Brasil de Fato PR - Edição 296

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Esportes | p. 8

Diniz na seleção?

Treinador ganhou de goleada título sobre o Flamengo

Cultura | p. 7

Depois do festival

Políticas culturais têm de ser contínuas e um direito da população

Cidades | p. 6

Tarifa zero

Na capital da passagem de ônibus mais cara do Brasil, projeto avança

Discriminação todo dia

Ato cobra justiça por Caio, adolescente da periferia morto pela Guarda Municipal. Professora fica nua em supermercado por racismo Paraná | p. 5

Editorial | p. 2

Cem dias de governo Brasil muda, mas ainda há muito de estrutural por fazer

Cidades | p. 4

Comunicação para trabalhadores

BdF e Núcleo

Piratininga fazem seminário neste mês em Curitiba

Ano 5 Edição 296 13 a 19 de abril de 2023 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br
PARANÁ
Divulgação
Divulgação Jessica Candal

Lobos não são solitários

Jorge Branco, Sociólogo, mestre e doutorando em Ciência Política. Diretor executivo da Democracia e Direitos Fundamentais

Na Internet, o lobo é descrito como um animal gregário que leva sua vida em grupos, as alcateias. Os grupos variam conforme as espécies, circunstâncias, disponibilidade de alimentos e territórios onde habitam. A cobertura jornalística da tragédia de Blumenau estabeleceu vínculos com outros atentados homicidas. Miseravelmente, a grande maioria em escolas tendo como vítimas jovens, adolescentes e crianças.

Cem dias sem descanso

Acabar com a tentativa de golpe contra a democracia e o governo no 8 de janeiro. Trabalhar para salvar vidas de centenas de Yanomamis e combater o garimpo ilegal. Reconstruir programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Lutar contra o desmatamento da Amazônia.

Buscar mais recursos para a saúde, educação e cultura. Enfrentar os juros altos do Banco Central bolsonarista, que dificultam o crescimento econômico. Restabelecer relações diplomáticas e o respeito com diversos países do mundo.

Esses foram alguns dos desafios dos primeiros cem dias de governo, em que não houve sossego em

nenhum minuto. Mas é também bom lembrar como estava o Brasil há 4 anos, no começo do governo Bolsonaro.

Na pauta, a venda de estatais, o incentivo à compra de armas, o sucateamento de programas sociais, o projeto de independência do Banco Central e a reforma da Previdência para tirar direitos dos trabalhadores.

O que se pode ter certeza é que o rumo foi alterado com o voto dos brasileiros nas últimas eleições. Mas ainda resta muito a fazer, e não será fácil com a situação atual e a divisão do país. Restam 1.360 dias para completar quatro anos de governo. A cada dia, a luta será dura para um país mais justo.

Segundo matéria da BBC News Brasil, entre outubro 2002 e março de 2023, haviam sido executados 22 ataques a escolas no país. Agora, são 23. Mais alarmante é que mais da metade foi executada no ano passado e neste ano. O que indica forte motivação para esses assassinatos.

Fica também exposto de maneira estarrecedora que não se tratam de ataques de “lobos solitários”. As evidências apontam que esses terroristas agem e discutem a ação em grupo, através de uma rede de incentivo e colaboração nas profundezas e labirintos de redes sociais e

FOTOGRAFIA Giorgia Prates

Internet. Se incentivam mutuamente, copiam atitudes, compartilham crenças e valores. Discutem métodos e táticas.

O que tem sido tornado público sobre esses atentados demonstra uma convergência de perfis. Os atacantes são jovens, brancos, professam o racismo, a misoginia e o pensamento de extrema direita. Refutam a democracia, as leis e suas instituições. Não são lobos, tampouco solitários. São missionários armados ideologicamente, pela emergência do ódio e da violência como política e método... A emergência das ideias fascistas e neonazistas, e a destreza e conforto com que circulam nos tempos atuais, aparelharam esses terroristas com as armas da convicção sem conhecimento e da sociopatia.

É preciso desenvolver a cultura da paz e da tolerância. Reprimir não só a violência quando manifesta, mas também a sua apologia, a proliferação de armas e o incentivo ao ódio político e social. Submeter à Constituição e as leis os líderes desse submundo.

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná Esta é a edição 296 do Brasil de Fato Paraná , que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Jorge Branco

ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO

Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Juliana Santos DIAGRAMAÇÃO

Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com

REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

Paraná, 13 a 19 de abril de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
2 Opinião SEMANA
Buscar mais recursos para a saúde, educação e cultura.
editorial opinião FALA POVO Agora
Enfrentar os juros altos do Banco Central bolsonarista, que dificultam o crescimento econômico
é sua vez! Entre em contato por e-mail ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no BdF impresso
Leia o artigo na íntegra no site www.brasildefato.com.br

FRASE

DA SEMANA

Vendida, Copel deve encarecer conta de luz

Em carta que será entregue à população, o movimento destaca os riscos de uma venda da empresa de energia. “Tarifa cara, serviço ruim e desumano. É isso que Ratinho, que na eleição não falou em privatização, quer entregar ao povo paranaense. Uma vez vendida, devem se ampliar medidas judiciais para desabrigar famílias e comunidades que estejam no caminho das linhas de transmissão e dos negócios de quem quer ser dono da Copel”, destaca o documento.

Para a Associação Brasi-

leira dos Economistas pela Democracia, os brasileiros acabam conhecendo no bolso o resultado das privatizações. No passado, o processo levou ao encarecimento não somente das contas de energia para a população de um modo geral, que sentiram no bolso os efeitos da privatização, reduzindo seu poder aquisitivo, mas também afetou o setor empresarial, que viu os seus custos de produção aumentarem signi cativamente em decorrência de aumento das tarifas.

Se o governador do Paraná, Ratinho Junior, privatizar a Copel, vendendo suas ações, o valor arrecadado pode equivaler a apenas os dois anos de lucro da empresa: 2020 e 2021. “Pelos meus cálculos, para Copel car com 10% das ações ordinárias que dão direito a voto, ela consegue vender 628.889 ações ON a 7,92 reais cada, o que signica 4,98 bilhões de reais”, diz um especialista consultado.

Divulgação

Após requerimento para que a comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados ouvisse o advogado Tacla Duran, que acusa ter sido extorquido por pessoas próximas à Lava Jato para não ser preso, Deltan Dallagnol fez tudo que podia para evitar o depoimento, alegando questões regimentais. A Câmara ficará, por enquanto, sem saber o que tanto assusta o agora deputado e ex-procurador da Lava Jato porque o depoimento acabou cancelado com apoio de deputados bolsonaristas.

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

General exonerado

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Saiu no Diário Oficial a exoneração do general do Exército Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que era do Comando Militar do Planalto. A medida aconteceu às vésperas de depoimentos marcados para 12 de abril, em que 89 militares, incluindo Dutra de Menezes, teriam de prestar contas à PF sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro.

Dólar abaixo de R$ 5

Uma das maiores bandeiras do Bolsonarismo, mas que nunca foi cumprida, começa a acontecer na economia brasileira no governo Lula. O dólar caiu, depois de muitos meses, abaixo da barreira de R$ 5 na quarta, 12. O que pode ajudar a baixar preços, principalmente de combustíveis e importados, e controlar a inflação. Deixando mais ainda sem argumentos o presidente do Banco Central, que insiste em manter os maiores juros do planeta.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA -COPRARI

A Presidenta da COOPERATIVA DE PRODUCÃO, INDUSTRIALIZACÃO E COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA E PECUÁRIA RIBEIRÃO VERMELHO, CNPJ/MF 47.432.417/0001-97, no uso das atribuições conferidas pelo Estatuto Social, convoca os senhores associados, que nesta data somam 38 cooperados, em pleno gozo de seus direitos sociais, para se reunirem em Assembleia Geral Ordiná-

ria que se realizará no PRQ PARQUE INDUSTRIAL, LOTE 113 H, BOX 12, no município de Centenário do Sul/ PR, CEP 86.630-000, no dia 21 de abril de 2023 (sexta feira), obedecendo aos seguintes horários e quórum mínimo de instalação, sempre no mesmo local: 01) em primeira convocação às 16:00 horas com o quórum mínimo de 2/3 do número total de associados; 02) em segunda convocação às 17:00 horas com o quórum mínimo de me-

tade do número total de associados mais um; 03) em terceira convocação às 18:00 horas com o quórum mínimo de 11 (onze) associados para deliberar sobre a seguinte Ordem do Dia:

Pauta da AGO:

I – Prestação de Contas do exercício de 2022 compreendendo:

a) Relatório de gestão; b) Balanço patrimonial; c) Demonstração de sobras ou perdas e de-

d) Plano de Trabalho anual;

mais demonstrativos;

e) Homologação de novos sócios; f) Parecer do Conselho Fiscal.

II - Eleição de 2/3 dos componentes do Conselho Fiscal;

G) Outros assuntos de interesse social.

Centenário do Sul, 06 de Abril de 2023. Ceres Luisa Hadich, diretora-presidenta

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“Combater racismo... exige trabalho, formação, investimento... claramente isso não está sendo feito pela rede (Carrefour)”
Disse a apresentadora do Globonews Aline Midlej, após a denúncia dos casos de racismo da professora Isabel Oliveira, no Atacadão (que pertence ao Carrefour), na capital paranaense, e do cantor Vinícius de Paula, marido da bicampeã olímpica de vôlei Fabiana Claudino, vítima na mesma rede de supermercados. Geral 3
Conta mais cara, piora do serviço prestado aos consumidores e m de programas sociais. Esse é o futuro da Copel se a empresa for privatizada, como quer o governador Ratinho Junior. O alerta é da Frente Parlamentar das Estatais e das Empresas Públicas, que realiza uma audiência pública no próximo dia 17 de abril na Assembleia Legislativa do Paraná.
Do que tem medo Dallagnol?

Seminário discute como fazer comunicação progressista no Paraná e no Brasil

Temas

Inscrições gratuitas

Frédi Vasconcelos ções gratuitas, com certificados para quem participar, será no formato presencial e on-line, com transmissão ao vivo pelas redes sociais do BdF-PR. Para quem for participar das atividades presenciais, as sessões, sempre às 16h e 19h, ocorrerão no Espaço Cultural e Esportivo do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba, na

OBrasil de Fato Paraná e o Núcleo Piratininga de Comunicação farão, de 24 a 28 de abril, em Curitiba, o seminário “20 anos do Brasil de Fato e a comunicação dos trabalhadores”. A ideia é debater com profissionais de comunicação, sindicalistas, professores de universidades, estudantes e o trabalhadores em geral como construir uma comunicação progressista e que atenda aos interesses da maioria da população brasileira, fugindo das armadilhas da comunicação dos grandes veículos comerciais.

Entre os temas estão a forma de financiar esses veículos progressistas e como fazer com que tenham mais audiência e leitores, a comunicação dos trabalhadores e de seus sindicatos, o combate às fake news e a formação de novos profissionais para atuar nesse campo da comunicação, além de dar voz e falar sobre a comunicação dos movimentos por terra e moradia (confira ao lado).

O seminário terá inscri-

Serviço

Qu 28 de abril

Onde:

Piquiri, 380, Rebouças, Curitiba

Quanto:

Informações e inscrições: https://nucleopiratininga. wixsite.com/seminariocuritiba

Segunda, 24/4 | 19h

Abertura solene do seminário

Rua Piquiri, 380, Bairro Rebouças. Pelas redes, o endereço para assistir aos eventos será informado na semana anterior ao seminário.

Economia solidária e arte Estão sendo programadas também atividades artísticas e exposição e venda de produtos da economia solidária para os cinco dias do evento.

Mediação Frédi Vasconcelos e Ana Carolina Caldas – BdF-PR

Claudia Santiago – Núcleo Piratininga de Comunicação

Cristina Rodrigues – BdF Nacional

Daniel Matoso – Secretário de Comunicação da APP Sindicato

Cristiane Zacarias – Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região

Júnior Dias – Fetec-PR

Roberto Baggio – MST

Marcio Kieller – CUT-PR

Darci Frigo – Terra de Direitos

Lizely Borges – Frentex

Vereadores de Curitiba e deputados estaduais e federais do Paraná

Terça, 25/4 | 16h

Financiamento do jornalismo progressista e comunicação popular

Mediação Pedro Carrano – BdF-PR

Cristina Rodrigues – BdF Nacional

Elsa Caldeira – Portal Verdade

Rogerio Galindo – Plural.jor

Secom governo federal (a confirmar)

19h

Financiamento do jornalismo progressista e comunicação

Mediação Kátia Marko – NPC e BdF-RS

Lia Bianchini – BdF-PR

Gustavo Henrique Vidal – Sindicato dos Jornalistas

Bem Paraná (a confirmar)

uarta-feira, 26 de abril | 16h

Comunicação sindical e a arte de falar para milhões

Mediação Claudia Santiago – NPC

Marcio Kieller – CUT

Ana Paula Busato – Sindicato dos Bancários

Daniel Nascimento Matoso – APP

Rozinaldo Miani – NPC e UEL

19h

Comunicação sindical, comunitária e popular

Mediação Gabriel Carriconde – BdF-PR

Claudia Santiago – NPC

Soraya Cristina Zgoda – Sismuc

Elson Faxina – APUF-PR

Andrea Ferreira – Coordenadora Geral do Sindijus-PR

Adriane Alves da Silva – Sismac

Claudia Morais – TV Comunitária de Curitiba

Quinta-feira, 27 de abril, 16h

Como combater fake news e as novas formas de fazer jornalismo

Mediação Frédi Vasconcelos – BdF-PR

Maurini de Souza – professora UTFPR

Mário Messagi Junior – professor UFPR

19h

Formação de jornalistas e mundo digital

Mediação Ana Carolina Caldas – BdF-PR

Rozinaldo Miani – UEL

Karina Janz Woitowicz – UEPG

Marcelo Fernando de Lima – UTFPR

Patrícia Meyer – IFPR

Sexta-feira, 28 de abril

Jornalismo popular e movimentos sociais

Mediação Lucas Botelho – BdF-PR

Ednubia Ghisi – Comunicação MST Paraná

Fetraf (a confirmar)

Darci Frigo –Terra de Direitos

Isabela Cruz, Conac e Paiol de Telha

19h

Comunicação e moradia (será na Comunidade Britanite –Rua Antônio Zanon, 190. Bairro Tatuquara)

Pedro Carrano –

Ivan Pinheiro – União de Moradores e Trabalhadores – UMT

Vanda Moraes – Comunicação Popular Parolin / BdF-PR

Representante da Comunicação MPM

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vão do financiamento dos veículos ao combate às fake news e formação de comunicadores.
4 Paraná
Confira a programação
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Após morte de jovem em Curitiba, PM testará uso de câmeras corporais

Deputado apresenta projeto para obrigatoriedade do uso das câmeras em policiais

ASecretaria de Segurança do Paraná (Sesp) anunciou na segunda-feira (10) que irá alugar cerca de 300 câmeras corporais para uso da PM. As chamadas “bodycams” serão utilizadas nas fardas por um ano como teste. O anúncio ocorre em meio a críticas às forças de segurança pública após a morte do jovem Caio José Ferreira de Souza Lemes, estudante de 17 anos baleado pela Guarda Municipal de Curitiba (GM) no mês passado.

Caio morreu e, num primeiro momento, policiais diziam que portava uma faca de 25 centímetros num boné. Depois as versões foram mudando, e um dos policiais envolvidos chegou a dar depoimento de que o jovem apenas tinha se assustado e corrido, que estava desarmado e a faca foi plantada no local.

Por causa dessa ocorrência, no sábado (8), ato organizado pela família com apoio do deputado estadual Renato Freitas (PT) promoveu

uma caminhada na Boca Maldita, no centro de Curitiba, em defesa da vida e marcando o lançamento de abaixo-assinado para que o Congresso Nacional aprove o uso

SESP TESTARÁ CÂMERAS

obrigatório de câmeras nas polícias militares estaduais. Freitas ainda apresentou na Assembleia Legislativa do Paraná projeto de lei parecido, chamado de Lei Caio José.

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, disse que, no estado, as câmaras serão avaliadas. “Serão feitos testes para ver a viabilidade da aplicação no policiamento ostensivo, como aconteceu em outros estados. Isso vai colaborar para verificarmos a efetividade deste equipamento ou não”, afirmou.

Vítima de racismo no Atacadão, professora tira a roupa para poder fazer compras

Ana Carolina Caldas

“Fui tratada como se eu fosse um marginal, fui sendo seguida por um segurança por mais de meia hora dentro do Atacadão. Isso não pode ser normal, eu perguntei para ele se eu estava oferecendo algum risco”, desabafou em um vídeo no instagram a professora curitibana Isabel Oliveira. Ela relata que ao entrar no Supermercado Atacadão (que pertence à rede Carrefour),

no bairro Portão, em Curitiba, percebeu estar sendo seguida pelo segurança. Isabel chegou a sair sem fazer as compras, mas retornou com o marido, tirou as roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã como forma de protesto e, segundo ela, também para mostrar que não oferecia perigo.

Em seu vídeo, bastante entristecida, disse que estava apenas tentando fazer compras para a família. “Entrei para fazer as

minhas compras. Isso não dá para admitir. Hoje eu fui a bola da vez, mas não dá pra gente sempre ser visto como uma ameaça,” falou. Ela disse ainda que ligou para uma delegacia, porém disseram que “o segurança andar pelo mercado” não configura racismo.

Presidente Lula Numa reunião ministerial, antes de viajar à China, o presidente Lula declarou sobre o caso: “O Carrefour cometeu mais

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o uso das bodycams ajudou na produtividade das forças de segurança, com o crescimento de prisões em agrante, apreensões de drogas, atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica.

Só no estado de São Paulo, no último ano, a letalidade policial caiu cerca de 40%, de acordo com dados do próprio governo paulista. No Paraná cerca de 488 pessoas foram mortas em confrontos com as polícias militar, civil e Guarda Municipal, crescimento de 26,2% nos últimos dois anos. Os dados são do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná.

Para o deputado Renato Freitas, o caso Caio José demonstra a necessidade das câmeras. “O assassinato de Caio demonstra a urgência da instalação de câmeras corporais em todas as polícias e guardas como medida de política pública permanente, e não a critério do governante de plantão”. O parlamentar ainda complementa que “a câmera corporal contribui com a apuração da verdade no julgamento de con itos ligados às abordagens, assegurando os direitos tanto do cidadão abordado quanto do próprio agente de segurança, que terá a chance de demonstrar que os protocolos de operação policial foram seguidos”, sustenta.

um crime de racismo. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra que ia fazer compras achando que ela ia roubar. Ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que não ia roubar. É a segunda vez que o Carrefour faz isso. A gente tem que dizer para a direção do Carrefour se eles quiserem fazer isso no seu país de origem que faça. Mas nesse país aqui não vamos admitir o racismo que essa gente tenta impor ao Brasil”, disse Lula.

IMPACTO

O Brasil de Fato Paraná entrou em contato com o Supermercado Atacadão, que enviou a seguinte resposta: “A empresa informa que apurou o caso, ouvindo os funcionários e analisando as imagens de câmeras de segurança, e não identificou indícios de abordagem indevida. Leia a nota na íntegra em brasildefatopr.com.br

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Impacto
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Discussão sobre tarifa zero avança na Câmara de Curitiba

Lia Bianchini do país. O aumento também levou a sucessivos protestos da população, tendo como uma das demandas a “tarifa zero”.

“Com o último reajuste da passagem, andar de ônibus se tornou inviável”. A fala é do vereador Herivelto Oliveira (Cidadania), autor do requerimento que propôs a criação da Comissão Especial da Tarifa Zero na Câmara de Curitiba. A iniciativa foi aprovada em plenário com 25 votos favoráveis. A comissão terá oito vereadores e deve ser formada até o dia 21 de abril, com prazo inicial de 120 dias para conclusão dos trabalhos, podendo ser prorrogado.

Apresentada em 2021, a proposta de Oliveira ganhou novo fôlego na Câmara após o reajuste feito em março de 2023, que aumentou a tarifa de R$ 5,50 para R$ 6, uma das maiores

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A bancada de oposição da Câmara já tentou barrar judicialmente o reajuste tarifário com uma ação popular assinada por Giorgia Prates (PT), Angelo Vanhoni (PT), Professora Josete (PT) e Maria Leticia (PV), além do deputado estadual Goura (PDT). No entanto, o pedido de liminar não foi acatado.

Além de estudos sobre a viabilidade da tarifa zero em Curitiba, a Comissão Especial deve discutir também o novo contrato de concessão do transporte coletivo na capital, que vence em 2025. “A Câmara deveria começar a debater com se-

riedade a tarifa zero, pois o transporte coletivo deve ser um direito universal. Quantas pessoas andam de carro em Curitiba? Milhares. Mas a maioria anda de ônibus, é um número muito grande. Se há uma boa notícia referente ao transporte [de Curitiba] é a de que esse contrato se encerra em 2025”, disse Angelo Vanhoni, relator da proposição sobre a Comissão da Tarifa Zero na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Em seu parecer, Vanhoni explicou que a Comissão Especial tem o objetivo de “realizar estudo aprofundado [...] dos desafios e perspectivas do transporte coletivo municipal, ante a iminência da nova licitação/novo contrato, que afetará

diretamente quase a totalidade da população curitibana”.

Na justificativa para a criação da comissão, Herivelto Oliveira aponta que três consórcios de empresas vencedoras de licitação pública operam na cidade, mobilizando recursos da ordem de 1 bilhão de reais. Dado o volume de recursos, segundo o vereador, é “imprescindível o debate” de “novas alternativas de boas práticas para a operação do transporte público”.

“A população sabe que o nosso trabalho será buscar uma forma de baixar o valor da passagem de Curitiba. Se nós conseguirmos chegar à tarifa zero, ótimo. Se nós conseguirmos baixar R$ 0,50, R$ 1, também é muito positivo”, avaliou Oliveira.

Resistências à tarifa zero

A Prefeitura de Curitiba já afirmou que o valor cobrado atualmente pela passagem de ônibus é o mínimo possível para manter a sustentabilidade do sistema de transporte coletivo. Na Câmara, alguns vereadores da base governistas também demonstraram resistência à possibilidade de zerar a tarifa na capital.

Líder do governo na Câmara, Tico Kuzma (PSD) apontou a existência de dificuldades para o custeio e a ma-

nutenção do transporte coletivo. Ele ponderou também que a cidade tem um sistema de integração intermunicipal, “considerado o mais integrado do país”, que conecta 15 municípios com 61 linhas de ônibus.

“E essa ampla rede de conexão, com apenas uma passagem, permite que o usuário percorra uma longa distância”, disse. Apesar das ponderações, Kuzma encaminhou voto favorável à criação da comissão.

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Vereadores aprovam criação de Comissão Especial para discutir o tema e o novo contrato de concessão do transporte coletivo

Quando as cortinas do Festival de Teatro se fecham, são necessárias políticas públicas para a cultura

Guta Stresser e Adriano Esturilho defendem políticas descentralizadas e como um direito da população

mia. Mas o que fica depois do festival para a cidade e a população? Para falar sobre isso, o programa

“Quarta Sindical”, parceria do Brasil de Fato Paraná e a CUT-PR, entrevistou a atriz e produtora

gente consegue provar essa ancestralidade que o teatro tem, que se faz na presença de ator no palco e o público na plateia.

Por mais que a gente avance do ponto de vista tecnológico, a presença é insuperável, é o que faz o teatro ficar em pé, diz.

Cocada de forno

OFestival de Teatro de Curitiba voltou a ser presencial, ocupando ruas, teatros, bares e praças de Curitiba, reunindo milhares de pessoas da cidade e visitantes, que viram diversos espetáculos e comemoraram o retorno da arte pós-pande-

Guta Stresser e o diretor de teatro e presidente do sindicato dos artistas e técnicos, Adriano Esturilho.

Esturilho destaca que desde o início do ano e, agora com o festival, a sensação é de retomada. “Parece que agora retomamos a cultura, e o sentimento que tenho neste retorno é que o público volta com mais potência. A

Para além do festival

E quando o Festival se encerra, o que fica? Adriano Esturilho cita a experiência que ele e Guta tiveram com uma candidatura coletiva a deputado federal nas últimas eleições e como puderam debater a necessidade de políticas públicas para arte e cultura. “A campanha e o próprio momento da pandemia nos mostrou o quanto precisamos avançar em políticas públicas permanentes para as artes. Um dos grandes desafios, e isso vale para o festival e para o poder público,

é a descentralização. O outro é do acesso. Só para dar um dado, 75% dos equipamentos de cultura em Curitiba estão na regional do centro. E, por último, a necessidade de políticas públicas que respondam como dar acesso aos recursos de uma maneira mais efetiva para fazedores da cultura de realidades tão diferentes”, defende.

Para Guta Stresser, não só em Curitiba, mas em várias cidades do Brasil, o teatro além dos festivais, carece de recursos. “Os festivais cum-

Guta Stresser conta que participou desde a primeira edição e vê o festival se ampliar e ficar mais diverso. “Trabalhei na primeira edição do festival distribuindo convites para a festa de lançamento, depois como receptiva, como atriz, como mestre de cerimônia e como plateia. Ao longo dos anos, enfrentamos muitos problemas, muitas vezes com a própria Prefeitura de Curitiba.

Os criadores do Festival soube-

ram se reinventar, acertaram muito em curadoria, em se relacionar com quem faz teatro em todo o Brasil e trazer diversidade de peças”, conta Para a atriz, o festival é importante também para economia da cidade e do país. “Movimenta a indústria criativa do Brasil inteiro, promove empregos, faz a economia girar, restaurantes, bares, hotéis. Acredito que o festival já é um patrimônio do país. Podemos sempre apontar onde tudo pode ser melhor, mas o festival vai ajudando a formar plateia, que ao longo do ano continua indo ou pelo menos é incentivado a ir”, analisa.

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

4 xícaras (chá) de coco fresco ralado (cerca de 500 g)

6 ovos orgânicos

3 xícaras (chá) de açúcar

2 colheres (sopa) de manteiga derretida Raspas de 2 laranjas orgânicas

Modo de preparo

prem um papel importantíssimo como vitrine para os fazedores de cultura e também para formação de plateia. Mas em todo o país o teatro ainda necessita de políticas de fomento. Toda forma de incentivo à cultura precisa ser incluída. Outra coisa importante, antes de se pensar em políticas públicas, é entender que acesso à cultura é direito, como educação e saúde. O dinheiro dos impostos precisa retornar para a cultura e dar acesso a ela”, diz.

Preaqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga um refratário raso que comporte cerca de 2 litros. Numa tigela pequena, quebre um ovo de cada vez e transfira para outra tigela maior. Junte a manteiga e misture com o batedor de arame (se a manteiga estiver gelada, leve ao micro-ondas por 30 segundos para que derreta). Adicione o açúcar, aos poucos, mexendo bem a cada adição até formar um creminho. Acrescente as raspas de laranja, o coco ralado e misture com uma espátula para incorporar. Transfira para o refratário untado e leve ao forno para assar por cerca de 40 minutos ou até a casquinha ficar bem dourada. Retire do forno e deixe esfriar em temperatura ambiente antes de servir.

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DICAS MASTIGADAS
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Chegou a hora de Fernando Diniz?

Técnico precisava de um título, algo que fizesse com que as pessoas lembrassem dele com facilidade

Esperança inicial

A estreia do Coritiba no Campeonato Brasileiro diante do Flamengo no próximo domingo (16/4), às 16 horas, no Rio, sinalizará se, ao menos, o time de António Oliveira é capaz de tirar proveito de eventual instabilidade de adversários abatidos psicologicamente e sem comando de nido. A perda de quatro títulos em três meses, que resultou na demissão de Vítor Pereira pelo clube carioca, causou justa revolta em sua torcida, que protestou com vaias após a goleada (1x4) sofrida no Fla-Flu dias atrás. O treinador Mário Jorge, do Sub-20 rubro-negro, não tem ascendência real sobre os jogadores a ponto de fazê-los vencer a ansiedade, caso não abram o placar na primeira meia hora de jogo diante de um Maracanã impaciente. A chance alviverde, pois, depende em certa medida de se valer desse aspecto emocional, dada a disparidade técnica entre os dois elencos.

Passando pano para o machismo

Luiz Ferreira, redação Rio de Janeiro

Eu já escrevi antes aqui no Brasil de Fato: Fernando Diniz é o técnico que nós amamos odiar. Sua loso a de jogo quase que inegociável e sua predileção por um futebol mais plástico nas suas equipes zeram com que os amantes do velho e rude esporte bretão se dividissem em dois grupos. O primeiro é formado pelos admiradores do treinador do Fluminense. São os que enxergam em Diniz o grande salvador da “essência do futebol brasileiro” e do resgate de um “passado áureo e vitorioso”. E o segundo é de seus detratores. Estes veem nele apenas mais um “Professor Pardal”, que não consegue pensar além da sua loso a de jogo e que é superestimado pela imprensa.

Mas esses dois grupos concordavam numa coisa: Diniz precisa-

va de um título de expressão, algo que fizesse com que a maioria das pessoas lembrasse dele com facilidade. Um daqueles momentos que o futebol eterniza por décadas e que fica marcado na memória do torcedor. E esse momento aconteceu no domingo de Páscoa, com a goleada do Fluminense sobre o Flamengo na grande final do Campeonato Carioca.

Esqueçam por um instante que o estadual do Rio não tem mais o mesmo ‘glamour’ de tempos passados. Que a competição perdeu muito brilho por conta de uma série de fatores e até mesmo por conta da mudança na nossa percepção sobre o esporte. Foquem apenas no que o Fluminense de Fernando Diniz fez com seus adversários.

Não gosto de usar palavras como “humilhação” ou “massacre”. Mas o que se viu no Maracanã foi a consolidação do chamado “Dinizismo”, do estilo de jogo

defendido com unhas e dentes pelo personagem principal desta crônica. E o que o Tricolor das Laranjeiras foi sim um verdadeiro baile de gala.

Mas é aí que entra outro ponto. Será que o “Dinizismo” chegou para car mesmo? Será que nalmente chegou a hora de Fernando Diniz mostrar seu valor em voos mais altos? Será que é errado pensar nele como o próximo treinador da Seleção Brasileira? Essas são perguntas que não são fáceis de serem respondidas.

Seus detratores podem até argumentar que a falta de títulos de expressão (Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e até uma Libertadores) pesam contra Fernando Diniz numa possível ida para o escrete canarinho. Só que a história nos mostra que não é necessário ter uma extensa lista de conquistas para ir bem na Seleção Brasileira.

“Passar pano”, eis um termo muito usado ultimamente. É quando a pessoa diz que não concorda com determinada situação, mas, quando tem oportunidade de fazer algo contra, nge que não sabe de nada. É o que parte da torcida do Paraná faz quando apoia o patrocínio da casa de prostituição. Ou alguém discorda que o principal motivo para uma mulher se prostituir é a falta de oportunidades? Sim, as mulheres já começaram a trabalhar, a votar e a serem votadas. No entanto, elas continuam sendo mortas por motivos banais, como querer colocar um m em uma relação abusiva, por exemplo. Assim como não é de bom tom uma marca de cigarro ou bebida alcoólica estampar a camisa de um grande clube, dizer amém a esse tipo de relação é acenar para as futuras gerações que está tudo certo, que o futebol nada pode fazer em ralação ao machismo além de perpetuá-lo.

Paraná, 13 a 19 de abril de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR 8 Esportes
Divulgação O Fluminense do artilheiro Cano e dirigido por Diniz venceu de goleada o Flamengo
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