Brasil de Fato RJ - 223

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RIO DE JANEIRO

7 a 13 de junho de 2017

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Ano 5 | edição 223

Próxima greve geral será no dia 30/6

Diante do agravamento da crise no governo, após a divulgação das denúncias contra o presidente golpista, Michel Temer (PMDB), a expectativa é de que essa paralisação supere a greve geral do dia 28 de abril. O objetivo da greve é a luta contra as reformas trabalhista e Previdenciária. A nova bandeira estabelecida é a defesa das Diretas Já. GERAL PAG 4

TRANSPORTE NO RIO

CULTURA

RELIGIÃO

»»Prefeitura

»»Festa literária vai homenagear escritor

»»Homenagem póstuma será feita na Assem-

Impasse sobre o preço da tarifa de ônibus e empresas estão brigando na Justiça; ato vai acontecer nesta quinta (8) GERAL PAG5

Lima Barreto será estrela da Flip que denunciou injustiças sociais do seu tempo CULTURA E LAZER PAG7

Mãe Beata vai receber medalha Tiradentes bleia Legislativa do Rio nesta quarta-feira (7) GERAL PAG3


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 7 A 13 DE JUNHO DE 2017

EDITORIAL

Na Luta por 'Diretas Já' a história é nossa arma

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esde pequenos somos acostumados a ouvir que o Brasil é um país pacífico, que o povo brasileiro é tranquilo e alegre, e que nossa história é marcada por momentos de cooperação. É assim quando se conta a “descoberta” do Brasil pelos europeus, e como estes foram amigáveis ao trazer presentes para os índios, é assim quando se diz que nossa independência foi conquistada pela vontade de um único homem, ou quando a bondosa Princesa Isabel "deu", aos negros escravizados, a liberdade. Mas, durante todo este tempo, para onde foram os ex-escravos que após a abolição foram postos na rua sem casa, sem emprego, sem direitos? Por que mataram Zumbi? Onde estão os desaparecidos da ditadura militar? Onde estão seus carrascos? A história contada pelos poderosos sempre escondeu a participação do povo brasileiro nas lutas, na resistência e nas vitórias. Os que dominam zombam de nós ao afirmar que “o povo brasileiro não tem memória histórica”. Mas a pergunta que fica é: como será contada a história dos dias atuais? O Brasil passa hoje por uma profunda crise do sistema político, corrompido pela relação danosa entre empresas privadas e o Estado nacional. Para piorar, a elite deu um golpe contra a democracia e contra todos os trabalhadores, quando retirou do poder uma presidenta eleita pela vontade popular. Mas é também nestes tempos turbulentos que se abre a possibilidade de fazermos nossa própria história. Com a real chance de queda do presidente ilegítimo, o povo deve ir às ruas para exigir Diretas Já. Só eleições diretas podem tirar o Brasil da atual crise, recuperar a democracia e acabar com os planos dos poderosos que nos colocaram nesta situação.

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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Vivian Virissimo | CO-EDIÇÃO Fania Rodrigues | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Marcos Araújo | DISTRIBUIÇÃO Kleybson Andrade | COLABORAÇÃO: Mariana Pitasse, Mariana Rosalles e Vinicius Sobreira (texto), Pablo Tavares (diagramação)


GERAL

RIO DE JANEIRO, 7 A 13 DE JUNHO DE 2017

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Mãe Beata de Yemanjá deixa importante legado religioso e social Ialorixá receberá a Medalha Tiradentes na quarta-feira (7), às 10h, na Alerj, por iniciativa do deputado Marcelo Freixo (Psol) FANIA RODRIGUES

DO RIO DE JANEIRO (RJ)

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ulher, negra, cidadã com preocupações sociais e liderança religiosa importante. Assim será lembrada a Mãe Beata de Yemanjá, que faleceu no último sábado (27). Ela deixou um importante legado na defesa das religiões de matriz africana, na luta contra a intolerância religiosa e no combate à discriminação racial. Uma devota do candomblé, Mãe Beata era admirada por pessoas de variados setores da sociedade. “Ela

era uma das mais notáveis ialorixás do Rio Janeiro”, afirmou o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ). Para o padre católico Luís Corrêa Lima, a Mãe Beata de Yemanjá era fonte de inspiração, símbolo de resistência cultural e religiosa. “Sem dúvida ela exercia um papel de liderança. Além disso, uma mulher de fala amorosa e muito valorosa para a sociedade”, disse o padre, que também é professor de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ele explica ainda que participou, junto com a Mãe Beata, de algumas passeatas

dia”, destaca o líder religioso. Mãe Beata nasceu no Recôncavo Baiano e chegou ao estado do Rio no final dos anos 1960. Fundou o terreiro Ilê Omi Oju Aro, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em 1985, e o comandou até o último dia. O local virou patrimônio cultural e entrou para o mapa da cultura do estado do Rio. A ialorixá também foi presidente da ONG Criola (organização de mulheres negras), integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDIM e conselheira do Projeto Ató Ire – Saúde dos Terreiros e também da ONG Viva Rio.

PERGUNTA DA

DEMOCRACIA

90% dos brasileiros querem eleições diretas, diz pesquisa »»Um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, que entrevistou pessoas em todo país, mostra que caso Michel Temer deixe a Presidência 90,6% dos brasileiros preferem que seja feita uma eleição direta para escolha do novo mandatário do país. A esmagadora maioria da população é contra a realização de eleições

contra a intolerância religiosa, realizadas todos os anos, sempre em setembro, na orla de Copacabana. “Para além da questão religiosa, Mãe Beata de Yemanjá tinha uma preocupação social e desenvolvia muitos projetos comunitários de combate à pobreza. Seu legado é enorme, tanto do ponto de vista religioso e da herança ancestral, quanto do social”, destaca o babalaô Ivanir dos Santos, que conviveu de perto com ela. Para Ivanir, Mãe Beata nunca vai morrer. “Seu corpo se foi, mas ela continua entre nós, nos inspirando a cada

indiretas, feitas pelo Congresso Nacional. Além disso, Michel Temer foi desaprovado por 84% das pessoas ouvidas. Apenas 6,4% dos respondentes classificam o governo Temer como ótimo ou bom, contra 74,8% que o consideram ruim ou péssimo. O levantamento ouviu 2.022 pessoas em todo o país, de 25 a 29 de maio.

SEMANA

Você é a favor de novas eleições diretas?

MARIA DE FATIMA DA CONCEIÇÃO, trabalhadora informal (ambulante)

Eu sou a favor de nova eleição, que tenha nova "des-eleição", pra gente votar de novo. E Fora Temer, porque esse presidente só fez derrotar a pobreza e a população. Hoje em dia minhas filhas fazem faculdade por causa de Lula, do PT mesmo. Eles só querem afundar a gente que é ambulante, não querem deixar nem a gente trabalhar. E, na previdência, só querem aposentar quando a gente estiver de "cacetinho na mão", já tiver com um pé na cova, um dentro e o outro fora. Se aposentou num dia e no outro já está no cemitério.


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 7 A 13 DE JUNHO DE 2017 Divulgação

Centrais marcam greve geral para dia 30 de junho MARIANNA ROSALLES

DE SÃO PAULO (SP)

»»As

Caminhão do Peixe vende meia tonelada por semana, em Maricá Projeto da prefeitura oferece peixes frescos pela metade do preço encontrado no comércio local MARIANA PITASSE

DO RIO DE JANEIRO (RJ)

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epois de dois anos sem circular, o Caminhão do Peixe voltou às ruas de Maricá no último mês. De segunda a sexta-feira, ele passa por vários bairros da cidade, vendendo cerca de 1200 quilos de peixe fresco por dia e meia tonelada por semana. Entre eles, corvina, corvinota, tainha, xerelete e sardinha. Todos pela metade do preço encontrado no comér-

cio de Maricá. De acordo com o secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Julio Carolino, a população recebe muito bem o projeto. “O pescador consegue vender por um preço maior do que entregaria no mercado, enquanto o consumidor compra a preço popular. Também o peixe é sempre fresco, não trabalhamos com congelados”, explica. Além disso, os pagamentos podem ser feitos com o cartão Mumbuca, moeda social da cidade. Os peixes são mais baratos porque a Prefeitura não visa lucro com o projeto e consegue comprar direto do produtor. Também são oferecidos peixes de lagoa, que não são facilmente encon-

trados nas peixarias locais. Uma novidade para o projeto é que a Prefeitura autorizou a compra de um segundo Caminhão do Peixe. A ideia é que ele atenda outros bairros, que hoje não têm espaço na agenda semanal. O caminhão passa às segundas-feiras por Itaipuaçu e Inoã, nos condomínios Minha Casa, Minha Vida, intercalando as visitas entre os dois bairros a cada semana. Na terça, passa por Caju e Caxito, também alternando. Quarta-feira é a vez de São José do Imbassaí. Na quinta-feira, estaciona no Barraco e nas sextas no centro da cidade. As vendas começam às 9h da manhã nas segundas e 8h nos outros dias.

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Prefeitura autorizou a compra de um segundo Caminhão do Peixe

centrais sindicais se reuniram na manhã desta segunda-feira (5) e convocam todas as suas bases para uma nova greve geral, que será realizada no dia 30 de junho. A data ainda deverá ser referendada pelas categorias. Entre os organizadores estão a Central Única de Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Força Sindical, a CSP-Conlutas e outras associações sindicais. Diante do agravamento da crise no governo, após a divulgação das denúncias contra o presidente golpista, Michel Temer (PMDB), a expectativa é de que essa paralisação supere a greve geral do dia 28 de abril, como comenta o presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, em

conversa com o Brasil de Fato. Ele ressalta ainda que "o governo Temer é um colapso total, chegou ao fundo do poço e parece que não consegue mais levantar da sepultura". Os objetivos da greve é a luta contra as reformas trabalhista e Previdenciária. A nova bandeira estabelecida é a defesa das Diretas Já e o #ForaTemer se mantém como norte da mobilização: "A cada delação o Brasil vai aprofundando o seu grave quadro de instabilidade, é recorrente a necessidade de ganhar as ruas!" completa Araújo. Além da data da greve geral, as entidades divulgaram um calendário de lutas que envolve a convocação de plenárias, assembleias e reuniões por todo o Brasil, a produção de um jornal unificado, o esquenta para a greve geral com atos e panfletagens das centrais sindicais, e a paralisação em si, que está datada para 30 de junho.

Sindicalistas divulgam calendário de lutas e Greve Geral


GERAL

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RIO DE JANEIRO, 7 A 13 DE JUNHO DE 2017

Protesto contra aumento da passagem está convocado para esta quintafeira (8)

Briga pelo aumento da passagem continua na justiça Ônibus "lotados e caros" podem custar R$3,95 MARIANA PITASSE

O

DO RIO DE JANEIRO (RJ)

aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro ainda tem destino incerto. Depois da Justiça autorizar o reajuste da tarifa, de R$ 3,80 para R$ 3,95, a Prefeitura do Rio entrou com recurso que derrubou a decisão na última quinta-feira (1). Dessa forma, o aumento foi paralisado, enquanto a briga judicial continua. O novo preço passaria a valer a partir da terça-feira (6). “As empresas queriam adiantar o processo porque disseram que estão tendo prejuízos, mas os maiores prejudicados são

os usuários. O serviço dos ônibus no Rio é péssimo. Aqui em Jacarepaguá, 54 linhas foram cortadas e o BRT não consegue dar conta. Tem ainda muitos lugares que os ônibus não chegam ou param de passar em certo horário”, explica o advogado Charles Costa, membro do movimento “Luta pelo transporte Jacarepaguá”. O movimento foi criado por um grupo de moradores do bairro da zona oeste para discutir e reivindicar melhorias para o sistema de transporte público do Rio. “Esse é mais um aumento que vai pesar seriamente no bolso do trabalhador. Somos nós que pagamos a conta sempre e não é justo. Temos que resistir”, complementa Charles.

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Por isso, um ato contra aumento das passagens foi convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL). A manifestação vai acontecer na quinta-feira (8), a partir as 17h, na Candelária. O evento no Facebook tem quase 3 mil pessoas interessadas. De acordo com José Abraão, militante do MPL, a expectativa é que seja um grande protesto. “Não podemos confiar na decisão da justiça e nem no Crivella. As empresas de ônibus estão fazendo o que querem. No ano passado, o aumento foi 21,9% acima da inflação. Agora esse percentual, que já é exorbitante, pode ficar ainda maior. As pessoas estão sendo golpeadas por todos os lados, não estão aguentando mais”, garante o militante.

Na última semana, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) fez uma declaração pública pedindo que os empresários tenham bom senso e mantenham o valor da passagem. Disse ainda que as empresas de transporte não cumpriram a decisão judicial de garantir ar-condicionado em toda a frota e que o BRT gerou uma redução de custos para os empresários. “Tem uns seis meses que o Crivella só fala que está resolvendo. Está pior do que serviço de telemarketing. A prefeitura tinha que quebrar o contrato porque as empresas não estão cumprindo há anos. Depois decidir se mantém o transporte na mão do Estado ou faz outra licitação para novas empresas”, acrescenta Charles.

As empresas de ônibus do Rio, representadas pelos consórcios Internorte, Intersul, Santa Cruz e Transcarioca, alegam que vêm sendo prejudicadas pela prefeitura por conta da ampliação de gratuidades, congelamento do reajuste entre 2012 e 2014 e pela autorização de circulação de vans em itinerários parecidos aos percorridos pelos ônibus. “Esses empresários ainda não perceberam que a passagem mais cara gera um ciclo que faz mal a todo mundo. Menos pessoas utilizam os ônibus e com menos passagens vendidas, eles querem reduzir os custos, demitindo os trabalhadores e cortando linhas de ônibus. O resultado são viagens lotadas e caras”, acrescenta José Abraão.


ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 7 A 13 DE JUNHO DE 2017

Reforma trabalhista vai retirar direitos de jogadores Atletas se mobilizam para evitar retrocessos trabalhistas VINÍCIUS SOBREIRA

DE RECIFE (PE)

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rodada de abertura do Brasileirão entrou para história como um marco da mobilização dos atletas brasileiros. Jogadores de 36 das 40 equipes das séries A e B jogaram com uma fita preta amarrada ao braço para protestar contra a reforma trabalhista, proposta por Michel Temer (PMDB). Eles avaliam que as mudanças fragilizam a situação trabalhista dos jogadores, retiram direitos e reduzem o tempo de descanso e de férias. Na Câmara dos Deputados também tramita a Lei Geral do Futebol Brasileiro e no Senado a nova Lei Geral do Desporto, projetos que alteram a Lei Pelé e se somam a outras mudanças que podem afetar os trabalhadores. Segundo Ramon Ramos, 82% dos jogadores têm salário de R$ 1 mil, diz CBF

presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol de Pernambuco, as mudanças propostas em Brasília “são um desastre para os atletas”. Um dos destaques negativos da reforma trabalhista é o parcelamento de férias. “Muitos clubes vão dar 15 dias de férias após o campeonato regional e no fim do ano os jogadores só terão direito a mais 15 dias de descanso”, reclama Ramon. Hoje os atletas têm um mês de férias entre dezembro e janeiro. Há ainda mudanças sobre rompimentos não-justificados de contratos. Hoje, se um clube “dispensa” o atleta durante o contrato, deve pagar 100% do que o jogador receberia até o fim do acordo. Nas novas regras o atleta teria direito a apenas a 10%. Em 2016, levantamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mostrou que 82% dos jogadores no Brasil têm salário mensal de R$ 1 mil ou menos. Portanto, a retirada de direitos atingirá com mais força esses trabalhadores. Divulgação

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CULTURA & LAZER

RIO DE JANEIRO, 7 A 13 DE JUNHO DE 2017

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PITACOS CULTURAIS POR SHEILA JACOB

LIMA BARRETO será o escritor homenageado na Flip »»Saiu a progra-

Flup Pensa ajuda a formar escritores da periferia no Museu do Samba, na Mangueira Poeta mineiro Ricardo Aleixo é o convidado do encontro, aberto ao público, que acontece no sábado (10) MARIANA PITASSE

DO RIO DE JANEIRO (RJ)

O

próximo encontro do ciclo de formação de escritores da Festa Literária das Periferias (Flup Pensa) vai acontecer no sábado, dia 10. O convidado da vez será Ricardo Aleixo, poeta nascido na periferia de Belo Horizonte, conhecido por sua poesia falada. O encontro começa às 16h, no Museu do Samba, na Mangueira, zona norte do Rio. O evento é gratuito e a escolha do local foi pensada para facilitar o acesso de moradores da baixada, das favelas e das periferias da cidade. A Flup Pensa é um ciclo de debates que tem como objetivo ajudar a formar e lançar novos escritores das periferias cariocas. Depois dos debates, que acontecem até 24 de junho, serão selecionados autores para fazer parte da coletânea “Seis Temas à Procura de um Poema”. A publica-

ção será lançada na Flup, que vai acontecer em novembro, no Vidigal. “Fazemos essa formação porque a gente acredita que a nova produção da favela não pode ser igual ao resto da literatura brasileira, que é restrita a uma elite masculina e branca, que só trata dos assuntos deles”, explica o escritor Julio Ludemir, organizador da Flup. Mais de 150 escritores já foram revelados e 14 livros lançados pela Flup Pensa desde que começou, há seis anos. Entre eles, Raquel Oliveira, autora de “A número 1”, livro que conta história de um amor bandido e que vai virar filme. Raquel foi chefe do tráfico na Rocinha, nos anos 1980. “A literatura não pode excluir. Esse espaço que criamos com a Flup Pensa é muito importante porque faz com que os escritores saiam da solidão. Uma coisa é quando se começa a produzir sozinho, outra é quando começa numa turma”, conclui Julio.

mação da Festa Literária de Paraty (FLIP), um dos eventos de literatura mais importantes do país. Este é um dos momentos mais esperados por aqueles que são apaixonados pela leitura. Para este ano, o evento trouxe novidades muito significativas. Uma delas é o fato de que, pela primeira vez, há mais mulheres do que homens entre os convidados. O outro ponto positivo é a escolha do autor homenageado: Lima Barreto (que nasceu em 1881 e morreu em 1922) . O escritor, negro, denunciou em suas obras as injustiças sociais de seu tempo, principalmente o racismo, do qual foi vítima. Da sua revolta, fez nascer uma literatura de resistência. Nela, os protagonistas são os pobres, ne-

gros e trabalhadores, uma inovação para a época. Lima Barreto é, até hoje, considerado um dos principais cronistas do Rio de Janeiro. Em seus escritos, acomas Divulgação panhamos muitas transformações da cidade e vemos críticas a várias políticas que permanecem atuais, como, por exemplo, as remoções. Para além das obras de forte cunho social, o que a FLIP quer valorizar é o grande artista. O objetivo é mostrar alguém que soube apresentar as críticas de uma sociedade desigual com uma poderosa e rica expressão literária. Ler Lima Barreto é fazer justiça a um escritor que muito mereceu, mas não conseguiu ser reconhecido em vida.

Sheila Jacob é jornalista do Núcleo Piratininga de Comunicação e professora de língua portuguesa

Happy hour do Arco do Teles »»O Arco do Teles, próximo à Pra-

ça XV, já entrou para o roteiro dos melhores happy hour do Centro do Rio. A cerveja gelada, a sardinha frita, o sambinha de raíz e a arquitetura antigada ajudam a criar um clima gostoso. Os bares da rua ficam lotados, principal-

mente nas sextas. Se quiser conferir é só chegar ali no final da rua do Ouvidor na esquina com a rua do Mercado, de segunda a sexta, a partir das 17h30. O programa é ideal para aquele final de tarde, enquanto espera o trânsito desengarrafar.


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CULTURA & LAZER

RIO DE JANEIRO, 7 A 13 DE JUNHO DE 2017

Fotos Divulgação

Camila Pitanga »»A permanência de Michel Temer é insustentável. Eleições dire-

tas são o princípio da democracia. Um Congresso com tantos investigados não tem qualquer valor moral ou legitimidade junto ao povo para essa tomada de decisão. Então, vamos nos unir? O ódio que se viu entre brasileiros nos últimos meses só serviu para tornar nossas reivindicações menos potentes. Vamos nos unir. Todos pelo direito de pensar e decidir nosso futuro.

Elisa Lucinda »»Não importa em quem você

votou. O que importa é que a gente não pode deixar nas mãos desse Congresso sujo o futuro do Brasil. Quem vai decidir o futuro do Brasil? Nós. O direito de votar é nosso.

Artistas soltam o verbo e saem em defesa de eleições diretas Nas redes sociais, nas ruas, teatros e shows, artistas brasileiros têm se manifestado sobre o atual momento político e defendido eleições diretas como a única saída possível para tirar o Brasil da crise em que se encontra. Por serem admirados por um grande público, os artistas têm um papel importante na defesa da democracia. Assim como ocorreu na época da ditadura militar, agora muitos saem em defesa de eleições diretas. Foi assim no ato realizado em Copacabana e tem sido assim em outros espaços também. Veja o que alguns deles andam dizendo por aí.

Letícia Sabatella »»Nada de indiretas. Existe

uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) a ser aprovada que pode garantir diretas já. Nosso direito de ter eleições diretas e não retrocedermos ao ponto de ter eleições indiretas. Chegou a hora de nos unirmos por essa causa. Diretas, já!

Patrícia Pillar‫‏‬

»»Até quando esse presidente ilegítimo vai usar o cargo pra fazer tudo o que quer para defender a si próprio e seus comparsas???

Outros artistas como Débora Falabella, Marjorie Estiano, Leandra Leal, Humberto Carrão, Beth Carvalho e Elza Soares também manifestaram sua ingnação nos últimos dias e postaram frases com a #ForaTemer. Taís Araújo e Lázaro Ramos entoaram “fora, Temer”, com o teatro lotado, no Rio de Janeiro.

Milton Nascimento, no twitter »»"Tenha fé em nosso povo

que ele resiste!", postou na redes, depois do show em defesa das eleições diretas, em Copacabana.

Tico Santa Cruz »»O Brasil está cansado de

toda essa polarização. Está na hora de a gente se unir em torno de uma pauta comum: nosso direito de votar. Artistas, professores, intelectuais, coronéis que pensam diferente estão conversando nesse sentido É normal em uma democracia a gente ter pessoas de direita e de esquerda. Vamos nos encontrar para colocar em pauta as diretas, já.


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