Brasil de Fato RJ - 288

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RIO DE JANEIRO Ano 6

edição 288

8 a 14 de novembro de 2018

distribuição gratuita

brasildefato.com.br

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@Brasil_de_Fato

RJ

EMERGÊNCIA NA

ÁRBITRO DE VÍDEO É REQUISITADO PELOS CLUBES

SAÚDE DO RIO

Saiba mais sobre polêmica envolvendo a tecnologia e também sobre a rodada da semana dos times cariocas. ESPORTES, PÁG 12. Staff Images / CBF

Nesta semana, a crise na saúde pública do Rio de Janeiro ficou em evidência mais uma vez. No último sábado (3), o Hospital Lourenço Jorge, da Prefeitura do Rio, sofreu com um incêndio que deixou pelo menos quatro mortos. Após o incêndio, a Prefeitura anunciou um corte de mais de R$ 725 milhões no orçamento da saúde para 2019, que pode atingir cerca de 550 mil pessoas. Saiba mais na reportagem do Brasil de Fato. GERAL, PÁG 5.

“ARPILLERAS: BORDANDO A RESISTÊNCIA” ESTREIA NO RIO

Mostra problematiza o modelo energético e os direitos das populações atingidas por barragens através da arte. Guilherme Weimann

CULTURA & LAZER, PÁG 8.

MESMO SEM VIRAR LEI, ESCOLA SEM PARTIDO JÁ PROMOVE CENSURA EM SALA DE AULA

Confira detalhes sobre o projeto de lei. GERAL, PÁG 3.

Agência Brasil

É NECESSÁRIO FAZER UMA REFORMA DA PREVIDÊNCIA NO BRASIL?

O professor da UFRJ José Miguel Saldanha afirma que não. Saiba porquê. GERAL, PÁG 7.


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GERAL

Deputados aprovam federalização de caso Marielle e Anderson CRISTIANE SAMPAIO

BRASÍLIA (DF)

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Câmara dos Deputados aprovou, na última terça-feira (6), um requerimento que pede a federalização das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista dela, Anderson Pedro Gomes. O pedido foi autorizado por unanimidade no âmbito de uma comissão externa que acompanha o caso, sem necessidade de aprovação pelo plenário da Casa. Com isso, será encaminhado um ofício à Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão administrativo do Ministério Público Federal (MPF), ao qual cabe uma solicitação direta ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). É do STJ a decisão final sobre a mudança de competência. Autora do requerimento, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) destaca que o pedido se baseia em aspectos já considerados pelo STJ como critérios para a federalização de crimes em que há violação de direitos humanos. Em 2005, o Tribunal decidiu federalizar o caso do defensor de direitos humanos Manuel Matos, assassinado após denunciar a existência de um grupo de extermínio que atuava entre os estados de Pernambuco e Paraíba. Na ocasião, além da violação de direitos, o STJ apontou como critério a necessidade de o Estado brasileiro cumprir os tratados internacionais de direitos humanos dos quais é signatário. Também foi considerada a incapacidade das instituições e autoridades estaduais para a realização dos procedimentos do processo penal em questão, “seja por negligência, omissão, inércia, ineficácia ou falta de vontade política”. Maria do Rosário ressalta que o caso de Marielle Franco e Anderson Gomes esta-

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CHARGE | Edgar Vazques

ria dentro das mesmas condições e exige ampla investigação. “O que nós estamos buscando é que o Estado brasileiro, através da União, das autoridades federais, assuma sua parte em termos de responsabilidade. O Estado brasileiro como um todo é responsável por dizer quem matou Marielle, quem mandou matar, quem executou, quem pagou, o que significam os assassinatos, e nós não vemos as condições estarem colocadas para isso até o momento”, complementa. TRÂMITES Desde a última quinta (1º), com a instauração de um inquérito por parte da Polícia Federal (PF), o caso conta com duas vias paralelas e oficiais de investigação. A primeira, realizada pela PF, trata da apuração da existência de uma suposta organização criminosa que estaria atuando para impedir a elucidação do crime. A outra é conduzida por autoridades estaduais do Rio de Janeiro e tem o objetivo de esclarecer as circunstâncias do duplo homicídio. Caso o STJ atenda ao requerimento da Câmara, o trabalho será federalizado. Na prática, isso significa que a apuração do crime será liderada pela PF e pelo MPF. Mauro Pimentel / AFP

Protestos em todo o país já pediram por respostas para o caso www.brasildefato.com.br redacaorj@brasildefato.com.br /brasildefatorj @Brasil_de_Fato

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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse | SUBEDIÇÃO Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Clívia Mesquita, Denise Viola, Filipe Cabral, Flora Castro, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister.

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Mesmo sem virar lei, Escola sem Partido já promove censura em sala de aula Pablo Vergara

O projeto de lei tem recebido duras críticas em todo o Brasil por ferir a autonomia dos professores JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Projeto de Lei 8180/2014, batizado de “Escola sem Partido”, voltou ao palco das polêmicas da Câmara dos Deputados na última quarta-feira (7). Em nova tentativa, parlamentares da ala conservadora se mobilizaram para agilizar a tramitação da proposta, mas a iniciativa terminou frustrada. Apesar de terem obtido, no colegiado que avalia o projeto, o quórum necessário para iniciar a sessão O projeto de lei prevê uma série de proibições para os professores das escolas públicas e privadas da educação básica. Expressar opiniões, preferências ideológicas, religiosas, morais e políticas estão na lista de restrições, assim como o uso dos termos “gênero” e “orientação sexual”. O texto tem recebido duras críticas de profissionais da educação e do direito em todo o Brasil por ferir a autonomia dos professores em sala de aula. Em 2016, a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, emitiu uma nota técnica ao

Expressar opiniões, preferências ideológicas, religiosas, morais e políticas estão na lista de restrições

Congresso Nacional em que afirmou a inconstitucionalidade do projeto Escola sem Partido por impedir o pluralismo de ideias, negar a liberdade de cátedra, a possibilidade de aprendizagem e contrariar o princípio do Estado laico – aquele que garante a nação uma posição neutra no campo religioso.Além dos problemas alertados pelo Ministério Público Federal (MPF), há também a imposição da ideia de que os professores tornam-se ameaças para os alunos. O professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paulo Carrano, explica que o projeto dificulta o trabalho pedagó-

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GERAL

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gico e fomenta a hostilidade em sala de aula. “Uma sociedade democrática precisa da educação para a diferença, que permita que tenhamos os nossos valores, mas que possamos fazer escolhas conscientes. Os estudantes são levados a enfrentar inimigos imaginários, que seriam os seus professores. No lugar de companheiros na aprendizagem e no acesso ao conhecimento, os educadores passam a ser inimigos a ser combatidos.”, afirma Carrano. NA SALA DE AULA Pedro* é professor de História numa escola da rede privada de ensino no Rio de Janeiro. Ele conta que ainda

não sofreu nenhuma ameaça por parte de pais de alunos ou pela equipe pedagógica, mas que em escolas próximas a sua instituição de trabalho já existe uma interferência na autonomia do professor. “Me parece um projeto de lei que tenta impor uma forma de pensamento, de linha filosófica, muito próxima de alguns estilos partidários que são mais de extrema-direita e que querem um ensino menos reflexivo. Como o atual presidente falou, ninguém gosta de um jovem com senso crítico”, comenta o professor que prefere não se identificar. Pedro* é o nome fictício dado ao professor que preferiu não se identificar.

A SAÍDA É PELO DIÁLOGO » Para Carrano o movimento do Escola sem Partido é mundial devido ao crescimento da extrema-direita, do fundamentalismo e do anti-intelectualismo de base religiosa. Segundo ele, a principal maneira de combater a censura no ambiente escolar é a partir do diálogo com os pais e estudantes. “No Brasil inteiro estão sendo gestadas formas de organização social para que pais e estudantes compreendam que existe sim essa iniciativa de envenenar as relações dentro da escola. Grupos de conversa, rodas de diálogo e escolas que têm enraizamento em seus territórios estão conversando com os pais e muitos já começam a perceber que foram bombardeados por mentiras e pânico moral”, destaca. Além das rodas de conversa, movimentos de base nacional mais ampla como a Frente Nacional Escola Sem Mordaça e o Movimento Educação Democrática estão ocorrendo em todo o país para denunciar o risco que o Escola sem Partido representa para a educação brasileira.

O Escola sem Partido surge em 2004, inicialmente como um movimento que se VOCÊ SABIA autodefine como uma associação informal, independente, sem fins lucrativos e sem qualquer espécie de vinculação política, ideológica ou partidária. A iniciativa é coordenada pelo advogado Miguel Nagib. Em 2014, o então deputado estadual do Rio de Janeiro Fávio Bolsonaro, recém-eleito Senador pelo PSL, pediu a Nagib que escrevesse um projeto de lei para representar o movimento Escola sem Partido.

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GERAL

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Mauro Pimentel / AFP

JAQUELINE DEISTER

PROPOSTAS INCONSTITUCIONAIS

RIO DE JANEIRO (RJ)

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governador eleito Wilson Witzel (PSC) tem ganhado as páginas dos noticiários com declarações polêmicas para a área de segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Entre as propostas, o ex-juiz federal promete militarizar ainda mais as policias, importar armas de guerra israelenses, “abater” pessoas que estiverem portando armas pesadas e construir embarcações em alto mar para colocar presos. Num estado que vive sob a intervenção federal militar e com alto índice de violência e mortes preocupa a orientação da política de segurança do próximo governo voltada para a guerra às drogas. Para o cientista político e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião (ISER), André Rodrigues, as declarações públicas de Witzel sobre a segurança pública são graves, pois legitimam a prática de matar da polícia do Rio de Janeiro. “Essa ideia do “abate” é inconstitucional, não tem aparato legal para que se selecione “snipers” (atiradores de elite) para que eles “abatam” traficantes que estejam portando fuzis, sob a alegação da legitima defesa. A minha interpretação é que na prática, por mais que ele (Witzel) não implemente a política, ele está passando um recado para os policiais do Rio de que eles têm autorização para matar. Tem um efeito muito imediato este discurso para a polícia”, explica Rodrigues.

Witzel tem ganhado espaço nos noticiários com declarações polêmicas para a segurança

Propostas de Witzel para a segurança são inconstitucionais, dizem especialistas O ex-juiz federal promete “abater” pessoas que estiverem portando armas pesadas e construir presídios em embarcações em alto mar

A POLÍCIA E A GUERRA ÀS DROGAS

»Ao dar carta branca para matar e incentivar a guerra às drogas, o governador recémeleito também desconsidera as situações de estresse às quais os policiais são expostos. A polícia do Rio de Janeiro além de ser a que mais mata é também a que mais morre. O último levantamento do Observatório da Intervenção contabilizou que durante os oito meses de intervenção no estado, 74 policiais e militares foram mortos. O relatório aponta que 27% dos agentes morreram em serviço, 40,5% por latrocínio (situações de roubo, inclusive quando são reconhecidos como policiais e quando trabalham como seguranças) e 16,2% por brigas, vinganças ou envolvimento no mundo do crime. Os policiais do Rio de Janeiro também são os que mais sofrem com suicídios e acidentes de trânsito.

»O ex-juiz atuou durante 17 anos na Justiça Federal, presidiu a Associação dos Juízes Federais do Rio e do Espírito Santo e se elegeu com uma campanha baseada em dois pilares: o combate à corrupção e a criminalidade. Contudo, apesar de ser um notório conhecedor da legislação, Witzel tem escorregado em declarações que apontam pouca eficiência real para o problema da segurança pública. Nas falas polêmicas do governador destaca-se também uma colocação realizada às vésperas do segundo turno das eleições na Associação de Oficiais Militares do Estado do Rio de Janeiro (AME – Rio), na qual disse que, se necessário fosse, cavaria mais covas para enterrar criminosos e faria navios presídios em alto mar para abrigar presos. Daniel Sarmento, professor de Direito Constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), destaca que a Constituição Federal assegura a dignidade humana dos presos e que é inconstitucional existir um presídio-navio. “É consenso global na área de segurança pública que condições degradantes em estabelecimentos prisionais, além da violação do direito dos presos, agravam a situação da segurança, não resolve. É no caos onde se fortalecem as facções criminosas”, destaca Sarmento.


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Incêndio no Hospital Lourenço Jorge revela mais um descaso da Prefeitura do Rio com a saúde pública Após o episódio, o prefeito Marcelo Crivella confirmou o corte de 239 equipes que vai impactar 550 mil cariocas Divulgação

EDUARDO MIRANDA

EM MEIO À CRISE NA SAÚDE, CRIVELLA FALA EM REELEIÇÃO »Em meio ao caos

RIO DE JANEIRO (RJ)

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incêndio que atingiu no último sábado (3) o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, é mais um episódio do descaso da Prefeitura do Rio com a saúde pública. Após o episódio, o prefeito Marcelo Crivella confirmou o corte de 239 equipes em 2019, que vai impactar 550 mil cariocas que dependem de atendimento. Pelo menos quatro pacientes que estavam internados na área de emergência morreram em decorrência do incêndio. Na última quarta-feira (7), o Corpo de Bombeiros informou que não foram localizados documentos e o Certificado de Aprovação que comprovem a regularização do hospital. “É importante ressaltar que estar em conformidade com as medidas de segurança contra incêndio e pânico é uma obrigação de todos. É de responsabilidade dos

Hospital Lourenço Jorge não tinha certificado de aprovação dos Bombeiros

administradores dos imóveis o cumprimento da legislação vigente. É imprescindível a cultura da prevenção na sociedade”, diz a nota dos Bombeiros enviada ao Brasil de Fato. Um documento da própria Prefeitura registra, ainda, que a gravidade da segurança do trabalho no saúde pública não atinge apenas o hospital da Barra. O Souza Aguiar, no Centro, também se encontra na mesma situação e mais de

20 unidades de atendimento na cidade não têm sistema anti-incêndio. Para Cíntia Teixeira, da área de saúde do trabalhador da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), há uma negligência por parte de gestores públicos para discutir detalhes básicos e importantes para a segurança de hospitais, escolas e outras instituições. Mas ela vai além e afirma que a omissão da Prefeitura tem relação direta com as políticas públicas atuais.

“Falar desses eventos indesejados é falar de uma conjuntura de sucateamento do Sistema Único de Saúde, com unidades de saúde do município resistindo ao desmonte. São vários ataques muito recentes, desde a PEC do Teto de Gastos, a alteração da política nacional da estratégia de saúde da família e o corte na saúde do Rio de R$ 725 milhões em 2019, proposto pela Prefeitura”, enumera Cíntia Teixeira.

instaurado na cidade em diversas áreas, mas com maior gravidade na saúde, o prefeito Marcelo Crivella, que se elegeu com o slogan de que sua maior tarefa era “cuidar das pessoas”, anunciou na última segunda-feira (5), em entrevista ao jornal “O Dia”, que será candidato à reeleição para continuar no comando da capital fluminense. O Brasil de Fato entrou em contato com a Prefeitura do Rio para questionar as causas do incêndio, os desdobramentos e medidas que serão tomadas e a razão para as mortes, mas até o fechamento desta reportagem nenhum órgão respondeu às perguntas.

Audiência orçamentária da saúde no município foi marcada por manifestação de servidores CLÍVIA MESQUITA

RIO DE JANEIRO (RJ)

»»Na manhã da última ter-

ça-feira (6) foi realizado mais um ato dos servidores do Rio de Janeiro contra o corte de verbas e a precarização do serviço de saúde

básica no município. A manifestação aconteceu em frente à Câmara de Vereadores, na Cinelândia, no centro da cidade, ao mesmo tempo em que se realizou, dentro da casa parlamentar, a audiência pública que discutiu sobre orça-

mento municipal para área da saúde no próximo ano. Em coletiva de imprensa, a secretaria da Casa Civil anunciou um corte ainda maior do que o esperado: serão 239 equipes a menos no município - 184 de saúde da família e 55 de saúde bu-

cal. Ao todo serão 1400 postos de trabalho cortados. A estimativa é o corte de profissionais atinja cerca de que 550 mil pessoas no Rio. O oficineiro de saúde mental do SUS e representante do coletivo Nenhum Serviço de Saúde a Menos,

Márcio, que preferiu não ter o sobrenome divulgado, ressaltou que a Prefeitura está prestes a reduzir um direito essencial previsto na Constituição. “Cortar verba da saúde pública é a melhor maneira de colocar as contas em dia?”, questionou.


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GERAL

Após Moro aceitar Ministério da Justiça, defesa de Lula pede novo habeas corpus REDAÇÃO

SÃO PAULO (SP)

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otivados pela confirmação do juiz Sérgio Moro como novo ministro da Justiça, os advogados do ex-presidente Lula (PT) protocolaram na última segunda-feira (5) um no-

RJ

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vo pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao alegar que o juiz de Curitiba manteve vínculos com a "alta cúpula" da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) durante o período eleitoral, a defesa pede que o Supremo conceda uma liminar pela soltura

do líder petista e declare a nulidade de todas as ações penais contra Lula que estão sob condução de Moro. O ex-presidente está preso desde abril na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, após condenação sem provas no "caso triplex". Conforme descrito pe-

los advogados de defesa, havia interesses extraprocessuais no julgamento do caso, e a aceitação do convite por parte de Sérgio Moro apenas reforça essa hipótese – denunciada desde o início da operação Lava Jato. O documento de 73 páginas protocolado no STF inclui, en-

tre os anexos, materiais jornalísticos que comprovam o conflito de interesses envolvendo a atuação de Moro na Lava Jato. Os advogados mencionam, por exemplo, uma entrevista concedida pelo professor Celso Bandeira de Mello, da Pontifícia Universidade católica de São Paulo (PUC-SP), ao Brasil de Fato em que denuncia uma série de ilegalidades praticadas pelo juiz de Curitiba, que teria utilizado a imprensa para destruir a reputação do réu.

CICLO DE SEMINÁRIOS ANALISA CONJUNTURA MUNDIAL E DESAFIOS PARA AMÉRICA LATINA CLÍVIA MESQUITA

RIO DE JANEIRO (RJ)

»»Na

próxima segunda-feira (12) tem início no Rio de Janeiro o primeiro ciclo de debates que pretende discutir o cenário internacional e os desafios que se apresentam pra a América Latina e o Brasil. Entre os organizadores do seminário está o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, uma instituição internacional dirigida por movimentos populares, também o Núcleo de Estudos do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ). “O seminário também busca aproximar o universo acadêmico e sua produção com a realidade dos movimentos populares e sua produção de conhecimento. Bem como aproximar do movimento sindical, importante estrutura de organização dos trabalhadores”, explica André Cardoso, coordenador do escritório no Brasil do Instituto Tricontinental. A professora da Universidade Federal do Rio de Ja-

neiro (UFRJ) Monica Bruckmann será uma das palestrantes deste primeiro ciclo de seminários. Segundo ela, o cenário mundial é de “caos e mudanças hegemônicas”, sendo a América Latina uma região de grande importância devido aos recursos naturais estratégicos para a economia mundial. “Pelas declarações de Bolsonaro haverá um aprofundamento da agenda bilateral com os Estados Unidos e afastamento das relações de integração regional com a América do Sul que o governo do PT tinha construído com a África, América Latina e Caribe, e o próprio Mercosul que significou um espaço importante para o Brasil”, diz Bruckmann.

SERVIÇO

Data: 12/11/18 Horário: 14h às 19h Local: Salão Nobre – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – UFRJ Largo São Francisco de Paula, 1, no Centro do Rio.


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GERAL

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Não há a necessidade de fazer reforma da Previdência no Brasil, aponta pesquisador Divulgação

REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

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m entrevista ao Brasil de Fato, o professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Industrial da Universidade Federal do Rio de Janeiro (DEI-UFRJ) José Miguel Saldanha fala sobre a organização do sistema previdenciário no Brasil e porque a proposta de reforma da Previdência do futuro governo Bolsonaro não é necessária. Brasil de Fato: Professor, afinal como é que funciona a previdência brasileira? José Miguel Saldanha: Um dos sistemas da previdência pública brasileira é o chamado Regime Geral da Previdência Social (RGPS) que atende aos trabalhadores da iniciativa privada cujo contrato de trabalho é regido pela CLT, administrada pelo INSS. Essa previdência funciona pelo regime de repartição ou solidariedade. O governo recolhe uma receita de contribuições daqueles descontos que fazem nos contracheques dos trabalhadores, também a empresa ou o empregador pagam uma parte e com isso pagam-se os benefícios e aposentadorias do mesmo mês. Quer dizer que os ativos contribuem para pagar os aposentados e pensionistas contemporâneos, daquele mesmo mês, não há formação de um fundo pra ser consumido depois. Ou seja, eu pago pra quem está aposentado neste momento que eu estou trabalhando. Na verdade, você nunca po-

de pagar sua própria aposentadoria, porque aquilo que pode ser poupado para o futuro é muito pouco. Quando você poupa dinheiro para o futuro, no caso de uma previdência privada, você na verdade está poupando o poder de compra no futuro. Você não está poupando as coisas que de fato você vai consumir no futuro, que alguém vai ter que produzir. Então, a solidariedade real existe sempre, não tem como. Sempre a classe trabalhadora ativa que sustenta todo mundo. Um copo de leite que você não toma hoje, daqui a 20 anos vai estar estragado. No atual regime você tem direito porque trabalhou, contribuiu pra previdência, então, você tem direito que a classe trabalhadora do futuro pague seu salário quando você for aposentado. Estamos falando sobre a contribuição do trabalhador de carteira assinada e também dos autônomos? Isso. Pra gente entender: a pessoa trabalhou, foi calculada uma contribuição com ba-

Mesmo quando tem déficit ou rombo - que usam pra assustar -, quem paga é a classe trabalhadora que vai receber esse dinheiro anos mais tarde. É um ciclo" se no seu salário, foi pagando e isso serviu para pagar os aposentados. Quando a gente faz as contas, pensa que um sistema desses, em geral, precisa ter equilíbrio, não é? Ou seja, que o total das contribuições seja suficiente pra pagar as aposentadorias. Mas isso não ocorre em país nenhum. Os sistemas públicos de todos os países são deficitários, quer dizer, o que se paga de benefício em geral é maior do que as contribuições. Em todos os países e no Brasil também existem medidas legais para poder dar conta desse déficit. E o rombo na previdência é um déficit previsto na própria estrutura dela? Exatamente. E você pode calcular esse rombo de várias maneiras. Por exemplo, no Brasil há um orçamento da seguridade social onde você inclui também as despesas de saúde e de assistência, além

das contribuições nos contracheques também têm outros impostos. O orçamento da seguridade foi usado durante muitos anos pra pagar juros da dívida. Do ano passado pra cá isso mudou um pouco não porque tivemos um aumento assustador de despesas. As despesas seguiram seu rumo normal, as receitas é que despencaram por causa da crise econômica. Quer dizer que as receitas caíram porque caiu o emprego, o consumo, é isso? Caiu o consumo e a atividade econômica, o capital se retraiu foi só para a esfera financeira. É a crise do capital, você tem capacidade produtiva, gente que precisa consumir, trabalhadores desempregados, mas o sistema não consegue juntar isso. Falta investir. É aí que entram as teorias desenvolvimentistas que falam para o Estado in-

vestir pra recuperar a atividade econômica e fazer a engrenagem funcionar novamente e infelizmente parece que não é o planejado para os próximos períodos. Quanto às contas da previdência, às vezes têm superávit, às vezes déficit, mas o que é muito importante da gente entender é que mesmo quando tem déficit ou rombo - que usam pra assustar e achar que é uma coisa errada -, quem paga esse rombo é a mesma classe trabalhadora ativa que paga as contribuições. Isso costuma ser ocultado quando dizem ‘o povo vai pagar o rombo’, mas quem é que vai receber o dinheiro? O próprio povo. Há essa urgência de ter que fazer a reforma da previdência? Não. As mudanças estruturais na sociedade, que são as demográficas, são lentas. Para justificar a pressa são apresentados esses números particularmente da aposentadoria dos servidores. É aí que está a grande farsa. Até 1998 não havia contribuição pra previdência por parte dos servidores, não havia necessidade de equilíbrio orçamentário. O governo tinha a folha de ativos, de aposentados, pensionistas e era tudo despesa. Onde é que estão as receitas? Nos impostos cobrados à população que paga as despesas do Estado. Não havia déficit nem superávit porque não fazia sentido fazer essa conta. Com a mudança disso com Fernando Henrique Cardoso, passaram a chamar esse déficit de rombo, dizer que é um absurdo. Quando na verdade é uma conta mal feita.


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CULTURA & LAZER

Técnica chilena é desenvolvida no Brasil pelo Coletivo de Mulheres do MAB CLÍVIA MESQUITA

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apresenta a exposição “Arpilleras: bordando a resistência". A mostra fica até o início de dezembro no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), no centro do Rio, gratuitamente. As obras abordam o impacto da construção de barragens na população local e trata de temas relacionados ao direito à água, informação, acesso a políticas públicas e a exploração sexual de mulheres. A exposição traz um conjunto de 20 telas de tecido confeccionadas por muitas mulheres que tiveram seus direitos negligenciados pelo avanço da construção do setor elétrico no Brasil. "Essa mostra no Rio tem como foco a violação de direitos dos atingidos por barragens e também as suas reivindicações em busca de direitos", explica Alexania Rossato da coordenação nacional do MAB.

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Exposição "Arpilleras: bordando a resistência" traz obras de mulheres atingidas por barragens Guilherme Weimann

menta política de denúncia pelas mãos das mulheres chilenas contra o autoritarismo. Diante das diversas violações praticadas pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) contra os direitos humanos, um afazer cotidiano virou símbolo de transgressão. Essa mesma técnica vem sendo resgatada desde 2013 no Brasil pelo Coletivo de Mulheres do MAB em diversas oficinas pelo país. Elas produzem narrativas e testemunhos em tecido sobre as violações ambientais, culturais e sociais impostas na construção de hidrelétricas. A exposição traz um conjunto de 20 telas de tecido feitas por mulheres atingidas por barragens

Entre linhas, cores e agulhas cada peça retrata uma forma única e artística de narrar o cotidiano pelas mãos das atingidas. Sendo também a expressão das suas próprias reflexões documentadas através da costura.

BORDANDO A RESISTÊNCIA Arpilleras é uma técnica têxtil com raízes na tradição popular do Chile que surgiu em Isla Negra. O trabalho realizado por mulheres da região era feito como

forma de subsistência, no qual se costuram retalhos de tecido sobre fibra vegetal chamada juta, “arpillera”, em espanhol. Entre as décadas de 70 e 90 o bordado se transformou em uma importante ferra-

SERVIÇO

Data: 7/11 a 2/12 Terça a domingo Horário: 12h às 19h Local: CCJF. Av. Rio Branco, 241 – Centro, Rio de Janeiro A classificação é livre.

AGENDA CULTURAL »TEATRO Começa nesta sexta-

-feira (9) e vai até terça-feira (13) o Multicidade – Festival Internacional de Mulheres nas Artes Cênicas. Oficinas, apresentações de espetáculos e mostras de vídeos acontecem em diversas partes da cidade. Mais informações em http://www.multicidade.com/

»LITERATURA

Neste sábado (10), a partir das 16h, tem o lan-

Reprodução

çamento do livro de poesias “Os Cães do Coração”, de Claos Mózi. Depois, tem DJ Gomes, com especial Tom Zé+Arnaldo Antunes+Itamar Assunção e a Banda Giras Gerais. O Ganjah Lapa fica na Rua do Rezende, 82.

»MÚSICA Niterói será palco pela

primeira vez do Sonora – Festival Internacional de Compositoras, que acontece em 15 países. O evento será nesta sexta-feira (9), a partir

CCBB exibe filmes de Spike Lee

das 19h30, no Solar do Jambeiro, na Rua Presidente Domiciano, 195, em São Domingos.

»CINEMA Fica em cartaz até o dia 26 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a mostra de filmes “Acorde! O cinema de Spike Lee”. O diretor estadunidense demonstrou para Hollywood o potencial do cinema negro e marginalizado e alcançou um público mais amplo em décadas de carreira.


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CULTURA & LAZER

SUDOKU

DICAS MASTIGADAS

www.coquetel.com.br

ARROZ DE BRÓCOLIS COM ALHO

Ingredientes:

•  500 g de arroz cozido em alho •  2 maços de brócolis fresco •  100 g de alho •  3 colheres (sopa) de azeite •  20 g de bicarbonato de sódio •  3 litros de água •  Sal a gosto

Modo de preparo:

TIRINHA | André Dahmer http://www.andredahmer.com.br/

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1. O primeiro passo é limpar e higienizar bem os brócolis. Na sequência, descasque os talos e remova a pele com ajuda de uma faca. Coloque o brócolis para cozinhar em uma panela com água, sal e bicarbonato de sódio até que os talos fiquem bem macios. Assim que eles estiverem macios, escorra a água e reserve o brócolis. 2. Refogue um pouco do alho com o arroz cru em uma panela por alguns segundos. Em seguida, encha a panela com água e deixe cozinhar até secar. Quando estiver pronto, reserve. 3. Aqueça uma panela com o azeite e coloque o restante do alho para dourar. Quando ele estiver levemente dourado, acrescente o brócolis e refogue por alguns minutos até dourar. 4. Adicione o arroz já cozido e misture bem até que ele fique bem verdinho.

Divulgação

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10 CULTURA & LAZER

Roda de choro em Olaria celebra mês da Consciência Negra EDUARDO MIRANDA

RIO DE JANEIRO (RJ)

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o mês da Consciência Negra, o Coletivo 100% Suburbano vai promover no dia 18 uma roda de choro em homenagem aos 120 anos de Heitor dos Prazeres, considerado um dos maiores ícones da diáspora africana mundial. O encontro acontece a partir do meio-dia no Reduto Pixinguinha, em Olaria, na zona norte. “A família do Heitor dos Prazeres mora perto da praça, participa e

apoia as nossas atividades. Pixinguinha também morou durante anos na região e construiu uma relação com muita gente da música a partir dali”, conta Cláudio Jorge Soares, um dos diretores do 100% Suburbano. O 100% Suburbano já existe há oito anos e foi responsável pelo movimento que deu este ano o nome de Reduto Pixinguinha à Praça Ramos Figueira. A iniciativa do vereador Reimont (PT) chegou a ser vetada pelo prefeito Marcelo Crivella, mas a Câmara Municipal conseguiu aprovar a homenagem.

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Acervo Samba da Gameleira

Flávio, Heitor e Duda participam da roda “Há muitos artistas e heróis do subúrbio na cultura brasileira. A ideia do reduto e do nosso coletivo é reduzir um certo estigma de ser suburbano e melhorar a autoestima da população”, conta Cláudio Jorge Soares, lembrando que a roda de choro é apenas uma das atividades realizadas pelo coletivo.

Esta é a segunda homenagem da roda de choro a Heitor dos Prazeres. Em 2014, ele já havia sido celebrado na Festa da Consciência Negra. O músico e artista plástico atuou na consolidação dos quatro grandes terreiros (depois, escolas de samba) como espaços de resistência cultural negra. E hoje seus descendentes, o filho Heitor dos Prazeres e os netos Flávio e Duda continuam articulando a cultura no subúrbio. A dupla moçambicana Cheny Wa Gune e Xixel Langa, que está no Brasil para shows no Rio e em São Paulo, é uma das atrações da roda de choro da consciência negra. A festa tem ainda os residentes do Regional Ernesto’s e o Conjunto Grapiúna. E o cardápio vai da tradicional feijoada aos acarajés, caldos e outras comidas da baiana Dilma Melo.

armazemdocampo.rio fb.com/armazemcamporj Rua Mem de Sá, 135 - Lapa


RJ

ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 8 A 14 DE NOVEMBRO DE 2018

ARTHUR ZANETTI CONQUISTA A PRATA NAS ARGOLAS NO CAMPEONATO MUNDIAL DE GINÁSTICA

O

FRASE DA SEMANA

Ricardo Bufolin/CBG

Medalha conquistada em Doha, no Catar, é a quarta na carreira de Zanetti

agora, no Catar, em 2018. “Essa prata marca um retorno, desde 2014 que eu não ia ao pódio em Mundiais. Foi um grande passo, ago-

ra é continuar trabalhando para o ano que vem, em que vamos tentar a vaga para a Olimpíada”, comemorou Zanetti.

Clubes europeus articulam criação de 'superliga' »A plataforma "Football Leaks" revelou que a Uefa quer aumentar os repasses financeiros a 16 clubes europeus para evitar que eles formem uma "superliga" multinacional destinada acabar com competições como a Liga dos Campeões. Segundo uma "declaração de intenções" obtida pela investigação, o torneio começaria na temporada 2021 e envolveria 11 clubes da Uefa, que não poderiam desistir por pelo menos 20 anos. Outros cinco times seriam agregados à "superliga" como "convidados iniciais". Os 11 "fundadores" do torneio seriam Real Madrid e Barcelona, da Espanha; Juventus e Milan, da Itália; Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City e Manchester United, da Inglaterra; Bayern de Munique, da Alemanha; e PSG, da França. Já os cinco convidados seriam Inter de Milão e Roma, da Itália; Borussia Dortmund, da Alemanha; Atlético de Madrid, da Espanha; e Olympique de Marselha, da França. A ideia

CBF

Brasil foi ao pódio na última sexta-feira (2), no Campeonato Mundial de ginástica, em Doha, no Catar. Arthur Zanetti conquistou a medalha de prata nas argolas, a quarta de sua carreira, com a nota de 15,100, ficando atrás apenas do grego Eleftherios Petrounias, que é o atual campeão olímpico, e anotou 15,366. "Para mim, pode não ter sido minha melhor nota no ano, mas foi minha melhor série. Sem balanço de argolas, cravei a saída, que era o que eu buscava, para mim a série foi perfeita. Sabia que, se fizesse aquela série, iria para o pódio”, disse o atleta. Dono de duas medalhas olímpicas, foi ouro em Londres 2012 e prata na Rio 2016, Zanetti foi ao pódio no Mundial pela quarta vez. No currículo ele tem um ouro, na Bélgica, em 2013, e três pratas: Japão 2011, China 2014 e

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Não tenho dúvidas de que muitos brasileiros não acreditam que o novo presidente ponha em prática os terríveis preconceitos que ele falou em público. Espero que eles estejam certos. Mas, para termos certeza disso, precisamos de uma forte resistência da sociedade civil e da oposição” Raí, ex-jogador tetracampeão do mundo, em entrevista ao jornal francês L'Equipe

da "superliga" teria surgido em função da previsibilidade das ligas nacionais na Europa. A Itália, por exemplo, tem a mesma campeã, a Juventus, há sete temporadas, enquanto o Bayern é o atual hexacampeão alemão. Na França, o PSG ganhou cinco das últimas seis edições da Ligue 1. Já na Espanha, Barcelona (nove) e Real Madrid (quatro) conquistaram 13 vezes a liga nacional nas últimas 14 temporadas. Para barrar o projeto, a Uefa estuda uma mudança na distribuição de repasses aos clubes da Liga dos Campeões que garantiria 150 milhões de euros a mais por temporada para as equipes mais fortes. Por sua vez, os times da Liga Europa perderiam quase 60 milhões de euros em receitas. A plataforma "Football Leaks" também acusa a Uefa de ter feito vista grossa para violações do fair play financeiro cometidas por Manchester City e PSG, evitando punições que pudessem excluí-los de competições europeias. (Ansa)

MULTADO EM R$ 8,5 MILHÕES, RONALDINHO GAÚCHO TEM R$ 24 EM CONTA BANCÁRIA »Condenado pela Justiça de Por-

to Alegre a pagar indenização de R$ 8,5 milhões por construção irregular em área de preservação ambiental, o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho apresentou saldo em conta de apenas R$ 24,63, segundo o Ministério Público do Rio Grande do Sul. A Justiça ainda determinou a apreensão dos passaportes de Ronaldinho e de seu irmão e empresário, Roberto Assis.


12 ESPORTES PAPO ESPORTIVO BOTAFOGO E FLAMENGO FAZEM O CLÁSSICO DA INCERTEZA

»O

clássico deste sábado (10) pode definir muita coisa para flamenguistas e botafoguenses no Brasileirão. Os primeiros ainda sonham com o título brasileiro. Já os comandados de Zé Ricardo ainda brigam contra o rebaixamento e também precisam da vitória. Um empate seria desastroso para as pretensões de Flamengo e Botafogo no Brasileirão.

VASCO VAI TER QUE SE SUPERAR CONTRA O GRÊMIO

» O jogo contra o Grêmio fo-

ra de casa é vital para o Vasco. Tudo bem que a vitória no clássico contra o Fluminense deu um certo fôlego, mas o time ainda precisa se superar e mostrar muito mais futebol se não quiser ser rebaixado. Além disso, a dependência de Maxi López está cada vez mais escancarada. Problema para Alberto Valentim.

FLUMINENSE FALHA DEMAIS E CAI DIANTE DO ATLÉTICO-PR

» Não

é impossível, mas ficou muito complicado. O Fluminense precisa de uma vitória por três gols de diferença em cima do Atlético-PR para avançar para as finais da Copa Sul-Americana. Tudo por conta da atuação fraca dos comandados de Marcelo Oliveira em Curitiba. Há como passar no Maracanã. Mas é bem complicado.

RJ

RIO DE JANEIRO, 8 A 14 DE NOVEMBRO DE 2018

LUIZ FERREIRA

O árbitro de vídeo e a hipocrisia dos nossos dirigentes e torcedores

Staff Images / CBF

BRASILEIRÃO 32ª RODADA

AME

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PAR

SAB 10/11/2018 INDEPENDÊNCIA 17:00

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SAB 10/11/2018 ARENA CORINTHIANS 17:00

CAP

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CRU

SAB 10/11/2018 ARENA DA BAIXADA 19:00

BOT

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FLA

SAB 10/11/2018 ENGENHÃO 19:00

CAM

x

PAL

DOM 11/11/2018 INDEPENDÊNCIA 17:00

VIT O problema é a maneira com a qual o árbitro de vídeo vem sendo reivindicado

T

odos que acompanham essa reta final do Brasileirão já devem estar por dentro da última polêmica. Cansados de serem prejudicados pelos erros de arbitragem, dirigentes de vários clubes do país pediram à CBF que o árbitro de vídeo (o VAR) fosse utilizado nas últimas rodadas da competição. A entidade que comanda o nosso futebol alegou dificuldades técnicas para a implantação do recurso ainda em 2018. Tenho que confessar pra vocês que essa história me incomoda demais. Não pelo VAR. Acho que a tecnologia deve ser usada para deixar o jogo mais justo. O problema é a maneira com a qual o árbitro de vídeo vem sendo reivindicado pelos clubes. Esse movimento foi encabeçado pelo presidente do Internacional, Marcelo Medeiros, e contou com forte apoio dos clubes que disputam o Brasileirão. O dirigente colorado falou horrores por conta do pênalti que originou o gol de empate contra o Vasco no dia 26 de outubro. Só que o mesmo Marcelo Medeiros não se pronunciou quando a mesma arbitragem que ele critica assinalou penalidade no mínimo duvidosa no jogo contra o Atlético-PR no último domingo (4). É aí que está o X da questão, amigos. Nossos dirigentes esperneiam quando seus clubes são prejudicados pelos homens do apito e se calam quando são beneficiados. Essa é a lei no futebol tupiniquim. E o mesmo se aplica aos torcedores. O papo é sempre o mesmo. Se meu time vence com a ajuda da arbitragem, frases como “chupa”, “chola mais” ou “roubado é mais gostoso” são utilizadas por muitos para diminuir e ridicularizar a reclamação do rival. Se ele é prejudicado, todos (dirigentes e torcedores) falam em moralização do esporte e roubo além de se transformarem nos mais novos “paladinos da justiça” da cidade. Quem acompanha o futebol sabe muito bem que o prejudicado de hoje é o beneficiado de amanhã e que arbitragem mundial precisa de muitos ajustes para se adequar a esse momento. Ao mesmo tempo, vale lembrar que quem opera o VAR é humano como eu e você. Os erros podem diminuir, mas ainda vão acontecer. Eu só lamento que essa discussão sobre lisura e moralização do futebol só apareça em momentos como esse. Infelizmente, o VAR se transformou em mais um instrumento de exercício de hipocrisia. Tanto de dirigentes como de torcedores.

x

BAH

DOM 11/11/2018 BARRADÃO 17:00

CEA

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INT

DOM 11/11/2018 CASTELÃO (CE) 17:00

GRE

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VAS

DOM 11/11/2018 ARENA DO GRÊMIO 17:00

FLU

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SPO

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CHA

DOM 11/11/2018 MARACANÃ 19:00

SAN

SEG 12/11/2018 PACAEMBU 20:00 TABELA CLASSIFICAÇÃO P 66 1 Palmeiras 2 Internacional 61 60 3 Flamengo 57 4 São Paulo 55 5 Grêmio 46 6 Atlético-MG 46 7 Santos 46 8 Cruzeiro 43 9 Atlético-PR 40 10 Fluminense 40 11 Bahia 39 12 Corinthians 38 13 Vasco 38 14 Botafogo 37 15 Ceará 36 16 Sport 34 17 Vitória 18 América-MG 34 19 Chapecoense 34 18 20 Paraná

J 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32

V 19 17 17 15 15 13 12 12 12 11 10 10 9 9 9 10 9 8 8 3

SG 29 20 26 14 19 10 9 1 12 -8 -3 1 -6 -11 -6 -21 -22 -11 -16 -37


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