pessoas. Utilizava palavras fortes como, por exemplo: Vingança. Quais as expectativas em relação às homenagens que vão acontecer no ano de 2014? As melhores possíveis. Inclusive já está em cartaz uma peça de teatro em São Paulo chamada Vingança. Também estou envolvido com um filme e um livro que vai relatar a história do pai em comemoração aos 100 anos de idade. O filme e o livro serão lançados no Rio Grande do Sul e fora do estado.


AUTORES

Breno Lacerda Graduado em Letras pela FAPA, Especialista em Ensino de Língua e Literatura (FAPA), Mestrando em Memória Social e Bens Culturais no UNILASALLE. Professor da Faculdade . professorbreno@hotmail.com

Elise Maria Di Domenico Coser Graduada em Biblioteconomia pela UFRGS. Especialista em Gestão de Bibliotecas Universitárias (UFRGS). Mestranda Profissional em Memória Social e Bens Culturais no UNILASALLE. Bibliotecária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: emddcoser@gmail.com

Lenise Di Domenico Colpo Graduada em Biblioteconomia pela UFRGS. Especialista em Gestão Estratégica da Comunicação (IBGEN). Mestranda em Memória Social e Bens Culturais no UNILASALLE. Bibliotecária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. lenicolpo@gmail.com

Juliane Zilio Marto Flores Graduada em Turismo pela PUCRS. Especialista em Marketing (ESPM). Mestranda em Memória Social e Bens Culturais no UNILASALLE. Professora na Faculdade La Salle - Estrela. juliane@kittour.net

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EDITORIAL

EXPEDIENTE COORDENAÇÃO-GERAL Profª. Drª. Cleusa Maria Gomes Graebin Prof. Dr. Lucas Graeff EDITOR Prof. Dr. Lucas Graeff REVISÃO E DIAGRAMAÇÃO Breno Lacerda

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