Edição especial - Outubro/22

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QUAL A RELAÇÃO ENTRE OS ESPORTES E O EVANGELHO?

Valores difundidos pelo esporte estão bem próximos de algumas lições valiosas da Bíblia. ESPORTES, PÁG 12.

COMO A CRISE ECONÔMICA DO GOVERNO BOLSONARO AFETA AS PEQUENAS IGREJAS?

Desemprego e perda de renda entre os fiéis derruba arrecadação e coloca em risco atividades religiosas e solidárias. ESPECIAL, PÁG 7.

QUE TAL UM ENROLADINHO DE GOIABADA?

Aprenda a receita fácil, rápida e afetiva que fica ótima acompanhada de um cafezinho.

CULTURA & LAZER, PÁG 11.

"PINTOU UM CLIMA": POR QUE FALA DE BOLSONARO SOBRE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE MENINAS NÃO É PIADA?

Estudo aponta que entre 2017 e 2020, 62 mil crianças de até 10 anos foram vítimas de estupro em todo o Brasil. ESPECIAL, PÁG 5.

ESPECIAL EDIÇÃO ESPECIAL Ano 9 outubr o de 2022 distribuição gratuita brasildefatorj.com.br /brasildefatorj fato_rj brasildefatorj
INDICAR OU FAZER PRESSÃO POR VOTO NAS IGREJAS É CRIME? Especialistas explicam até onde vai a liberdade das instituições religiosas. Saiba como casos podem ser denunciados em canal evangélico. ESPECIAL, PÁG 3.
Cristof
Stache/AFP
Mauro Pimentel/AFP Divulgação
Pixabay

Fake news: Lula é favorito entre os presos?

Apoiadores e a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) vem tentando emplacar a ideia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria o can didato favorito dos presos. Os da dos usados para comprovar o argu mento, no entanto, não tem validade porque vem de sites regionais e re latórios de urnas de presídios, mas não apresentou um relatório con solidado dos votos de todas as ca deias do Brasil.

Além disso, no Brasil, presos pro visórios mantêm o direito de votar, mas aqueles que já tiveram a senten ça transitada em julgado perdem o direito do voto.

Por isso, o Tribunal Superior Eleito ral (TSE) mandou suspender as pro pagandas da TV e das redes sociais.

Segundo dados do TSE, 12.693 pre sas e presos provisórios em todo pa ís estão com sua inscrição eleitoral regularizada, podendo assim votar. Um levantamento do Conselho Na cional de Justiça (CNJ) revela que, até o dia 30/09/2022, havia 909.061 pessoas presas. Desse total, 44,5% são presos provisórios.

Para Mayra Balan, advogada da Pastoral Carcerária Nacional, isso acontece porque não há interesse do Estado em garantir este direito.

“O Estado, aliado ao senso comum que este mesmo produz, entende que o que é de interesse de pessoas presas é diametralmente oposto ao interesse das ‘pessoas de bem’. Por isso, há a racionalidade punitiva de

De uma população de cerca de 404.452 presas e presos provisórios, apenas 3,13% desse total pôde exercer o seu direito ao voto nestas eleições.

que pessoas presas - ainda que sem condenação, como é o caso dos pre sos provisórios - não podem votar”.

Os presos já sentenciados têm seus direitos políticos suspensos, não po dendo votar; da mesma forma, os sobreviventes do sistema que saem da prisão endividados por conta da pena de multa não podem votar en quanto não quitarem a dívida.

“O Art. 15, inciso III da Constitui

ção Federal prevê a suspensão dos direitos políticos enquanto dura rem os efeitos de condenação cri minal transitada em julgado. A pe na de multa é um desses efeitos. No caso do tráfico de drogas - crime que mais afeta a população prisional brasileira, especialmente as mulhe res - a menor pena de multa prevista é de 500 ‘dias-multa’, que é a unida de usada para designar de 1/30 avos até 5 vezes o salário mínimo vigente na data do crime” - explica Mayra.

Ela afirma que muitas pessoas condenadas ficam anos sem votar, já que devem ao Estado quantida des exorbitantes de dinheiro que são impossíveis de serem quitadas. “A pessoa, além de sair com o estigma de sobrevivente do sistema prisio nal, tem também de lidar com a dí vida imposta pelo Estado”, conclui.

Carolina Dias, Joaquín Piñero (in

Antonio Neiva (in

Mário Augusto Jakobskind (in

Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in

Cláudia Santiago, Gerson Castellano, Carolina Proner, Maíra Marinho, Pablo Vergara, Olímpio

dos Santos, Silas Evangelista, Valéria Zacarias e Cristina Valle | EDIÇÃO: Mariana Pitasse | SUBEDIÇÃO: Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO: Catia Alves | DISTRIBUIÇÃO: Caroline Otávio | REDAÇÃO: Clívia Mesquita, Jéssica Rodrigues, Jaqueline Deister, Luiz Ferreira e Lucas Maia | DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga, Pablo Tavares e Érico Lebedenco.

EDIÇÃO ESPECIAL OUTUBRO DE 2022ESPECIAL2 redacaorj brasildefato.com.br www.brasildefatorj.com.br (21) 99373 4327 /brasildefatorj brasildefatorj fato_rj CONSELHO EDITORIAL:
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Alves
Não há dados que comprovem a afirmativa feita pela campanha de Bolsonaro na TV
Marcelo Camargo/Agência
Brasil

Indicar ou fazer pressão por voto nas igrejas é crime?

Especialistas explicam até onde vai a liberdade das instituições religiosas; casos podem ser denunciados em canal evangélico

Nas últimas semanas, cenas de patrões co agindo e chantagean do trabalhadores dentro das empresas e de pastores pres sionando fiéis e fazendo a de fesa do voto em Jair Bolsona ro (PL) a partir da dissemina ção de mentiras e de infor mações falsas (as fake news) contra o candidato Luiz Iná cio Lula da Silva (PT) se tor naram ainda mais comuns.

Em alguns casos, frequenta dores de igrejas têm sido obri gados a declarar voto em Bol sonaro e quando manifestam o desejo de votar no petista, são humilhados ou mesmo expulsos de algumas congre gações. Alguns destes relatos estão chegando ao Observa tório de Crimes Eleitorais em Igrejas e Abuso Pastoral sobre

a Liberdade de Voto, organiza do pela Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

Em apenas uma semana, o canal de WhatsApp, cria do há alguns dias para de núncias, recebeu quase 30 relatos de abusos de líderran ças religiosas que pedem vo tos em Bolsonaro, xingam e proferem mentiras contra o adversário, fazendo uso da autoridade para impor visões de mundo e de política.

"A gente tem casos de pas tores que usam o púlpito e de

pessoas que sofrem com a co ação dos próprios irmãos, de não poderem se manifestar porque aquela comunidade vai votar no Bolsonaro por pressão do pastor, pastores que estão em situações mui to difíceis porque são pressio nados a revelarem o voto, en tre outros", afirma Fernanda Fonseca, integrante da Frente. Fernanda informou ainda que as pessoas pedem para não terem as identidades re veladas com receio de pas sarem por mais problemas

dentro das igrejas. Ela con tou que as denúncias e re clamações de abusos dentro das igrejas, tanto de pastores e padres e outros líderes reli giosos quanto de irmãos são todos referentes a Bolsonaro.

O observatório está regis trando as denúncias no site do Pardal, do Tribunal Supe rior Eleitoral (TSE) e envia os re latos para um grupo de advo gados que fazem a triagem do que vai ser encaminhado pa ra o Ministério Público Federal (MPF) e o que vai ficar no TSE.

O QUE DIZ A LEI?

»Especialista em direito elei toral, o advogado Fernando Neisser explicou ao Brasil de Fato que o artigo 37 da Lei Geral das Eleições veda qual quer tipo de propaganda do gênero em igrejas, fábricas, lojas, estabelecimentos co merciais e industriais em ge ral, assim como em museus

e cinemas, por exemplo.

"Esses locais são conside rados para a legislação elei toral bens de uso comum e, portanto, está absolutamen te proibida a realização de qualquer propaganda eleito ral no interior desse tipo de estabelecimento, seja a dis tribuição de materiais, seja o

pedido de voto positivo para que se vote em alguém, seja o pedido de voto negativo para que não se vote em al guém", afirma Neisser.

Segundo o advogado, a pena prevista para a condu ta é uma multa de no míni mo R$ 5 mil, além da cessa ção imediata do ato. Ele

acrescenta que há agravan tes, quando há recursos fi nanceiros envolvidos e quan do o fato repercute de forma considerável na eleição. "Isso pode levar à configuração de abuso de poder econômico e, em tese, à cassação daque les candidatos considerados beneficiários".

IGREJA NÃO É PUNIDA

»Para a professora de Direito Eleitoral da Universidade do Es tado do Rio de Janei ro (Uerj), Vânia Aieta, é preciso deixar cla ro que não existe na lei o crime de abu so de poder religioso e que não há punição prevista para a igreja, e sim multa imputada às pessoas físicas en volvidas em abuso de poder econômico. "Não pode haver pro paganda eleitoral den tro da igreja porque isso é uma norma vio ladora da propaganda eleitoral. Se houver toda uma engenharia comprovada de pres são em cima do eleitor, carta do pastor ou de qualquer outro líder re ligioso, toda uma me cânica de obtenção de voto usando a igreja, aí pode haver um caso de abuso do poder econô mico, com punição do candidato como bene ficiário e o líder religio so como partícipe, mas a igreja não pode ser punida", explica a pro fessora da Uerj.

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Carl de Souza/AFP Em apenas uma semana, o canal de WhatsApp recebeu quase 30 denúncias
COMO DENUNCIAR? É possível fazer denúncias anônimas pelo canal de WhatsApp (11) 98431-5637, da Frente de Evangélicos pelo Estado do Direitos.

Crescimento da informalidade: trabalhador de entregas relata precariedade após acidente

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua

meses para conseguir ficar em pé novamente.

Douglas de Souza, 39 anos, trabalhou durante 15 anos como motoboy pelas ruas da região metropolitana do Rio de Janeiro. A realidade dele é parecida com a de aproximadamente 1,5 milhão de brasileiros que trabalham com transporte de passageiros e entrega de mercadorias no Brasil.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, até

A crise econômica empurrou a população para a informalidade

o final de 2021, 61,2% eram motoristas de aplicativo e/ ou taxistas; 20,9% entregavam mercadorias via motocicletas; 14,4% atuavam como mototaxistas e o restante exerciam a atividade de entrega de mercadoria via outro meio de transporte.

A pandemia, o desemprego e a crise econômica empurraram parte da população para a informalidade.

Os serviços “sob demanda”,

como as populares entregas, ganharam mais fôlego nos últimos anos e as empresas de tecnologia consolidaram a “uberização” como um novo modelo de negócio que alia flexibilidade com perda de direitos trabalhistas.

Douglas sentiu na pele o preço de uma relação precária de trabalho. Em 2020, o motoboy estava se deslocando para fazer uma en-

Trimestral realizada pelo IBGE, até agosto, a taxa de informalidade para o Brasil foi de 40% da população ocupada.

As maiores taxas ficaram com Pará (61,8%), Maranhão (59,4%) e Amazonas (57,7%) e as menores, com Santa Catarina (27,2%), São Paulo (31,1%) e Distrito Federal (31,2%).

trega por uma plataforma digital quando sofreu um grave acidente no município de Niterói, na região metropolitana do Rio, ao ter a visão comprometida pelo sol e colidir na traseira de um veículo. Douglas fraturou a bacia, precisou colocar placas e parafusos para fixar os ossos e levou sete

“Eu tenho sequelas, não posso pegar um trabalho que pegue peso porque eu tenho ferro na cintura. Tenho um ferro segurando o quadril com dois parafusos de cada lado”, explica. Sem seguridade social, o motoboy contou com o apoio de amigos que fizeram uma vaquinha e também com sua família durante todo o período de recuperação. Segundo o entregador, foi preciso acionar a justiça para assegurar uma indenização da plataforma para a qual prestava serviço.

“Depois eu voltei a trabalhar, mas comecei a sentir muitas dores, fiquei com trauma de acontecer outro acidente comigo. Voltei a trabalhar na plataforma mesmo, mas não foi a mesma coisa, você fica até mais desolado, desanimado”, desabafa o motoboy que hoje administra a carreira do filho que atua na categoria de base de um time de futebol no Rio.

» Carregando uma dívida por mais de dois anos, o estudante de engenharia metalúrgica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e diarista nos fins de semana Luiz Arthur da Cunha Covas, de 30 anos, morador de Campo Grande, na zona Oeste do Rio de Janeiro, faz parte dos 79,3% da população brasileira que não conseguem mais pagar as próprias contas .

Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), setembro foi o mês com o tercei-

“Nos endividamos para sobreviver”, diz jovem que integra 80% da população com dívidas

Pesquisa aponta que endividamento atinge patamar recorde entre mais pobres do Brasil

"No início da pandemia, eu trabalhava como motorista de aplicativo, mantinha um carro alugado. De repente, ficou inviável a ponto de eu não conseguir nem pagar o aluguel do carro, essa foi uma das dívidas que adquiri. Para continuar me mantendo, sobreviver, adquiri outras dívidas com cartão de crédito e até com empréstimo", conta Luiz Arhur.

dos afetam, sobretudo, o orçamento das famílias de menor renda, ao encarecerem as dívidas já contraídas.

Em setembro, a proporção de endividados entre os consumidores com renda inferior a 10 salários mínimos aumentou 0,4% e atingiu 80,3%, o maior patamar da série histórica da Peic.

ro aumento consecutivo em 2022 do endividamento, que inclusive atinge a população mais empobrecida do pais .

O comunicado da CNC divulgado na última semana ressaltou que a pesquisa observou que o alto nível de endividamento e os juros eleva-

Desde o início da pesquisa, em 2010, o mês de setembro teve o índice mais alto destes últimos 22 anos no volume de consumidores que atrasaram o pagamento de dívidas, com a taxa em 30%.

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Marcello Casal Jr.-Agência Brasil
População mais pobre está mais endividada
Jaqueline Deister
Cerca de 1,5 milhão de brasileiros trabalham no ramo no país

“Eu parei a moto nu ma esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunida de. E vi que eram meio pa recidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. To das venezuelanas. E eu per gunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arruman do no sábado para que? Ga nhar a vida”

Esse é um trecho da fala do presidente da Repúbli ca e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) durante uma entrevista ao canal do YouTube Paparazzo Rubro -Negro no dia 14 de outu bro. O tema da exploração e violência sexual de crian ças e adolescentes tem um custo alto para a socieda de brasileira que não con segue garantir a proteção necessária para um desen volvimento seguro de me ninas e meninos durante a infância e adolescência.

De acordo com os dados do “Panorama da violência letal e sexual contra crian ças e adolescentes no Bra sil”, produzido pelo Fun do de Emergência Inter nacional das Nações Uni das para a Infância (Uni cef) e pelo Fórum Brasi leiro de Segurança Públi ca, entre 2017 e 2020, foram registrados 179.277 casos de estupro ou estupro de vulnerável com vítimas de até 19 anos – uma média de quase 45 mil casos por ano. Crianças de até 10 anos re presentam 62 mil das ví timas nesses quatro anos, ou seja, um terço do total.

“Pintou um clima”: por que fala de Bolsonaro sobre exploração sexual de meninas não é piada?

COMO DENUNCIAR?

Disque 100: a denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa; Polícia Militar - 190: quando a criança está correndo risco imediato; Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres; Conselhos Tutelares; WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008 e Ministérios Públicos.

Em mais de 80% dos casos a violência é praticada contra meninas

EROTIZAÇÃO DE CRIANÇAS

» Diante deste cenário, falas de autori dades públicas que prezam pela espe tacularização e erotização de um tema doloroso para muitas famílias, refor çam estereótipos e contribuem para o fortalecimento da cultura do estupro.

Na avaliação de profissionais da saúde que atuam no atendimento a ví timas de violência sexual e também de lideranças religiosas que zelam pela garantia do bem-estar de crianças e adolescentes, a declaração do presi dente da República contribui para "se xualizar" os corpos de meninas, indo na contramão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e dos próprios ensinamentos de Jesus Cristo que sem pre colocaram as crianças em lugar de cuidado e proteção.

“É como se imputassem a elas uma malícia muito grande. E ele [ Bolsona ro] usa esse discurso ao falar delas,

‘estavam bonitinhas’, joga nas meni nas uma projeção da malícia dele sobre os corpos delas. Isso tem sido brutal para quem acompanha casos de vio lência”, explica Cida Alves, psicóloga da Gerência de Vigilância das Violên cias e Acidentes da Secretaria Muni cipal de Goiânia.

Um pastor da Igreja Metodista que prefere não se identificar, avalia que o uso político-partidário afasta a popu lação do debate sério realizado por uni versidades e organizações não gover namentais (ONGs).

“A gente precisa entender que a vio lência contra a criança é seríssima no Brasil. Não é com piada e brincadeiras, com alarmismo que vamos cuidar disso. Vamos cuidar disso com estudo sério, mas infelizmente virou um caso para eleição, político-partidária, é lamentá vel”, afirma o líder religioso.

ACOLHER E PROTEGER

» Diante de um cenário alarmante e que, na maioria das vezes, o agres sor é um familiar ou alguém próximo à vítima, como a sociedade e, princi palmente as comunidades religiosas, devem agir?

Para o pastor metodista, a igreja deve ter compromisso com os ensi namentos de Cristo e estar sempre ao lado da criança. “A igreja deve atuar acolhendo a criança que, porventu ra, tenha sofrido algum tipo de abuso e violência e também na denúncia no Conselho Tutelar, de maneira que essa situação não se repita e que esse ciclo de violência seja rompido. É muito importante acolher e apoiar a criança que é vítima”, salienta o pas tor que afirma ainda o cuidado que a igreja deve ter na seleção dos adul tos que realizam atividades com as crianças na comunidade religiosa.

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Estudo aponta que entre 2017 e 2020, 62 mil crianças de até 10 anos foram estupradas no Brasil

Entenda por que a prática flerta com ilegalidades e com a corrupção

Oorçamento Secreto está produzindo um rastro de destruição em áreas sensíveis do Es tado brasileiro, como saú de e educação, já comba lidas com a perda paulati na de recursos, em função do teto de gastos. Recur sos que iriam para políti cas públicas, por exemplo, foram desviados para aten der ao apetite por emendas da base aliada do presiden te Jair Bolsonaro no Con gresso Nacional.

No episódio mais recen te, o governo Bolsonaro bloqueou mais R$ 2,4 bi lhões de recursos que se riam destinados ao Minis tério da Educação (MEC) deste ano. A verba vai para parlamentares aliados apli carem como bem entende rem, em mais uma mano bra do chamado orçamen to secreto.

A manobra é resultado de um governo fraco, que pre cisou do Congresso para não investigar seus crimes de responsabilidade que po deriam levar a um impeach ment. Desse modo, o Exe cutivo passou a subordinar grande parte do Orçamen to da União passou ao pre sidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lira coordena o esquema e sentou em cima de mais de 140 processos de impeachment contra o atual presidente. Por meio dessa barganha que fere os prin cípios republicanos, Lira recebeu somente neste ano R$ 492 milhões em emen das para aplicar nos seus re dutos eleitorais. Como re

OS “VENCEDORES”

»O Orçamento Secreto explica, em parte, porque o Brasil votou em Lula, mas deu ao PL de Bol sonaro a maior bancada de depu tados federais.

Além das suspeitas de corrup ção e dos desvios de finalidade, o Orçamento Secreto é um dos fa tores que contribuiu para o cres cimento das bancadas dos parti dos do chamado Centrão – como o PL, PP, e Republicanos. O PL, por exemplo, conquistou 33 ca deiras nas eleições de 2018. Com a janela partidária, o partido de Bolsonaro subiu para 76, antes da eleição. Mas no domingo (2), o par tido elegeu 99 deputados para a próxima legislatura.

O que é o orçamento secreto?

sultado, ele viu sua votação crescer mais de 50% nas úl timas eleições, na compara ção com pleitos anteriores.

Ignorando critérios téc nicos, esses recursos são aplicados ao sabor dos in teresses dos parlamentares agraciados com as chama das “emendas de relator”. É possível saber quanto cada parlamentar recebeu. No en tanto, não há transparência, e não se pode saber ao certo onde foi aplicado o dinheiro.

A votação de Bolsonaro, que teve cerca de 51 milhões de votos no primeiro turno, por si só, não explica o crescimento da banca da do seu partido. Fosse assim, o PT, que elegeu 68 deputados, de veria ter ficado com mais de 100 cadeiras na Câmara. Isso porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve mais de 57 milhões de votos, 6 milhões a mais que Bolsonaro.

Assim, uma das causas da di ferença do tamanho das banca das entre os dois partidos é o Or çamento Secreto, que serviu para irrigar candidaturas de aliados do presidente, e não da oposição.

“MAIOR ESQUEMA DE CORRUPÇÃO DO PLANETA”

»De acordo com a senadora Simone Tebet (MDB-MT), “po demos estar diante do maior esquema de corrupção do planeta Terra”. Em entrevis ta recente ao podcast Flow, a então candidata à presidência – que agora declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo tur no – explicou o funcionamen to do esquema.

Ela citou o caso, revelado pela revista piauí, do municí pio de Pedreira (MA). Com 39 mil habitantes, para justifi car as emendas recebidas via Orçamento Secreto, a prefei tura informou que realizou mais de 540 mil extrações dentárias.

“Então posso estar falando de uma nota fria onde digo ‘fiz tal coisa, me paguem’. Não

estou falando daquela coisa de levar 10%, não (super faturamento). Estou falan do de uma nota inteira. O dinheiro pode ter saído de Brasília, chegado lá e ter ido para o bolso de alguém. Não tem sentido as meno res cidadezinhas do Mara nhão receberem os maio res recursos desse orça mento”, criticou Simone.

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Nelson Almeida/AFP

Como a crise econômica do governo Bolsonaro afeta manutenção de pequenas igrejas?

Desemprego e perda de renda entre os fiéis derruba arrecadação e coloca em risco atividades

Diante da atual crise econômica no país, que afeta sobretudo a população mais humilde, igrejas evangélicas de bairros na região metropolitana do Rio de Janeiro e na capital têm enfrentado dificuldade para fechar as contas a cada mês. Fatores como desemprego, pandemia e a perda de renda entre os fiéis derrubaram a arrecadação de congregações que existem há mais de 10 anos, segundo relatos de pastores ouvidos pelo Brasil de Fato.

É o caso da Comunidade Batista de São Gonçalo, que depende da contribuição dos membros para manter o espaço onde acontecem as reuniões todo domingo pela manhã e à noite. O pastor Júlio Cesar, que deu início ao projeto em 2010, explica que a falta de recursos é uma realidade cotidiana nas pequenas igrejas. E isso se agrava ainda mais pela condição econômica dos fiéis.

"Não estamos ligados a nenhuma denominação funda-

mentalista, somos uma igreja independente, embora Batista.

Fomos profundamente afetados por esses tempos confusos e difíceis economicamente. Vimos nossa gente ficar sem trabalho, outras adoecerem", conta o pastor acrescentando que a dificuldade financeira também compromete atividades de formação religiosa.

Júlio é teólogo, atuou como missionário na revitalização de igrejas no município de São Gonçalo e fundou o Instituto Casa Comum durante a pandemia. A organização sem fins lucrativos atende a população mais vulnerável na região com projetos sociais de combate à fome, geração de renda e educação.

"Da manutenção, da existência da comunidade em si, mensalmente a gente vive essa situação de algumas ações ainda estarem na tentativa. Acabamos diminuindo algumas atividades que a gente tinha projetado. Sofremos com a perda de algumas pessoas que acabaram não voltando no meio da pandemia e essa crise toda", lamenta o pastor.

IMPACTO DAS ELEIÇÕES

» Já para a Igreja Batista da Orla Oceânica, em Niterói, a queda na receita significou fechar as portas do templo. Sem dinheiro para o aluguel da sede, a solução foi começar a realizar atividades híbridas, com transmissões online e comunhões itinerantes. Alternativa que igrejas menores passaram a adotar a partir da pandemia.

"No começo do ano já começamos a sentir o peso dos custos, reajuste de aluguel, perda de renda dos frequentadores, o poder aquisitivo dos irmãos não acompanhou o aumento das despesas. Tivemos que entregar o imóvel que estava alugado, fazer a doação da nossa mobília para ONGs que trabalham com ação social. Agora é aguardar passar isso tudo para ver o que vamos fazer", lamenta o pastor Irenio Chaves.

O líder religioso conta que a congregação sofreu o primeiro impacto nas finanças na campanha presidencial de 2018. Segundo ele, a igreja foi cobrada a assumir uma

posição político-partidária contrária à leitura do evangelho e perdeu membros que apoiavam o então candidato Jair Bolsonaro (PL).

"Nossa mensagem é do evangelho da esperança, da graça, do perdão, do acolhimento, do amor. É o evangelho que a gente conhece e prega. Um grupo queria que a gente assumisse uma posição em favor do bolsonarismo e saiu. Era esse o grupo de maior poder aquisitivo. Deu um baque na igreja mas o grupo que ficou sustentou o trabalho", afirma Irenio, pastor há 40 anos.

"Diria que em torno de 40% da igreja não se dobrou a esse tipo de mentalidade, e não aceita esse discurso político-partidário que tomou conta da igreja, essa perseguição declarada a pessoas que defendem os mais vulneráveis. É uma minoria dedicada, fiel, e que está fazendo a diferença graças a Deus. Sustenta a obra. E o tempo da esperança está voltando em nome de Jesus", completa.

SUSTENTO MATERIAL E ESPIRITUAL

» A Primeira Igreja Batista em Manguinhos, que abrange um complexo de favelas na zona norte do Rio, completou 51 anos no mês de outubro. Antes da pandemia, a congregação evangélica tinha mais de 200 membros e conseguia custear a sede, contribuir com ações de solidariedade e cestas básicas.

Em pouco mais de dois anos, porém, contas básicas como de água e energia começaram a pesar no orçamento. Isso porque a igreja perdeu fiéis para outras denominações que não cumpriram o protocolo sanitário e permaneceram abertas no auge da pandemia.

“Hoje se tivermos uma entrada mensal de R$ 3 mil é muito. Com esse valor não dá para fazer nada,

mal pagar as contas. Temos, água, energia, condomínio, material de limpeza. Por outro lado, a sociedade olha para a igreja como seu porto seguro”, pondera Reinaldo.

A crise adiou os planos de construir um anexo onde funcionaria um departamento de educação religiosa integrado à comunidade de Manguinhos. Mesmo nos momentos mais difíceis, o pastor enfatiza que “Deus move todas as coisas para dar respostas às nossas necessidades e anseios”.

“Nosso maior objetivo é buscar esse sustento, quer seja espiritual ou material, para as famílias. De uma certa forma nos sentimos até impotentes porque a questão apenas espiritual não consegue suprir as necessidades materiais”, reflete.

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Miguel Schincariol -AFP

Há três décadas, grupos de evangélicos se uni ram em defesa de uma ética cristã em contraponto à instrumentalização abusiva da religião na política nacio nal. Estas articulações gera ram apoio evangélico à cam panha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições dire tas de 1989, as primeiras para a Presidência do Brasil após a ditadura militar, conforme destaca o texto da colunista da Carta Capital, Magali Cunha, jornalista e colaboradora do Conselho Mundial das Igrejas. Lula, na época, era acusa do por expressiva parcela de religiosos das mesmas polê micas que estão sendo reto

DE VOLTA AO PASSADO: a necessidade reler o Decálogo do Voto Ético Cristão

Como convite à reflexão, confira a íntegra do texto publicado em 1994 mas que continua atual

madas hoje e que não foram confirmadas durante seus mandatos como presiden te: de ser promotor do co munismo, perseguidor de igrejas que visava fechá-las e pôr fim à liberdade religio sa e de expressão.

Dessa união de grupos evangélicos contra a instru mentalização do voto evan gélico, foi escrito e publicado em 1994 o Decálogo do Vo to Ético Cristão, reproduzi do naíntegra a seguir como um convite para a reflexão.

Confira:

5A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil impõe que não sejam conduzidos processos de apoio a candidatos ou partidos dentro da igreja, sob pena de constranger os eleitores (o que é cri minoso) e de dividir a comunidade;

8Os votos para Presidente da República e para cargos majoritários devem, sobretudo, base ar-se em programas de governo, e no conjun to das forças partidárias por detrás de tais candida turas que, no Brasil, são, em extremo, determinan tes; não em função de “boatos” do tipo: “O candida to tal é ateu”; ou: “O fulano vai fechar as igrejas”; ou: “O sicrano não vai dar nada para os evangélicos”; ou ainda: “O beltrano é bom porque dará muito pa ra os evangélicos”. É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de li mitar a liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso, é válido observar que aqueles que espalham tais boatos, quase sempre, têm a intenção de indu zir os votos dos eleitores assustados e impressiona dos, na direção de um candidato com o qual este jam comprometidos.

1O voto é intransferível e inego ciável. Com ele o cristão expres sa sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a com preensão que o cristão tem de seu Pa ís, Estado e Município;

3Os pastores e líderes têm obri gação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com discernimento. No entanto, a bem de sua credibilidade, o pastor evita rá transformar o processo de elucida ção política num projeto de manipu lação e indução político-partidário;

2O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a realida de social, mesmo que um líder da igre ja tente conduzir o voto da comunidade noutra direção;

4Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráticos. Portanto, melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar é organizar debates multipartidários, nos quais, si multânea ou alternadamente, represen tantes das correntes partidárias possam ser ouvidos sem preconceitos;

6Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e compro metidos com as causas de justiça e da verdade. E mais: é funda mental que o candidato evangélico queira se eleger para pro pósitos maiores do que apenas defender os interesses imedia tos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica. É óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão político-institucional. Todavia, é mesquinho e pe queno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político de fé evangélica tem que ser, sobretudo, um evangélico na po lítica e não apenas um “despachante” de igrejas. Ao defender os direitos universais do homem, a democracia, o estado leigo, entre outras conquistas, o cristão estará defendendo a Igreja.

9Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: “o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto”, é compreensível que dê um “voto de confiança” a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. Entretanto, é de bom alvitre con siderar que ninguém atua sozinho, por melhor que seja o ir mão, em questão, ele dificilmente transcenderá a agremiação política de que é membro, ou as forças políticas que o apóiam.

10Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina.

7Os fins não justifi cam os meios. Por tanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa de que um evan gélico político votou de de terminada maneira porque obteve a promessa de que, em assim fazendo, conse guiria alguns benefícios pa ra a igreja, sejam rádios, con cessões de TV, terrenos pa ra templos, linhas de crédi to bancário, propriedades, tratamento especial peran te a lei ou outros “trocos”, ainda que menores. Con quanto todos assumamos que nos bastidores da polí tica haja acordos e composi ções de interesse, não se po de, entretanto, admitir que tais “acertos” impliquem na prostituição da consciência cristã, mesmo que a “recom pensa” seja, aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Jesus Cristo não aceitou ganhar os “reinos deste mundo” por quaisquer meios, Ele prefe riu o caminho da cruz.

REDAÇÃO RIO DE
(RJ) EDIÇÃO ESPECIAL OUTUBRO DE 2022ESPECIAL8

Lula divulga carta para evangélicos lembrando respeito à liberdade religiosa em seus governos

REDAÇÃO

Acampanha de Luiz Inácio Lula da Sil va divulgou na úl tima quarta-feira (19) uma carta escrita aos evangélicos pelo candi dato do Partido dos Tra balhadores à presidência da República. Nela, o pe tista afirma que a gran de maioria dos brasilei ros e brasileiras sabe de seu respeito pelas liber dades coletivas e indivi duais, "particularmente pela Liberdade Religio sa", ressalta o documento. Segundo Lula, "o mes mo respeito e o mesmo compromisso" que o mo tivaram a apoiar conquis tas do povo evangélico pautam agora sua cam panha e a possibilida de de um novo governo a partir de 2023. Ele lem bra, na carta, de algumas dessas conquistas a par tir de atos e decisões de quando governou o Bra sil, entre 2003 e 2010.

"Como todos devem se lembrar, no período de meu governo, tivemos a honra de assinar leis e decretos que reforçaram a plena liberdade religio sa. Destaco a Reforma do Código Civil assegurando a Liberdade Religiosa no Brasil, o Decreto que criou o dia dedicado à Marcha para Jesus e ainda o Dia

Nacional dos Evangélicos", diz o candidatono texto.

Alvo de notícias falsas que estão sendo dissemi nadas em grupos religio

samente com o objetivo de provocar medo nas pesso as de boa fé, e afastá-las do apoio a uma candida tura que justamente mais as defende". Ele argumen ta que isso o fez ter a ne cessidade de reafirmar seu compromisso.

condições de enviar mis sionários para outros pa íses", assinala.

promisso de fortalecer as famílias para que jo vens sejam mantidos lon ge das drogas, com juven tude na escola, na inicia ção profissional, realizan do atividades esportivas e culturais para que te nham mais oportunida des e exerçam cidadania "de forma produtiva, sau dável e plena".

Lula finaliza a carta di zendo que o respeito à fa mília sempre foi um valor central em sua vida, "que se reflete no profundo amor que dedico à minha espo sa, aos meus filhos e netos. Por isso compreendo o lu gar central que a família ocupa na fé cristã" e acres centa que não há contradi ção em ser cidadão e cris tão, "quando o propósito é servir, buscando a paz e o entendimento".

sos nas últimas semanas, Lula menciona a campa nha contra ele e "um perí odo em que mentiras pas saram a ser usadas inten

"Todos sabem que nun ca houve qualquer ris co ao funcionamento das Igrejas enquanto fui Pre sidente. Pelo contrário! Com a prosperidade que ajudamos a construir, foi no nosso Governo que as Igrejas mais cresceram, principalmente as Evan gélicas, sem qualquer im pedimento e até tiveram

O petista diz, ainda, que reconhece o papel que os evangélicos têm cumpri do em todas as regiões do Brasil. Segundo ele, a atu al situação do país tem si do o foco de preocupação também de "Irmãos e Ir mãs que trabalham ativa mente nas suas comunida des com a propagação do Evangelho e com o cuida do do povo, dedicando-se a tornar mais leve os far dos espiritual e social de milhões de pessoas".

Na carta, o candidato também assumiu o com

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA NO SITE DO BRASIL DE FATO

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Petista disse que não há contradição em ser cidadão e cristão "quando propósito é buscar paz e entendimento" Na carta, o candidato também assumiu o compromisso de fortalecer as famílias brasileiras Ricardo Stuckert
Segundo Lula, o mesmo respeito e compromisso que o motivaram a apoiar conquistas dos evangélicos pautam agora sua campanha

Rock gospel do Oficina G3 desembarca em turnê na zona portuária

Cantores gospel lançam música de protesto contra Bolsonaro

“Messias” é parceria de Leonardo Gonçalves, Kleber Lucas e outros artistas

» Os cantores gospel Leonardo Gonçalves e Kleber Lucas, em parceria com Dona Kelly, Clóvis, Sarah Renata, Tiago Ar rais, João Carlos Jr. e o rapper MN NC, lançaram na última segunda-feira (17) a canção “Messias”, que faz fortes críti cas ao presidente Jair Bolsonaro e ao bol sonarismo nas igre jas evangélicas.

Após 5 anos longe dos palcos, a banda de rock gospel Oficina G3 anuncia uma reunião de sua for mação clássica para uma série limitada de shows comemorativos aos 20 anos do icônico álbum “Humanos”.

As apresentações no Rio de Janeiro, da turnê que passa por várias capitais bra sileiras, serão no próximo sábado (22) e no dia 29, na casa Sacadura 154. O local fica na Rua Sacadura Cabral, 154, na zo na portuária da capital, a partir das 19h.

Retornando com os integrantes da clássica formação que marcou a vira

da do milênio (PG no vocal; Juninho na guitarra; Duca no baixo; Jean nos teclados; Waltão e Luffe dividindo as baterias), o repertório do show passa rá pelos principais clássicos da histó ria da banda.

Com mais de 100 mil copias vendidas, “Humanos” recebeu disco de ouro, di versos prêmios e uma extensão turnê pelo Brasil.

Esta provavelmente será a única e úl tima oportunidade de prestigiar ao vivo as duas maiores bandas de rock gospel do país, com suas formações clássicas.

Exposição gratuita no centro do Rio apresenta os grafites lúdicos dos Gêmeos

» Os 214 anos do prédio do Centro Cultural Ban co do Brasil (CCBB) estão sendo comemorados com a exposição gratuita “Os Gêmeos: nossos segredos”, da famosa dupla de artistas Gusta vo e Otávio Pandolfo, paulistanos conhecidos mundialmente pelos traços inconfundíveis.

A exposição vai até 23 de janeiro e conta com quase mil itens, que revelam vida e obra dos artistas brasileiros.

Telas emprestadas de colecionadores fazem

Em um dos tre chos iniciais, os ar tistas afirmam que “a religião que Deus pai aceita é aquela que cuida do órfão, do gay, do preto e da mulher” e fazem alu são a lideranças religiosas bolsonaristas como “mercadores do templo”: “E já que é pra seguir o exemplo, então é hora de ex pulsar esses mercadores do templo”.

A música afirma que há “um falso pânico moral promovido pelos donos de igreja que tiveram o perdão de uma dívida de R$ 1,4 bilhões decretado pelo presidente da república”. A le tra de “Messias” lembra que a pandemia da covid-19 e a falta de empatia de Bolsonaro na época.

“Alguém aliás, que com quase 700 mil mortos / Não foi ca paz de uma palavra de solidariedade / Um mínimo de empa tia / Um olhar sequer de misericórdia ou compaixão / E a gen te que não é cristão? Tá bom”, cantam os artistas, na música que já chegou ao YouTube.

parte do conjunto de peças expostas. A mos tra apresenta também projeções de imagens de obras urbanas, trabalhos que em gran de parte foram apagados pelo tempo ou por motivações de naturezas diversas, como de cisão de gestores.

O trabalho de Gustavo e Otávio ganhou desta que quando os artistas começaram, no início de 1990, a produzir diversos tipos de arte, com des taque para os grafites nas laterais dos edifícios. Exposição da dupla é gratuita e vai até o dia 23 de janeiro

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Banda faz dois shows, o primeiro é com grupo Fruto Sagrado Show comemora 20 anos de lançamento do álbum “Humanos” Música foi lançada na última segunda-feira (17) Divulgação Divulgação Lost Art

DICAS MASTIGADAS ENROLADINHO DE GOIABADA

» Que tal um enroladinho de goiabada? Aprenda a receita fácil, rá pida e afetiva.

A receita é de Letícia Massula e é fácil e rápida de fazer. A cozi nheira afetiva registra que aprendeu a fazer o enroladinho de goia bada na adolescência, vendo algum programa de receita na TV. Ela destaca que vendia o enroladinho no recreio da escola.

INGREDIENTES

• 500g de farinha de trigo;

• 250g de manteiga;

• 1 xícara (chá) de leite;

MODO DE FAZER

» Misture a farinha com a manteiga, o fermento e o leite. Amasse até formar uma bola de massa. Deixe descansar meia hora dentro de um saquinho.

» Enrole tubinhos da massa, achate -os com o rolo de massa.

» Coloque no centro das tiras de massa bastõezinhos de goiabada

• 1 colher (sopa) fermento em pó químico;

• Goiabada de corte para rechear.

de corte. Enrole a goiabada com a massa, com o cuidado de não deixar buraquinhos por onde a goiabada escape.

» Asse em forno pré-aquecido na potência média, entre 10 e 15 minutos até dourar.

» Corte os tubinhos e passe no açúcar. Bom apetite!

Esta receita foi enviada pelos alunos do curso de gastronomia da UFRJ. Eles participam do projeto Convivium (@convivium.ufrj), que tem uma parceria com o Armazém do Campo, na Lapa, onde algumas das receitas são oferecidas aos sábados. Compartilhe com a gente a sua receita!

CAÇA-PALAVRA

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

WWW.COQUETEL.COM.BR

www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL

Dois serviços oferecidos pelos Correios

Letra do infinitivo Italiana (?)-food, comida Oficina de artistas

Guloseima apreciada por crianças Favorece a proliferação de piolhos

Laço que é especialidade do marinheiro Repartição que revista malas na fronteira

Tornar os cabelos mais claros

Nome da letra "R" Excitação animal (pl.)

Purificador de água Giselle Itié, atriz

Ferramenta para serrar

Luta (fig.)

Corridas de cavalos Letra feia, malfeita

Cobrador de juros abusivos (pl.)

Prisão de castelos medievais Criança, no Candomblé (bras.)

Que satisfazem o paladar

Som har mônico (Mús.)

Existe Pão de (?), espécie de bolo

Pedra; rochedo Terceira vogal

Prefixo de "enlatado" Adiar

Lugar onde se ajusta o cinto

Que possui asas

Imaginário Flor-de-(?): açucena

Imitar o cão Pertencente a ela

Equivale a 1.000 kg (abrev.) Instrumento de percussão Aquele que trabalha em minas Divisão de jogos de videogame

Opõe-se à poesia (Lit.)

4/fast.5/agogô—ítala.6/páreos.7/estúdio.8/protelar.

Selton Mello, ator Irmãos do pai

Solução

RDORANEMI AOSPRSEFA

RITLAEDAL

OLAERRRI

MTSGOGOA

OSOSICILDE

HACOARLH

ASOTGIEA

EDIÇÃO ESPECIAL OUTUBRO DE 2022 CULTURA & LAZER 11
BANCO 31 PCBS AEGNDFAAL RARULORA REERALAIT OROCLSTFA
NOEDITUSE CMSPERE
Cozinha da Matilde

PAPO ESPORTIVO

LUIZ FERREIRA

ESPORTE, EVANGELHO E O EXEMPLO QUE VEM DO CAMPO, DA ÁGUA E DAS PISTAS

Compromisso. Esforço. Trabalho. Perseverança. Humildade. Respeito. Tolerância. Amizade. Honra. Amor ao próximo.

Quem acha que o esporte não passa de mera atividade física para quem quer entrar em forma ou de entretenimento para as tardes de domingo precisa rever alguns conceitos.

Pense um pouco mais e você vai perceber que vários dos valores difundidos pelo esporte (seja ele qual for) estão bem próximos de algumas lições valiosas que aprendemos na nossa querida Bíblia. Duvida?

Na última segunda-feira (17), durante a cerimônia de entrega da Bola de Ouro da Revista France Football, o senegalês Sadio Mané (jogador do Bayern de Munique) conquistou o “Prêmio Sócrates” pelas ações solidárias que realiza no seu país.

Nos últimos três anos, Mané inaugurou uma escola na vila onde nasceu, fez doações para o governo de Senegal para ajudar no combate ao novo coronavírus e ainda participa de mais uma série de projetos sociais.

Vamos dar um pulinho no Evangelho de Mateus, mais precisamente no capítulo 25 e nos versículos de 37 a 40:

“Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber?

E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos?

E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”

A atitude de Sadio Mané e de vários outros profissionais do esporte que se preocupam com seu próximo e que buscam fazer aquilo que gostariam que fizessem com se encaixa perfeitamente nessa passagem.

Valores difundidos pelo esporte estão bem próximos de algumas lições valiosas da Bíblia

Imaginem, por exemplo, o que seria de medalhistas olímpicos como Rebeca Andrade e Isaquias Queiroz se não fosse a mão amiga de pessoas com mais posses e mais condições de ajudar e lapidar esses talentos.

Um outro exemplo (não tão agradável como o de Sadio Mané) vem do futebol brasileiro. As brigas em Recife e em Fortaleza e a

invasão de torcedores na Ilha do Retiro e na Arena Castelão lembra uma das passagens mais marcantes do Evangelho de Mateus, no capítulo 26 e versículos 50 a 52.

“Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.

E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.

Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.”

O esporte na sua essência está muito mais próximo dos ensinamentos do Cristo que muita gente pensa. Cada gol, cada ponto, cada recorde e cada volta olímpica traz um ensinamento que pode ser facilmente encontrado na Bíblia.

Seja com Sadio Mané ajudando sua gente em Senegal ou com os projetos sociais descobrindo novos valores. Ou com o exemplo de paz e de preocupação com o próximo que algumas das nossas torcidas ainda precisam aprender. Tudo está interligado. Basta ter olhos de ver e ouvidos de ouvir.

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Sadio Mané venceu prêmio Sócrates da Bola de Ouro pelas ações sociais que realiza em Senegal Reprodução / Instagram
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