Brazilian Magazine - N. 108

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Um simples envelope para proteger motoristas

Programa inovador procura educar e reduzir tensão na interação entre a polícia e motoristas com autismo

Pense Bem

Charlatanismo digital faz adoecer em busca da vida perfeita que não existe

Falando com Martha

A onipotência do pensamento

Toque no título das matérias para ler

2024 - V. 17 | N.108 Vencedora NE Ethnic Newswire Award 2008 Press Award 2010 | 2011 2012 | 2013

+ veja outros destaques desta edição

• eDITORIAL Direto da redação

It’s Fun to Be a Mom

Beauty & Fashion Sapatosbaixos estilosos e confortáveis

Pensando em Nossos Dias Opressão nunca mais a Primavera chegou, pelo menos, oficialmente

Artes & estilo de Vida

A Arte de Germano Munganga: Cores, Emoções e Autenticidade

Para ler

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Direto da Redação Editorial

Ao ser parado pela polícia, o nevorsismo já toma conta do motorista. O que eu fiz? É a primeira pergunta. e se o motorista for portador do espectro autista, e o policial não souber, a interação pode se tornar ainda mais difícil. Mas, em Massachusetts a polícial estadual anunciou uma nova iniciativa para ajudar nesse cenário. Os policiais começaram a implementar um programa para melhorar as interações com pessoas no espectro do autismo. Os motoristas participantes podem optar por colocar cópias da carteira de motorista, registro e cartões de seguro do carro dentro de um envelope azul, que funciona como uma dica visual para a polícia e outros funcionários de segurança pública durante paradas de trânsito estressantes e potencialmente perigosas. Os detalhes da iniciativa que merece aplausos estão na matéria de capa desta edição.

E tem mais! A eterna Miss Brasil e Miss Universo Martha Vasconcellos, na coluna Falando com Martha, traz um super texto sobre o onipotência do

pensamento, e como nossa mente é poderosa para construir ou destruir. Na coluna Beauty & Fashion, a jornalista Zenita Almeida aproveita a chegada da primavera, e traz dicas de sapatos baixos estilosos e confortáveis. Em Pensando em Nossos Dias, a jornalista e diretora do Grupo Mulher Brasileira, Heloísa Galvão, faz uma viagem ao passado histórico e lembra que opressão na sociedade atual nunca mais. Em Artes & Estilo de Vida, o nosso correspondente Wilson Smith nos brinca com a arte de Germano Munganga: Cores, Emoções e Autenticidade. Tem ainda a correspondente em Nova York, Manoela Maia, com dicas perfeitas para aproveitar a primavera, além do colunista Fabiano F., em Pense Bem, trazendo tudo sobre charlatanismo digital que faz adoecer em busca da vida perfeita que não existe. Leia e aproveite, esta edição está show!

E acompanhe ainda as notícias online no www.brazilianmagazine.net, e nas nossas mídias sociais pelo Facebook, Twitter e Instagram, e na Brazilian Magazine TV no YouTube (www.YouTube.com/BrazilianMagazineTV). And don’t forget BM in English!

Marcony Almeida & Mark Puleo

C o -E ditor E s

Co-Editores

Marcony Almeida & Mark Puleo

Repórter Especial em Nova York - Guest Writer

Manoela Maia

Repórter Especial - Guest Writer

Wilson Smith

Colunistas

Heloísa Galvão

Zenita Almeida

elisa Tristan-Cheever

Martha Vasconcellos

Fabiano F

Projeto gráfico e Direção de Arte

Cícero Rodrigues

DIReTÓRIO BM - Redação, publicidade e anúncios: 617-388-2865 / 617-417-6587 - Advertisement & Press Room

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Beauty

Sapatos baixos estilosos e confortáveis

Jornalista e colunista

Fotos: Divulgação

& Fashion
Zenita Almeida

Um look elegante e sofisticado para todos os dias são os saltos baixos. Seja onde for o seu trabalho, as empresas exigem um dress code que não estamos prontas para acatar, seja por combinar com o nosso estilo, seja por apenas querer algo mais confortável do que usar um salto alto oito horas por dia.

A sorte é que recentemente algumas empresas estão ficando mais flexíveis, e o mundo da moda também trouxe mais opções para começarmos a pensar em looks que podem ser bem glamorosos, elegantes e sofisticados sem precisar de um salto alto.

Sabemos que o balletcore continua em alta e as sapatilhas podem ser as nossas aliadas em um dia mais confortável, por mais polemico que seja esse calçado, seja agora revisitado traz opções para testarmos a tendência. Seja com uma sapatilha refinada ou mais simples, opção é o que não vai faltar.

No inverno, os mules são ainda mais aliados, principalmente para nos proteger do frio e trazer junto o conforto, enriquecendo desde os looks mais causais até os mais formais de alfaiataria, deixando tudo mais leve.

Quais desses looks vai fazer parte do seu guarda-roupa? Vale a pena investir nessa produção.

Pensando em Nossos Dias

Heloísa Galvão

Opressão nunca mais

Jornalista e Diretora-Executiva do Grupo Mulher Brasileira

Hoje vou falar de Memória, a memória que temos da nossa vida, dos parentes e amigos, a memória que construímos ao longo dos anos.

A memória política, a memória dos tempos de infância, dos tempos de escola e faculdade, do primeiro trabalho e do primeiro namorado, o primeiro sorriso da primeira filha.

Nós construímos muitas memórias ao longo da nossa vida, às vezes, até esquecemos de algumas, mas basta uma centelha e lá vem a memória caducar nossa saudade ou nossa tristeza. A minha centelha foi uma limpeza que resolvi dar no meu basement. À medida que eu ia desencaixotando coisas, foram pulando na minha frente fotos, pedaços de papel, cartões postais, cartas, escritas, rascunhos de aulas e de entrevistas feitas décadas atrás.

Acabei sentando no chão e deixei aquilo tudo reconstrui pedaços da minha vida. A limpeza do basement podia esperar, mas as histórias que aquelas fotos e papéis contavam, ah, essas eram inadiáveis.

Março é um mês, por si mesmo, cheio de lembranças. Tem o dia da mulher, tem um acidente muito sério que meu filho sofreu, tem a invasão pela imigração da fábrica Michael

Bianco em 2007, em New Bedford. Trezentos e sessenta e um imigrantes foram presos nas primeiras horas da manhã por um batalhão de 300 agentes de imigração. E tem o golpe militar que levou o Brasil a mais de 20 anos de ditadura. Os anos mais negros da nossa história e que quase se repetiram no dia 8 de janeiro de 2022.

Eu aposto que pelo menos a metade das leitoras e leitores desta coluna não têm ideia do que estou falando. Não tinham nascido ou eram jovens demais e nunca tiveram a chance de conhecer a verdadeira história do dia que durou 21 anos.

A batida da imigração e o golpe de 64 trazem memórias muito fortes. Em 2007, por exemplo, eu estava quase na fronteira do Canadá participando de um evento numa universidade. No café-da-manhã, alguém comentou que ouvira no rádio o anúncio da blitz da imigração. Confirmada a notícia, não tive dúvidas, expliquei para meus anfitriões que precisava estar em Massachusetts, pequei o carro e enfrentei a tempestade de neve que começara no dia anterior.

Dezenas de brasileiras e brasileiros estavam entre os presos, mães que não voltariam para casa naquele dia, crianças que não foram apanhadas na escola, famílias separadas sem dó nem piedade. Nessas horas você testemunha o melhor e o pior do ser humano. Muita gente ajudou a identificar quem eram as mulheres presas, as crianças e adolescentes largadas a esmo e muitos advogados abdicaram de seus honorários para defender e libertar mães e pais de família.

Um simples envelope para proteger motoristas com autismo

Programa inovador procura educar e diminuir tensão na interação entre a polícia e motoristas com autismo

e SP e CI al | Direto da Redação

A Polícia Estadual de Massachusetts começou a implementar um programa para melhorar as interações com pessoas no espectro do autismo, com base na legislação que obteve a aprovação do Senado em janeiro e permanece sob apreciação de um comitê da Câmara.

O s motoristas participantes podem optar por colocar cópias da carteira de motorista, registro e cartões de seguro do carro dentro de um envelope azul, que funciona como uma dica visual para a polícia e outros funcionários de segurança pública durante paradas de trânsito estressantes e potencialmente perigosas.

O envelope notificaria a polícia de que o motorista está no espectro e forneceria orientações sobre como lidar com certos comportamentos estressantes. Os motoristas também podem compartilhar informações de contato de emergência no envelope.

A vice governadora do estado, Kim Driscoll, elogiou a iniciativa que a Polícia Estadual desenvolveu com a Associação de Chefes de Polícia

de Massachusetts e grupos de defesa, durante um evento organizado recentemente no Palácio do Governor pela organização Defensores do Autismo de Massachusetts.

“Esta é uma iniciativa que reflete o profundo compromisso da nossa administração em apoiar programas que fortaleçam a inclusão, e apoiem a capacidade da aplicação da lei de satisfazer de forma mais eficaz as necessidades de cada membro da comunidade”, disse Driscoll.

O Senado aprovou no início de janeiro legislação para criar também um programa voluntário de envelope azul, orientando que os envelopes sejam disponibilizados nos cartórios de Registro de Veículos Automotores. O projeto de lei, apresentado pelo senador Jo Comerford e agora num Comitê da Câmara, não atribuiu uma responsabilidade específica para a Polícia Estadual usar os envelopes.

Com o destino do projeto de lei na Câmara incerto, as autoridades e os defensores avançaram com um próprio programa, que a administração Healey anunciou ao marcar o Mês de Aceitação do Autismo, em abril.

Os defensores do autismo alertam que a polícia, sem formação, pode interpretar mal o

comportamento dos indivíduos com espectrocomo bater as mãos, balançar o corpo ou repetir certas frases - e usar a força quando poderia ter sido evitada.

“Cabe a nós, como policiais e cuidadores compassivos da comunidade, reconhecer e mitigar os efeitos estressantes que a interação com um policial pode ter sobre uma pessoa com autismo”, coronel John Mawn, superintendente interino da Polícia Estadual, disse em um comunicado. “O Programa Envelope Azul é um passo importante em direção a esse objetivo”.

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Falando com Martha

Psicóloga, com Mestrado nos EUA, e Miss Universo 1968. Última brasileira a ganhar o título de mulher mais bela do mundo.

a onipotência do pensamento

Como já explicou Freud, a onipotência do pensamento é atrelada ao narcisismo, ou a um pensamento mágico. Isso na nossa realidade, não existe. Segundo pesquisas científicas, o pensamento tem início no córtex cerebral e fisicamente não é tangível, como as emoções.

Existem sim, pensamento crítico, lógico, criativo e prático, mas pensamentos não constroem o mundo. A superstição faz parte da vida dos humanos e é um mecanismo obsessivo, enquanto que nos indivíduos de estruturas histéricas, os pensamentos são dominados pela fantasia.

Alguns acreditam que com os pensamentos positivos teremos controle absoluto sobre os fatos de nossas vidas, quando sabemos que esses pensamentos não têm força no mundo real. Muitas vezes idealizamos situações que não se concretizam.

O que no máximo podemos acessar são nossas intuições, que tem como base nossas experiências vividas. As palavras e pensamen-

tos não dominam o universo, em fato essa é uma atitude e modo de pensar dos povos primitivos. Não temos super poderes, infelizmente.

O problema com o pensamento mágico, é que frequentemente nos deparamos com uma realidade diferente da que desejamos e imaginamos. Os humanos podem até acreditar que tem o poder de controlar as ações dos outros, como em um jogo de tabuleiro de xadrez. O problema é que esse poder absoluto e ilimitado é puro narcisismo e só existe na cabeça ou nas fantasias de quem os tem.

Enfim, desconfie dos humanos que se acham onipotentes. Normalmente são infinitamente narcisistas. Não existe essa história de eu penso e desejo e o meu pensamento se torna realidade. Portanto, fiquemos atentos aos charlatões e advinhos!

Fiquemos atentos aos livros de auto-ajuda baseados na imaginação do escritor. A vida não segue o curso que eu quero e determino. A vida segue o curso de acordo com a vontade de Deus, “seja feita sempre a Vossa vontade!”.

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A Primavera chegou, pelo menos, oficialmente! It’s Fun to Be a Mom
Repórter Especial em Nova York
Manoela Maia

O sol está radiante, mas o início da primavera ainda não trouxe o clima ideal. A estação que fica entre o inverno e o verão, e geralmente ocorre nos meses de março, abril e maio, chegou com temperatura de apenas 1°C e a tendência é diminuir ainda mais um pouco. Mas apesar das baixas temperaturas, Nova York está mais colorida do que nunca, com árvores florescendo e com os moradores ansiosos para iniciar as atividades ao ar livre.

Aestação chega às 23h06, hora do leste, marcando o fim do inverno e o primeiro dia da primavera no Hemisfério Norte. Normalmente, o equinócio cai no dia 20 do mês, mas por ser um ano bissexto veio um dia antes este ano. Para aqueles de levam a vida pelo princípio, nem 8 e nem 80, (nem pouco, nem muito), o equinócio da primavera é perfeito. Assim como no equinócio de outono, a primavera é quando obtemos aquele glorioso equilíbrio entre o dia e a noite em todo o mundo – desde o úmido equador até aos pólos gelados – com apenas cerca de 12 horas de cada um.

Ninguém passa pelos extremos como você vê no inverno ou no verão. Você já ouviu falar em “equinócio vernal”? Vernal vem do latim e significa “primavera”. Seria apenas um outro nome para o equinócio da Primavera, mas com o mesmo significado. O termo equinócio vem da palavra latina “equinoxium”, o que significa igualdade entre o dia e a noite. E você sabe por que isso acontece? A Terra gira ao longo de uma linha imaginária que vai do Pólo Norte ao Pólo Sul chamada de eixo, e esta rotação, vai nos dando o dia e a noite.

No entanto, de acordo com a NASA o eixo inclina-se 23,5 graus, isso posiciona um dos hemisférios do planeta a receber mais luz solar do que o outro durante metade da órbita anual em torno do Sol. Essa discrepância na luz solar é o que desencadeia as estações. O efeito atinge o seu máximo no final de junho e final de dezembro. Esses são os momentos em que as diferenças são mais extremas entre o dia e a noite, especialmente perto dos pólos. (É por isso que fica escuro durante tanto tempo todos os dias durante o inverno em lugares como a Escandinávia e o Alasca.)

Mas desde dezembro, você provavelmente notou que nossos dias ficaram mais longos no Hemisfério Norte e as noites mais curtas. E agora e a vez do equinócio da primavera! No futuro, o Hemisfério Norte estará mais exposto ao sol do que o Hemisfério Sul. É por isso que fica cada vez mais quente à medida que nos aproximamos do verão, que acontece em junho. E vale lembrar, nesta primavera, todos os olhos deverão estar voltados para uma previsão meteorológica específica: 20 dias após o equinócio de primavera, ocorrerá um evento astronômico raro no dia 8 de abril, quando um eclipse solar total cruzará a América do Norte.

A partir de agora é só preparar as cestas de picnic para apreciar as flores das cerejeiras japonesas em Nova York, Nova Jérsei ou em algum outro estado americano. Essa estação que traz a vitalidade de volta às cidades do hemisfério norte, faz muita gente acreditar que, além do florescimento na natureza, esse período também traz um significado muito especial de renovação e esperança.

E como dizia Nando Reis, em uma de suas músicas, “...sem regra e nem trégua, sem régua ou comparação, espera a primavera, se apronta que no fim das contas, na outra ponta vai ter alguém pra lhe dar a mão”.

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Fabiano F.

Charlatanismo digital faz adoecer em busca da vida perfeita que não existe Pense Bem

Repórter Especial

CEO, empresário, diretor, influencer, coach, diretor, líder e por aí vai. No mundo digital o que vale é o superlativo. Tudo ganha contornos de grandiosidade. O algoritmo aceita tudo. E como não há ninguém para checar os fatos, vendem-se mais “gatos por lebre” do que a gente imagina.

Descaradamente, há quem minta sem pudor sobre as próprias credenciais na tentativa desesperada de imputar-se valores e credibilidade que demandariam muito, mas muito esforço, estudo e doses de realidade. Não há nada de errado em se valorizar e dar peso ao próprio trabalho e conquistas. Aliás, que façamos isso de forma natural e responsável. Mas o buraco está mais embaixo. Num oportunismo desenfreado, muita gente tem inflado o ego com as nomenclaturas da moda em busca de redenção na selva capitalista em que vivemos. Basta abrir as redes sociais para constatar tudo isso no primeiro minuto de navegação. Seria coragem e ousadia ou desfaçatez e cara de pau mesmo?

O livre arbítrio está aí para ser usufruído. Cada um faz o que quer, do jeito que quer. Mas é fato: tem muita gente se enganando e enganando aos outros de forma totalmente irresponsável e desastrosa. Ao criar uma realidade paralela para si e vender isso como verdade, contribui-se para o adoecimento alheio. Sim, a mentira digital tem implicações maiores do que nossa malícia pode captar. Toda mensagem gera impacto. Todo conteúdo resulta num fim.

Padrões inalcançáveis de sucesso e felicidade são vendidos como se fossem uma receita de bolo. Nunca existiu tanta gente com “vidas incríveis”. Até há alguns anos somente a mídia convencional tinha responsabilidade nesse “me engana que eu gosto”. Mas agora, a artificialidade se alastrou de tal forma nas redes sociais, que as pessoas se tornaram personagens de si, com a dura tarefa de sustentar a mentira para não correr o risco de cair no ostracismo.

É um horror quando constatamos o quanto se mente por aí. Entendo que existe um “modelo de sucesso” vendido exaustivamente para gerar lucro. Embarca quem quer. Mas é assustador ver pessoas que você conhece, e sabe das verdadeiras lutas, mentido descaradamente

para tentar vender aquilo que não é. A confusão gerada entre a realidade e a projeção pode resultar em feridas profundas. Mas isso é papo para outro texto.

Voltando à lógica do “me engana que eu gosto”, é preciso ficar de olhos bem abertos para não cair nos engodos do marketing digital desenfreado. Não se trata de negar as ferramentas modernas de venda e troca de informações. Mas tem gente perdendo muito tempo e dinheiro, o que significa que do outro lado tem um punhado ganhando com as ilusões e carências alheias.

Cada um acredita e abraça a causa que quer. Mas já estamos crescidos o suficiente para começar a desconfiar um pouco mais nas “vidas perfeitinhas” compartilhadas por aí todos os dias. É preciso afinar o senso crítico, fugir dos deslumbramentos e se basear um pouco mais na realidade. Uma dose de ceticismo evita estragos emocionais e nos deixa muito mais no controle de nós mesmos. Ter os pés no chão nunca fez mal a ninguém.

Fabiano F. é jornalista e autor de livros como “Agora Vai” e “Enfrente”. Email: fabianoescritor@gmail.com

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a arte de Germano Munganga: Cores, emoções e autenticidade

Artes & estilo de Vida | Wilson Smith

Germano Pereira de Lira, atualmente aos 40 anos, conhecido artisticamente como Germano Munganga, nasceu na região centro-sul do Ceará, Brasil, mais precisamente em Cedro.

Sua paixão pelas artes foi despertada ainda na infância, quando, fascinado pela magia da televisão, encontrou nas cores e formas uma maneira de expressar seus sentimentos mais profundos. Foi assim que ele começou a desenhar, mergulhando em um mundo de imaginação e criatividade desde cedo.

A

mudança para Teresina, Piauí, marcou um novo capítulo em sua jornada artística. Apesar dos desafios enfrentados ao se deparar com realidades urbanas desconhecidas, Germano persistiu em seu caminho, alimentando sua paixão pelas artes visuais. Sua participação no curso técnico subsequente em artes visuais no IFPI em 2009 foi um marco, fornecendo-lhe as bases para explorar técnicas de desenho e pintura, enquanto continuava a desenvolver suas “mungangas” - uma expressão única de sua arte.

A escolha do nome artístico “Munganga” não foi por acaso. Em homenagem à sua mãe, Germano encontrou nessa palavra uma conexão com suas raízes e uma celebração de sua identidade cultural. Desde então, suas obras têm sido um reflexo de sua jornada pessoal, expressando emoções e experiências de uma maneira visceral e autêntica.

Seu processo criativo é tão único quanto suas criações. Germano descreve um ritual de perda proposital durante o processo de criação, onde se entrega ao caos das formas e cores para, eventualmente, encontrar a harmonia e a beleza em suas obras. É uma jornada de autodescoberta, onde cada pincelada é uma expressão genuína do seu fazer artístico.

“Meu processo criativo funciona de maneira simples e sem compromisso. Às vezes vou saindo com um traço ou uma mancha de maneiras aleatórias. Vou me perdendo no desenho, na pintura de propósito para depois me achar. É um processo difícil, mas de resultado orgulhoso. Às vezes fico impressionado sem acreditar direito que por causa daquela empreitada poderia sair algo tão legal e complexo. E a maioria das vezes dá certo... Sou um reciclador de sentimentos, tenho a sorte de expurgar o que eu sinto em forma de cores e traços e às vezes em forma de poema também”, relatou o artista.

A identidade de suas criações é multifacetada. Em suas obras, ele encontra uma maneira de transmitir mensagens complexas e universais, tocando em temas que vão desde a alegria

até a tristeza profunda, refletindo a riqueza e a diversidade da experiência humana.

Além de suas postagens no Instagram, @mun_ganga, as obras de Germano também podem ser encontradas no atelier de seu amigo e mentor, Weber, no bairro de Jaraguá, em Maceió. Seus murais pela cidade são testemunhos visíveis de sua contribuição para a paisagem urbana e cultural da região.

Ao refletir sobre o papel do artista na sociedade contemporânea, Munganga destaca sua importância com uma potência que traz luz no meio de tanta escuridão, especialmente durante tempos difíceis, como a pandemia.

Entre suas obras mais representativas está “O Mendigo”, uma tela que evoca uma gama

de emoções. Embora tenha sido vendida por necessidade financeira, Munganga confessa um certo ciúme por suas criações, como quem entrega parte de si mesmo ao mundo.

Residente em Maceió/AL desde 2013, ao longo dos anos, Munganga experimentou mudanças significativas em sua abordagem artística, desde ensaios na escrita de poemas até sua incursão no muralismo urbano. Sua mensagem para artistas iniciantes é clara: priorize sua autenticidade e satisfação pessoal na criação, pois é dessa fonte que surgem as obras mais poderosas e impactantes.

A arte de Germano Munganga é mais do que uma expressão estética; é uma jornada de autodescoberta e transformação cultural. Sua história inspiradora continua a ressoar, lembrando-nos do poder redentor da arte e da capacidade de cada indivíduo de encontrar sua voz única no mundo.

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