Brasil de Fato PR - Edição 301

Page 1

Reexistências negras

Perfil fala da vida e atuação da vereadora Giorgia Prates

O que vem aí no futebol Cultura sendo reconstruída

Times de Curitiba têm desafios diferentes no final de semana

Secretário mostra caos que ocorria no governo Bolsonaro

Por que os juros impactam os trabalhadores?

Taxa limita investimentos em moradia, na indústria e geração de empregos Brasil | p. 5

Universidades estaduais em greve

Salários não são reajustados desde 2016, perdas chegam a 42% Brasil | p. 5

Editorial | p. 2

Deltan Dallagnol desaba

Um dos principais perseguidores de Lula agora perde seu mandato

Opinião | p. 2

Falta atendimento aos portadores de TEA

Vereadora Maria Letícia critica fila de atendimento na prefeitura

| p. 8 Cultura | p. 7 Perfil | p. 6 Ano 7 Edição 301 18 a 24 de maio de 2023 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br PARANÁ CMC
Esportes
Getty Images Getty Images

Deltan Dallagnol desaba

Ouso político do direito não é nenhuma novidade. Aliás, é da própria natureza da legalidade que seja política. Uma questão a se avaliar, porém, é se esta política está sendo democrática. Como se sabe, o direito não se resume à lei. Além dela, por exemplo, o poder judiciário tem atuação decisiva. É por isso que o lavajatismo corrompeu tanto a frágil democracia brasileira.

Envolvendo procuradores, juízes e demais profissionais do sistema de justiça, a operação “Lava Jato” significou movimento político-jurídico de posturas autoritárias e fascistizantes, que acabaram por perseguir políticos seletivamente e criar o cenário

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 291 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

para a eleição do governo mais antidemocrático pós-ditadura, em 2018.

Agora, com a decisão unânime do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dos atores centrais do lavajatismo teve seu cargo de deputado federal cassado. Deltan Dallagnol, segundo o TSE, pedira exoneração do Ministério Público para escapar de uma investigação que poderia resultar em sua exoneração, infringindo a lei da Ficha Limpa.

Torna-se inelegível um dos principais ideólogos da Lava Jato, e Curitiba respira, por enquanto, aliviada, por ver inviabilizada uma candidatura de extrema-direita à Prefeitura da cidade.

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

Curitiba com Assistência à Saúde?

Não para quem tem Transtorno de Espectro Autista (TEA)

Maria Letícia, Médica-legista, ginecologista e vereadora pelo Partido Verde em Curitiba. Sua luta pela defesa das mulheres e da saúde começou antes de sua entrada na política, já que em 2012, fundou a ONG Mais Marias para ajudar mulheres vítimas de violência

Quem precisa de atendimento em Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou em saúde mental na capital do Paraná está condenado a uma espera angustiante. Em Curitiba, as famílias com filhos com deficiência esperam por anos a fio sem conseguir um diagnóstico na rede municipal de saúde (e quando conseguem, não recebem acompanhamento médico adequado).

Em 2017, o Ambulatório Encantar, dedicado ao tratamento de saúde mental e TEA para crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, atendia 600 curitibinhas, segundo a Prefeitura. Hoje, o Encantar recebe pacientes até 14 anos, diminuindo a linha de corte por idade sem justificativa e sem atualizar informações sobre a população atendida.

O silêncio da Prefeitura esconde uma realidade revoltante, já que Curitiba tem uma fila de espera com mais

de 2 mil crianças aguardando diagnóstico TEA na rede pública. Crianças que precisam de um parecer médico, mas que têm seu tratamento impedido porque a gestão não disponibiliza neurologistas. Em agosto de 2022, a própria Prefeitura informava que a espera por um diagnóstico era de 2 anos. Hoje, tenho recebido relatos de uma espera ainda maior, de até 3 anos.

Quando as famílias conseguem o diagnóstico de seus filhos, o perrengue muda de fase. O que chamam de atendimento especializado é na verdade só uma consulta por mês. E uma consulta por mês não oferece apoio adequado. Estamos falando de milhares de famílias sem acesso à saúde. E quando levanto o tema dentro da Câmara Municipal, ouço dos colegas vereadores amigos do prefeito que a saúde vai às mil maravilhas. Imagine você ter um filho sofrendo e ouvir de quem deveria resolver isso que “em Curitiba não acontece”. A saúde está sendo tratada com deboche e mentiras. E isso, como médica, fica difícil de engolir. Tem algum relato? Mande pelo marialeticiafagundes@cmc. pr.gov.br ou (41)99165-0043.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORAM NESTA EDIÇÃO Cláudia Kanoni e Maria Letícia ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Juliana Santos DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

Paraná, 18 a 24 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
2 Opinião
editorial opinião
Reprodução

Cassação de Dallagnol mexe com eleição de Curitiba

A decisão do TSE que cassou o ex-procurador da Lava Jato e deputado federal, Deltan Dallagnol, deve ter efeitos na eleição para a Prefeitura de Curitiba. Com quase 345 mil votos, ele foi o parlamentar mais votado no estado e era nome forte para suceder o prefeito Rafael Greca. Porta-voz do lava-jatismo, Deltan ainda contava com apoio do senador Sérgio Moro.

Os possíveis bene ciados pelo impedimento são da direita, que perderiam votos para o movimento conservador, justiceiro e evangélico que Dallagnol representa. Um deles é o atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, visto como sucessor de Greca e em pré-campanha com apoio das empresas de transporte. Outro que pode herdar os votos é Paulo Martins, bolsonarista que cou atrás de Moro na corrida. Ele é um dos que questionam as contas de campanha, que podem levar à cassação de Moro.

Por outro lado, a cassação de Dallagnol ainda pode dar argumentos para a esquerda, acuada por conta da Lava Jato e de Bolsonaro. Sem Dallagnol, a pauta do “combate à corrupção” pode não ser central, fortalecendo o discurso social e uma aliança com o governo federal. Tentam colar em Lula o deputado estadual Goura e a ex-vereadora e deputada federal, Carol Dartora. O ex-prefeito Luciano Ducci, próximo a Beto Richa, também é uma das possibilidades.

Disse em seu Twitter a deputada federal Erika Hilton (Psol) ao comentar fatos que aconteceram na terça (16), após a mudança de preços dos combustíveis na Petrobras e a cassação do deputado Deltan Dallagnol pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por 7 votos a 0.

Dia de cassado

JOGO DO PODER Por

Cercado de bolsonaristas

O ex-procurador da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, teve o mandato de deputado federal cassado por 7 votos a 0 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que incluiu o voto de três ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O que limita sua argumentação de que foi tirado da Câmara por corruptos e pessoas ligadas ao presidente Lula. Sua tentativa foi, o tempo todo, dizer ser um mártir e cassado por ter ousado enfrentar o “sistema”. Não usou nenhum argumento jurídico.

Pouco inteligente

A mira de Deltan também foi direcionada ao Supremo Tribunal Federal e ao TSE, principalmente a ministros como Gilmar Mendes, e demais ministros que estão nos dois tribunais. Iniciativa pouco inteligente, já que serão eles que poderão analisar os recursos jurídicos ainda disponíveis para Deltan tentar recuperar o mandato. Parece não acreditar nessa possibilidade e prefere “jogar para a torcida”.

Se nas cortes Deltan Dallagnol não teve apoio de bolsonaristas, no dia seguinte à cassação o ex-deputado fez discurso cercado de parlamentares ligados ao ex-presidente, como o filho Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e outros da bancada da extrema direita. Ao lado dessas pessoas, algumas acusadas de corrupção, fez discurso contra a corrupção e corruptos, comparando-se a Jesus Cristo e dizendo que foi inventada uma “inelegibilidade imaginária”.

Collor na prisão?

Em julgamento no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin, relator da denúncia contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello, votou pela condenação de Collor a uma pena de 33 anos, 10 meses e dez dias de prisão. Collor é acusado de receber propina de um esquema de corrupção na BR Distribuidora. O julgamento continuava após o fechamento desta edição. Caso haja maioria pela prisão, o ex-presidente que sofreu impeachment pode acabar seus dias na prisão.

Greve em aplicativos

Na segunda-feira (15), milhares de motoristas por aplicativos, de diversas capitais e cidades brasileiras, paralisaram suas corridas em defesa do aumento de seus rendimentos e por melhores condições de trabalho. Foi a primeira greve de dimensão nacional feita por essa categoria neste ano e, ao que tudo indica, não será a última.

Sem reajuste

Com o intuito de ser realizada por 24 horas, a paralisação começou no período da manhã, apresentando como principais reivindicações o aumento do valor mínimo das corridas, de R$ 5,62 para R$ 10,00, e o adicional de R$ 2,00 por quilômetro rodado. Conforme lideranças da categoria, a despeito do aumento dos preços do combustível e da cesta básica, bem como do próprio valor pago pelos clientes após as corridas, os motoristas cadastrados na Uber sofrem com a falta de reajuste na tarifa há aproximadamente oito anos.

Mais transparência

Além das pautas financeiras, os trabalhadores reivindicam mais transparência dos algoritmos quanto ao desligamento e a possibilidade de reinserção nas plataformas, maior rigidez no cadastro – com mudança nos termos de uso – e aumento da segurança durante as jornadas – materializada, em algumas localidades, pela instalação, por parte das empresas, de câmeras nos veículos.

Paraná, 18 a 24 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
“Gás, gasolina e Deltan caindo hoje”
FRASE DA SEMANA Geral 3
Frédi Vasconcelos Agência
Brasil
Afonso Braga | Câmara Municipal de São Paulo

Por reposição salarial, professores de universidades estaduais entram em greve no Paraná

Salários estão defasados desde 2016 e perdas já ultrapassam 40%

Lia Bianchini -Oeste (Unicentro), Norte do Paraná (UENP) e do Paraná (Unespar).

Docentes das sete universidades estaduais do Paraná entraram em greve pedindo a recomposição salarial da categoria. Os salários não são reajustados desde 2016, e os sindicatos da categoria calculam que as perdas salariais já estão em 42%.

A greve docente teve início na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no dia 8, e foi aderida por outras cinco universidades na segunda (15). Na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), a deflagração da greve foi aprovada na quarta (17).

“Nesse aspecto da conjuntura, lembramos que há mais de sete anos o governo do Paraná não cumpre a lei da data-base. A defasagem salarial atual corrói 5,6 meses por ano de trabalho de cada docente! Acrescente a esse quadro a desvalorização da carreira docente no ensino superior, frente a outras categoriais do quadro próprio do estado”, afirma em nota o Comando Sindical Docente, que reúne as seções sindicais do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) nas universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), Oeste do Paraná (Unioeste), Centro-

Proposta irrisória O governo do estado, comandado por Ratinho Junior (PSD), apresentou proposta de reajuste geral de 5,79%. O valor é entendido pelo comando sindical como “irrisório”. “Estamos no mês de maio e, mais uma vez, o governo sinaliza com o calote. Estamos desde 2016 sem a reposição da inflação, que acumula perdas de mais de 42%, e o governo, para desmobilizar as categorias, apresenta propostas ilusórias de ajustes na carreira”, criticou Edmilson da Silva, 1º vice-presidente da Regional Sul do Andes-SN.

De acordo com nota do comando sindical, a greve é uma forma de “criar canais de diálogo, que hoje não existem, com setores da administração pública do Paraná e, assim, buscar

alternativas para repor perdas salariais, seja através de uma proposta viável (que não inexpressivos 5%) ou pela atualização do plano de carreira docente”.

Greve estudantil Também na segunda (15), estudantes da Faculdade de Artes do Paraná (FAP/Unespar) entraram em greve em apoio aos professores e com demandas próprias de assistência estudantil, como restaurante universitário, água nos campi e bolsas de permanência.

No decorrer da semana, o comando de greve estudantil deve entregar suas pautas em reuniões com deputados estaduais como Ana Júlia Ribeiro (PT), Renato Freitas (PT) e Goura (PDT).

“PREJUDICAR O DIÁLOGO”

Em nota, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti) a rmou que entende como precipitada a iniciativa de greve. “A Seti tem discutido as pautas que envolvem as demandas de professores e funcionários das universidades estaduais com lideranças e sindicatos que representam as categorias. A proposta de reformulação das carreiras foi apresentada e encaminhada para avaliação das demais áreas do Estado, uma vez que envolve aspectos orçamentários. Nesse sentido, a secretaria entende que a greve é precipitada e pode prejudicar o diálogo”, informou.

Audiência Pública questiona aterro sanitário da Essencis e defende direito de área Tiradentes 2

Salários estão defasados desde 2016 e perdas já ultrapassam 40%

Audiência Pública realizada na quarta (16) na Assembleia Legislativa do Paraná, proposta pelo mandato do deputado estadual Renato Freitas (PT), reuniu moradores, parlamentares e especialistas em urbanismo para debater o impacto do aterro sanitário na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e, ao mesmo tempo, afirmar o direito da ocupação Tiradentes 2 e comunidades próximas viverem, com qualidade, na região.

Nas semanas recentes, as cerca de 70 famílias da Tiradentes 2, organizadas pelo Movimento Popular por Moradia (MPM) convivem com o risco de execução da ação de reintegração de posse. O momento é de tentativa de negociações com a empresa, medidas

pela Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná.

O aterro sanitário é de propriedade da empresa Essencis Soluções Ambientais SA, pertencente ao grupo Solví, que atua em 250 cidades brasileiras e controla o maior depósito de lixo do país, na região metropolitana de São Paulo.

Uma das propostas é que haja negociação da Essencis/Solví com o movimento. Dia 19 de maio (sexta), uma audiência está convocada para a sede dos moradores da Tiradentes 2, com participação da Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR). Espera-se que a empresa sente para negociar com movimento e famílias.

Paraná, 18 a 24 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR 4 Brasil
Pedro Carrano Pedro Carrano Leia a entrevista na íntegra em brasildefatopr. com.br Sindiprol-Aduel

Juros altos impedem retomada de investimento em indústria e moradia

Ataxa básica de juros da economia (Selic) brasileira é a mais alta do mundo, no patamar de 13,75%, o que serve de referência para as diferentes taxas que os trabalhadores enfrentam no cotidiano. Como isso impacta os setores de baixa renda e também os setores médios da população?

Economistas apontam que, hoje, a alta taxa de juros leva à redução de procura por financiamento imobiliário. Além disso, prejudica o nível de emprego, uma vez que inibe o investimento de empresários na produção. No caso brasileiro, a Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da taxa básica cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), como informa a página do Banco Central.

Pedro Carrano Juliane Furno, economista, youtuber e autora do livro “Economia para Transformação Social”, confirma o impacto da taxa de juros sobre o crescimento da economia e também sobre a oferta de crédito. “A taxa de juros impacta por dois canais. O primeiro deles é que ela esfria a economia, inclusive essa é a sua função, como política monetária para controlar a inflação, ela arrefece o crescimento, dirime o investimento e o consumo. Portanto, piora as condições de vida da população. E o segundo é o canal direto do crédito. (…) o movimento da taxa básica de juros faz com que as outras taxas ou cartão de crédito ou crédito pessoal aumentem, portanto encarecendo o custo do crédito e aumentando o potencial de endividamento da população”, afirma.

Impacto para o trabalhador Sandro Silva, economista do Dieese, afirma que há uma tendência de au-

mento da taxa de juros desde 2012, o que consolida os impactos atuais sobre a vida da população. “Com a Selic mais alta, o governo paga mais juros sobre a dívida pública, e sobra menos recurso para outras despesas, e aumenta a dívida pública. O governo gastava em torno de R$ 400 bilhões em juros e agora pode chegar a R$ 813 bilhões com gastos em dívida, o que impacta nas finanças (…) Também o custo do dinheiro acaba aumentando, a pessoa gastando mais para um carro, uma máquina, faz com que gaste mais com o juros”, afirma.

Queda no mercado imobiliário Setores empresariais da construção civil criticam queda nas novas unida-

Queda de investimento na indústria

Pesquisa da Confederação Nacional da Indús-

tria (CNI), chamada Investimentos na indústria 2022 – 2023, revela que o total de empresas que pretendem

TOTAL DE INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS EM 2023

19% aumento da capacidade produtiva Introdução de novos produtos 8%

investir no ramo produtivo diminui em 2023. Os dados mostram que 68% das empresas indicam pretensão de investimento em 2023 – percentual sete pontos abaixo no comparativo com 2022.

Com isso, é possível ver uma tendência, uma vez que é o terceiro ano consecutivo de queda nesse indicador. O atual percentual indicado pela CNI é inferior ao encontrado em 2022 (75%) e 2021 (82%). Junto a isso, os investimentos mostram pouca disposição de expansão ou de novos investimentos do ramo produtivo (veja box).

des financiadas. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, apontou para o jornal “Estado de S. Paulo” que a elevação de juros desorganiza a cadeia de produção de imóveis. A entidade aponta a queda de 30% na quantidade de novas unidades financiadas no primeiro bimestre de 2023.

Com o mercado imobiliário desaquecido, a construção civil, atividade vital da cadeia produtiva do setor de habitação, sente o impacto. “O setor da construção civil é o fundamento da retomada econômica pelo investimento em infraestrutura no país”, lembrou o economista Marcio Pochmann, via Twitter, referindo-se a esses dados.

O PROBLEMA DOS JUROS

Por de nição, se tomamos em conta a obra do economista Karl Marx (1818 – 1883), o juro é uma parte do lucro, inicialmente emprestada ao capitalista da área de produção e depois recuperada pelo prestamista, ligado ao capital nanceiro. A parte do lucro que cabe ao prestamista chama-se juros. Esse capital, que retorna na forma de juros, já é acrescido de um valor a mais, extraído no processo de produção.

Como nos explica o ca-

nal Rondó da Liberdade, “Os juros têm sempre origem no mais-valor? Sim. O capital portador de juros é fundamental no processo de produção global do capital, uma vez que todo o processo da produção capitalista (que é também valorização) exige um adiantamento de capital, que será reposto somente após a realização do produto. Ou seja, a remuneração desse capital portador de juros exige que o processo de valorização tenha sido bem-sucedido.”

Paraná, 18 a 24 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR Reprodução
O impacto da taxa de juros mais alta do mundo recai sobre trabalhadores e setores médios
Pedro Carrano
Brasil 5
Reprodução
(Fonte: CNI)

REEXISTÊNCIAS NEGRAS

Giorgia Prates e o olhar que resume todos os sonhos

Arepulsa ao uso de vestidos já na primeira infância e o desconforto ao imitar as poses feitas por sua irmã, numa tentativa de ser mais feminina nas fotografias de família, são alguns dos pontos que justificam a frase emitida com tanta firmeza, demonstrando que Giorgia Prates nunca teve dúvidas quanto a ser quem é.

Giorgia nasceu em 1978, em um ano conturbado para a História do Brasil. Naquele período, a ditadura militar intensificava as regras e impunha mais restrições às liberdades individuais e coletivas. O conservadorismo era violentamente estimulado em termos morais.

Cláudia Kanoni No ano de seu nascimento, LGBT’s eram alvos “privilegiados” da repressão, um cenário com prenúncio de desafios adicionais à sua orientação sexual. Porém, sua história também é marcada pela esperança. Não à toa, a data de seu nascimento, 23 de setembro, coincide com o início da primavera, estação que traz consigo uma promessa de renovação. Libriana, recebeu dos astros a diplomacia para construir sua militância sob o aspecto do diálogo e da temperança.

Giorgia Tais Xavier Prates é a quarta filha de um casal de trabalhadores. O pai, seu Francisco, era um baiano, negro retinto e metalúrgico. A mãe, dona Yara, uma mulher branca, paulista criada em Curitiba e liderança comunitária que dividia o tempo entre os afazeres do lar com “bi-

cos” de auxiliar de limpeza e atendente do varejo.

Ao narrar sua infância, não esconde a nostalgia que sente ao lembrar da comunidade em que cresceu, na cidade de São Paulo, onde foi vizinha de uma ocupação em que as ruas eram de terra batida, com casas espaçadas entre si. Despretensiosamente assistia, ainda pequena, a luta por moradia. Atravessou a adolescência inteira vendo seus pais serem “padrinhos” do bairro.

O afeto coletivo parece ser característica marcante de seus pais. A sua mãe é descrita como uma mulher discreta, afetuosa e maternal que aglutinava crianças em torno de si, sempre promovendo risos, brincadeiras e festejos em todas as datas comemorativas. A alegria da vila. Giorgia, por sua vez, era adepta das brincadeiras mais descoladas, renuncia-

va a bonecas e não nutria interesse pelo sonho das meninas de sua época. Embora não tivesse um discurso organizado, não via graça nas assistentes de palco da Xuxa Meneghel, as famosas

paquitas. Havia até um certo incômodo, mas essa era uma questão que perpassava aspectos de gênero e seu olhar ainda não tinha as lentes racializadas para problematizar a questão.

FASE DIFÍCIL DE LEMBRAR

Ao ser questionada sobre a fase escolar, Giorgia se move para dentro, quase numa hipnose regressiva. O gesto anuncia um exercício de preparo emocional para a confissão “Eu nunca dei sorte com a escola, foram os anos mais difíceis da minha vida”, inicia substituindo a nostalgia pela tensão. É que embora se reconhecer lésbica tenha sido relativamente fácil, ser respeitada como tal foi o seu maior desafio.

Na escola, era vista como uma ameaça à inocência. As professoras temiam a presença de uma menina negra retinta e visivelmente lésbica entre as demais estudantes. Diante do temor de todos ao desconhecido, recebeu como principal incumbência se manter em silêncio, afastada de tudo e principalmente, de todas. Até os estímulos visuais foram proibidos e sua convivência foi interditada.

“Na época, ser LGBT era ser vista como aidética, drogada e no meu caso, traficante. As professoras achavam que eu seduzia as meninas e passava drogas para os meninos. Essa é uma fase difícil até de lembrar”.

Paraná, 18 a 24 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
“Me reconhecer lésbica não foi um B.O. tão grande. Ser preta foi muito mais difícil.”
PUBLICIDADE 6 Perfil
Texto resumido por questão de espaço na edição, leia na íntegra em brasildefatopr.com.br

DICAS MASTIGADAS

Bolinho de chuva com banana

Na cultura, era um “cenário vergonhoso”

Secretário executivo do Ministério da Cultura explica como estava o setor após Bolsonaro e o que está sendo feito agora

Osecretário executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, esteve em Curitiba no sábado (13/5), em evento organizado pelo vereador

Brasil de Fato – Como vocês encontraram o Ministério da Cultura? Parece que o governo Bolsonaro não tinha a cultura como prioridade...

Angelo Vanhoni (PT) para discutir a retomada do setor.

Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato Paraná, o secretário destacou a situação de calamidade encontrada no setor cultural após o governo Bolso-

naro, o que está sendo feito para reorganizar o ministério e a cultura, para que os recursos das leis de incentivo cheguem aos artistas e que haja desconcentração de recursos por todas as cidades e todos os estados.

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

1 ovo orgânico batido

1 banana orgânica amassada

3 colheres (sopa) de açúcar

Meia xícara (chá) de leite Terra Viva

1 xícara (chá) de farinha de trigo

1 colher (chá) de fermento em pó

Açúcar e canela em pó para polvilhar

Modo de Preparo

Em um recipiente, misture bem o ovo, a banana, o açúcar, o leite e a farinha de trigo. Acrescente o fermento e misture. Em uma panela pequena aqueça o óleo. Com o auxílio de 2 colheres, porcione pequenas quantidades de massa e despeje-as no óleo quente. Deixe fritar até que os bolinhos estejam ligeiramente dourados. Escorra-os em papel absorvente e passe-os no açúcar e canela em pó.

Márcio Tavares – Bom, a gente encontrou, institucionalmente, uma devastação. O ministério deixou de existir em 1º de janeiro de 2019, quando o governo anterior assumiu. (A cultura) andou por diferentes ministérios ... perdeu servidores, infraestrutura... Por exemplo, não se comprava uma cadeira há quatro anos para os servidores do Ministério. A gente não tem bons contratos, tem número de servidores bastante reduzido. Foi esse diagnóstico que a gente fez na transição, além da descontinuidade nas políticas. Nas políticas, o cenário ainda é mais devastador. O Programa Cultura Viva

foi absolutamente descontinuado, o fomento à cultura era inexistente, o orçamento finalístico desceu de 2016, de 241 milhões para 18 milhões, menor do que muitas cidades. Era um cenário vergonhoso.

Houve a aprovação de duas leis importantes no período Bolsonaro, as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc. Como está isso agora? As leis da cul-

tura foram construídas à revelia do governo anterior. Foi uma experiência muito interessante. Um momento em que o governo não fazia política cultural, não queria fazer e queria evitar a todo custo que alguém fizesse. A sociedade civil, a comunidade cultural, junto com o Parlamento, formularam iniciativas que garantiram recursos durante a pandemia, que afetou muito duramente o setor cultural, como a Lei Aldir Blanc 1, que é um instrumento inovador justamente porque chegou com a prerrogativa de atingir cada município e cada estado... Quando a Lei Paulo Gustavo foi feita, ela já incorporou elementos pra ajudar nessa execução. Ela obriga, por exemplo, que sejam realizadas

chamadas públicas, que a comunidade cultural seja chamada para discutir como os recursos vão ser distribuídos.

Como fazer para a arte sair do Rio-São Paulo e ir para todo o Brasil. O Ministério tem essa preocupação? Sem dúvida, é uma das preocupações da ministra Margareth Menezes. Se pegar as falas dela, ela está sempre falando que os recursos têm que chegar nas pontas, a gente tem que ir onde nunca se chegou com o fomento. As duas leis da cultura, tanto a Paulo Gustavo quanto a Aldir Blanc, já têm esse condão... para aumentar o volume de recursos nos lugares mais vulneráveis. Especificamente, tem alguma coisa prevista para o Paraná? A gente tem feito investimentos muito grandes, só da Lei Paulo Gustavo são cerca de R$ 200 milhões que estão chegando do governo federal. Da lei Aldir Blanc 2 são quase R$ 200 milhões. O Ministério da Cultura vai fazer no Paraná este ano o maior investimento na cultura já feito na História.

Paraná, 18 a 24 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR Cultura 7 Lucas Botelho
Leia a entrevista na íntegra em brasildefatopr. com.br Divulgação

Trio de Ferro entra em campo no fim de semana com Athletico embalado, Coritiba em crise e Paraná em alerta

Times vivem situações bem diferentes na temporada

Após um emocionante AthleTiba no final de semana passada, rubro-negros e alviverdes voltam a campo na próxima rodada do Campeonato Brasileiro com desafios importantes. Já o Paraná Clube, depois de dois empates seguidos no Paranaense da série prata, com o sinal amarelo ligado, joga em casa pela quarta rodada do torneio. O Athletico, embalado pela vitória conquistada no último minuto do clássico, buscará uma vitória contra o RB Bragantino, em Bragança Paulista, para encostar de vez nos líderes, o arquirrival Coritiba terá pela frente uma parada dura dentro do Couto Pereira.

CORITIBA Com a pior sequência de sua história no Campeonato Brasileiro e a quase três meses sem vencer, os comandados de Antônio Carlos Zago precisam de uma vitória contra o Atletico Mineiro para não verem sua distância para o primeiro fora da zona de rebaixamento aumentar logo no início do campeonato. O Coritiba está na 19ª posição, com 2 pontos.

Sem Alef Manga, que teve contrato suspenso por ter sido citado no escândalo das apostas esportivas, o Coritiba deve contar com o retorno de Junior Urso para o duelo com o Galo, após 23 dias afastado. Marcelino Moreno, que chegou a marcar no clássico, poderá ganhar uma chance como titular após meses no banco de reservas. A partida entre Coxa e Galo será no sábado, a partir das 18h30, no Couto Pereira.

Ausência de malícia

O trio Sydney Pollack (diretor), Paul Newman e Sally Field (cada qual com dois Oscars na estante) brilhou em um clássico de 1981, no qual um membro do Ministério Público acusa injustamente um sindicalista do cometimento de crimes. Como a vida imita a arte, Lula deu a volta por cima e seu algoz foi à lona nesta semana. O título do lme se aplica ao Coritiba. Faltou-lhe argúcia em três partidas recentíssimas (São Paulo, Vasco e Atlhetico), que vencia até os últimos minutos e seguiu atacando “como se não houvesse amanhã”. Acabou levando empates e uma virada. Os times paulista e carioca, aliás, tão logo alcançaram o objetivo passaram a retardar o jogo com demora na cobrança de faltas, o manjado “cai-cai” do goleiro e a tática de chutar a bola na perna do adversário para ganhar vagarentos arremessos laterais. Os 7 pontos perdidos farão falta. Acorda, Coxa!

ATHLETICO O Athletico voltou a car em paz com a torcida no Brasileirão. Após uma sequência de empates e derrotas, que levaram o trabalho do técnico Paulo Turra a ser contestado, e com risco de demissão, a vitória no clássico e a sequência de vitórias melhorou o ambiente. O rubro-negro, que ainda disputa Copa do Brasil e Libertadores, está na quinta posição do Brasileiro, com 12 pontos, e em caso de vitória sobre o RB Bragantino pode encostar de vez nos líderes. Para a partida contra o Massa Bruta, Turra poderá poupar alguns titulares que jogaram no meio de semana contra o Botafogo, também visando ao jogo da próxima terça contra o Atlhetico Mineiro pela Libertadores. Red Bull Bragantino e Athletico jogam no sábado, às 18h30, no Estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista.

Tira-teima

Por

Três jogos, uma vitória e dois empates difíceis de engolir mesmo tendo atuado “fora de casa”. Esse foi o início do tricolor na série prata do estadual. Ainda que invicto e terceiro colocado, a largada do tricolor deixou certa insegurança na torcida. Alguns já pedem até a saída do técnico Marcão após o time estar ganhando duas vezes por 2 a 0 e deixar empatar. Segundo essa galera, especialmente no jogo diante do PSTC, foi a falta de ofensividade do treinador que resultou na perda de dois pontos. Pelo sim e pelo não, o fato é que o tricolor volta a campo neste domingo (21), às 11h, na Vila Capanema, para enfrentar o Grêmio Maringá. Ainda que sem poder receber o calor da torcida, será uma bela oportunidade para a equipe tranquilizar a torcida e mostrar que o acesso é questão de tempo.

PARANÁ Depois de um início com vitória e entusiasmo pelo reencontro do Paraná com seu torcedor, o Tricolor da Vila agora acende a luz amarela na série prata do Paranaense. Com uma única competição no ano, e tendo a necessidade de voltar para a elite do futebol estadual para evitar um colapso maior, o Tricolor acabou amargando dois empates nas últimas rodadas para Andraus e PSTC e caiu na tabela da competição para a terceira posição. O próximo jogo da equipe do técnico Marcão é em casa, com portões fechados, contra o Grêmio Maringá, no domingo, às 11h. Para a partida, o comandante tricolor poderá contar com o retorno do seu xará, o zagueiro Marcão, que cumpriu suspensão no último jogo. Ele deverá entrar na defesa no lugar de Alan Ferreira, autor do bizarro gol contra diante da equipe do PSTC na última rodada.

De cinema!

Por Douglas Gasparin Arruda

O clássico do domingo foi, em uma palavra, cinematográ co. Paulo Turra não quis deixar para a torcida emoções simples. Fez de tudo para maximizar a angústia, a adrenalina, o ódio e, por m, a redenção. Depois de estar perdendo por duas vezes, boa parte da torcida já havia desacreditado. Um placar adversário aos 45 minutos da segunda etapa raramente é revertido. Mas o Furacão de Turra se acostumou a esse tipo de jogo. E fez uma das viradas mais espetaculares da história dos athletibas. Com gols de Pablo, William e Canobbio, o rubro-negro venceu o Coxa com toda a emoção que um clássico merece. Hoje o Athletico é o time com melhor desempenho do ano no futebol brasileiro. Como amante do futebol e do cinema, só posso dizer que foi um domingo de catarse, no melhor sentido da palavra.

Paraná, 18 a 24 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
Gabriel Carriconde
Divulgação
Reprodução | CBF
8 Esportes
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.