Brasil de Fato PR - Edição 294

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Polícia mata mais uma vez em Curitiba

Estudante de 17 anos é morto com tiro da Guarda

Municipal na CIC Paraná | p. 5

Cidades | p. 4

Racismo institucional

Servidora da FAS sofre processo após despejo da Povo Sem Medo

Paraná | p. 6

Páscoa solidária

Veja alternativas de consumo consciente e doações a comunidades

Esportes | p. 8

Calendário cheio

Com 4 campeonatos, CAP faz 9 jogos em abril

Cultura | p. 7

Racismo estrutural

Peça “Mestiço” busca trazer reflexão e emocionar no Festival de Teatro

Opinião | p. 2

Curitiba, sua injusta!

Nos 330 anos da capital, momento é para refletir sobre desigualdades

Ano 5 Edição 294 30 de março a 5 de abril de 2023 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br PARANÁ
Divulgação | PMC Giorgia Prates

A Curitiba popular é a que cantamos

Nos anos 1990, a gestão municipal, sobretudo na figura de Jaime Lerner e do próprio Rafael Greca, gerou inovações urbanísticas reconhecidas mundialmente. Ao mesmo tempo, uma estrutura segregacionista, uma cidade central e serviços públicos apartados das classes populares.

Com isso, o aniversário de 330 anos de uma das capitais mais ricas do Brasil exige reflexão sobre as principais máfias, grupos empresariais e familiares que impedem a capital paranaense de seguir se desenvolvendo.

Grandes grupos dominam, por exemplo, o tratamento do lixo em aterros sanitários – caso do grupo Essencis/Solví e Estre -, causando riscos ambientais, sanitários e sociais. O transporte público, oligopólio do-

minado pela família Gulin, recebe grandes incentivos do município, enquanto o povo trabalhador é pressionado por uma tarifa de R$ 6!

A máfia da especulação imobiliária, das empreiteiras e construtoras, impede uma cidade democrática. O déficit habitacional é de Curitiba é 50 mil moradias. Ao mesmo tempo, são 47 mil imóveis vazios e 2.500 lotes vagos na capital, que poderiam servir para moradia popular.

Nesses 330 anos valorizamos a Curitiba que luta: das lutas da Casa de Passagem Indígena, do movimento negro que tem ocupado espaços na Câmara Municipal, das lutas dos sindicatos de servidores e das lutas por moradia que se fortalecem com a articulação Despejo Zero.

Essa é a Curitiba que nós cantamos!

330 anos de Curitiba: campanha denuncia a capital que não aparece nos cartões postais

opinião

Campanha Despejo Zero PR reúne movimentos sociais da cidade e do campo pela defesa da moradia, um direito que está na Constituição do Brasil, além de ser uma necessidade humana básica. Desde 2022, diversas marchas foram realizadas em Curitiba com trabalhadores(as) urbanos, povos indígenas e camponeses(as)

Nos cartões postais, Curitiba é conhecida como a cidade modelo, sustentável, capital europeia, mas não escapa de problemas sociais como qualquer outra. Famosa pelo planejamento urba-

no de vanguarda, a capital se esforça para esconder mais de 413 ocupações irregulares de moradia e mais de 84 mil pessoas vivendo em extrema pobreza - ou seja, com menos de R$ 89 por mês.

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia (2020) e revelam a Curitiba fora do que é mostrado em publicidade. No aniversário de 330 anos da cidade, a campanha

“Curitiba além do cartão postal” quer denunciar a invisibilidade das comunidades da periferia, dos problemas na saúde, saneamento básico,

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 294 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

energia e alto preço da passagem de ônibus. A iniciativa vai mostrar as famílias que vivem encobertas por prédios e parques.

Vila União, Ocupação Tiradentes, Dona Cida, Formosa, Primavera, Caximba, 29 de março, 1º de maio, Britanite, Moradias Iguaçu, Parolin, Guaporé 2, entre tantas outras ocupações de moradia, compõem a articulação Despejo Zero.

A campanha luta pela suspensão de qualquer atividade ou violação de direitos, sejam elas fruto da iniciativa priva-

EXPEDIENTE

da ou pública, respaldada em decisão judicial ou administrativa, que tenha como finalidade desabrigar famílias e comunidades.

De acordo com a Cohab (Companhia de Habitação Popular de Curitiba), o déficit habitacional de Curitiba é de 50 mil moradias, e mais de 22 mil moradias em condições impróprias, sem saneamento básico e energia, em locais isolados sem acesso à cidade.

Mesmo com todas essas dificuldades, nas ocupações de moradia, os moradores conseguem fazer melhorias

nos locais - na maioria das vezes, espaços abandonados por anos e sem manutenção. São os próprios moradores que abrem ruas, fazem fossas sépticas, compram postes, fazem terraplenagem, lutam para melhoria do bairro e cuidam dos territórios.

A articulação Despejo Zero tem um desejo para o aniversário de Curitiba: o fim dos despejos e regularização das moradias em Curitiba.

Leia o artigo completo www.brasildefatopr. com.br

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Campanha Despejo Zero Paraná e Leticia Minto Faria ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Juliana Santos DIAGRAMAÇÃO

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SEMANA 2 Opinião
editorial
Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

Centrais vão apresentar projeto de negociação coletiva

FRASE DA

SEMANA

O objetivo é dar autonomia organizativa e de nanciamento, além de inovar com a proposta de autorregulação. Entre os pontos principais estão “autonomia sindical para a organização, o nanciamento e regular e operar o sistema de relações do trabalho.”

A busca é de um novo marco que observe a “diversidade sindical de visões e propostas, diretrizes de um projeto de mudança que una em torno de propostas que atualizem o movimento sindical brasileiro para enfrentar as profundas mudanças no mundo do trabalho”, diz a minuta. A ideia é formatar o movimento sindical com ampla base de representação, alta representatividade e combatendo a fragmentação, que enfraquece a classe trabalhadora.

Divulgação

Bolsonaro na PF

Com volta ao Brasil prevista para a quinta (30/3), o ex-presidente Bolsonaro já tem compromisso na agenda. Foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento na quarta-feira, 5 de abril. A PF quer saber sobre as joias que entraram irregularmente no

Terá companhia

Para o depoimento, foram intimados também seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, e Marcelo Câmara, que faz a segurança de Bolsonaro. As investigações prometem esquentar ainda mais o clima político, colocan-

do Bolsonaro nas cordas ao ter que explicar por que os sauditas enviaram tantos “presentes”. Entre seus seguidores havia até o medo de ele ser preso em sua chegada ao Brasil, o que parece descartado por enquanto.

Devolver milhões

bunal de Contas da União mandou que esse conjunto também seja devolvido.

Ainda haverá investigação de outros presentes que possam ter sido recebidos de forma irregular.

daramâC so D e p u tados

Tempos quentes na Câmara

Na terça, 28, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados ouviu por mais de 4 horas o ministro da Justiça, Flávio Dino, com deputados bolsonaristas tentando desqualificá-lo com insinuações de que responde processos e querendo que explicasse por que foi a uma favela no Rio de Janeiro. Dino respondeu com ironia e humor, o que irritou mais ainda a extrema direita. Ainda houve embate entre os deputados André Janones (Avante-MG) e Nikolas Ferreira (PL-MG), que não gostou de ser chamado pelo apelido de “chupetinha”.

Estão abertas as inscrições para o 14º Estágio Interdisciplinar de Vivências (EIV), de 21 de Abril e 1º de maio, em Francisco Beltrão (PR), na Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural, Assessoar. O evento é organizado pelo Levante Popular da Juventude, MST-PR, Assessoar, MAB, Fetraf e Universidade Federal da Fronteira Sul e integra a Jornada Universitária pela Reforma Agrária (Jura).

O EIV surgiu da necessidade de estudantes de Agronomia entenderem a realidade econômica, social e política do campo. Desde sua primeira edição, se tornou um projeto interdisciplinar, ocorrendo em diversas partes do Brasil. Em sua 14ª edição, o objetivo é integrar a juventude das universidades à vida da população do campo em espaços de luta pela reforma agrária e agricultura familiar, com formação política, teórica e prática de forma dialética.

Com o mote “Reforma Agrária Popular: em defesa da natureza e de alimentos saudáveis”, o EIV é uma ferramenta pedagógica para a formação política e crítica dos estudantes, permitindo que compreendam o chão em que pisam e as relações de classe e trabalho por meio da interdependência entre teoria e prática.

São 60 vagas. Inscrições pelo link: https://forms. gle/Hg1B8jSjgJCDMhkG8

Leticia Minto Faria, militante do Levante Popular da Juventude

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“Pesquisar no Jusbrasil se insere no mesmo continente mental de quem acha que a Terra é plana”
Respondeu o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao ser questionado na Câmara pelo deputado André Fernandes (PL-CE) se responderia a 277 processos. Dino explicou que no site de pesquisa consultado pelo deputado não aparecem réus, mas nomes de quem pediu direito de resposta na Justiça, registrou candidatura ou foi testemunha em algum processo etc. Geral 3
Por Frédi Vasconcelos
NOTAS BDF
Foi revelado nesta semana que Bolsonaro recebeu um terceiro conjunto de joias dos sauditas, com peças como um relógio com diamantes, que, só ele, vale, cerca de R$ 500 mil. O Tri-
Desde a reforma trabalhista, sindicatos e centrais perderam receitas com o m do imposto sindical e a possibilidade de bene ciários de negociações coletivas apresentarem carta de oposição. Para reverter isso, centrais preparam projeto de lei que prevê o nanciamento das entidades e o fortalecimento da negociação sindical. Recentemente, o sociólogo e assessor do Fórum das Centrais Sindicais Clemente Ganz Lúcio esteve em Curitiba apresentando minuta da proposta. A expectativa é que esteja pronta em abril e seja apresentada ao governo federal. Estudantes se unem pela reforma agrária
COLUNA DA JUVENTUDE
país e foram incorporadas ao seu patrimônio. Além das peças avaliadas em R$ 16 milhões que a Receita apreendeu, foram descobertos mais dois “presentes” avaliados em milhões, que foram parar irregularmente nos bens pessoais de Bolsonaro.

Servidora da Fundação de Ação Social é perseguida por questionar despejo

Servidora da FAS e entidades denunciam racismo institucional

Pedro Carrano com informações da Comunicação do Sismuc

Elaine Batista, servidora da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), representa o segmento dos trabalhadores da assistência social, na figura do Conselho Regional de Assistência Social (CREES), no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS).

Atualmente, ela responde a um processo administrativo disciplinar, na Procuradoria Geral do Município, para apurar o envio de mensagens no grupo de WhatsApp do CMAS durante horário de expediente.

Isso porque, em 10 de janeiro de 2023, a servidora questionou qual seria o procedimento da FAS quando policiais militares do Paraná executaram o despejo forçado de cerca de 150 famílias da ocupação Povo Sem Medo, em terreno da construtora Piemonte, no Campo de Santana, em Curitiba.

Na reunião de 28/3 do CMAS, acompanhada pela reportagem do Brasil de Fato Paraná, a vice-presidenta do espaço, bem como representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), entre outros, questionaram

a ação da gestão, realizada a partir de um “print” de debate no grupo, confundindo espaços diferentes – conselho e gestão.

Elaine é também a única mulher negra entre integrantes do CMAS, classificando o episódio como racismo institucional e perseguição.

Servidora e mulher negra A vice-presidenta do Conselho, Danielle Silvestre, fez a leitura do código de ética do CMAS, apontando que levar as mensagens do grupo de WhatsApp, com a intenção de atentar contra um colega, é uma infração ao código. É fato também que o conselho, como qualquer espaço organizativo,

Atuação junto ao povo

Elaine é incentivadora da prática conselhista e, como afirma, da participação popular e dos usuários no desenho e controle das políticas públicas. O despejo forçado da Povo Sem Medo foi marcado por irregularidades, cerceamento à liberdade de imprensa e ausência

de encaminhamento para uma série de famílias.

Nesse contexto, a servidora acompanha movimentos populares e percebeu que a execução da ação de reintegração de posse contava com a FAS, mas não cumpria os procedimentos orientados pelo

tem um grupo para trocar mensagens referentes às deliberações dos conselheiros — de forma que o aplicativo é usado também como canal oficial para debates e troca de informações.

As entidades presentes na reunião do CMAS e a fala de Elaine Batista sobre o caso criticaram a prática de assédio, perseguição e racismo institucional – ainda que a gestão municipal nem sempre tenha as ferramentas para reconhecer a situação.

“O quanto essas práticas são veladas, de estrutura racista e de perseguição, esse assédio, uma vez que são coisas tão difíceis de provar, no entanto a materialidade dessas estruturas está consolidada”, critica.

ENCAMINHAMENTOS

Por deliberação do CMAS, foi decidida a instauração de uma comissão de ética para apurar o responsável pelo print das mensagens, a solicitação de retirada do processo por falta de materialidade e uma retratação o cial da FAS. Elaine foi escutada pela procuradoria e aguarda retorno se será aberta sindicância.

Outro lado Questionada pela reportagem, a FAS informa que a situação relacionada à servidora e assistente social Elaine Batista está sendo apurada pela administração.

STF. Tampouco os acordos municipais. “Tiramos enquanto CMAS um plano de construção em torno do despejo, uma vez que já tínhamos sido provocados pela comunidade, estávamos fazendo esses questionamentos. Sou conhecida pelos atores que estavam

atuando na comunidade, caso da campanha Despejo Zero”, afirma.

A servidora ressalta a presença do conservadorismo na gestão, acentuado com o embate político do período anterior, Elaine recorda da sua história e da importância de luta por

políticas públicas de qualidade: “Eu fui uma criança que participou do Projeto Piá. Foi o serviço público, os servidores públicos, que mostrou pra mim que as políticas públicas de fato funcionam”, apontou, em fala emocionada na reunião do CMAS.

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4 Brasil
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Elaine é a única mulher negra entre integrantes do CMAS

Era brilhante e cheio de sonhos, relatam professores do jovem morto pela Guarda Municipal

Morte está sendo investigada pela Policia Civil; guardas foram afastados

Ana Carolina Caldas “Era um estudante brilhante, cheio de sonhos, muito comunicativo e querido por todos os professores. Ele esteve conosco desde o sexto ano e estava empolgado com a formatura do ensino médio. A aula, nesta segunda-feira (27) foi toda em homenagem a ele. Recebemos a visita da família, que veio especialmente para acompanhar”, conta. O diretor diz que estão atendendo e acolhendo alunos, abalados emocionalmente.

Caio José Ferreira, 17 anos, morreu no sábado, 25/3, baleado pela Guarda Municipal de Curitiba, no bairro CIC. A morte está sob investigação da Polícia Civil e da Corregedoria da Guarda Municipal. Em nota, a Guarda diz que houve uma patrulha na CIC, após chamado por suspeita de tráfico de drogas. Na versão dos guardas, o adolescente teria tirado do boné uma faca de 25 centímetros após tentar fugir da abordagem e que o agente que disparou teria se sentido ameaçado. A Prefeitura de Curitiba informou que as câmeras corporais dos guardas estavam desligadas.

Versão que é considerada, no mínimo, estranha por quem conhecia o jovem. Além de ser difícil alguém ter uma faca de 25 centímetros num boné, pessoas ouvidas pelo Brasil de Fato Paraná relatam que Caio era uma pessoa calma, atenciosa, estudiosa e querida por colegas e professores. Ele cursava o 3º ano do ensino médio pela manhã, no Colégio Estadual Júlia Wanderley, e à tarde trabalhava como jovem aprendiz numa empresa de telemarketing.

O diretor, professor Cristiano André Gonçalves, diz que foi um choque para toda a comunidade.

Caso de apologia ao nazismo volta a ocorrer em universidade

Estudante da Universidade Federal é afastado por áudios racistas

‘rapper’, fazia rimas como ninguém, tinha uma crítica muito construtiva, falava muito em justiça, se posicionava sempre de uma maneira respeitosa”, conta. “Eu era sua admiradora. Tiraram parte dos nossos sonhos quando o mataram”, conclui Maíra.

Para Maíra Souto, professora de História de Caio do sexto ano até o ensino médio, o sentimento é de muita tristeza. “Estamos arrasados. Ele era um menino muito bom e acho que é unânime essa imagem que fica o quanto ele era educado, gentil e muito grato com todos. Abraçava todo mundo e dizia que gostava de todo mundo. Ele era

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Segundo o professor Ricardo José Bois, o jovem tinha sonhos de mudar o mundo. “Falar do Caio é muito fácil, ele era um estudante que eu conheço desde o sexto ano, era amável, tinha muita alegria e energia positiva, um ótimo senso humor, sempre como sorriso no rosto, altamente politizado, sempre atento a questões sociais e políticas, não hesitava em expressá-las de forma clara e respeitosa. Nas últimas conversas, falou da vontade de prestar vestibular para Filosofia, História ou Ciências Políticas. Tinha o sonho de fazer algo que um dia pudesse mudar o mundo e ajudar tornar a sociedade melhor e menos perigosa para a juventude” diz Bois.

O corpo de Caio foi sepultado no domingo, 26. Em nota, a Guarda Municipal lamentou a morte, disse que o caso é investigado pela Polícia Civil e que a Corregedoria abriu procedimento para apurar a conduta dos agentes, que estão afastados do trabalho operacional.

Nesta semana, a Universidade Federal do Paraná, UFPR, afastou estudante do quinto ano de Direito após a divulgação de áudios durante uma troca de mensagens do aluno com um membro de um grupo de estudos da universidade, onde afirmava ter “gene alemão, puro”. A denúncia foi feita pela deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT).

“Sangue puro alemão”

José Almir da Luz, de 37 anos, foi afastado e proibido de frequentar o campus por 30 dias, além de ter processo administrativo disciplinar instaurado. Numa conversa em uma rede social, com membros do grupo Grupo de Estudos Liberdade e Democracia, Gelp, disse ter “sangue puro alemão”. Além disso, fez comentários homofóbicos. “Boa noite. Eu gostaria de pedir um favor. Já que vocês são monarquistas e de extrema-direita, parem de se comportar feito umas bichonas”, afirmou.

A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro diz que o estudante tem histórico de manifestações racistas e homofóbicas, e que é preciso tomar medidas para que esses comportamentos não sejam tolerados. “É uma ação reiterada. É um absurdo o que aconteceu. A universidade tomou uma medida acertada ao afastá-lo enquanto apura”, afirmou.

A UFPR emitiu uma nota em que repudia veementemente atitudes de discriminação e preconceito, e que não tolera esse tipo de comportamento e que tomará as medidas necessárias para coibir tais práticas.

Já José Almir da Luz, em entrevista ao portal Banda B, disse que as mensagens foram retiradas de contexto e que ele estava sendo vítima de perseguição política, que as mensagens foram apenas uma brincadeira. “Eles estão distorcendo. Eu sou cotista, tenho 37 anos, sou homossexual, meu pai sofre de Alzheimer e ainda tenho que ficar aguentando humilhação para terminar essa faculdade. Eles riem da pobreza da gente”, disse.

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Brasil 5
Redação

Solidariedade é o foco da Páscoa em Curitiba

Cestas da Economia

Solidária e Páscoa das Comunidades são iniciativas que precisam de apoio na capital

Movimentos populares de Curitiba estão fazendo da Páscoa um chamado à solidariedade. Na contramão do apelo comercial, iniciativas pedem apoio ao consumo consciente e doações a comunidades em situação de vulnerabilidade.

Uma dessas iniciativas são as Cestas da Economia Solidária, produzidas por empreendimentos da Rede Mandala. Vendidas em tamanhos pequeno, médio e grande, as cestas reúnem produtos artesanais feitos por pequenos produtores da cidade e do campo. “As cestas são construídas por muitas mãos. É a oportunidade de praticar o consumo responsável e solidário”, informa a Rede Mandala em texto de divulgação.

Dentre os produtos das cestas estão o biscoito e a colomba pascal produzidos pela Padaria Amizade, que integra a Rede de Padarias Comunitárias Fermento na Massa. Já os ovos de chocolate são produzidos pelo empreendimento Três Ma-

Páscoa das comunidades

A União de Moradores/as e Trabalhadores/as (UMT) arrecada doações para atividade de Páscoa em pelo menos 12 comunidades e áreas de ocupação de Curitiba. A UMT surgiu no chamado bolsão Formosa, a partir de associações de moradores dispostas a organizar a população no período mais grave da crise social e da pandemia de Covid-19.

“Desde 2020, atendemos comunidades e famílias com grande necessidade, pedimos apoio para nossa campanha, para trazer mais doçura em meio às turbulências das comunidades. Toda a renda vamos distribuir para as ações em cada comunidade”, a rma Juliana Santos, integrante da UMT.

Região do Formosa Novo Mundo (Uberlândia, Formosa, Canaã, Ferrovila); Rua Magdalena Taborda Ribas, 142 – Tel. 9.9940-0656 (Juliana)

rias, membro da Associação Feira Permanente de Economia Popular Solidária. Também membro da feira, o empreendimento As Arteiras produz os coelhinhos de feltro das cestas.

Do campo, vêm a bebida láctea, o suco e o doce de leite, que são comercializados pela Produtos da Terra, marca gerida pela Coopera-

tiva Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA).

As encomendas podem ser feitas até 2 de abril. Os valores são R$ 80 (cesta pequena), R$ 100 (cesta média) e R$ 120 (cesta grande).

Moradias Iguaçu

Endereço: acesso 06 424 - quadra sobrado 48

Quadra E

Tel. 9.9553-1493 (Roseli)

Moradias Sabará

Ary Caramão Arruda, 151. Sabará, CIC Tel. 9.9819-1155 (Diego)

Moradias Corbelia

Rua Professora Maria França do Belém, número 109, Corbelia, São Miguel. Tel. 9.8469-3186 (Maria José)

Guaporé

Tel. 9.8524-7781 (Baiana)

Casa de Passagem Indígena

R. Des. Westphalen, 1845 – Rebouças Tel. 9.9838-6189 (Ceia)

Comunidade Tiradentes

Igreja Pentecostal Renascendo das Cinzas. Rua Nova Tiradentes, 180

Tel. 9.9992-3780 – Lucineia / 9.97442065 - Dieyssy

O cupação Nova Primavera

Estrada Velha do Barigui 10511

Rua na frente do ponto logístico (antiga Toshiba)

Tel. 9.9644-9254 (Vanessa)

Moradias Graciosa

Associação de Moradores Comunidade Ecológica Chácaras Graciosa. Endereço sede jurídica: Rua Rui Barbosa, 419, Vargem Grande, Pinhais/PR

Tel. 9.9211-9930 (Raquel)

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Pontos e contatos para doações
6 Cidades
ANÚNCIOS
Acesse o formulário online https://forms.gle/ u7dfwQjiTFBxjN8g6

Peça “Mestiço” promove reflexão sobre o racismo estrutural

DICAS MASTIGADAS Bolo de cenoura

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

3 cenouras orgânicas

Redação com o Coletivo Átila, durante um exercício em que cada integrante dirigiu o outro. “Começou com um intuito de mostrar um pouco da minha vivência. Tem muito dos meus traços, da minha infância, da minha adolescência”, destaca.

Apeça “Mestiço - Traços da Resistência” busca trazer reflexão e emocionar o público no Festival de Teatro de Curitiba. O espetáculo é estrelado pelo ator e diretor Elisan Correia e conta o olhar do homem negro sobre o racismo estrutural e também como isso afeta a sua vida atualmente. Faz parte da Mostra Caixa Preta e terá três sessões no Espaço Cultural Espetáculo nos dias 7,8 e 9 de abril, às 20h.

Identificação De acordo com Elisan, a peça nasceu no 1º Festival de Teatro Espetáculo, em uma conexão

Segundo o ator e diretor, a ideia para desenvolver a peça exigiu pesquisa ampla sobre racismo estrutural no país. O objetivo foi tentar entender como o negro foi criminalizado. Como resultado, várias pessoas se identificaram durante a estreia, em 2022.

Sucesso de público, com lotação em todas as apresentações, o espetáculo ganhou

Espetáculo retorna aos palcos

na Mostra Caixa Preta no Festival de Teatro de Curitiba

Para ficar por dentro

O quê: peça Mestiço - Traços da Resistência Quando: 7, 8 e 9 de abril, às 20h Onde: Espaço Cultural Espetáculo (Av. Sete de Setembro, 2620, Sala 1) Quanto: R$ 50 / Meia: R$ 25 (20 lugares por sessãosujeito a lotação)

novos horizontes, chegando aos palcos de São Paulo e Rio de Janeiro no final do ano passado. “Quando coloquei a peça em pauta e apresentei na primeira vez, muitas pessoas se identificaram. Muitas delas olharam e falavam: ‘Eu não pensava dessa forma!. Eu não via desse jeito’ ”, recorda o diretor.

“Cada local teve uma re-

cepção diferente e eu tô retornando com o espetáculo aqui em Curitiba. Aqui foi o único lugar em que a maioria do meu público foi branco e eu quero atingir o público negro também. Não tem um momento de alívio, é uma ‘porrada’ atrás da outra. A pessoa tem que estar preparada para assistir um espetáculo de drama”, finaliza.

Três companhias Oficina Mostre Curitiba

O evento é um convite para expor, revelar, apontar e compartilhar o trabalho de artistas e técnicos criadores de diferentes companhias e produtoras culturais de Curitiba, no Teatro da Caixa Cultural, em paralelo à programação do Festival de Curitiba. Com ingressos gratuitos para todas as apresentações, há diversos espetáculos na programação.

Movimentos Sobre a Cidade, da Cia Ilimitada, com direção de Marcio Juliano, abre a Mostra no dia 30 de março. Em 2 de abril tem a mostra de processo e bate-papo de Ressaca, da Súbita Companhia, com direção de Maíra Lour. No dia 5, a estreia da peça “É-Impossível-Não-Falar”, da Rumo de Cultura, com direção de Carolina Meinerz.

A programação da mostra inclui ainda a oficina de dramaturgia “Contra a adaptação: literatura, dramaturgia e uma difícil negociação”, com Pedro Kosovski. São 20 vagas gratuitas inscrições: https://linktr.ee/ rumodecultura. Mais informações na Caixa Cultural Curitiba, na Rua Conselheiro Laurindo, 280, no site www.caixacultural.gov.br ou pelo tel. 4501-8222.

4 ovos orgânicos

1 xícara (chá) de óleo

1 ½ xícara (chá) de açúcar

2 xícaras (chá) de farinha de trigo

1 colher (sopa) de fermento em pó

1 pitada de sal manteiga e farinha de trigo para untar

Modo de preparo Preaqueça o forno a 180 ºC. Numa tigela, coloque a farinha, o sal e o fermento, passando pela peneira. Misture e reserve. Corte as cenouras em rodelas e transfira para o liquidificador. Junte também óleo, ovos e açúcar e bata bem até ficar liso, por cerca de 5 minutos. Transfira a mistura líquida para uma tigela grande e adicione aos poucos os ingredientes secos. Com cuidado, transfira a massa para a fôrma previamente untada e enfarinhada e leve ao forno para assar por cerca de 45 minutos. Para saber se o bolo está pronto, espete um palito na massa: se sair limpo, pode retirar do forno. Deixe esfriar por 15 minutos e acrescente a cobertura de sua preferência.

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Intertemporada de desânimos

A desclassi cação precoce do Coritiba no Campeonato Paranaense para o FC Cascavel acendeu luz de alerta no torcedor coxa-branca: é inadmissível não derrotar um clube da 4ª Divisão tendo três tentativas para tanto. O prejuízo (afora o vexame) só não foi maior porque, minutos depois, um salvador gol do Maringá tirou a 5ª colocação do Cianorte e impediu a ausência coxa-branca da Copa do Brasil de 2024, algo impensável e que não ocorre desde duas décadas atrás por conta de sua participação na Copa Libertadores de 2004. Para a edição deste ano, o Sport está de nido como seu adversário na 3ª Fase, daqui a 11 dias do Alto da Glória. Na “intertemporada” do time em Atibaia, capitaneada pelo treinador António Oliveira, o time segue sem variações táticas e não há nenhum reforço de peso anunciado. Em jogo-treino no local, foi derrotado (3x4) pelo São Paulo.

Começam os desafios mais importantes do ano no futebol

Com calendário cheio, Athetico deve disputar nove partidas em abril

Uma casa de shows de Curitiba conhecida pela existência de prostituição feminina anunciou nas redes sociais que irá patrocinar o Paraná na Série Prata. Apesar de não con rmar a notícia, a diretoria do tricolor não a negou, o que tem gerado revolta em parte da torcida. O coletivo feminino ‘Gralhas da Vila’ foi o primeiro a se manifestar publicamente sobre a possibilidade. “É inaceitável que o clube seja conivente com um patrocinador que traz o corpo feminino como produto”, a rmou em nota o coletivo de mulheres paranistas. Não precisamos nem entrar no debate sobre a prostituição ou sobre o quanto isso pode estimular o machismo no estádio. Basta pensar em conceitos básicos do marketing para a rmar: esses R$ 50 mil oferecidos não são nada perto da vergonha que um episódio como esse poderia causar na nossa história.

Libertadores, estamos chegando

O sorteio da Libertadores foi um susto para a torcida rubro-negra. Caímos no grupo da morte com Atlético-MG, Alianza Lima, do Peru, e Libertad, do Paraguai. O jogo de estreia, no dia 4 de abril, já é decisivo: enfrentamos, teoricamente, o time mais fraco do grupo fora de casa. É fundamental conquistar a vitória nesse jogo, já que a partida seguinte é contra a equipe do Galo, em casa. Para quem gosta de estatísticas e superstições, todas as vezes que enfrentamos o Libertad na fase de grupos chegamos à nal. E todos os times que disputaram três nais levaram pelo menos uma. Tirando de lado esses fatores, em campo somos hoje uma das equipes favoritas, com um elenco que já tem experiência na competição. O sonho da Libertadores está mais vivo que nunca!

Nesta semana, foram de nidos em sorteio os grupos da Libertadores da América e a terceira fase da Copa do Brasil. Além disso, começa em abril também o Campeonato Brasileiro, fazendo com que os times mais fortes entrem numa verdadeira maratona.

A Athletico, por exemplo, terá dois jogos pelas nais do campeonato paranaense contra o Cascavel, duas partidas pela Copa do Brasil contra o CRB-AL, dois jogos pela Libertadores, contra o Alianza Lima e Galo, além de três partidas pelo Brasileirão, contra Goiás, Fluminense e Galo novamente. São nove jogos em quatro semanas, calendário que irá desgastar os times que estão nas nais dos estaduais e nas três competições mais importantes do ano. Com o agravante de viagens, como a que terá de fazer à capital do Peru na estreia da “Liberta”.

O Coritiba tem um calendário menos apertado por conta de ter sido eliminado no estadual e não estar numa competição sul-americana, mas terá de melhorar muito nos desa os contra o Sport pela Copa do Brasil e nos três confrontos de abertura do Brasileirão, contra Flamengo (no Rio de Janeiro), e Fortaleza e São Paulo (em casa). Desa os difíceis para um time que ainda não se encontrou e

precisa passar de fase na Copa do Brasil, por conta dos valores que podem ser recebidos e que farão bem aos cofres alviverdes, e acumular pontos no brasileiro para não passar pelo aperto de disputar rebaixamento no nal do campeonato.

TRISTE VIOLÊNCIA

Se o calendário do futebol ca quente a partir deste mês, há coisas que precisam mudar há muito tempo. Entre elas a violência nos estádios, como a que se viu na semi nal do campeonato gaúcho. Após a desclassi cação dos colorados para o Caxias nos pênaltis, confusão entre jogadores, torcedores invadiram o gramado. Houve até pai que entrou no campo com uma menina de 3 anos no colo para agredir jogador. Por conta disso, o Inter foi denunciado no TJD-RS por “deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens, invasão de campo e lançamento de objetos em campo de jogo”. O julgamento deve acontecer nos próximos dias. Mas é bom lembrar que a violência não é exclusividade dos gaúchos e foi vista, há pouco tempo, nos gramados paranaenses com jogadores brigando no clássico entre Coxa e Athletico.

Paraná, 30 de março a 5 de abril de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR 8 Esportes
O Paraná não é “zona” Frédi Vasconcelos Divulgação
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