Brasil de Fato PR - Edição 299

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Polícia viola direitos da população

Intimidação em ocupação em Curitiba e mais uma morte sem justificativa no Paraná

Cidades | p. 5

Cultura | p. 7

Encontro da SBPC será no Paraná

UFPR recebe um dos principais eventos científicos do país

Esportes | p. 8

O “big brother” nos estádios

Arenas começam a coletar dados de torcedores

Opinião | p. 2

Salário é a grande questão

Aumento é central após período Temer/ Bolsonaro

Editorial | p. 2

O povo contra as Big Techs

Redes sociais precisam de regulamentação contra crimes e fake news

Ano 5 Edição 299 4 a 10 de maio de 2023 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br PARANÁ
Agência Brasil
Giorgia Prates

Notícias falsas não são direito de ninguém

Éurgente que sejam tomadas medidas de responsabilização das grandes empresas de tecnologia, as big techs, por conteúdos na internet que espalham desinformação e estimulam a violência. Há sérios indícios de abuso de poder econômico por parte dessas plataformas, que lucram com o compartilhamento de notícias falsas, justamente porque esse conteúdo gera engajamento.

O adiamento da votação do Projeto de Lei (PL) das fake news, que deveria ter acontecido na última terça (2), na Câmara, indica o tamanho do desafio em torno do tema. A extrema direita, que se beneficia com desinformação e discurso de ódio, coloca-se contra o projeto afirmando que se trata de

censura. Tal argumento não faz sentido e favorece que crimes praticados na internet sigam impunes.

As big techs também são contrárias ao PL: querem continuar com seus lucros exorbitantes sem assumir qualquer responsabilidade pelo conteúdo que divulgam. O PL tem como objetivo fazer com que as plataformas prestem contas sobre seus serviços, identifiquem crimes cometidos e reparem danos causados. Assim, garante-se que haja liberdade de expressão e de imprensa sem estímulo ao ódio ou à violência.

A aprovação do PL das fake news é fundamental porque o acesso à informação de qualidade e com transparência é um direito de todas e todos nós.

Primeiro

de Maio: importância incontestável

João Guilherme Vargas Netto, analista do mundo sindical

As comemorações brasileiras do 1º de Maio 2023 deveriam ter como eixo a oportunidade de avanço civilizatório com o anúncio presidencial do novo valor acrescido do salário mínimo (o reajuste será de 1,38% em relação ao valor vigente em abril (R$ 1.302) e de 8,91% em relação a dezembro de 2022, totalizando R$ 1.320) e a apresentação de uma proposta de política permanente para sua valorização.

Repetir-se-ia no Brasil da atualidade a relação histórica entre as manifestações e comemorações do 1º de Maio que se afirmaram no mundo inteiro no século 20 como ocasiões de luta pela redução da jornada de trabalho; aqui, este ano, trata-se de avançar na valorização do salário mínimo.

De todas as bandeiras a serem agitadas no 1º de Maio, cumprindo a pauta da Conclat 2022, as reivindica-

ções do mínimo e de sua política têm um alcance primordial. Trata-se do cumprimento da promessa de Lula e, ao apresentar ao Congresso Nacional a proposta da política permanente de valorização do salário mínimo, o movimento sindical testará a real correlação de forças parlamentares a seu favor na Câmara e no Senado.

Ambas as iniciativas interessam a milhões de trabalhadores, formais, informais, aposentados e pensionistas, configurando-se na maior negociação de salários do mundo e até o período Temer-Bolsonaro a maior vitória sindical dos trabalhadores brasileiros no século 21, assim como foram as marchas a Brasília e as negociações com Lula e Dilma.

Ao lutar pela valorização do salário mínimo nas comemorações unitárias do 1º de Maio, o movimento sindical brasileiro contribui para que esta data adquira relevância incontestável.

FOTOGRAFIA Giorgia Prates EXPEDIENTE

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 299 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro

Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Bruno

Soares João Guilherme Vargas Netto

ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea

Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete

Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO

Juliana Santos DIAGRAMAÇÃO Vanda

Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail. com /bdfpr @brasildefatopr

Paraná, 4 a 10 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
2 Opinião
O PL tem como objetivo fazer com que as plataformas prestem contas sobre seus serviços, identifiquem crimes cometidos e reparem danos causados
SEMANA editorial opinião
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Escreveu em seu Twitter o jornalista Luiz Carlos Azenha, após busca e apreensão realizada pela PF na casa do ex-presidente em 3/5 e sua recusa em ir depor à polícia.

4 toneladas

O 1º de Maio, Dia Internacional de lutas da classe trabalhadora, foi de partilha em Curitiba. Camponesas(es) do MST-PR doaram 4 toneladas de alimentos na comunidade Britanite, no bairro Tatuquara. Mais de 400 famílias vivem na ocupação, formada há 3 anos durante a pandemia. Após a ação solidária, pastorais e movimentos sociais organizaram uma caminhada pela comunidade que está ameaçada de despejo.

Cooperação, na prática

No 2 de maio, a Brigada Nacional Oziel Alves Região Sul, composta pelos 3 estados do Sul (RS, SC e PR), fez uma visita na Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória, a @copavio cial. Localizada no noroeste do estado do Paraná, na cidade de Paranacity, a Copavi teve sua fundação no ano de 1993, tendo como objetivo o trabalho cooperativo e com a preocupação do respeito à natureza.

É um exemplo de cooperativa, com produção 100% agroecológica. Seus produtos in natura e industrializados são comercializados em todas a regiões e para outros países como França e Inglaterra.

JOGO DO PODER

Por Frédi Vasconcelos

Venda da Copel a britânicos?

Se o processo de privatização da Copel não for paralisado, não será surpresa que um consórcio britânico leve boa parte das ações leiloadas na Bolsa de Valores. É o que descon a o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), que encaminhou ofícios para a embaixada da Grã-Bretanha no Brasil e para o Ministério das Relações Exteriores. Nos documentos, a entidade chama atenção para a possibilidade de ingleses atuarem na eleição presidencial em 2022, favorecendo uma candidatura, com vistas a ter benefícios no Brasil. Coincidentemente após o segundo turno, desperta igual desconança a privatização da Copel por parte do governador bolsonarista Ratinho Junior, em um tema que foi omitido na eleição. Os ofícios foram encaminhados à embaixadora britânica no Brasil, Stephanie AL-Qaq, e ao ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira. À Britânica, duas reportagens denunciam um acordo que pode trazer prejuízos ao Brasil. O documento enviado pelo Senge-PR,

A vingança do Zé Gotinha

Bolsonaro, segundo suas próprias palavras, não se vacinou contra a Covid-19. Para fugir para os Estados Unidos e não passar a faixa presidencial a Lula, precisava comprovar a vacinação. Então o que fizeram (ele ou seus auxiliares)? Fraudaram um documento entrando na base de dados do SUS. Vários crimes tipificados no Código Penal. Além de fraude contra os EUA. É bom lembrar que o mafioso Al Capone foi preso por fraude no imposto de renda.

Cid está em todas

O Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, está envolvido em várias das acusações contra o ex-presidente. Ele trabalhou para pegar as joias de milhões, contrabandeadas da Arábia Saudita, que Bolsonaro queria levar para casa e ficaram retidas no aeroporto. Agora, aparece na falsificação da carteira de vacinação e ainda tinha milhares de dólares em sua casa. Dificilmente vai se livrar da cadeia, que está chegando perto do círculo mais próximo a Bolsonaro.

portanto, questiona: “Ora, por mera coincidência, no dia seguinte ao do segundo turno das eleições, ainda na manhã do dia 31 de outubro de 2022, o candidato então reeleito governador do Paraná, nosso Estado, o Sr. Ratinho Junior, determinou, por meio de uma comunicação aos acionistas da Copel (Companhia Paranaense de Energia), com base no assim intitulado, “Fato Relevante 04/22”, de que o Governo do Estado, que ainda é o acionista controlador da companhia, de que iria proceder a venda de ações da Copel”.

Diante desses elementos, o sindicato questiona o Itamaraty sobre a possibilidade de prejuízos ao povo paranaense e brasileiro caso a privatização da Copel não seja interrompida. “Desperta preocupação a nossa entidade e igualmente ao povo paranaense de que essa venda de ações seja direcionada para um grupo investidor da Grã-Bretanha, em acordo rmado durante processo eleitoral de 2022 que, sendo concretizado, poderá trazer prejuízos aos interesses nacionais”, indaga o Senge-PR.

Dados falsos

Na decisão que mandou prender auxiliares e pegar o celular e documentos de Bolsonaro, o ministro Alexandre Moraes, do STF, escreveu: “Diante do exposto e do notório posicionamento público de Jair Messias Bolsonaro contra a vacinação... é plausível, lógica e robusta a linha investigativa sobre a possibilidade de o ex-presidente da República, de maneira velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, buscar para si e para terceiros eventuais vantagens advindas da efetiva imunização”, destaca.

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“Bolsonaro tenta adiar depoimento. Não é medo de tomar vacina, não. É de entrar e não sair. O delinquente das joias também é falsificador. Mito!”
FRASE DA SEMANA Geral 3
Divulgação

Comunicação e relação com periferias é tema de debate

Seminário 20 anos do Brasil de Fato contou na mesa final com três comunicadoras de movimentos populares

Redação

Amesa final do Curso de Comunicação – Seminário “20 anos do Brasil de Fato e a comunicação dos trabalhadores” – abordou os desafios da comunicação popular. Em época de debate sobre o PL 2630 e a discussão sobre os limites das fake news e das megaempresas da comunicação, os trabalhadores buscam construir seus próprios veículos de comunicação.

Participaram do debate – organizado na ocupação Britanite, que existe desde dezembro de 2020 no bairro Tatuquara, em Curitiba -, convidadas com experiências na comunicação de movimentos populares urbanos e por moradia.

Veja abaixo alguns temas abordados.

Comunicação da classe trabalhadora

Uma das principais questões do debate foi o desa o entre a realização de uma comunicação geral da classe trabalhadora, que se coloque como alternativa à mídia empresarial, e a relação disso com as experiências de comunicação das próprias comunidades.

FINANCIAMENTO DA MÍDIA POPULAR

Realizado entre 24 e 28 de abril, em parceria com o Núcleo Piratininga de Comunicação (RJ) e com o Sindicato dos Bancários de Curitiba, o seminário abordou os principais assuntos sobre a comunicação da classe trabalhadora. Ao lado das experiências de comunicação popular, sindical, relação com a universidade, este ano esteve em pauta uma questão central para o início do terceiro governo Lula: o financiamento e estrutura da mídia popular e alternativa.

“Estamos construindo no BdF uma espécie de agência de publicidade, fazendo também projetos mais comerciais para captação de recursos, editais e campanhas de financiamento coletivo, num caminho mais focado em inteligência e de monetizar produção”, disse Cris Rodrigues, responsável pelas redes sociais do BdF nacional, no primeiro dia de debates. Sem esquecer o que o BdF faz “jornalismo de qualidade, com visão de classe e popular”, afirmou.

esporte, as coisas positivas, em suma, a realidade da periferia, para além das (importantes) denúncias dos problemas. É o caso da experiência da comunicadora Kymberli Novaes, que ministra cursos de artes marciais na ocupação Nova Esperança, em Campo Magro, em área do Movimento Popular por Moradia (MPM).

Pela voz de todas as convidadas no debate, a comunicação popular tem que abordar o cotidiano, a cultura, o mia, como um espaço formador que auxiliou seu papel na comunidade enquanto liderança.

A comunicadora recordou do jornalista Rene Silva, que criou um jor-

Cursos de Comunicação Popular

Juliana Santos, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) destacou a importância do curso de comunicação popular ocorrido na Vila Maria e Uberlândia, no bairro Novo Mundo, ainda em 2020, organizado pelo Brasil de Fato Paraná e Levante Popular da Juventude, no período de pande-

“Eu e minha filha fizemos parte do curso e aprendemos muito. Trouxe para a gente como saber fazer uma foto, um vídeo, gravar o que acontece, às vezes filmando uma ação absurda da polícia, como já aconteceu

nal no Complexo do Alemão, aos 11 anos. “Ele viu um jornalzinho na escola e nunca viu nada sobre a comunidade. Queria falar sobre coisas boas da comunidade. Começou a colocar mais gente para fazer. Criaram uma conta no twitter chamada Voz das Comunidades. Em 2010, na guerra do estado contra a comunidade, todas as pessoas pelo mundo começaram a retuitar o que acontecia”, descreve.

comigo, num momento de violência”, afirma.

Responsabilidade Vanda Moraes, que realiza a diagramação do Brasil de Fato Paraná e tem experiências com cursos de comunicação no bairro Parolin, abordou a contradição entre a necessidade de uma comunicação produzida por pes-

soas das áreas de ocupação, mas pontua que, sem estrutura, as pessoas acabam não se fixando nas tarefas da comunicação popular.

Nesse sentido, o Brasil de Fato Paraná e outras experiências de comunicação alternativa têm uma responsabilidade enorme sobre os temas que abordam. “Qual é o nosso limite? Quem faz

o jornal ainda não é o povo que realmente sofre dentro das nossas comunidades. Por quê? Porque não temos condições. Então temos que debater com muita seriedade o que se vai escrever, porque, dependendo da pessoa que escreve, não enxerga as coisas da forma que a gente (integrantes de comunidades) enxerga”, aponta.

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4 Brasil
Pedro Carrano Redação BdF

Moradores de ocupação em Curitiba reclamam de abordagens da PM

Localizada na região sul de Curitiba, no bairro Tatuquara, a ocupação Britanite tem sido alvo de abordagens excessivas por parte

das forças de segurança, com entrada nas casas sem mandado judicial, de acordo com moradores. A ocupação surgiu no final de 2020, no Jardim Veneza, em um terreno abandonado pertencente a

uma fábrica de explosivos. A ocupação tem cerca de 407 famílias que, por conta dos despejos na pandemia e da crise econômica, viram na ocupação do terreno alternativa para terem onde morar.

Ojovem Ismael Moray Flores, de 19 anos, foi morto na madrugada da sexta (28), durante abordagem da Polícia Militar do Paraná no bairro Porto Meira, em Foz do Iguaçu. Na terça-feira (2), a PM informou que a vítima não portava arma de fogo no momento da ocorrência. De acordo com familiares, Ismael estava a caminho de casa quando foi surpreendido pela ação de policiais em perseguição a suspeitos de assalto que fugiam numa motocicleta.

direção aos policiais, sendo revidada a injusta agressão por parte dos policiais”. Em imagens gravadas por câmeras de segurança é possível observar Ismael momentos antes de ser morto. O jovem caminha sozinho em uma rua. Em seguida, ao virar uma esquina, se depara com uma motocicleta ocupada por suspeitos de assalto fugindo da PM. Ao pararem o veículo, o piloto se rende e o outro indivíduo foge em direção ao caminho seguido por Ismael, instantes antes.

VIOLÊNCIA POLICIAL

De acordo com o coordenador da ocupação, Hemerson Moreira, a comunidade vem lidando com batidas policiais excessivas sem qualquer critério. “Polícia Militar e a Civil estão agindo muito além de suas atribuições funcionais. Aproveitando de suas prerrogativas para maltratar, humilhar e fazer agressões de todas as formas contra famílias de bem. Pais e mães trabalhadores, pessoas decentes, que nunca tiveram sequer um erro na justiça criminal”, critica.

Moreira ainda denuncia que os polícias entram nas casas de moradores sem mandado judicial. “Entram nas casas, sem mandado judicial, aproveitam para hu-

milhar as pessoas. A polícia aborda todos os moradores, querendo explicações porque está na rua após o anoitecer, como se houve um toque de recolher, e como se quem andasse após as 19h fosse criminoso”, diz. Ele ainda relata que já teve sua casa invadida.

“Estava com uma visita em minha casa quando a polícia entrou, colocando um fuzil na cara da visita. Sem mandado, sem qualquer atividade suspeita”, relata.

Para Martel Dal Colle, do grupo policiais antifascistas, a PM age na comunidade sem qualquer motivação clara. “A função da polícia ali é garantir a segurança das pessoas, não tem poder de julgar se a ocupação é ir-

regular ou não, essa é uma prerrogativa do Judiciário”, analisa. Dal Colle aponta ainda a diferença de tratamento dos órgãos de segurança. “Por que em ocupações os policiais se sentem mais confortáveis em tomar determinados tipos de atitude? Porque são pessoas que eles sabem que não têm defesa, ou assim acreditam, então há uma certa impunidade, e uma ideia de que ali eles podem fazer o que quiserem”, critica.

A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Polícia Militar do Paraná a respeito da reclamação dos moradores e aguarda retorno de sua assessoria.

“A única coisa que nós queremos é justiça pela vida do Ismael. O que fizeram com meu genro é totalmente injusto. Ele era um menino trabalhador, não tinha envolvimento nenhum com o crime. Ele foi morto covardemente com cinco tiros”, critica Andreia Mendes, sogra da vítima. Segundo a PM, uma viatura foi acionada após registro de assalto. O Boletim de Ocorrência (B.O.) pontua que alguns indivíduos foram vistos fugindo do local e que “apontaram armas de fogo em

PROTESTO

Ao nal da tarde da terça-feira, amigos e familiares de Ismael percorreram a avenida General Meira, no bairro Porto Meira, até a entrada do 14º Batalhão da PM. Munidos com cartazes e gritando por justiça, o grupo protestou contra a violência.

“A vida do Ismael não vai voltar nunca mais. Não podemos aceitar que a polícia continue atirando

Segundo informações do Instituto Médico-Legal (IML), Ismael foi morto por cinco disparos de arma de fogo. O suspeito do assalto, de 25 anos, também foi morto. Ele usava uma tornozeleira eletrônica, segundo a PM. Ainda de acordo com a PM, sete policiais envolvidos na ação passaram por uma avaliação psicológica, foram afastados e tiveram as armas apreendidas. O procedimento é padrão em situações de confronto. Eles devem permanecer afastados até a conclusão do inquérito militar que foi instaurado.

para matar nossos jovens para depois perguntar quem são. Ninguém tem o direito de chegar atirando como se a vida não tivesse nenhum valor”, criticou uma amiga de Ismael, que pediu para não ter seu nome divulgado.

Os familiares da vítima aguardam o resultado do inquérito policial que apura o caso. O prazo é de 30 dias para a conclusão.

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Na comunidade Britanite, policiais militares invadem casas sem mandado
Familiares de jovem morto pela PM protestam em Foz do Iguaçu, policiais são afastados
Brasil 5
Bruno Soares, de Foz do Iguaçu Giorgia Prates

Maior festival de música do oeste do Paraná recebe R$

3,5 milhões

de Prefeitura

Valor é 18,5 vezes maior ao orçamento vigente da Secretaria de Assistência Social do município

Marcada para ocorrer de 11 a 14 de maio, no Parque de Exposições e Eventos de Santa Terezinha de Itaipu (PR), a 13ª edição do Fespop Festival deve receber da Prefeitura local R$ 3,5 milhões para sua realização em 2023. O valor é 18,5 vezes superior ao orçamento destinado pela prefeita Karla Galende (PSDB) à Secretaria de Assistência Social do município para todo o ano vigente, fixado em R$ 188,3 mil.

Produzido em parceria com o Provopar Ação Social, o evento é reconhecido por reunir artistas consagrados pelo universo pop e sertanejo. No ano passado, a festa custou ao menos R$ 1,75 milhão, com público estimado em cerca de 200 mil pessoas. A organização estima que esses números devem ser superados. Se por um lado há sucesso ao despertar a ansiedade de milhares de fãs de artistas como Ana Castela,

Sem resposta A exemplo do que foi noticiado pelo Brasil de Fato Paraná em maio de 2022, o governo da tucana Karla Galende e a gestão do Provopar, comandada pela secretária municipal de Assistência Social, Ellis Eberhard, não divulgam parte das despesas e receitas da Fespop. Procurada pela reportagem na quarta (27) para comentar a destinação do dinheiro arrecadado e comercialização de espaços, Ellis Eberhard disse por telefone que retornaria no dia seguinte. Acionada novamente por WhatsApp, no dia 29, não retornou as mensagens. A Prefeitura também não respondeu ao pedido de informações.

Parceria A organização do Fespop Festival estabelece que o município fica responsável por

ceder o espaço, contratação e pagamento do cachê artístico, palco, luz, som e painel de LED. Compromete-se ainda a custear toda estrutura de segurança, banheiros químicos, pagamento de direitos autorais, bem como de serviços de mídia e de publicidade para divulgação. Conforme apurado junto ao Diário Oficial do município, a Prefeitura empenhou até o momento R$ 2,4milhões, sendo R$ 2,1 milhões para o pagamento de cachês e R$ 318 mil para montagem da estrutura. Gastos com mídia e publicidade ainda não foram divulgados.

Sob o comando da atual secretária de Assistência Social e ex-primeira dama, Ellis Eberhard, o Provopar local promove ações beneficentes no município. Sobre o pagamento de cachês artísticos maiores que o orçamento da assistência social, a entidade não informa o que faz com o dinheiro arrecadado com o Fespop Festival.

18,5 VEZES

mais que o recurso destinado para Secretaria de Assistência

Caixa preta

Para o vereador Waner Xavier (PSD), chegou o momento da organização do Fespop “abrir a caixa preta do festival”. Afirma que o governo da prefeita Karla Galende não disponibiliza ao Legislativo os resultados da festa. “Nenhum vereador tem a informação de quanto o Provopar arrecada com o festival, muito menos a forma com que esse dinheiro é revertido ao município”, completa.

Um dos idealizadores do Fespop Festival, o ex-secretário de Turismo de Santa Terezinha de Itaipu Arlênio José Boaroli contou à reportagem que o mistério

se arrasta desde as primeiras edições. “Toda organização do festival sempre esteve a cargo do ex-prefeito Cláudio Eberhard e da então primeira-dama. Nenhum secretário tinha acesso a nada”, conta.

Cláudio Eberhard já foi preso sob acusação de fazer parte de um esquema que envolveria a compra de terrenos a preços desvalorizados, mediante decretos de utilidade pública. Em 2020 se tornou réu pelos crimes de concussão, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Nas eleições municipais, Cláudio indicou a atual prefeita para disputar a chefia da Prefeitura.

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Bruno Soares Leo Santana, Pedro Sampaio e Gustavo Lima, por outro há dúvidas e suspeitas sobre a gestão da festa.
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Social foi dado ao festival

SBPC divulga programação da 75ª Reunião Anual, que será na Federal do Paraná

Tema deste ano será Ciência e Democracia para um Brasil justo e desenvolvido

dos rios e dos povos originários”, “O impacto social da ciência e da democracia: como fazer um círculo virtuoso entre elas e a ética” e “Políticas de combate à fome e à miséria”.

As mesas-redondas também trarão discussões de assuntos relevantes em nossa sociedade atual, como “A experiência do sistema nacional de cultura 10 anos após sua aprovação”, “A saga do povo Yanomami: o genocídio planejado”, “ChatGPT 4: o que é e o que muda na produção acadêmica?”, entre outros.

DICAS MASTIGADAS Sorvete de mamão

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

4 xícaras (chá) de mamão formosa orgânico maduro

Modo de preparo

Ana Carolina Caldas o evento será realizado de 23 a 29 de julho de 2023, incluindo conferências, mesas-redondas e sessões especiais, com o objetivo de fomentar discussões e reflexões a respeito das diversas áreas multidisciplinares.

Criada em 1948, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é uma entidade que prioriza e investe no avanço da ciência, da tecnologia e no processo de desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. No ano de 2023, seu encontro científico acontece na Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a participação da comunidade acadêmica e pesquisadores, entre professores e estudantes, profissionais liberais e visitantes, além de autoridades e gestores, formuladores de políticas públicas.

Com o tema Ciência e democracia para um Brasil justo e desenvolvido,

Economia solidária

Entre os temas que serão abordados nas conferências destacam-se

“A Amazônia próxima de um ponto de não retorno: por que é necessária uma economia de floresta em pé?”, “A independência do Brasil: constitucionalismo e direitos”, “A mulher negra latino-americana e caribenha e a pesquisa: caminhos e escrevivências”, “Alerta ou perigo dos microplásticos em solos: contaminantes ou poluentes?”, “Amazônia, devastação, garimpo ilegal e contaminação

Na reunião da SBPC haverá uma Feira de Economia Popular Solidária, que buscará difundir as ideias práticas de consumo consciente e responsável, prezando pelos princípios de colaboração, autogestão, solidariedade e sustentabilidade. O objetivo é valorizar a cultura local, respeitando às diversidades de gênero, raça, etnia, religião, crença e cuidado com o meio ambiente.

“Nesta edição, nos preocupamos em contemplar assuntos contemporâneos, como a Inteligência Artificial e o avanço do ChatGPT 4 na produção acadêmica. Em meio ambiente, teremos discussões sobre a descarbonização da economia e os impactos da devastação e garimpo ilegal na contaminação dos rios e povos originários, por exemplo. Vamos discutir assuntos relacionados à educação, como a avaliação da produção científica e o Novo Ensino Médio. Além disso, teremos também um conjunto de sessões especiais preparatórias para a 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia”, comenta Cláudia Linhares Sales, secretária geral da SBPC. Para acompanhar a programação e se inscrever acesse o site da UFPR.

Como participar

Os interessados devem fazer sua inscrição entre os dias 27/4 e 22/5. As inscrições ocorrem através do site inscrições da UFPR www.ufpr.br. Podem participar Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) assessorados por incubadoras universitárias dentro dos princípios e valores da Economia Popular Solidária.

Corte o mamão descascado em pedaços de 2 cm e transfira para uma assadeira, evitando amontoar os pedaços. Leve a assadeira ao congelador por pelo menos 3 horas ou até congelar. Na hora de preparar o sorvete, retire o mamão do congelador e mantenha em temperatura ambiente por 10 minutos. Coloque os pedaços de mamão no processador e comece a bater no modo pulsar. Raspe a lateral do processador com uma colher quantas vezes forem necessárias para bater de maneira uniforme. Assim que a fruta estiver bem triturada, aumente a velocidade e continue batendo até formar um sorvete cremoso.

Produtos

Poderão ser comercializados produtos de origem agroecológica, agricultura familiar, produtos locais de manejo sustentável e representativos da cultura paranaense produzidos por trabalhadores integrantes de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES). Será permitida a prestação de serviços, desde que respeite os princípios de Economia Solidária. Os selecionados serão publicados no site da SBPC na UFPR no dia 19 de junho, a partir das 14h.

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Leia o artigo na íntegra no site www.brasildefatopr.com.br Reprodução

Fazer quatro, tirando cinco

As duas partidas contra o Bahia são cruciais às pretensões do Coritiba no Campeonato Brasileiro. A do próximo domingo (7/5) será em Salvador, com o jogo da volta pré-agendado para o início de setembro pela 23ª rodada. É imprescindível ter em vista que os dois únicos cenários positivos que há no horizonte (manter-se na 1ª Divisão e obter vaga da Copa Sul-Americana) pressupõem levar a melhor nos confrontos diretos contra América-MG, Cuiabá, Goiás, Bragantino, Vasco e o Tricolor de Aço baiano. Uma vitória e um empate diante de cada um desses seis times assumem caráter obrigacional: não só lhes retira cinco pontos, como assegura 24 ao alviverde. A partir desse pressuposto, mesmo uma má campanha nos demais 26 jogos (33% de aproveitamento) seria su ciente para terminar a competição com 50 pontos sem sustos. É o plausível, com o atual elenco.

Carro-chefe

O estádio vazio lembrou o tempo da pandemia, mas havia um diferencial. Desta vez, era possível chegar até muito perto dos jogadores. Era possível reunir a torcida e empurrar o time do lado de fora. Foi uma recepção histórica. Era difícil acreditar que tudo aquilo tinha sido organizado para um jogo que ninguém poderia entrar. Tanto que a energia furou o bloqueio. Em campo, um consistente 2 a 0. Sem sustos, pra dar con ança. Sábado, dia 6, será a vez da torcida reencontrar o tricolor dentro da Vila, contra o Andraus. Mesmo visitante, o Paraná terá direito a ocupar a Reta do Relógio e a Curva Norte. Levando 1 quilo de alimento, o ingresso na Curva sai por R$ 40. A torcida paranista não deixou o coração do Clube não parar de bater. Se em outros setores o Clube deixou a desejar, na arquibancada a festa sempre foi completa. Esse é o nosso diferencial, isso não pode parar. Todo mundo pra Vila!

Reconhecimento facial, dados biométricos e futebol: os novos tempos

Divulgação

Resumo da semana do Furacão

Pelo Brasileirão Feminino, o Furacão venceu a equipe do Ceará no último sábado, e se colocou na 12° colocação, uma posição acima do Z4. Em nove rodadas, a equipe somou 7 pontos. A primeira divisão feminina é cruel, e a missão de não cair para a série B vai ser di cílima. O próximo jogo é contra o Grêmio, 11° colocado, nesta sexta no CT do Caju. Pela Copa do Brasil, o chaveamento das oitavas colocou o rubro-negro para encarar a empolgada equipe do Botafogo, que voltou a liderar o Brasileirão após 10 anos. O primeiro jogo vai ser na Arena no dia 17/5. Na Libertadores, o Athletico vai lutar contra o Libertad para assumir a primeira colocação do grupo G. Jogando fora de casa, Turra tem uma missão complicadíssima. Com o time jogando mal, a pressão da torcida aumentou muito. É vencer ou vencer.

Vivemos numa sociedade completamente conectada. Não só nas redes sociais. Hoje em dia, é muito fácil achar nossos dados vagando por aí no sistema de alguma farmácia, de alguma loja de roupas ou de alguma casa de shows. E essa tendência chegou ao mundo dos esportes há alguns meses. Não são poucas as arenas que possuem algum tipo de sistema de reconhecimento facial. Aqui no Brasil, o Palmeiras já exige o cadastro do rosto de cada torcedor para ingressar no Allianz Parque e a ideia começa a ganhar defensores em outros estados.

Os defensores do reconhecimento facial argumentam que será muito mais fácil identificar possíveis brigões e coibir a violência. Ao mesmo tempo, o cambismo seria praticamente extinto, com todos os torcedores obrigados a usar seus dados biométricos. Porém existem maneiras muito mais simples e muito mais baratas de se combater a violência e a prática dos cambistas.

A “pergunta de 1 milhão de dólares” tem a ver com a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709), aprovada em 14 de agosto de 2018. Dados biométricos são considerados dados sensíveis e estão protegidos pela LGPD. E é aí que começa todo o problema.

De acordo com a legislação, cada instituição precisa deixar bem claro por que está pedindo meus dados, o que vai fazer com eles, quais serão as consequências que eu vou ter se eu me recusar a cedê-

-los e quem será o “tutor” de todas as informações.

Como amante de esportes, eu tenho cadastro num determinado serviço de streaming que transmite os jogos que quero ver. De vez em quando, aparece uma janela perguntando se eu quero receber ofertas, promoções e outras coisas e sempre clico no “não” e salvo as informações. O tal site já tem o número dos meus documentos, meu número de cartão de crédito e outros dados para me prestar o serviço. Se eu me recusar a ceder qualquer uma dessas informações, não terei o serviço. Parece simples, mas o buraco é um pouco mais embaixo.

Esse mesmo serviço de streaming me envia e-mails todos os dias com bobagens de todo tipo e ainda usa o número do meu celular cadastrado para me fazer ligações oferecendo as mesmas ofertas e promoções que eu já disse que não queria. No caso das arenas esportivas, isso seria usado para ter um histórico dos torcedores que vão aos jogos, seus hábitos de consumo e traçar per s para promoções futuras....

Mesmo assim, esse Big Brother que querem levantar no meio das arenas esportivas é preocupante. E a única certeza que eu tenho nisso tudo é que ninguém está pensando em segurança ou melhora da experiência dentro dos estádios. O objetivo é ganhar dinheiro em cima dos nossos dados. Nada além disso.

Paraná, 4 a 10 de maio de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR 8 Esportes
Luiz Ferreira, redação Rio de Janeiro
No final das contas, o objetivo é de novo ganhar dinheiro com compartilhamento dos nossos dados
www.brasildefatorj.com.br
Leia o artigo na íntegra no site Allianz Parque já tem reconhecimento facial dos torcedores
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